sábado, 4 de abril de 2009

liberdade de expressão e regionalismo


alberto lins caldas*

não temos o “costume” da liberdade ou da liberdade de expressão. ao primeiro riscar do cheiro de pólvora linchamos o monstro q ousou se “expressar”. não há crime maior. dizer o q pensa, o q sente, o q deseja, o q vê, o q imagina, principalmente quando discorda do q acreditamos ou vivemos, só pode ser um crime, e o infeliz q ousou dizer algo contra nossa maneira de ser e de estar, um criminoso. isso não passa de fascismo, mas está inclusive na lei: podemos ser processados por “apologia ao crime”: esse é um crime q ninguém nota. por uma coisa muito simples: uma lei fascista num mundo fascista não pode ser entendida como fascista.
quando o regionalismo, o localismo, os nacionalismos se juntam, se articulam pra manter um fascismo legislativo, judiciário, governamental, local ou nacional, um fascismo dos costumes, entramos num momento perigoso, ou nunca saímos desse momento sempre a ponto de linchar alguém, ou de silenciar por todos os meios legais, amigos, passionais, administrativos, afetuosos, e violentos, traumáticos, tortuosos.
escrever sobre sua cidade, seu bairro, seu estado, seu país, escrever qualquer coisa, deve e pode ser suportado enquanto idéia, opinião, perspectiva, sem q o criminoso seja destroçado, expulso, violentado, massacrado. basta q respondamos as suas palavras, suas opiniões, sem tocar no seu salário, na sua vida, no seu corpo, na sua paz, nas suas relações vitais. mas não conseguimos conter o ódio carniceiro diante da diferença, diante do outro q se expressa, estranhamente, como outro. e todos são democratas! imagine se todos se considerassem do partido nacional socialista: toda a diferença iria, depois dos campos de extermínio, pros campos do esquecimento. e todos muito felizes ficariam bebendo sua cerveja bem gelada, coçando o bucho e conversando sobre “futebol e mulher”, contando piadas sempre preconceituosas e uns rindo com os outros como cordeiros perversos, vendo lá longe a fumaça dos crematórios.
e há sempre de tempos em tempos alguém q diz o q pensa, mesmo q seja infantil ou primitivo, seja inofensivo: quanto mais inofensivo mais ofensivo se torna: quem escreveu sendo inofensivo mostra q é fraco: chama os carniceiros de plantão, as milícias do bom pensar, os guardiões dos bons costumes, os servidores da lei.
não se sabe bem porq, mas de repente alguém diz o q pensa, escreve, canta, grita, delira, poetiza, goza o q pensa. e o mundinho vem abaixo. a democracia vem abaixo. e vemos quão pouco suportamos a diferença q se mantém diferente, o diferente q diz o q pensa. vemos até onde vai nossa democracia criada e mantida nas portas dos governos, nos sensos comuns, nos capachismos, nas vergonhas de fugir das manadas, se mantém na plena e dura burrice em suportar a diferença.
seja cantar uma letra de música idiota de algum estado ou da-nação conforme deseja, seja atacar o horror de uma cidade, de um estado, do país; seja atacar uma matilha de ratazanas q dilapidam uma universidade; seja criar um movimento artístico maior q o universo minúsculo de minhocas histéricas. só podemos cantar o de sempre, só podemos ser igual aos outros, só podemos viver a vida de todos.
a resposta à diferença é sempre estridente, sádica, cheia de frases feitas, imagens feitas, gestos feitos, pré-feitos, onde todos podem beber sem se embriagar, onde a verdade fica a disposição da anta, do burro, do jegue, do animal de plantão (não confundir com o “animal de platão”). e o pobre diabo é escorraçado sem a piedade dos religiosos, q os religiosos gritam q possuem às toneladas, q os democratas gritam q possuem o tempo inteiro, q a “população em geral” se orgulha o tempo inteiro, enquanto alguém não se põe a ser diferente, dizer a diferença. e o medo à diferença é simples e elementar: a diferença faz aparecer a mesmidade, a falsa igualdade, a mentirosa fraternidade, a amarga mentira da amizade, do amor, do carinho, da cumplicidade, do companheirismo: a diferença além de mostrar q o “rei ta nu”, mostra q a “população em geral” e a “intelectualidade local” não passa de uma massa fascista, perigosa, burra, doente e ressentida.
se não fosse o diferente, o estranho, o contra, jamais saberíamos quem é um crápula, um nazista, um covarde, um regionalista estéril, um nacionalista de carteirinha com saudade das ditaduras. pra isso temos q reconhecer a função do diferente: expõe o quanto são pulhas as massas midiáticas, os batráquios metidos a artista, os jabutis travestidos de intelectuais, as ratazanas universitárias, as antas vestidas de professores.
esse diferente pode ser alguns q conhecemos muito bem, alguns de nós, ou o último, o “professor nazareno”. tanto faz a quantidade da diferença, a questão está na quantidade da igualdade. na força desproporcional entre o diferente e as matilhas, os cardumes, as manadas nazi-fascistas sobre o in-feliz da vez. mas o infeliz da vez é sempre mais alguém, sempre outro q escapa ao campo de força da rocha irremovível da mediocridade.

*o autor publicou também os livros Babel, Wyk, Górgonas e Senhor Krauze.

5 comentários:

Elis Oliveira disse...

Faça uma revolução senhor Luiz Caldas, dê sua cara a tapa, e lute contra esse sistema. Criticar é muito fácil. Não se esconda por trás dos seus livros, vá as ruas, lute contra 'O Capital'. Provoque mudanças, faça sua parte pra acabar com a hipocrisia e o 'facismo' social. Faça, não apenas fale, faça.

Unknown disse...

O maior problema de Porto Velho não são buracos nas ruas da cidade, o sistema publico de saúde precário, a educação, o calor, o desmatamento, a violência, a água potável insuficiente para toda população, o aeroporto internacional Jorge Teixeira (acusado de só receber vôos domésticos), o Festival Folclórico Flor do Maracujá, a sigla da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), o nome dos times de futebol do campeonato estadual, as passarelas da BR 364 caindo, o forro do primeiro shopping da cidade, os rondonienses e portovelhenses que tem caras de hienas comendo carniça (segundo o Professor Nazareno). Não, estes não são os grandes e graves problemas desta cidade. Qual seria então? O grande problema de Porto Velho é o auto-ódio de alguns imigrantes, que não conseguem empregos em suas cidades de origem, e se vêem obrigados a mudarem-se para outras regiões do país em busca da sobrevivência, onde a cultura e as pessoas lhes parecem estranhos. O auto-ódio é uma síndrome que tem contaminado também alguns portovelhenses. Isto só será resolvido no divã, com décadas de sessões terapêuticas. Falar mal da cidade não vai curar o portador desta síndrome, muito venenosa. Discutir os problemas da cidade, em busca de soluções, isto sim, transforma para melhor o local onde o depressivo reside (seja ele de fora ou de dentro), além de melhorar o astral do portador da síndrome do auto-ódio, uma vez que vai se sentir útil, transformando a cidade e a si mesmo.

Unknown disse...

Para incentivar os depressivos sairem da cidade, da depressão ou cair na luta, envio-lhes o refrão do samba de enredo da Portela de 1988, para inspriração, e pode vir pra dentro da roda:

"Briga, eu, eu quero briga
Hoje eu venho reclamar
(O que que tem, o que que há)
Esta praça ainda é minha
Eu também estou fominha
Jacaré quer me abraçar"

E, como fala a moçada da Zona Leste, pula dentro, doido!

Santos Araújo disse...

Realmente. Em Rondônia encontramos prostituta que se apaixona pelo cliente, traficante viciado e professor de história que tem religião (plágio de um pensamento de Tim Maia).
Faltou apenas lembrar que Rondônia é a terra que acolhe pessoas de todos os lugares do Brasil. Inclusive pseudo-intelectuais frustrados que no ápice da revolta pelo insucesso em suas terras, municiam suas metralhadoras de aleivosias e descarregam toda a amargura contra o alvo que julgam mais fraco. A única conclusão que se pode extrair de todo esse circo é a de que ele (o dono do blog) alcançou seu objetivo. Ganhou notoriedade. Mesmo que essa notoridade quase lhe tenha custado o emprego na rede privada de ensino.
É dizer: "Falem mal, mas falem de mim".

Unknown disse...

RONDÔNIA SE DESTACA COMO MAIOR GERADOR DE EMPREGO DA REGIÃO NORTE

Rondônia tem elaborado e realizado grandes propostas para cooperar com o desenvolvimento do país e, por isso, é um estado que está em constante ascensão. O crescimento é percebido através de resultados que Rondônia tem alcançado nacionalmente. De acordo com os dados do CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados –, órgão responsável pela síntese do comportamento do mercado de trabalho formal, em março de 2009 foram gerados 1.299 empregos celetistas, equivalente à expansão de número significativo em relação ao estoque de assalariados com carteira assinada no mês anterior. É importante frisar que este resultado foi o melhor da série do CAGED e, também, da região Norte.
Os resultados provam que nos últimos 12 meses o Estado de Rondônia foi responsável pela maior geração de empregos da região, ao apresentar crescimento de 4,71% no nível de emprego, ou seja, um saldo de 7.693 postos de trabalho. O ano de 2009 começa com saldo positivo para Rondônia: o estado está gerando emprego, renda e contribuindo significativamente para o desenvolvimento econômico e social do estado e do país. No primeiro trimestre do ano, houve acréscimo de 3.957 postos, constituindo em termos absolutos e relativos, o melhor desempenho da serie histórica do CAGED e da região Norte.
O SINE – Sistema Nacional de Emprego – é um programa do Governo Federal e do Ministério do Trabalho e Emprego, que, em Rondônia, está vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Social (SEDES), como órgão executor. Este programa tem, entre uma de suas funções, auxiliar os trabalhadores na (re)colocação no mercado de trabalho e tem colaborado com os números positivos alcançados. “Estamos trabalhando para que esses resultados sejam sempre superados, já que nossa missão institucional consiste na implementação de políticas públicas que assegurem o volume de emprego no Estado” afirma Silmara Velani, gerente de emprego e renda.

Matéria pública no site www.Rondoniaovivo.com, em 20/04/09
Fonte: AI/Sedes (É permitida a reprodução desta matéria desde que citada a fonte.)