quinta-feira, 10 de junho de 2010

O Blog está sendo encerrado. Servirá apenas para leitura. Esta é a última publicação.


“O Último Texto”


Professor Nazareno*


Em clima de Copa do Mundo não poderia haver uma notícia melhor para os internautas rondonienses. Eu, José do Nazareno Silva, conhecido também por Professor Nazareno, não mais escreverei artigos ou qualquer outro tipo de texto, inclusive comentários, para a mídia eletrônica, falada ou escrita deste Estado. Nenhuma redaçãozinha sequer será publicada por mim em qualquer blog ou site a partir desta data, junho de 2010. Qualquer texto divulgado com o meu nome não passará de uma cópia apócrifa. Alegria para muitos, tristeza e decepção para umas duas ou três pessoas que diziam gostar das minhas redações. Não é um apagão intelectual, pois “sei que nada sei”, mas uma tomada de posição coerente diante de várias circunstâncias surgidas.

Foram dois longos anos de “treino jornalístico” e de publicação de vários artigos que causaram muitas polêmicas entre os rondonienses. “Em Rondônia é assim mesmo...”, “Porto Velho, uma cidade sem símbolo”, “As lições da COE”, “Justiça caolha e desumana”, dentre tantos outros textos amplamente comentados e que mexeram com parte da opinião pública local. Em nenhum deles havia a verdade absoluta, eu mesmo não acreditava em tudo o que escrevia, mas apenas a intensão de provocar outros textos, comentários e principalmente a reflexão sobre os nossos problemas. E quase conseguia. Faltaram ações? Não sou administrador, apenas escrevo textos. Nem político, só um simples professor que ousa pensar e escrever.

Agradeço de coração aos que publicaram “a minha literatura” e peço mil desculpas a quem se aborreceu. Não tenho inimigos e espero que não tenha feito nenhum com os meus escritos. O problema é que descobri que tenho um estômago bem maior do que o cérebro. Tenho filhos e uma adorada família que ainda dependem de mim. Claro que sofri ameaças. Muitas. Tentaram tirar o meu salário e me denunciaram como um péssimo profissional e cheio de defeitos. Atingiram a minha honra pessoal, questionaram a minha idoneidade, invadiram a minha privacidade e não viram nenhuma utilidade no meu trabalho. Muitos se esqueceram de rebater os meus textos com outros textos, a minha opinião com outra opinião. Será que desconheciam Voltaire?

Claro que não vou entrar na política. Não tenho vocação para mercantilista, com todo respeito aos mesmos. Apenas achava que o Artigo Quinto da nossa Constituição era pra valer. Se for, como entender as reações retrógradas de jornalistas, professores, advogados e tantos outros profissionais às minhas opiniões? Os que se intitulam donos de Porto Velho e de Rondônia não se acanharam em mostrar suas garras contra mim. Poderia continuar a escrever, mas não estou na Escócia nem em outro país distante. Não trabalho nas revistas Época, IstoÉ ou mesmo Veja. Não sou Diogo Mainardi ou Arnaldo Jabor da Rede Globo. Sou pobre e como professor tenho um salário que todo mundo sabe quanto é e por isso mesmo entender o poder que tenho. Ou seja, nenhum.

Sei que minha ausência na mídia não será lamentada, mas fico triste de não poder escrever durante uma Copa do Mundo e num ano eleitoral. E noutros anos que certamente virão com as bizarrices tão peculiares a nós humanos, aos rondonienses e aos brasileiros em geral. Escrevo mal, sei disso. Porém trazer o coloquialismo para dentro do texto jornalístico é um desafio que eu quase conseguia vencer. E para quem tiver coragem de fazer o que eu tentei que o faça sem medo e se quiser por trás de um anonimato covarde e imoral. Minha escrita acabou e meu blog está encerradohttp://blogdotionaza.blogspot.com/. Ou então escrevam só o que o povo gosta de ler. Como na fábula de Rubem Alves, cantar como pintassilgo é perigoso por aqui.

Continuarei a produzir textos para um dia publicá-los. Sou jornalista formado e professor de Redação. O dia em que a liberdade de expressão e a aceitação do contraditório forem entendidas como algo banal que não merece respostas ásperas com ataques pessoais a mim e aos meus familiares. Alguns leitores não viam os meus textos como um jogo de palavras, mas como espelhos terríveis que refletiam suas carapuças. Espero o momento em que textos não sirvam para provar que liberdade de expressão é algo relativo. Acho que muitas mentalidades deste país precisam mudar. Não sei quando isto acontecerá, pois enquanto se entoam hinos e se distribuem tochas e capuzes fictícios a “adolescentes gordos” dentro dos shoppings é por que a situação está feia. Pelo menos meus textos serviram para provar que ainda somos uma das periferias medievais desse capitalismo. Que a alegria volte à mídia, sem a temida ironia do Professor Nazareno, o “rebotalho, aloprado, mentecapto, retirante da seca e faminto”. Mentiroso, jamais.


*O Professor Nazareno leciona em Porto Velho. (profnazareno@hotmail.com)


terça-feira, 8 de junho de 2010

O Brasil sem futebol?


Brasil, uma potência sem futebol?


Professor Nazareno*


O Brasil sempre foi o país das contradições. O que se observa hoje, às vésperas de mais uma Copa do Mundo de Futebol, por todas as ruas brasileiras, é uma mistura de amor à pátria com arroubos nacionalistas como se o destino de uma nação dependesse apenas da boa vontade de duas dúzias de atletas que são muito bem pagos para defender a seleção nacional. Estranho é perceber que “este nacionalismo exótico” também conhecido como “nacionalismo de trouxas” contagia até as classes mais abastadas da nossa sociedade uma vez que, além das ruas e favelas pintadas de verde e amarelo, notam-se também vários carros, cujos condutores de classe média para cima, estão empunhando garbosamente a bandeira do Brasil.

Eu estou também muito alegre, mas o motivo não é o futebol. Não gosto muito deste esporte e admito que não consiga assistir a uma partida inteira. É muito maçante perder tempo com bobagens. Vejo um jogo de futebol como ele é: apenas um jogo de futebol já que todo esporte é bom para a saúde de quem o pratica. A minha euforia se dá por outro motivo totalmente despercebido pela maioria dos torcedores do país. Segundo dados recentemente publicados pelo IBGE, o Brasil cresceu quase três por cento apenas no primeiro trimestre deste ano o que dá uma perspectiva de crescimento talvez superior aos nove por cento para 2010. Tive vontade de hastear uma enorme bandeira na porta do meu apartamento e outra no meu carro. Gosto deste Brasil. Assim, vibro muito com ele.

O Presidente Lula foi mais além: “Penso que nós vivemos um momento de ouro nesse país já que 9% é um crescimento exuberante. Um índice chinês. Acho que o Brasil merecia e precisava disso”, disse o nosso maior mandatário. Realmente. É bem melhor continuar crescendo pelos próximos anos neste ritmo do que ganhar Copa do Mundo. Quando um país registra estes índices de crescimento, toda a economia se movimenta, os negócios prosperam, a indústria produz mais, a construção civil aquece, o comércio vende mais, o poder de compra da população aumenta e todos ganham. Qualquer economista sabe disto. Ganhar uma competição de futebol só aumenta a venda de bebidas alcoólicas, enriquece ainda mais os jogadores e é algo previsível.

Este país não pode viver apenas de futebol, mulher pelada e políticos corruptos. Claro que somos uma potência ainda com “os pés de barro”. Precisamos crescer noutras áreas, melhorar o nosso frágil e falido sistema de educação que é considerado um dos piores do mundo. A saúde pública neste país tem qualidade africana. Precisamos melhorar a nossa infra-estrutura como um todo, melhorar nossos portos, estradas. Precisamos atrair mais investimentos estrangeiros e atacar os nossos problemas sociais. Crescendo assim, vamos superar a economia da Itália em breve. Teremos fôlego para ser um G-7, grupo dos sete países mais ricos do mundo. O detalhe é que em país de Primeiro Mundo quase não há banguelas, fedorentos e famintos em sua população.

O povo brasileiro deveria ver que futebol não é tudo num país. O nacionalismo de que precisamos é mais importante do que "onze marmanjos" correndo atrás de uma bola. A estupidez e a burrice de declarar amor ao país apenas de quatro em quatro anos é algo bisonho e difícil de aceitar. A Coréia do Sul, por exemplo, tem mulheres bonitas e futebol. Quase todo país tem. Mas há outras coisas lá fora que fazem destas nações lugares bem melhores de se viver, pois a maioria investiu em educação de qualidade e atacou seus problemas sociais. Se ganharmos o campeonato, nosso amor dura ainda uns dois ou três meses. Se perdermos, rompemos logo com essa paixão que nunca existiu. Não queremos o bem do nosso país. Queremos somente ficar alegres e embriagados porque ganhamos uma competição esportiva que não é “lá” uma grande coisa.


*Leciona em Porto Velho.


sábado, 5 de junho de 2010

Os políticos brasileiros são assim mesmo...



ANTES DA POSSE

O nosso partido cumpre o que promete.


Só os tolos podem crer que


não lutaremos contra a corrupção.


Porque, se há algo certo para nós, é que


a honestidade e a transparência são fundamentais.


Para alcançar nossos ideais


Mostraremos que é grande estupidez crer que


as máfias continuarão no governo, como sempre.


Asseguramos sem dúvida que


a justiça social será o alvo de nossa ação.


Apesar disso, há idiotas que imaginam que


se possa governar com as manchas da velha política.


Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que


se termine com os marajás e as negociatas.


Não permitiremos de nenhum modo que


nossas crianças morram de fome.


Cumpriremos nossos propósitos mesmo que


os recursos econômicos do país se esgotem.


Exerceremos o poder até que


Compreendam que


Somos a nova política.
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DEPOIS DA POSSE
Basta ler no mesmo texto acima as frases
DE BAIXO PARA CIMA

(Magnífico texto, não sei quem é o autor)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Temos que defender os bolivianos


Bolívia: “país hermano, pueblo amigo”

Professor Nazareno*

O Pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, José Serra, acusou o Presidente da Bolívia, Evo Moralez, de ser cúmplice do tráfico de drogas realizado na fronteira entre os dois países. A Chancelaria do país vizinho através do porta-voz Felipe Cáceres, vice-ministro de Defesa Social, respondeu que se tratava de uma declaração política e não merecia resposta. Dilma Roussef, candidata petista e oponente de Serra, afirmou que as declarações do tucano só contribuem para criar conflitos armados e demonstrar a soberba do nosso país frente aos vizinhos. Para ela, “Serra mexe com a soberania do povo boliviano e demoniza a gestão de Moralez”. A Bolívia virou tema preferencial do duelo verbal entre os presidenciáveis no Brasil. Baixamos o nível.

Não se sabe quem tem razão nesta pendenga, mas mexer com os bolivianos não será lucrativo para nós rondonienses. A Bolívia nos ensinou muita coisa e ainda continua exercendo fortes influências no nosso povo. O uso de moto-táxi, que Porto Velho aprovou recentemente, é um exemplo. Somos agora uma cidade chique com este tipo de transporte que copiamos dos nossos “hermanos” e vizinhos. Imagine-se uma vitória tucana no Brasil e o possível fechamento da fronteira. Um desastre para o povo daqui. Que experiência internacional teríamos? Guayaramerin é a Europa de Rondônia. Os colhas e cambas, parecidos com o povo daqui, são os austríacos, escoceses, alemães, belgas ou suecos que não estamos acostumados a ver. Por isso adoramos os bolivianos.

Além disso, a Bolívia é muito mais politizada do que nós. O civismo deles é muito melhor do que o nosso. As Forças Armadas de lá é um colosso. Não podemos enfrentá-los num campo de batalha, perderíamos feio. E depois, não podemos nos meter em encrenca com os nossos "irmãos andinos" por que Rondônia ficaria isolada para sempre do resto do mundo. Onde compraríamos os muitos produtos chineses que eles 'gentilmente' nos vendem? Por que será que tantos chineses cruzam a fronteira entre os dois países? Simplesmente por que os bolivianos têm certeza de que amamos os produtos feitos lá no Oriente. Então, agora vêm os próprios chineses. Pedimos para que isto acontecesse. Reclamar agora é tarde. Vamos fazer compras internacionais, é bom.

A sujeira e a breguice existentes por aqui podem ter sido importadas do outro lado do Guaporé. Os bolivianos são bonzinhos, sim. Quando os ladrões brasileiros roubam um veículo, logo os nossos vizinhos dão um jeito de acertar tudo. Muitos viciados tupiniquins do Rio de Janeiro e de São Paulo, por exemplo, estranhariam a droga de outro lugar. Por ser mais longe, o produto ficaria mais caro. Serra não pode ganhar esta eleição. Lula já presenteou os irmãos bolivianos com duas refinarias prontinhas. O desenvolvimento do Brasil depende muito do gás extraído de solo boliviano. Só os petistas entendem as necessidades daquele povo sofrido. Vão até fazer uma ponte no rio Mamoré ligando as duas nações. “Vamos hablar castelhano!”

Por isso, os habitantes de Rondônia deveriam se mobilizar para impedir qualquer tipo de ameaça ao nosso “povo irmão”. Não viveríamos sem eles. Talvez José Serra não entenda tanto de Rondônia como se imagina. Com uma população seis vezes maior que a deste Estado e um PIB quase oito vezes superior, os bolivianos têm muito a nos ensinar ainda. A saltenha, tão apreciada em terras rondonienses, veio mesmo de que lugar? Como viveríamos sem a imundície e as “gororobas” típicas de lá? Precisamos reinventar o Tratado de Petrópolis e dar-lhes outras oportunidades para que sejam reconhecidos no mundo exterior. Se eles acreditam que nos deram o Acre de presente, porque não lhes damos em troca outro Estado da Federação? Se Rondônia servisse de oferta, nem colocaríamos um cavalo no negócio, já que somos bons parceiros e amigos.


*Leciona em Porto Velho (profnazareno@hotmail.com)