terça-feira, 22 de março de 2011

Não leiam queridos alunos, não façam isso! Apenas obedeçam! O conhecimento lhes fará muito MAL.


LER DEVIA SER PROIBIDO


Guiomar de Grammon*


A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido. Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.

Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.

Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?

Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.

Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.

Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.

Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.

O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?

É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova... Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.

Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos. Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil. Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos... A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida. Ler pode tornar o homem perigosamente humano.


*In: PRADO, J. & CONDINI, P. (Orgs.). A formação do leitor: pontos de vista. RJ: Argus, 1999. p.71-3.

O poder de transformação da leitura (ENEM) - Trecho de uma aula de Redação dada no Terceirão do João Bento.

segunda-feira, 21 de março de 2011

A revolta nas usinas por Júlio Nascimento


A revolta das usinas em Porto Velho


Essa revolta de todos desses operários que trabalham nas construções de ambas as usinas já era esperada desde o momento que foi falado que elas iriam ser construídas, porém a população tanto de Porto Velho quanto de Jaci - Paraná não esperava que isso acontecesse tão cedo assim. Mais a pergunta que a população de ambas as cidades não conseguem uma resposta concerta, é o porquê dessa revolta toda da parte dos operários da usina de Jaci - Paraná? Será que é por motivos salariais ou será apenas uma boba briga entre um motorista e um operário?

Não vou mentir quando digo que sempre fui contra a construção dessas usinas no Estado, porém o que eu sou perante várias pessoas que se dizem importantes perante POLITICA SUJA que ronda o país. Todos temos ciência que tais construções vão trazer certos benefícios para a cidade, porém onde estão as provas de que tais benefícios serão revertidos para o Estado? Creio que quando tal assunto é tocado todos se calam por não possuir uma resposta certa. Tanto a Cachoeira de Santo Antônio quanto a Cachoeira de Teotônio eram pontos turísticos para a nossa cidade e até mesmo para o nosso Estado, porém agora quando você vai atrás dessas belezas no lugar você encontra apenas maquinários, nem ao menos se consegue ouvir aquele barulho de correnteza.

E daí que essas usinas vão trazer benefício para a cidade? Na verdade não podemos dizer que é benefício, pois se pararmos para analisar bem a situação e formos falar de uma forma percentual estaremos utilizando apenas de 3% a 7% da energia gerada tanto na usina de Jirau quando na usina de Santo Antônio. Quanto aos outros 97% a 93% vão ser distribuído para um país que nem ao menos sabe que a região Norte também faz parte do país, um país que abre a boca pra falar da região Norte de uma forma que parece que não possui uma população civilizada. Enquanto eles podem dizer de boca cheia que são da região Sul, Sudeste, Centro Oeste e Nordeste e quando chega nessa região Norte falam de uma forma que parecem que não sabem que existem outros estados a não ser o deles, nós podemos dizer de boca cheia que daqui a alguns anos ou até mesmo meses parte da energia que eles usufruem vem da nossa região.

Então quero dizer para as pessoas dessa cidade, vamos parar de pensar um pouco nos benefícios que algo pode trazer para nossa cidade ou até mesmo para o estado e vamos começar a ser um pouquinho mais egoístas e pensarmos em nós mesmos. Pois é por causa disso que hoje estamos passando por esse momento onde não podemos colocar nossas caras para fora de nossas casas sem ter medo de ser assaltado por alguém que diz que veio à cidade em busca de trabalho nas usinas, e o que é pior é que nem ao menos possuímos a certeza de não iremos passar novamente por isso futuramente quando as usinas terminarem de ser construídas.



Júlio Nascimento - Acadêmico do curso de Direito (Uniron)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Os haitianos estão chegando...


Brasil e Haiti: Aqui só nos faltam os Terremotos


Professor Nazareno*


A cidade de Porto Príncipe, capital do Haiti, foi sacudida em 2010 por um violento terremoto de magnitude absurda que causou a morte de quase meio milhão de pessoas e provocou prejuízos incalculáveis àquele paupérrimo país caribenho. Disso, muita gente ficou sabendo. Sabemos também que este país é o mais pobre das Américas e um dos mais pobres do mundo. Seu PIB é baixíssimo assim como o seu IDH. Grande parte de sua gente é descendente de escravos e a nação ocupa a porção ocidental de uma ilha. Tem uma população de quase nove milhões de habitantes espremidos numa área territorial pouco maior do que o Estado de Sergipe, o menor entre os estados brasileiros.

O Brasil, desde o ano de 2004, lidera no Haiti vários militares através da Minustah, sigla em francês para Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti. Sem ter muito que fazer em nosso país, as nossas Forças Armadas, por meio do “Governo dos Companheiros”, ainda mantêm cerca de mil e duzentos militares que se revezam periodicamente para ficar no Mar das Antilhas. O que muita gente não sabe é que se for feita uma hipotética comparação entre o Brasil e aquela nação caribenha e que envolva governo, política, cultura, tradição e história, certamente nós vamos perder feio em qualquer um desses itens comparados. Por isso, devemos receber bem os haitianos que chegarem a Porto Velho, pois eles são superiores a nós em quase tudo.

A começar pela língua falada. A maioria dos haitianos se expressa em Francês, língua muito mais importante do que o Português junto à comunidade internacional, e quase todos os habitantes falam Krèyol (Crioulo), a outra língua oficial da nação. O Inglês é cada vez mais falado entre os jovens e no setor empresarial. Devido à proximidade com a República Dominicana, o uso do Espanhol também é muito incentivado. Por isso existe um número cada vez mais crescente de haitianos bilíngües ou trilíngües. No Brasil, mal falamos o Português. Línguas como Inglês, Espanhol ou Francês têm tanta importância entre os brasileiros quanto o idioma Grego na Rússia ou o Húngaro na Austrália. Sempre fomos um país de analfabetos, isso sim.

O Brasil aboliu a Escravidão em 1.888 enquanto no Haiti isso aconteceu quase cem anos antes. A nossa Independência veio em 1.822, dezoito anos após os haitianos se libertarem da França. E nos dois casos, tanto a Abolição como a Independência mostram a superioridade daquele povo sobre nós. Lá os movimentos nasceram no seio do povo como desejo de libertação e de preservação das identidades nacional, lingüística e cultural e da vontade de conquistar a autodeterminação do seu povo. Aqui, quando vem alguma mudança, os movimentos nascem da elite, em gabinetes, e em conluio com interesses espúrios num desejo absurdo de manter os pobres subjugados à vontade dos ricos. Há mais de cinco séculos é assim. Nada muda. Nada parece mudar.

Além do mais, o Haiti é um país renegado pelo mundo. Foi o resultado de intervenções, massacres e ocupações que sempre tentaram calar a primeira república negra do mundo. Os haitianos pagam diariamente por esta ousadia. Por lá cresce diariamente o ódio contra “a intervenção brasileira”. Então, o que o Brasil fez em sete anos de ocupação no país? Absolutamente nada, pois as casas feitas de areia, a falta de hospitais, a falta de escolas, o lixo são problemas corriqueiros agravados com o terremoto e que não foram resolvidos com a presença de milhares de militares estrangeiros. Com tantos “Haitis” por aqui, os nossos militares deviam se acanhar e voltar para casa. Talvez ajudassem a atenuar os nossos problemas: dengue, violência nas ruas, miséria, lixo, corrupção. Porém, receber estrangeiros nem sempre é um bom negócio. Esses imigrantes caribenhos sabem fazer textos críticos? Eu, por exemplo, sou um "estrangeiro" por aqui e muitos rondonienses me odeiam. E se pudesse escolher imigrantes preferiria escoceses, suíços, ingleses, alemães, norte-americanos, holandeses, e escandinavos a haitianos. E se eles não gostarem de dançar "Boi"? Uma tragédia.

Cerca de seis milhões de haitianos vivem na miséria total. No Brasil são quase 50 milhões, ou seja, oito vezes mais. No Haiti isso é normal enquanto aqui devia ser imoral, já que somos a sétima economia do planeta. Déspotas, políticos ladrões, corrupção no Estado, compra de votos, intimidação de opositores, democracia relativa, epidemias, falta de saneamento básico, desmandos, incompetência das autoridades, mentalidade golpista dos militares, burrice institucionalizada, adoração a futilidades e passividade do povo são itens em que só empatamos. Por isso, os haitianos, que já estão chegando aos montes ao Estado de Rondônia, se sentirão em casa em Porto Velho. Devemos, insisto, dar as boas vindas aos nossos irmãos caribenhos e mandá-los para um quartel qualquer, já que o Brasil mandou militares ao país deles para que pudéssemos pleitear uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU e só conseguiu até agora atrair levas de cidadãos desempregados para o nosso país. Outro dia fui abordado por um brasileiro em plena Rua Jatuarana, Zona Sul de Porto Velho, pedindo-me dinheiro para comprar arroz. Entendi por que muitos dizem que o Haiti é aqui mesmo.



*Leciona em Porto Velho

segunda-feira, 7 de março de 2011

Você gosta de Carnaval?


Carnaval Devia Ser Proibido



Professor Nazareno*


           
            A jornalista Rachel Sheherazade, da TV Tambaú de João Pessoa, Paraíba, gerou muita polêmica na internet depois que um comentário seu falando sobre o carnaval foi postado no You Tube. Em apenas cinco dias, mais de 300 mil acessos já haviam sido feitos. Mas infelizmente pouco ou nada adianta tentar "abrir a mente" das pessoas envolvidas com a festa de momo. A imbecilidade reina geral. O país inteiro está ensandecido pela sacanagem, pela apologia às drogas, pela violência sem fim e pela falsa alegria que reina nestes dias de euforia. Por que a nação tem que parar durante quase uma semana apenas para brincar o carnaval? Por que quase ninguém quer trabalhar neste período? Por que ruas inteiras são interditadas? Será que o Estado gasta dinheiro público com a folia? Por que povo e político se juntam animados na festa?
            Em Porto Velho também há carnaval. E dos piores. A festa daqui é uma imitação tosca, ridícula e mal feita dos carnavais de outras praças. É uma espécie de excrescência do nada, uma apologia ao ridículo, ao absurdo. E violento. Muito violento mesmo. O Hospital de Pronto Socorro João Paulo Segundo, por exemplo, em apenas três dias de comemorações e festejos realizou nada menos do que 640 atendimentos, dos quais 99 foram por acidentes de trânsito, 17 acidentes de trabalho, 19 agressões físicas, 04 acidentes domésticos, 45 quedas, 20 ferimentos por armas de fogo, 11 ferimentos por arma branca, uma intoxicação, entre outros. Foram registrados entre sexta-feira à noite e segunda-feira pelo menos oito óbitos e 22 procedimentos cirúrgicos. Gasto evitável do nosso dinheiro. O nosso mais importante "açougue" esteve movimentado ultimamente.
            Estes números tenebrosos podem dobrar visto que ainda faltam quase dois dias de folia. E a maioria dos rondonienses e porto-velhenses não se acanha em sair por aí se drogando e pulando feito macacos no meio da rua. São homens vestidos de mulheres e mulheres quase nuas, a maioria bêbados e drogados. Os babacas se esquecem de que moramos numa cidade suja e imunda, sem saneamento básico, sem água tratada, sem escolas públicas de qualidade, sem hospitais públicos decentes e quase também sem homens públicos honestos. Se apenas dez por cento destes foliões ridículos tivessem massa cinzenta ou fossem minimamente politizados, poderiam exigir das autoridades que estão espertamente presentes também ali no meio da festa, mais ações para resolver os nossos infinitos problemas. Isso é o carnaval: todos juntos na estupidez coletiva
            Quem teve coragem suficiente para ir à Avenida em Porto Velho, não viu muita coisa. Escolas de sambas sem harmonia, sem ritmo, sem adereços, sem temas importantes, com puxadores de samba roucos e desafinados que não sabem cantar direito. Quase todas as escolas estavam atrasadas, sem brincantes, com fantasias feias e derretendo na chuva fina que caía. Nunca entendi porque nossas gordas passistas têm as pernas tortas e cheias de manchas de ferradas de insetos. Nenhuma delas sabe sambar, se vestem mal e estão sempre às voltas com enxames de mosquitos voando por perto. Deve ser por causa do fedor que exala de seus corpos mal feitos e suados. Em suma: o carnaval de Porto Velho é um espetáculo horrendo, maçante, ridículo e sem sentido. Algo que nem devia existir. Os organizadores desta "desorganização absurda" devem sentir muita vergonha quando tudo acaba. Espetáculo de idiotas para idiotas. É isso.
            Se esta porcaria é cultura, dá para entender por que em Porto Velho não existe nenhuma cultura de futuro. Eu até que poderia ter ido a um retiro, mas tenho a certeza de que o diabo, ao sair da Avenida dos Imigrantes, vai dormir nestes retiros que também são freqüentados, em sua maioria, por imbecis e feitos sob medida para otários.  Com todos estes gastos inúteis, seria muito bom que o dinheiro público jamais fosse usado para turbinar estas festas patéticas. Com Manelão ou sem ele, carnaval por aqui sempre foi uma grande farsa, uma mentira para enganar trouxas. A presepada da tal "Banda-do-Vai-Quem-Quer", que a despeito da morte do seu "general", saiu normalmente no sábado de carnaval, sempre foi um engodo que se nunca flertou com o erário público, só serve para ajudar na lotação dos poucos e despreparados hospitais do lugar. Carnaval é a cultura do sangue misturado ao álcool e outras drogas. Por isso, é dever de qualquer um governante sério pôr fim a esta festa mundana e idiota que tantos transtornos traz ao trabalhador brasileiro e que ajuda a propagar a falsa idéia de alegria desse povão broco.



 *É Professor em Porto Velho.