segunda-feira, 12 de maio de 2025

Um Estado sem Identidade

Um Estado sem Identidade

 

Professor Nazareno*

 

            Assim sempre foi o Estado de Rondônia, a “nova estrela no azul da União”, a terra dos “destemidos pioneiros” e também das “sentinelas avançadas”. Talvez mais de oitenta por cento dos brasileiros certamente cofundem Rondônia com Roraima. Os outros vinte por cento sequer sabem qual é a sua capital e em qual região do país se localiza. E não é só por desconhecimento da Geografia, não! É devido principalmente a pouca ou a nenhuma importância que este longe, pobre e incivilizado estado da federação tem no já triste e conturbado contexto nacional. Aqui se tem a passagem aérea mais cara de todo o Brasil. No acanhado campo de pouso da capital, que pomposamente lhe chamam de aeroporto internacional, quase não há voos para outras capitais do país. A medicina local é fraquíssima e o Estado não tem sequer um pronto-socorro para atender os seus cidadãos.

            A precariedade absurda também é verificada nos serviços que o próprio Estado diz que oferece aos seus coitados pagadores de impostos. Há alguns anos que para se tirar uma simples carteira de identidade em Porto Velho, o cidadão comum precisa antes fazer uma espécie de “estágio no inferno”. Não é de hoje que eu inventei de trocar a minha cédula de identidade, pois me disseram que ela já estava vencida, como se fosse um medicamento ou alguma espécie de alimento para se comer. Então, fui à luta. Chegando ao Tudo Aqui no Porto Velho Shopping, descobri que o nome mais correto para esta grandiosa repartição púbica deveria ser Nada Aqui. Os simpáticos, probos e atenciosos servidores púbicos que me atenderam disseram que eu precisava de alguns documentos e que o agendamento poderia ser feito em casa mesmo ou até no meu velho telefone celular.

            Em casa liguei o meu ocioso computador para fazer esse tal agendamento, mas as decepções e os obstáculos que surgiram começaram a me atormentar. Quando abri o link que educadamente me forneceram, apareceu uma página com os dizeres escritos em caixa alta: Agendamento para Emissão de Carteira de Identidade Civil. Eu pensei: Primeiro Mundo. Só que o agendamento só começaria a partir do meio dia e meia. E eram ainda umas nove horas da manhã. Pacientemente esperei. Chegando o horário indicado, o link mandava eu selecionar uma localização de uma lista. Só que em muitas das localidades listadas a disponibilidade dizia que não havia vagas disponíveis. Para Porto Velho, claro, nenhuma vaga. Vi vagas só disponíveis para Cerejeiras e Costa Marques, cidades a quase 800 quilômetros daqui. Repeti a operação por mais de 30 dias seguidos e até agora nada.

            Não sei ainda o porquê dessa verdadeira Via Crucis para se tirar um simples documento de identidade em Porto Velho, capital de Roraima. Os candidatos para governador e para deputados e senadores, que já estão se preparando para fazer as costumeiras promessas de campanha eleitoral no próximo ano, deveriam colocar mais esta no rol de suas mentiras. “Prometo, se for eleito, viabilizar o agendamento e a retirada da nova Carteira de Identidade para todos os cidadãos que quiserem. Em oito dias, sua identidade será realidade”, deverão dizer nos seus discursos em 2026. Só que com tanta dificuldade assim, eu estou igual a Rondônia: sem identidade. E tenho a certeza de que não é que estão criando dificuldades para vender facilidades. Os funcionários públicos de Rondônia e todas as suas autoridades são pessoas honestas e trabalhadoras. Todos querem o bem de todo mundo. Alguém sabe de algum conhecido seu que trabalha no Tudo Aqui?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Governos que envergonham!

Governos que envergonham!

 

Professor Nazareno*

           

     O jornalista e crítico social norte-americano Henry Louis Mencken, afirmou certa vez que “todo ser humano decente devia se envergonhar do governo que tem”. Já se passou mais de um século dessa afirmação e mesmo hoje em dia, mais do que nunca, essa veracidade é observada normalmente em quase todos os governos espalhados pelo mundo. No Brasil, a vergonha que grande parte de nossos cidadãos eleitores têm de seus governantes vem desde a época da Colônia, passando pelo Império e, claro, até na República. Óbvio que existem eleitores que endeusam seus representantes, mas apenas por que têm a certeza de que terão algum benefício depois. Na última eleição presidencial, por exemplo, milhões de brasileiros votaram em dois “caras” cheios de defeitos e de erros, mas que para o eleitor comum eles significavam um tipo de reencarnação de Deus.

  Lula, ex-presidiário e envolvido em inúmeros casos de maracutaias, de propinas e de corrupção explícita, estava preso em Curitiba já havia quase dois anos. Mas saiu da cadeia direto para o Palácio do Planalto. E pior: para nos governar. É o nosso atual presidente, pois recebeu mais de 60 milhões de votos dos seus eleitores que, juntos ao seu “herói”, comemoraram a vitória efusivamente. Os únicos que se envergonham de Luiz Inácio Lula da Silva são os seus opositores, que votaram na outra triste e vergonhosa opção: Jair Messias Bolsonaro. Como cada eleição é uma espécie de “leilão antecipado de bens roubados da própria população”, durante a fatídica presidência de Bolsonaro lhe apelidaram de “Mito”. E sem nenhuma vergonha na cara, muitos de seus aduladores nem desconfiaram de que “um bom político é algo tão impensável quanto um ladrão honesto”.

   Em Brasília, ainda fazem parte do governo federal o Poder Legislativo com a Câmara Federal e o Senado, que dispensam quaisquer comentários otimistas, e o Poder Judiciário com o STF, Supremo Tribunal Federal, e muitos outros órgãos, que nem é bom tecer qualquer opinião a respeito deles. Dessa maneira, não há como um cidadão honrado e cumpridor de suas obrigações não se sentir envergonhado pelo governo que tem. Em Rondônia, uma província pobre, atrasada e incivilizada do país, a situação tende a ser muito pior. E de fato é. O atual governador de Rondônia é um coronel da PM. Seguidor e admirador do “Mito”, que será preso pela tentativa de dar um golpe, ele tem uma administração pífia que é um fracasso só. Prometeu construir um novo hospital de pronto-socorro para a capital e fracassou redondamente. Era o “Built to Suit”, que deu em nada.

  Porém, muitos rondonienses não se envergonham desse coronel. Pelo contrário: prometem que vão elegê-lo para qualquer cargo depois que ele deixar de ser governador. Realmente, “a democracia é a crença patética na sabedoria da ignorância individual. Uma espécie de adoração de lobos famintos por burros”. Em Rondônia existem também a Assembleia Legislativa e alguns tribunais do Judiciário que fazem parte do governo provincial. Será que alguém não se envergonha do que têm feito os deputados estaduais de Rondônia? Em Porto Velho, a suja e fedorenta capital, o governo é o prefeito junto à Câmara de Vereadores. Léo Moraes se elegeu, mas usa de forma vergonhosa a internet e a mídia para fazer propaganda de si mesmo. Já muitos dos vereadores só envergonham o tosco eleitorado.  Estou envergonhado, pois “se um político soubesse que havia canibais entre seus eleitores, lhes prometia missionários, como padres e pastores, para o jantar”.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

terça-feira, 29 de abril de 2025

Vermelha: só falta a bandeira

Vermelha: só falta a bandeira

 

Professor Nazareno*

 

        Finalmente uma notícia boa depois da morte do Papa Francisco e da descoberta da roubalheira de mais de 6 bilhões de reais do INSS. Enfim, a bandeira do Brasil poderá mudar de cor e passar a ser vermelha em vez de verde, amarela, azul e branca. As esperanças agora são muitas para essa mudança, pois a camisa do segundo uniforme da seleção brasileira não será mais azul e sim, vermelha. Nada mais natural e correta essa mudança, pois o próprio nome do Brasil se refere à brasa, que tem a cor vermelha. Nunca entendi porque a cor da camisa da seleção brasileira nunca contemplou essa cor. Muitas pessoas diziam que era por causa das cores da nossa bandeira. Tolice, já que várias seleções nacionais não seguem essa tradição tão ultrapassada. A seleção de futebol do Japão, por exemplo, tem a cor azul em seus uniformes, mas a bandeira nacional é branca.

Além de branca, a flâmula nipônica tem um grande sol vermelho em seu centro significando o sol nascente. Disciplinados e educados como são, nunca se ouviu os japoneses falarem qualquer coisa de ruim de sua seleção e também de sua bandeira nacional. A Itália, tetracampeã de futebol do mundo, tem as cores verde, branca e vermelha em sua bandeira, mas a cor do uniforme de sua seleção de futebol é azul. Por isso, a seleção italiana é carinhosamente conhecida mundialmente como a “Squadra Azurra”. O mesmo acontece com a poderosíssima seleção nacional de futebol da Alemanha. Os outros tetracampeões mundiais de futebol da Europa sempre usaram a camisa branca como o seu uniforme padrão. Mas a sua bandeira tem as cores preta, vermelha e amarela. Aliás nem foi com essa camisa que eles golearam o Brasil por 7 a 1.

O Brasil ter apenas um dos seus uniformes de cor vermelha não é nada demais. Outro exemplo bastante conhecido no mundo futebolístico é a seleção de futebol da Holanda, que usa a cor laranja nas suas camisetas, mas o seu pavilhão nacional é vermelho, branco e azul. Quem não se lembra da “Laranja Mecânica” de Johan Cruijff e companhia, que encantou o mundo e destroçou o Brasil na Copa de 1974? E devem existir muitas outras seleções nacionais de vários esportes espalhadas pelo mundo inteiro que não usam as cores de suas bandeiras em seus uniformes esportivos. Isso é apenas um detalhe insignificante. O que importa mesmo é a qualidade do futebol que se joga. E hoje o Brasil não está jogando nada. Depois da última goleada que sofreu para a Argentina por 4 a 1, talvez a nossa fraca seleção de futebol nem vá à próxima Copa do Mundo em 2026.

É claro que mudar a cor no segundo uniforme da seleção brasileira seria uma “jogada” comercial da Nike, patrocinadora da seleção, para vender mais camisetas. Jair Bolsonaro, a direita e o “gado”, principalmente, só usam a camisa amarela da seleção para ir às manifestações pedir golpe de Estado, intervenção militar e outras desgraças. Agora tem o outro lado. Existirá a camisa da seleção brasileira que será vermelha. A cor do Lula, do PT, das esquerdas e do comunismo, talvez por causa da China e da ex-União Soviética, cujas bandeiras eram também vermelhas. Por isso, o governo Lula deveria mudar urgentemente a cor da nossa bandeira para homenagear o pau-brasil. Nosso atual pavilhão já está ultrapassado: o verde das nossas matas o agronegócio já desmatou todo. O amarelo do ouro, Portugal roubou. O céu não é mais azul. É cinza-chumbo da fumaça e o branco não simboliza paz nenhuma. Paz nas favelas cheias de milícias e de traficantes?

 

 


*Foi Professor em Porto Velho.

A direita sempre mandou!

A direita sempre mandou!

 

Professor Nazareno*

 

            O Brasil tem 525 anos de existência, ou seja, mais de meio milênio. E em todo este período, sempre foi governado majoritariamente por pessoas que tinham a ideologia da direita e da extrema-direita. Somente em três ocasiões foi governado pela esquerda. João Goulart, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff foram os únicos presidentes progressistas do país. Assim, é normal se dizer que a sociedade brasileira, bem como todo o Brasil de hoje é consequência direta dos governos que teve ao longo de sua história. João Goulart sofreu um golpe de Estado em 1964. Sem maiores delongas, os militares o depuseram e passaram 21 anos no poder. Dilma sofreu outro golpe em 2016. O seu vice-presidente, o golpista Michel Temer inventou umas “pedaladas fiscais” e tomou-lhe a presidência. Já o Lula, apesar de não ter sofrido nenhum golpe, já esteve preso duas vezes.

       Nos 525 anos do Brasil, a esquerda esteve no poder até agora por menos de 20 anos, enquanto a direita e a extrema-direita reacionárias e golpistas mandaram durante longos 505 anos. Ou seja, a direita governou mais de 96,2 por cento do tempo, enquanto a esquerda governou os outros 3,8 por cento. O Brasil sempre foi um país rico, pujante e próspero e há mais de meio século desponta entre as dez maiores potências econômicas do mundo. Só que ainda hoje tem algo em torno de mais 25 milhões de seus cidadãos vivendo abaixo da linha da pobreza, na miséria absoluta, passando fome mesmo. Temos o oitavo PIB da Terra e uma das maiores desigualdades sociais do planeta. Por isso, a gestão do país, seja ela de direita, seja de esquerda, tem que atacar primeiro os vários problemas sociais que há. A polarização política que se vê hoje em dia só aumenta o caos.

      O eleitor brasileiro não aguenta mais os políticos usarem os seus mandatos para ficarem brigando e discutindo sobre quem é melhor ou sobre quem é pior. Enquanto a estéril discussão política e ideológica ganha força por todos os recantos do país, os reais problemas do povo não são discutidos. Na semana passada, por exemplo, uma vereadora de Porto Velho, a eterna capital de Roraima, deu uma entrevista dizendo que não houve ditadura militar no Brasil. E ela deve ter achado que “lacrou” com esta informação mais do que bisonha, absurda e mentirosa. Poderia, em vez de discutir ideologias políticas, propor emendas e projetos para tirar esta capital do lodaçal em que sempre viveu. Porto Velho é a capital mais suja e imunda do Brasil. Aqui não existe porto no rio Madeira, não há saneamento básico, não há arborização, não temos IDH e também não há água tratada.

       Um vereador de um lugar tão decadente, incivilizado e atrasado como este, tinha que trabalhar mais sério, usar o seu mandato em benefício de todos os moradores e tentar pelo menos ajudar o prefeito a resolver os inúmeros problemas da cidade. Aliás, em toda a sua triste história, Porto Velho só teve um único prefeito de esquerda, que praticamente foi cassado no final do seu bom mandato, enquanto todos os outros foram da direita e da extrema-direita. Assim como também o Estado de Rondônia. Quem sempre mandou por aqui foram os coronéis, nomeados na capital do país, e também vários empresários ricos e poderosos. Dessa forma, Rondônia é talvez o Estado mais bolsonarista e mais direitista e reacionário que há. Por isso, copia a triste realidade do resto do Brasil: com uma grande população de pobres e de miseráveis, praticamente só vota e elege sempre os candidatos de classes mais abastadas. Com direita ou esquerda, fome, miséria e estupidez continuam.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 23 de abril de 2025

A Igreja devia ser de esquerda!

A Igreja devia ser de esquerda!

 

Professor Nazareno*

 

            A morte do Papa Francisco neste mês de abril de 2025 pode desencadear, como sempre, mais uma luta dentro da Igreja católica para a escolha do novo Sumo Pontífice. Jorge Mario Bergoglio, o papa argentino, que liderou os católicos por 12 anos, deixa marcas indeléveis na Igreja católica do mundo inteiro e que o credenciaram como “o papa dos pobres e dos humildes”. O nome Francisco foi uma singela e até justa homenagem a São Francisco de Assis, o santo conhecido como o protetor dos animais, dos doentes e também das pessoas em situação de pobreza. Fala-se que o Santo Padre teria lutado contra a ditadura militar em seu país natal ao ajudar na fuga de pessoas perseguidas por aquele regime sanguinário. O líder maior dos católicos apenas seguiu o que sempre deveria ser a verdadeira Igreja de Jesus Cristo: estar ali ao lado de todo cidadão pobre e necessitado.

            Jesus Cristo, indiferente ao fato de que foi um enviado ou até mesmo o único filho de Deus, viveu toda a sua vida lutando contra as injustiças, a opressão e o domínio político das elites poderosos de seu tempo. Jesus era comunista, pois estava sempre ao lado dos mais humildes. O “Filho de Deus” sempre esteve rodeado de pessoas pobres, de prostitutas, de pescadores, de homens simples e também de cidadãos perseguidos pelo poder político e econômico da Terra Santa, que era ligada e só obedecia à Roma dos Césares. Jesus não tinha riquezas, não tinha bens, não tinha Igrejas e nem tinha terras. Foi perseguido, preso, torturado, crucificado e morto porque ousou desafiar o poder de Roma. E mais, o seu calvário se deu em parte porque Ele usava como “arma” maior o amor e o perdão e não a vingança e o ódio. Isso irritava os poderosos, que terminaram por matá-lo.

Por isso, guardadas as devidas proporções, muitas ações do Papa Francisco se assemelhavam muito às do próprio Jesus Cristo. Mas essa sua postura ideológica de “preferência pelos pobres” sempre irritou as elites reacionárias e da extrema-direita mundo afora. No Brasil, por exemplo, nós temos o Padre Júlio Lancelotti, que também fez esta opção pelos mais necessitados. O Vigário de Cristo chegou a ligar para o padre de São Paulo algumas vezes para parabenizá-lo por este magnífico trabalho em favor dos mais carentes. Isto, óbvio, deixou muita gente irritada. Principalmente os mais poderosos e também os chamados “pobres de direita”. Francisco não se encontrou com o ex-presidente Bolsonaro, mas se referiu a ele uma vez: “Peço a Nossa Senhora Aparecida que proteja e cuide do povo do Brasil, que o livre do ódio, da intolerância e da violência”.

Em uma entrevista à rede argentina C5N, exibida em 2023, o representante maior dos católicos afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia sido condenado e preso sem provas e que a ex-presidente Dilma Rousseff tinha as “mãos limpas”. Mesmo assim, a presidenta do Brasil sofreu em 2016 um vergonhoso processo de impeachment por “causas desconhecidas e inventadas”. Deus também pode ser uma entidade de esquerda, já que não quer injustiças, não quer a exploração do homem pelo homem, não permite a acumulação de riquezas, é contra a miséria e o sofrimento de seres humanos criados à sua imagem e semelhança. Por isso, Ele certamente abominaria o capitalismo, o ódio e a violência, que são máximas da extrema-direita reacionária. Dessa forma, a escolha do novo Papa poderia seguir a mesma tradição de Francisco: colocar a Igreja sempre a favor dos mais pobres e necessitados. Toda Igreja deveria ser de esquerda, sim!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 21 de abril de 2025

A Inteligência Artificial falando sobre mim.


 

            A Inteligência Artificial falando sobre mim. Achei o máximo.

             

       O "Professor Nazareno" é o pseudônimo de José do Nazareno Silva, um educador e escritor de Porto Velho, Rondônia, conhecido por suas opiniões contundentes e estilo provocador. Ele ganhou notoriedade na mídia local por suas colunas de opinião publicadas no site Rondônia Dinâmica, onde aborda temas como política, educação e questões sociais com uma linguagem direta e crítica.

       Além de sua atuação como colunista, Nazareno foi professor da Escola Estadual João Bento da Costa, localizada na zona sul de Porto Velho. Nessa instituição, ele contribuiu para a criação do "Projeto Terceirão", uma iniciativa que visa preparar alunos da educação pública para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), alcançando resultados notáveis em comparação com escolas particulares da região.

     Sua postura crítica e estilo provocador lhe renderam tanto admiradores quanto detratores. Em uma recente entrevista, ele se referiu a si mesmo como "o mais odiado de Rondônia", destacando a polarização de opiniões em torno de seu trabalho e estilo de escrita.

        Em resumo, o Professor Nazareno é uma figura polêmica e influente no cenário educacional e político de Rondônia, reconhecido por sua dedicação ao ensino e por suas análises incisivas sobre a realidade local.

Lula vem à Cova dos Leões

Lula vem à Cova dos Leões

 

Professor Nazareno*

 

            O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem a Rondônia. Fato inédito na história dessa província pobre, longe e esquecida do Brasil, já que aqui quase não existe esquerda nem partidos políticos progressistas. Rondônia, apesar da sua notória insignificância política, econômica e social é um reduto da direita e da extrema-direita reacionárias e bolsonaristas. Estado ainda jovem, que foi criado pela ditadura militar para expandir o agronegócio e destruir o que ainda restava da Amazônia, Rondônia não apresenta absolutamente nada de importante que faça um Presidente da República se deslocar dos grandes centros desenvolvidos do país até este rincão inexpressivo e violento. Lula deve chegar nesta quinta-feira para, dentre várias outras coisas sem importância, anunciar a construção de um hospital universitário ligado à UNIR, única universidade pública daqui.

            Rondônia é o segundo Estado mais reacionário, direitista e bolsonarista do país. Nas últimas eleições para presidente perdeu neste item só para Roraima. Todos os oito deputados federais daqui e pelo menos 2 dos 3 senadores militam no conservadorismo radical. Na Assembleia Legislativa do Estado praticamente somente uma deputada é do PT. Já na Câmara de Vereadores da capital, um reduto reacionário ao extremo, há, por exemplo, até uma vereadora negacionista que afirma publicamente que no Brasil nunca houve uma ditadura militar. Durante a tentativa de golpe do oito de janeiro de 2023, vários ônibus saíram de Rondônia lotados de “gado bolsonarista” e de “patriotários” para vandalizar os prédios dos três poderes em Brasília. Alguns já foram devidamente presos e processados pelo STF. Sei não, mas será que o Lula pode correr algum risco por aqui?

            Se eu fosse da Polícia Federal ou da segurança do presidente, teria um pouco mais de atenção com a segurança dele e de todos os seus assessores em terras Karipunas. É que Rondônia já está acostumada ao ronco do trabuco. Afinal de contas um senador da República já foi metralhado e morto no meio da rua no início da década de 1990 e até hoje nada foi descoberto. Nas últimas eleições para presidente em 2022, Lula teve menos de 30% dos votos dos eleitores rondonienses. Em Porto Velho, a suja, fedorenta e imunda capital, o PT e as esquerdas tiveram apenas 35 por cento dos votos. De um modo geral, o povo de Porto Velho e de Rondônia é quase todo ele pobre e miserável, mas só vota nos ricos e nos poderosos. Quase todos eles são chamados de “pobres de direita”. Rondônia nunca teve em toda a sua História um governador de esquerda. Ou eram militares ou ricos.

            Lula deveria também anunciar a construção de um hospital de pronto-socorro para a população pobre e miserável do lugar. Quem sabe até que o tão esperado “Built to Suit” não saísse desta vez? Ele poderia falar sobre a ponte ligando as cidades de Guajará-Mirim e Guayaramerín na Bolívia ou então sobre o início da tão sonhada construção de uma rede de esgotos, de saneamento básico e de água tratada para a capital de Estado mais fedida, desarrumada e podre do país. Seria muito bom também que Sua Excelência dissesse alguma coisa sobre o porto rampeado que está apodrecendo lá na beira do rio Madeira. Se depender só das autoridades daqui, Rondônia jamais sairá do eterno buraco em que se encontra. Vou torcer para que os bolsonaristas mais radicais de Rondônia se comportem diante de Sua Excelência, o presidente da República. E que o próprio Lula não confunda Rondônia com Roraima. Só não vou me vestir de verde-amarelo nem balançar bandeiras.


*Em tempo: a visita do presidente Lula a Rondônia foi cancelada e terá uma nova data reagendada devido à participação do presidente nos funerais do Papa Francisco em Roma.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Fale bem de Rondônia, mano!

Fale bem de Rondônia, mano!

 

Professor Nazareno*

 

Como não falar bem de um paraíso como esse? Rondônia é talvez o único Estado do Brasil com o maior índice de desenvolvimento e de progresso desde sempre. É o lugar onde seus habitantes têm plena felicidade e vivem sorrindo à toa. Quem teve o azar de não nascer aqui já adotou este lugar como sendo o seu. “Rondoniense de coração” é a nova realidade de muitos dos imigrantes. Este Estado é muito rico em diversidade natural, cultural e uma história ímpar de pioneirismo e de grande desenvolvimento. Seu potencial econômico em breve pode desbancar São Paulo, Minas Gerais e também os estados do sul. A classe política local, bolsonarista e reacionária em sua maioria, é o que faltava aos destemidos pioneiros para impulsionar cada vez mais os muitos bolsões de abundância e de riqueza já existentes nos 52 municípios que compõem esta próspera unidade nacional.

            Em Porto Velho, a sua linda, asseada, arborizada, moderna e aconchegante capital, o que se observa é um IDH muito parecido com o das grandes capitais da Europa. O atual prefeito, recém-eleito, é uma espécie de garoto propaganda do TIK TOK: tudo o que faz publica na internet. A cabeça de Léo Moraes é uma verdadeira usina de ideias urbanas. E boas ideias, claro! Em vez de fazer uma ampla rede de esgotos, de saneamento básico e água tratada, que a cidade nunca teve, ele prefere investir na limpeza externa das ruas e das avenidas como se isso fosse a panaceia milagreira que vai fazer jorrar mel e leite para todos. Aqui já existiu um “açougue” que todos o tinham só como um hospital de pronto-socorro. Mas as zelosas e competentes autoridades estaduais criaram um “Built to Suit” para substituí-lo. E que já teve até a inauguração com direito a choro dessas autoridades.

E enquanto esse hospital de nome inglês não sai, já se fala em “terceirizar” o que ainda resta do “velho açougue” da zona sul da capital. Pessoas fofoqueiras dizem que alguns dos possíveis candidatos a governador do Estado já estão prometendo que, se forem eleitos, vão construir um novo HEURO, Hospital de Emergência e Urgência para a população pobre e carente. Óbvio que muitos eleitores acreditaram em suas “divinas” autoridades. Rondônia não é o máximo, gente? Aqui temos um excelente aeroporto internacional e as passagens aéreas mais baratas do país. Só que é Rio Branco no Acre e Cuiabá no Mato Grosso que têm os portões de embarques mais promissores de Rondônia. Mas o prefeito TIK TOK vai resolver tudo isso. E também vai resolver o problema do porto rampeado no rio Madeira, presente de uma das hidrelétricas. Como somos felizes!

Até na educação, Rondônia dá grandes lições ao Brasil e talvez até ao mundo. Há algum tempo, a Unir, Universidade Federal de Rondônia, e única universidade pública do Estado, foi acusada de assédio moral e por isso condenada a pagar indenização a um estudante por danos morais causados por um professor. A universidade também já foi acusada de falsificação de diploma por sua vice-reitora. Além disso, um ex-reitor dali foi condenado por desvios de verbas públicas. Só que tudo isso é passado. Mas hoje, alguns professores da instituição denunciam, pasmem, um autoritarismo dentro da própria universidade, “como no AI-5”, com direito à “mordaça universitária” e tudo. Rondônia definitivamente não é para amadores. Por isso, vamos todos falar bem de Rondônia e de suas autoridades. Por que os brasileiros de outros estados não vêm logo morar aqui? Não sabem eles o que estão perdendo. Venham todos comer bolo moca e balinhas de cupuaçu!

 

 


*Foi Professor em Porto Velho.

 

sábado, 12 de abril de 2025

Eu sou conservador, e daí?

Eu sou conservador, e daí?

 

Professor Nazareno*

           

            Pelo menos na política eu sou um indivíduo que não quer nenhuma mudança. Se está tudo bem em nosso Estado e em nosso país, por que mudar as coisas assim do nada? Já fui ateu e também um pouco agnóstico, mas depois vi que este não é o caminho certo: se algum dia eu me candidatar a qualquer cargo, como vou ter os votos dos “tolos”? Já até votei em candidatos da esquerda e também lutei pelo impeachment de um presidente da República da direita, mas hoje não faço mais estas ações totalmente reprováveis. Deus, pátria e família é o lema mais importante que um homem de fé pode ter. E eu tenho não só este refrão em minha vida, mas muitos outros. Sou adepto da iniciativa privada e condeno o comunismo e todos os partidos de esquerda em todas as suas formas. Não tenho recursos financeiros nem sou um homem rico, porém sei que é bom defender a elite.

            O atual governo petista do Brasil é uma farsa só. Foi eleito de forma duvidosa em uma eleição que pode ter tido cartas marcadas. Só que no primeiro turno dessas mesmas eleições a votação foi correta e dentro da lei. Como um homem da direita, entendo que não houve tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro de 2023. Viam-se ali homens e mulheres, alguns de idade já avançada, apenas portando suas bíblias e lutando pelos seus direitos. Nada de anormal, portanto, dentro de uma democracia. Esse histórico dia não teve organização de ninguém. Foi tudo espontâneo mesmo. Ser conservador é querer melhorar a criação de todos os nossos jovens e adolescentes. Por exemplo, como permitir que bibliotecas públicas tenham livros com tantos conteúdos inadequados para as nossas crianças? Por isso, acho totalmente normal “recolher” algumas obras das nossas escolas.

        Certos livros “estranhos” de alguns dos mais conhecidos autores brasileiros como os renomados Machado de Assis, Caio Fernando Abreu, Carlos Heitor Cony, Euclides da Cunha, Ferreira Gullar, Nelson Rodrigues, Mário de Andrade e Rubem Fonseca deviam ter alguma restrição em suas páginas para preservar nossos meninos. Até mesmo clássicos da literatura universal como “O Castelo”, de Franz Kafka, e “Contos de Terror, de Mistério e de Morte”, de Edgard Alan Poe, também não ficariam livres para circular. Algumas cartilhas do ensino primário não podem dizer a nossas crianças que existe essa tal de ideologia de gênero e nem homossexuais. Casamento de homem com homem ou de mulher com mulher, nem pensar em deixar os nossos alunos saberem disso. Precisamos defender a correta família tradicional. Entenderam o porquê de “Deus, Pátria e Família”?

            Paulo Freire, nem pensar! É um comunista que sempre quis influenciar nossos cidadãos analfabetos. Sou conservador e por isso adoro Israel e os Estados Unidos. Aliás, não sei porque o Estado judeu ainda não aniquilou totalmente todos os palestinos. Já os EUA são a maior potência militar e econômica do mundo. Por isso, todos nós devemos obediência aos nossos irmãos do norte! “Donald Trump está mais do que certo ao adotar tarifas para o mundo inteiro”. Se pudesse, eu também prestaria continência àquela linda bandeira de 50 estrelas. O capitalismo deu certo em todos os lugares onde foi implantado, já o comunismo... E com relação à anistia aos “patriotas” do 8 de janeiro, essa lei tem que ser aprovada o mais rápido possível. Todos eles são inocentes e estavam ali apenas lutando por mais democracia e liberdade para todos nós. São uns heróis, portanto! Vou parar por aqui, pois tenho que voltar ao trabalho, onde recebo um salário mínimo mensal.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 6 de abril de 2025

Confissões de um ribeirinho

Confissões de um ribeirinho

 

Professor Nazareno*

 

            O rio Madeira está muito cheio hoje. A régua de medição das enchentes está marcando quase 17 metros em Porto Velho. Essa marca é a cota de alagação, segundo os “sábios” da Defesa Civil. E é de fato uma das maiores cheias do rio. Políticos espertalhões se dizem preocupados com a população ribeirinha no baixo, médio e até alto Madeira. Autoridades municipais e estaduais dizem que vão mandar mantimentos para toda a população afetada. São as “esmolas” que se doam em toda época de enchente. As redes sociais são inundadas com relatos de ribeirinhos “sofrendo” com mais este revés da natureza. O caos se abate de forma violenta sobre toda essa gente. Tudo mentira, besteira, vitimização e também pura exploração de uma situação que em si é um pouco caótica sim, mas que todo cidadão que mora às margens do Madeira já está habituado a conviver.

            Durante as enchentes a vida na beira do rio Madeira é infinitamente melhor do que no verão e na vazante do rio. Claro que há casos de perda quase que total de algumas plantações na área ribeirinha como a banana, principalmente. Há também perdas menores de algumas outras árvores frutíferas. E só! Melancia, por exemplo, só se produz durante o verão quando o rio está seco. E óbvio que também existe o incômodo de se mudar de sua casa, que foi alagada pela força das águas. Mas isto é feito lentamente, uma vez que a enchente não chega de uma só vez como nas enxurradas. As águas sobem a uma média de 10 a 20 centímetros por dia ou até menos. No inverno, tudo é mais fácil. Os barcos navegam pelos paranás e furos encurtando as viagens em muitas horas. Além do mais, quando o rio está cheio a correnteza fica mais rápida e não há pedras nem bancos de areia.

            Os ribeirinhos, de um modo geral, amam as enchentes, pois sabem que em toda cheia, o Madeira vai irrigar com suas “milagrosas águas” pedaços maiores de terras para as futuras plantações. Se não fossem as enchentes, tudo seria mais pobre e a produção às margens desse “santo rio” seria bem menor no ano seguinte. Isso sem falar na fartura de peixes que estão subindo o rio por causa do alagamento dos igarapés e igapós. De tambaquis a surubins, jatuaranas, piraíbas, pirapitingas, curimatãs, jaraquis e até bodós infestam as margens piscosas do velho e abençoado Madeira dando ao ribeirinho a sensação de muita fartura. Os peixes nessa época do ano estão todos gordos e ovados. Bem diferente das sardinhas e mandis “tísicos” do verão. Aliás, é esse mesmo verão que assombra o ribeirinho: água distante para se buscar, poucas frutas, tudo esturricado e seco.

            As prefeituras mandam, nas “esmolas”, muita água mineral para os ribeirinhos. Quanta desfaçatez! Quanta ignorância! O ribeirinho raiz bebe é a água do Madeira mesmo ou de qualquer igarapé. Conheço muitas pessoas que têm 80 anos ou mais e sempre beberam água do “rio das Madeiras” e ainda estão vivos e com muita saúde. A Defesa Civil, se dizendo preocupada em salvar vidas, às vezes manda “homens treinados” para a área ribeirinha. Só que já houve casos em que esses mesmos “guarda-vidas” sequer sabiam andar de canoa. A cada enchente a vida se renova no Madeira. A floresta fica mais irrigada e mais verde, as frutas abundam, os animais se reproduzem e desaparece a fome. Até a casa do ribeirinho fica mais limpa, uma vez que há água por todos os lados. Só que toda enchente é sinônimo de emergência e de calamidade e o dinheiro caminha bem mais rápido. Não para os ribeirinhos, mas para o político ladrão. Precisamos de mais enchentes!

 

 


*Foi Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 28 de março de 2025

Rio Madeira renasce das cinzas

Rio Madeira renasce das cinzas

 

Professor Nazareno*

 

            O rio Madeira é a Fênix da Amazônia. Há apenas cinco meses ele estava quase totalmente seco, assoreado e coberto por infinitas praias de areia marcando menos de 20 centímetros de água. Hoje, já ultrapassou a cota de 16 metros e continua subindo. Logo atingirá a cota de alagação. Há previsões de que neste ano de 2025 terá uma das maiores enchentes de toda a sua história ficando bem próxima da enchente histórica de 2014. O majestoso rio Madeira estava praticamente morto e só faltava enterrá-lo. E eis que, com toda força, ele tenta heroicamente reagir às constantes agressões que tem sofrido ao longo dos últimos anos. Hidrelétricas assassinas foram fincadas em seu leito domando assim as suas furiosas e caudalosas águas. O garimpo de ouro continua a jogar-lhe toneladas de mercúrio todos os dias. Até as madeiras boiando que lhe deram o nome não existem mais.

            Mas a ganância humana não lhe poupa: estão falando agora em privatizar o rio como se uma obra da natureza fosse feita por mãos humanas. Pois bem: o rio Madeira deverá ser privatizado em breve. Fala-se abertamente que entre Porto Velho e Itacoatiara no Amazonas, todo o trecho que corresponde ao atual corredor da soja, passará para a iniciativa privada. Será que os futuros “donos” do majestoso curso de água vão cuidar bem dele ou só o privatizaram para ganhar rios e mais rios de dinheiro? Com a cota de água chegando quase aos 17 metros, a Prefeitura de Porto Velho já decretou um estranho “estado de alerta de emergência”. Várias comunidades do baixo Madeira estão sofrendo com as águas subindo e as plantações dos ribeirinhos estão embaixo da água barrenta. Muito feijão, banana, mandioca e várias outras roças já se perderam. E falta água potável.

            Imponente, poderoso e absoluto, o rio Madeira tenta mostrar aos gananciosos homens daqui, neste início de 2025, quem é que manda de fato. Porém o Madeira, infelizmente, é um dos rios mais agredidos do mundo. Assim como toda a região amazônica. Por isso, enchentes gigantescas como essa, assim como também secas severas se alternarão em pouco espaço de tempo. Mesmo usando e abusando do velho rio, as autoridades de Rondônia e de Porto Velho nunca lhe fizeram um só mimo. Em Porto Velho, por exemplo, o rio Madeira sequer tem um porto decente. Seus escorregadios e íngremes barrancos é que servem de chegada e de partida da capital para os distritos ribeirinhos. O único porto rampeado que a Santo Antônio Energia deu de presente para a cidade, está lá abandonado, enferrujando e vai afundar nas águas torrenciais. Vergonha!

            O rio Madeira dever rir copiosamente das esmolas que as autoridades mandam para os ribeirinhos toda época de enchente. É muito irônico ver as migalhas passando por onde passam milhões e milhões de toneladas de soja, de milho, de trigo e de tantas outras produções do agronegócio. E é exatamente essa atividade criminosa e destruidora do meio ambiente que recebeu em 2024 mais de 508 bilhões de reais de subsídios do governo federal e que devido à Lei Kandir nada paga de impostos para ser exportada. Calado, o rio Madeira observa a fome e também a péssima distribuição de renda que assola este país tão rico, mas de muita gente tão pobre e indigente. Em breve, as suas águas irrigarão o rio Amazonas e para nós virá mais uma seca severa denunciado a morte iminente do velho e explorado “rio das Madeiras”. As hidrelétricas agora é que determinam o tamanho da enchente e dão o tom das suas águas. É bonito ver a fúria do Madeira querendo se vingar!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.