quarta-feira, 24 de abril de 2019

Fora, usinas do Madeira!


Fora, usinas do Madeira!


Professor Nazareno*

            Outro dia ouvi falar que o governo federal está querendo construir duas grandes hidrelétricas na calha do rio Madeira em Rondônia. Uma será logo aqui na cachoeira de Santo Antônio e a outra no Jirau, região de Jaci-Paraná. Sou contra estas duas obras, pois não vejo nenhum benefício que as mesmas trarão para este Estado. Não podemos entregar “de mão beijada” as nossas riquezas naturais para produzir energia boa e barata para outros Estados da federação sem sermos devidamente compensados por isso. O rio Madeira além de ter uma beleza selvagem indescritível, é um verdadeiro santuário para vários tipos de peixes assim como infinitas outras espécies da fauna amazônica e com a construção de hidrelétricas em seu leito, toda essa biodiversidade estará correndo sérios riscos de extinção. Se possível faço até greve para evitar esses dois empreendimentos.
            A população de Rondônia está ensandecida com a possibilidade de se construir essas duas obras. Em Porto Velho não se fala de outra coisa. E quase 100% dos moradores querem essas construções. “Hidrelétricas, já!” É o mantra que mais se ouve aqui. Os comerciantes estão eufóricos. Já prometeram até construir um Shopping Center na cidade. Será ali na Calama com a Rio Madeira. Rádios, jornais, televisões, enfim, toda a mídia não veicula outra coisa que não seja o imediato início dos trabalhos no rio Madeira. “As hidrelétricas trarão o progresso para esta sofrida região!”, falam à boca miúda os políticos. Os filhos da terra e também aqueles “filhos de coração” apregoam que “pobreza por aqui, nunca mais!”. Muitos dizem que a partir dessas construções, a energia elétrica em Rondônia terá apenas uma taxa simbólica. Ou talvez seja de graça.
            Como sou teimoso, continuo sendo contra essas hidrelétricas e ainda digo que a corrupção vai comer solta. Muito dinheiro será desviado para os corruptos daqui e os de fora. O Brasil não gosta de Rondônia e quer apenas explorar o seu já combalido meio ambiente. “Parem com esta asneira”, grito sem ser ouvido. Depois que estuprarem este rio, as madeiras não mais descerão em seu leito descaracterizando-o completamente. Não vale a pena. Enchentes grandes poderão ser uma constante se isto for feito. “Não se brinca com a natureza, impunemente”, tento alertar. Além do mais, a cidade de Porto Velho ficará eternamente sob a possibilidade de desaparecer do mapa, caso haja o rompimento de uma dessas barragens. Muitas espécies de peixes serão extintas. E o ouro que há nessas cachoeiras ficará com quem? O rio será todo assoreado a jusante.
Isso sem falar que haverá uma enxurrada de peões e capiaus que em nada vai contribuir para o verdadeiro progresso dessa cidade. Quase todos vêm e voltam, pois somos uma curva de rio. São os eternos passantes de Rondônia. A violência vai aumentar e os problemas sociais e urbanos se multiplicarão. A energia aqui produzida não vai nos beneficiar em nada, tenho certeza. Será bom somente para os outros Estados e para nós ficarão como sempre só as sequelas no meio ambiente e as desgraças costumeiras como já aconteceu com os outros “ciclos salvadores”. O MP devia fazer algo. A Justiça devia impedir mais este descalabro em Rondônia. A Assembleia Legislativa devia se pronunciar. Os políticos e os outros corruptos ficarão mais ricos ainda. Rondônia não merece passar por esta catástrofe anunciada. Parem já com esta sandice de hidrelétricas. Por que não constroem um novo hospital de pronto socorro?




*É Professor em Porto Velho.

domingo, 21 de abril de 2019

Cinco séculos na merda


Cinco séculos na merda

Professor Nazareno*

O Brasil, como Rondônia, é o suprassumo da bosta. Está fazendo 519 anos. Por incrível que pareça esse país figura desde o final do século passado como uma das maiores potências econômicas do mundo e é atualmente o segundo maior produtor de alimentos de planeta.  Porém, tem uma qualidade de vida sofrível e uma população de quase 215 milhões de pessoas, dos quais mais de oitenta por cento sobrevivem aos trancos e barrancos. São ignorantes, pobres, semianalfabetos, violentos, injustos, sem leitura de mundo e sem conhecimentos. Temos a oitava pior desigualdade social e os nossos miseráveis são “meio que invisíveis” e muito piores do que os da África subsaariana, pois não servem sequer para um espetáculo televisivo. Fomos o último país do Ocidente a libertar seus escravos sem, no entanto, tê-los indenizados corretamente.
Se Pedro Álvares Cabral e a Coroa portuguesa tivessem pensado direito na merda que estavam fazendo lá no longínquo ano de 1500, teriam desviado suas caravelas para descobrir outros mundos melhores. Teriam deixado isso aqui nas mãos dos silvícolas. Talvez hoje estivéssemos vivendo outra realidade bem melhor. O Brasil é uma nação, por incrível que pareça. Só que sempre foi uma chacota nos meios internacionais. Nenhum outro país civilizado do mundo jamais levou isto aqui a sério. Fala-se até que o ex-presidente francês Charles de Gaulle teria dito que “o Brasil não é um país sério”. E não é mesmo. Nunca foi. Para o brasileiro comum o pior inimigo é o próprio brasileiro mesmo. O Brasil é um dos líderes mundiais em violência. São quase 60 mil assassinatos todos os anos. Nas estradas e no trânsito a violência não fica atrás.
Adoramos puxar o saco de outros povos e países como o fez recentemente o nosso presidente lá nos Estados Unidos. Uma vassalagem de envergonhar qualquer um. Parte de nossa soberania foi entregue “de mão beijada” aos norte-americanos sem nenhuma contrapartida dos ianques. Somos campeões em reconhecer nos outros povos uma superioridade que não temos e nem acreditamos que tenhamos um dia. Só produzimos commodities e quando o assunto é educação, por exemplo, somos uma vergonha mundial, um fracasso. Temos um dos piores sistemas de educação do mundo e nunca ganhamos um único Prêmio Nobel. Em nada nos destacamos. Até no futebol, esporte que dominávamos como ninguém, somos agora um humilhante fracasso. E esse retrocesso já acontecia bem antes dos 7 X 1 de 2014. Até a Bélgica nos ensina futebol.
Com um PIB entre os dez maiores do mundo, conseguimos ter mais de 20 milhões de pobres e miseráveis. Nossos desempregados beiram hoje a estratosférica marca de 14 milhões de trabalhadores. Se o mundo fosse o corpo humano já se sabe qual parte seríamos. Não temos infraestrutura, nossos portos, estradas e aeroportos estão destruídos e sem nenhuma competitividade. Somos desorganizados e quando sediamos eventos internacionais como Olimpíadas e Copa do Mundo, roubaram tanta verba que nem a fraca Justiça que temos conseguiu punir todos os ladrões. O Brasil infelizmente é uma piada internacional já pronta. Cabral e seus descendentes deveriam ser processados nas cortes internacionais. Descobrir uma desgraça dessas deveria ter sido um crime imperdoável. Já pensou se fôssemos administrados pela Alemanha, Japão ou França? Acho que nosso país deve ser como a lombriga: “se sair da merda, morreremos todos”.




*É Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Nem direita nem esquerda


Nem direita nem esquerda


Professor Nazareno*


O Brasil da atualidade está dividido politicamente. De um lado, a esquerda e os esquerdistas defendendo o “Lula Livre” e ainda se lamentando do golpe sofrido por Dilma Rousseff em 2016. Do outro, os coxinhas, reacionários e direitistas que se juntaram à extrema-direita para tecer loas ao “Mito” e ao atual governo de plantão. No centro e tomando nele, fica o povão, que não sabe o que é direita ou esquerda e que sofre as agruras ditadas pelos “donos” do poder. Ambos os defensores deste ou daquele sistema social e político estão errados se levarmos em conta a triste realidade do Brasil em seus quase 520 anos de História. Nosso país foi governado 506 anos pela direita e “somente” 13 anos pela esquerda. Em 2019, inicia-se um governo da extrema-direita e como sempre prometendo “mundos e fundos” para os brasileiros mais carentes e pobres.
Todos eles, tanto direitistas quanto esquerdistas só pensam neles próprios. O Brasil de hoje tem uma das maiores desigualdades sociais o mundo e segundo cálculos otimistas, conta com uma população de quase 20 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza e na miséria total. Isso num país que é o segundo maior produtor de alimentos, tem as maiores extensões de terras agricultáveis do planeta e é um dos maiores produtores de commodities que se conhece. O Brasil alimenta o mundo inteiro com a sua enorme produção agrícola, mas é incapaz de matar a fome de seus famintos e miseráveis. É como disse o jornalista Diogo Mainardi: “o Brasil não tem partido de esquerda, de direita, de nada. Tem um bando de salafrários que se reúnem para roubar juntos”. Já pensou se o PT e seus asseclas tivessem nos governado durante 506 anos?
O brasileiro, de um modo geral, não tem ideologia nenhuma. A maior luta ideológica por aqui sempre foi roubar o Erário e ficar rico à custa do povo sofrido. Poucos governantes pensam no benefício da nação como um todo. Governar no Brasil tem sido sinônimo de enriquecimento ilícito e de divisão unilateral dos recursos do país. Partidos políticos e outras agremiações são fundadas para se apoderar, em tese, de uma riqueza que poderia nos proporcionar uma nação bem menos injusta sem pobres ou miseráveis. Como pode este país figurar entre as dez maiores potências econômicas da atualidade e ter um IDH não compatível com toda esta riqueza? Nossa educação, nosso sistema de saúde e toda a nossa infraestrutura poderia ser melhorada com este alto PIB. Em meio a tanta riqueza, uma população inteira de pobres e excluídos anda desolada.
Nem Lula, nem Dilma, nem Haddad, nem o PT resolveram nem vão resolver os problemas dos brasileiros. Assim como o Bolsonaro, seus filhos, o Sérgio Moro, o Mourão e o PSL também não vão resolver coisa alguma. Mesmo que pudessem, eles não quereriam. Ciro Gomes, João Amoedo e tantos outros, idem. Todos estão ricos, poderosos, famosos e assim vão continuar. Todos os políticos, com raríssimas exceções, estão preocupados é com as suas fortunas, lícitas ou ilícitas. E o pobre que “continue pastando” se quiser colocar comida em sua mesa, se quiser criar seus filhos. Para muitos destes políticos, infelizmente, o Brasil e os brasileiros são apenas um mero detalhe na paisagem. Discutir questões morais e religiosas num país de famintos e semianalfabetos é uma ironia infame. Quem quer saber de censura, de tortura, de direita, de esquerda, de STF, de Previdência ou outra coisa se o alimento não lhe chega à mesa?




*É Professor em Porto Velho.

domingo, 14 de abril de 2019

Nietzsche foi um idiota!


Nietzsche foi um idiota!


Professor Nazareno*


Desculpem-me, mas não sei mesmo quem foi esse tal de Nietzsche. E sempre me orgulhei disso, dessa minha “alegada ignorância”. Esse sujeito deve ter sido mais um desses comunistas de araque sem nenhuma importância para a História da humanidade. Em nada contribuiu para o conhecimento dos seres humanos. Acho que foi ele quem inventou a chamada Evolução das Espécies. Acho que ele era cubano, nicaraguense, boliviano ou venezuelano para falar tantas bobagens. Nunca entendi por que tantas referências a ele. O mundo evolui e com ele as ideias. E precisamos de uma vez por todas ensinar de agora por diante aos jovens brasileiros a importância de personalidades importantes para a história do conhecimento e que mudaram o mundo. Olavo de Carvalho, do Brasil, é uma dessas figuras que marcarão para sempre as nossas mentes.
Muitos dos atuais professores de História precisam rever seus conceitos, todos já devidamente ultrapassados. O Nazismo, por exemplo, foi um movimento de esquerda, que tentava conquistar aquele mundo incauto. E quase conseguia se não fosse a intervenção pronta e precisa dos eternos donos de tudo, os Estados Unidos da América. Com o mundo liberto das agruras e do sofrimento de ditaduras infames, caminhamos para o progresso e o desenvolvimento. No Brasil tivemos um regime de ampla aceitação popular entre 1964 e 1985. Se houve tortura e censura foi por causa dos insistentes pedidos da maioria da sofrida população. Particularmente acredito que não houve nada de exceção naquela época. Tudo foi dentro das leis e dos regulamentos sociais. Não há um só juiz que tenha discordado daqueles santos métodos de governar. STF, um herói.
Em 1964 não houve golpe nenhum por aqui. E a partir daí, pelo menos até 1985 mel e leite jorraram das ruas. A alegria era geral. O progresso e o desenvolvimento eram uma constante em todos os quadrantes do país. Eleições em todos os níveis, imprensa livre noticiando tudo, alegria nas periferias, êxtase nos quartéis, ninguém sendo obrigado a aceitar o diferente, nada de torturas, otimismo a mil. DOI – CODI era uma espécie de casinha da Barbie aonde muitos gostariam de ir. Acho que foi nessa época que “Cristo aprendeu a subir num pé de goiabeira”. Bons tempos aqueles em que trabalhador pacífico era metralhado com a sua família com 80 tiros e não existia tanto “mimimi”. Bons tempos aqueles em que o mandatário maior da nação podia dar suas opiniões sem ter que ser incomodado por setores inconvenientes da imprensa nacional.
Paulo Freire. Quem foi este imbecil? Quantas pessoas ele alfabetizou em toda a sua vida? Pessoa sem nenhuma importância, não teve o reconhecimento de ninguém, além de poucos petistas e esquerdistas eufóricos. Muitos dos professores de História da atualidade votaram certo nas últimas eleições do Brasil e por isso reconduziram corretamente ao poder alguém de reconhecimento internacional. Jair Bolsonaro coloca o mundo a seus pés com o seu vasto conhecimento e excelente leitura de mundo. Cada declaração dele é uma profecia, uma lição. É um ensino de humanidades, de democracia e de direitos humanos. Já pensou todos agora ensinando em casa aos seus filhos que a terra é plana e que nunca houve golpe nem ditadura militar no Brasil? Caminhamos a passos largos para o futuro. Prêmio Nobel para Bolsonaro, Damares Alves e Ernesto Araújo. Eles merecem. E também todos os seus eleitores e adeptos. Pra frente, Brasil!




*É Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Sem dias lá e aqui


Sem dias lá e aqui

Professor Nazareno*

Com muitas dificuldades os novos mandatários do Brasil e de Rondônia, eleitos no final do ano passado, chegaram aos cem dias de governo à frente de suas respectivas administrações. Um desastre anunciado e absolutamente nada de mudanças nos rumos esperados para quem, numa rompança absurda, mentirosa, nacionalista e triunfante, anunciava aos quatro cantos que “de agora em diante” mel e leite jorrariam de todas as ruas do país e que a vida dos governados melhoraria radicalmente. A montanha pariu um rato. Governos pífios, perdidos e sem rumo é o que se tem visto de norte a sul. As novas administrações têm tudo para fazer parte do folclore político além de se caracterizarem como uma repetição pior de tudo já visto antes. Nada, absolutamente nada de novo aconteceu nem lá nem aqui. Fato: em alguns casos voltamos foi no tempo.
 Em Rondônia, por exemplo, nada de novo aconteceu neste período. Quando há pouco mais de três meses o Coronel Marcos Rocha, uma espécie de preposto do “Mito” entrou para nos governar, o “açougue” João Paulo Segundo de Porto Velho era um campo de extermínio de pobres. Continuou tranquilamente matando muitos dos eleitores miseráveis da capital rondoniense só que agora com um ingrediente macabro: ratos e muitas baratas. O infame logradouro público está infestado de ratazanas gordas que correm alegremente em meio aos pacientes lá internados. Não houve neste período nenhuma decisão que pudesse ter melhorado a vida de quem quer que seja. No âmbito da máquina administrativa do Estado, houve um aumento de funcionários comissionados em detrimento de servidores legalmente concursados. Rondônia vai falir.
Em Brasília, Bolsonaro coleciona uma decepção atrás da outra. Nunca, em tão pouco tempo um presidente do Brasil tinha índices tão baixos de popularidade. Em sua desastrada viagem aos Estados Unidos, o nosso mandatário maior foi se humilhar covardemente perante os norte-americanos e entregar parte de nossa soberania a Donald Trump. Bolsonaro tem se mostrado um presidente muito fraco, despreparado, sem leitura de mundo e avesso ao mundo das negociações políticas. Governa o país pelas redes sociais e toda vez que abre a boca, é um desastre sem tamanho pelas declarações absurdas que faz. Só diz barbaridades. Seus ministros são também muito despreparados e até o da pasta da Educação, o colombiano Vélez Rodríguez, já foi devidamente demitido do cargo que desastradamente ocupava. Muitos deles têm ínfima popularidade.
Damares Alves, Ernesto Araújo e outros assessores e ministros do presidente são figuras folclóricas que só servem para falar abobrinhas, disparates, tolices e por isso mesmo envergonhar o Brasil e os brasileiros. Muitos eleitores dessa gente já estão arrependidos e se pudessem se escondiam de seus amigos e familiares. Estão calados e não dão um pio. Conheço muitos assim. Há mesmo algo de surreal em Brasília. “O Nazismo era de esquerda” ou então “Não houve ditadura muito menos golpe militar no Brasil em 1964”. O Brasil já virou chacota internacional e as críticas começam a se avolumar. O gás de cozinha não para de subir. O preço da gasolina está nas alturas. Em Rondônia foi a energia elétrica que subiu sem controle. Esses governos nada fizeram, estão perdidos e sem rumo. O colapso é iminente. Cem dias do capitão Bolsonaro no Brasil e do coronel Marcos Rocha em Rondônia. Sem dias de alegria lá e também aqui.




*É Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Calama tem culpa?


Calama tem culpa?

Professor Nazareno*

            Calama é uma vilazinha charmosa e quase encantada às margens do lendário rio Madeira e se localiza bem na divisa do Estado de Rondônia com o Amazonas. Está a quase 200 quilômetros de Porto Velho, a capital. É muito mais antiga do que a cidade de onde é apenas um dos seus distritos. Tem umas três mil pessoas morando na sede da vila e serve de apoio para uma microrregião de mais de cinco mil moradores. A “Veneza esquecida do Madeira” hoje não é nem sombra do que foi durante os históricos ciclos da borracha. Os sucessivos governos e as autoridades municipais e estaduais se revezam no poder para destruir e aniquilar qualquer resquício de vida boa e decente para os seus habitantes. Do Major Guapindaia até Hildon Chaves, o atual prefeito de Porto Velho, o que se vê são administrações pífias, desastradas e miseráveis para o esquecido distrito.
            Como se não bastasse o agressivo barranco do Madeira, que ameaça diariamente a sua existência, o distrito sobrevive às duras penas nas mãos de administrações falidas como a de Hildon Chaves. Há mais de um ano que não tem médico. O Programa “Mais Médicos” do Governo Federal, já sucateado pelo governo do “Mito”, parece que consegue mandar profissionais para todo lugar, menos para Calama. Visitar a vila ou mesmo morar por lá é um risco de morte constante. Pessoas acidentadas com picadas de cobras, aranhas e escorpiões “têm que se virar” se quiserem escapar. Às pressas têm que ser levadas para Humaitá no Amazonas, pois soro antiofídico não existe no distrito. E se existe, não há médico para prescrevê-lo. E ninguém toma providência alguma. Uma simples gripe ou outra doença qualquer deve ser curada à base de rezas e benzedeiras.
            O povo de Calama é bom, ordeiro, trabalhador e pacífico. Morei cinco anos lá e sei do que estou falando. Só convivi com pessoas de bom coração e humanos fora de série. Calama e todo o Baixo Madeira não merecem este tratamento desumano, animalesco, bruto e absurdo. Aliás, ninguém merece. As autoridades de Porto Velho e de nenhum outro lugar do mundo não ficam um dia sequer sem médico. Todos os mandatários da cidade, de um modo geral, têm acesso a bons planos de saúde e hospitais. Mas o bravo e guerreiro povo de Calama “que se vire” quando precisar cuidar de sua saúde. E agora Calama está sem escola também. A Escola Gen. Osório ainda não começou o ano letivo de 2019. Apenas 23 por cento dos alunos dependem de transporte fluvial, mas as “otoridades porto-velhenses” impediram o início das aulas para todos.
            Sem médico, sem transporte fluvial, sem escola e sem dignidade. Os alunos da General Osório, que vão fazer o Enem em Humaitá, estão sem estudar e não têm a quem recorrer. E sabe de quem é a culpa? Muitos dizem que é dos próprios moradores da vila. “Não sabem escolher os seus representantes corretamente, por isso têm que pagar o preço”, afirma-se cinicamente. Muitos dos atuais vereadores de Porto Velho encheram as burras de voto por lá nas últimas eleições e agora se fazem de cegos. Alan Queiroz, Marcelo Reis, Maurício Carvalho, Ada Dantas e todos os outros deviam se compadecer daquele sofrido distrito. Mesmo que não tivessem recebido um só voto dos calamenses, eles são vereadores de todo o município. O próprio prefeito da capital só foi uma vez a Calama e os moradores da vila nunca vão esquecer este dia. Calama é um lugar lindo e paradisíaco.  Mas se não dão conta dele, por que não o devolvem logo para Humaitá?




*É Professor em Porto Velho.