Renuncie,
Dr. Mauro!
Professor
Nazareno*
Com
pouco mais de 450 mil habitantes em sua área urbana e quase um século de
existência, Porto Velho, capital de Rondônia, sempre foi uma das
piores cidades do Brasil em termos de qualidade de vida. Suja, porca, imunda,
cheia de lixo esparramado pelas ruas, com esgotos escorrendo a céu aberto, sem
a menor infraestrutura urbana, com uma das menores taxas de IDH dentre as
capitais brasileiras, sem arborização para compensar o infernal calor da
região, com transporte coletivo extremamente deficitário, violenta, enlameada,
pontilhada de favelas do centro à periferia, quase sem nenhum saneamento básico
e pouquíssima oferta de água tratada aos seus moradores, mesmo estando em plena
Amazônia, por incrível que pareça, este ridículo aglomerado urbano tem
prefeito, vice-prefeito e até Câmara de Vereadores.
À
frente do Executivo municipal, quando foi eleito com exatos 142.937 votos,
inclusive o meu, o médico do PSB, Mauro Nazif, de origem palestina e natural do
interior do Estado do Rio de Janeiro, até agora, depois de mais de um ano,
ainda não disse a que veio. É de longe a maior decepção política dos últimos
tempos em Porto Velho e em Rondônia. E quem diz isso é o próprio eleitorado que
votou nele. Pesquisas dizem ser o prefeito da capital o pior dentre os
mandatários do Estado com pouco mais de 11 por cento de aprovação popular. Ou
seja, quase 90 por cento dos porto-velhenses reprovam a sua desastrada
administração. A rigor, passado todo esse tempo à frente da Prefeitura, o Dr.
Mauro não fez absolutamente nada em termos de benfeitorias.
O
esperado “choque de gestão” prometido civicamente durante a campanha
virou “choque digestão” e enganou a todos nós. Onde o gestor do PSB põe
o dedo, é desastre na certa. Os viadutos sequer foram reiniciados, a Rua da
Beira está sendo feita pelo Governo estadual, as alagações persistem e estão
piores do que antes, o trânsito está mais infernal e desorganizado, o péssimo
transporte coletivo continua o de sempre, o lixo e a podridão campeiam nas ruas
e avenidas, a rodoviária continua suja e imunda, a “cidade das hidrelétricas”
está ainda mais escura, enfim, o que já era ruim, com Nazif conseguiu piorar
muito mais. Incrível, mas já há saudades da administração Roberto Sobrinho
entre alguns munícipes. Não se sabe o porquê, mas o Dr. Mauro nem se desculpa, nem mostra os motivos pelos quais não
consegue administrar Porto Velho.
No entanto, engana-se quem acha que o prefeito
está parado: o IPTU teve um “pequeno reajuste” (o meu aumentou 315%)
e já em 2014 pode voltar a malfadada e esquecida Zona Azul no centro da capital.
E promessas para enganar trouxas não faltam. As alagações podem até ser
combatidas, mas ao custo da erradicação definitiva de mais de 200 árvores.
Piada infame em Porto Velho: o prefeito quer arborizar a cidade destruindo o já
combalido meio ambiente. Por tudo isso, Dr. Mauro, renuncie. Vaze da área. Se
automedique com ‘simancol’. Saia e leve junto o seu vice e toda a Câmara
de Vereadores para que novas eleições sejam convocadas. Convença-os a renunciar
com o senhor. Entre para a História, faça esse gesto, beneficie esta sofrida e
abandonada cidade. Presenteie o nosso sofrido povo devolvendo-lhe a esperança
já perdida.
Volte a ser o bom médico que o senhor sempre foi. Vá cuidar da saúde de seus
pacientes. Dedique-se ainda mais a sua linda família. Porto Velho ganhará muito
mais com este seu gesto patriótico. Seja o Dr. Mauro das campanhas e se o seu
salário mensal for de 21 mil reais, o oitavo maior dentre os prefeitos de
capitais, honre os quase 300 mil que recebeu somente neste tempo de “administração”.
“Sei que a sua posição não é invejável, mas foi o Senhor que escolheu estar
nela. Escolheu e foi escolhido. O senhor encarna a esperança de milhares de
porto-velhenses. Não permita que o anseio de tantos degenere para frustração”,
disse recentemente Reginaldo Trindade, procurador da República. Seria demais entender
que hoje grande parte da população desta cidade faz coro com ele? Evite a nossa
angústia por mais três anos. Tenha dó de nós. Renuncie!
*É Professor em Porto Velho.