sábado, 28 de novembro de 2009

E Moreira lançou o "Tetralogia do Nada"


Carlos Moreira, “o poeta do Nada”


Professor Nazareno*


Em momento algum pensei em substituir a contração do título (de + o) por uma preposição (de). Você me conhece, amigo: com o meu olhar “doente e torto” e diante do seu excelente trabalho quase que isto acontecia: Evangelho Segundo Ninguém, Trilogia do Vazio, Não e Nada são obras que remetem aos incautos e desavisados a idéia de que você ainda não escreveu. Talvez por isso, a sua poesia “sempre dialogou com o silêncio: se as palavras servem para esconder, o essencial está no não-dito, no interdito: poesia enquanto síntese, linguagem carregada de sentido em seu quase-nada: aquilo que se pensa não é aquilo que se escreve que não é aquilo que o leitor-autor entende: comunicação enquanto re-in-versão, invenção”.

Além do mais, você poetizou “a Pérola das Pérolas”, a “Veneza de Rondônia”, a Calama velha de guerra: lobos e urubus/ caminham entre crianças/ o dia é claro/ estou à beira do abismo/ e observo silenciosamente/ e sinto em cada hora o mesmo grão/ meu coração está em toda parte/ por todo lado meu olhar passeia/ e se transforma no espelho circular/ desenhado sobre o lago/ eu nada peço: nada/ me oferecem/ a tarde escorre /e o universo dorme/ devagar. Não só a poetizou quando lá esteve, como também, viu, sentiu, dormiu, comeu, bebeu, pensou e refletiu. Coisas de poeta mesmo. Por isso o barranco devia te agradecer envaidecido. Não seria o momento de pensar em lançar futuramente um tal de “Os Evangelhos das Escrituras Beiradeiras?”.

Obrigado, grande amigo, pois me identifico com muito do que vi nas obras: “desculpe farpas e espinhos/ é que nasci sem pele/ e vou me cobrindo com o que encontro/ pelo caminho”. Ah! Se tivesse a sua verve! Maldizia Porto Velho, maldizia Rondônia, maldizia o Nordeste, maldizia o Brasil, maldizia a cultura ocidental, maldizia o mundo habitado por humanos (?) e hipócritas. E sem ameaças, continuava a escrever contra tudo e todos e ainda coçava a barriga cheia de cerveja vendo, sem culpa alguma, “a fumaça dos crematórios subir aos ares” enquanto, num bar, vibrava com os gols do meu Flamengo, tecia loas aos governantes patifes, transformava o telurismo em religião, mandava os tristes viverem felizes e por tudo isso ainda recebia efusivos aplausos.

E para quem não acreditar que ainda esteja vivo, diga-lhes que no além é tudo como aqui. Digo isto porque “já morri várias vezes” e sem cansar de tanto morrer, ainda semeio palavras que procuram a morte. Gostaria, assim como você o faz, de dialogar com o silêncio, de ser sutil e educado, mas só vejo sentido nas palavras quando elas atiçam o “contrapelo”, irritam, enfurecem, provocam reações. A sua obra vai certamente deixá-lo bem vivo por muito tempo. Só não o invejo porque já disse que trocaria a oportunidade de lançar um livro pela possibilidade de montar um cabaré e vender cachaça para as putas, pois neste “brasil” seria uma profissão com possibilidades de ficar rico. Ter um filho, plantar uma árvore e montar um cabaré. Para quê querer mais?


*Professor Nazareno leciona em Porto Velho.


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cassol, ABBA, vitórias e derrotas!


“O vencedor fica com tudo”


Professor Nazareno*


O título deste texto é também o mesmo de uma música do grupo musical sueco ABBA que fez sucesso nos últimos anos 70 e 80 em todo o mundo. “The winner takes it all” era o nome original, em inglês, da música que embalou multidões de jovens e que mostrava na letra apenas desilusões amorosas. Mas é incrível como a fantasia insiste em copiar a realidade ou vice-versa. Na História da humanidade sempre foi assim. A versão contada é sempre a do vencedor. Quem perdeu geralmente está morto no campo de batalha e nada pode contar, quase não existe a versão de quem não ganhou uma guerra.

Os Nazistas, por exemplo, não triunfaram durante a Segunda Guerra Mundial. Por isso a versão mais aceita deste episódio que marcou a História da humanidade será sempre a dos Aliados e vencedores do conflito. Que os Nazistas foram cruéis, parece não haver dúvidas. Mas e os norte-americanos com Hiroshima e Nagasaki foram bonzinhos? Os massacres perpetrados contra a população civil anos depois pelos “ianques” na guerra do Vietnã não contam? Por que quando se fala de Hitler e seus seguidores primeiro não se mencionam as imposições do Tratado de Versalhes que tanto humilharam a Alemanha?

No início da década de 90 quando o Capitalismo triunfou sobre os regimes do Leste Europeu, os holofotes logo se viraram para denunciar as mazelas do Comunismo. Caiu o Muro de Berlim, um símbolo erguido pelos comunistas, mas ninguém percebeu e nem a mídia falou que em apenas 20 anos foram erguidos no mundo pelo menos três outros muros: um separando os israelenses do povo palestino, outro entre os Estados Unidos e o México para conter a onda migratória dos mexicanos e o outro no Brasil, nas favelas do Rio de Janeiro, para “evitar construções e deter a especulação imobiliária”.

No Brasil, quando a Ditadura Militar caiu de podre, veio a Nova República com propostas de mudanças na sociedade. Tivemos uma Constituinte, conquistamos amplas liberdades em todas as áreas, avançamos na área dos Direitos Humanos, viramos país emergente, mas nada falamos das conquistas que aconteceram na época do Milagre Econômico ainda no início da década de 1970. Para muitos historiadores, aquele tempo foi marcado principalmente pela repressão política, pela tortura, falta de democracia e pelos temidos DOI-CODI. Hoje, falar mal dos militares brasileiros dá até Ibope.

Por isso, é preciso muito cuidado quando se falar bem (ou mal) de um governante, qualquer que seja ele. Em Rondônia, se o Governador Ivo Cassol perder o mandato sob a acusação de compra de votos será execrado publicamente pelos seus adversários. Se for absolvido, virará herói e passará para a História política deste lugar como um semideus. Tenha feito coisas erradas ou não. E como na letra da canção dos ABBA, “O vencedor leva tudo/ O perdedor fica menor/ Ao lado da vitória/ Está o seu destino”, ou seja, a vitória tem muitos e incontáveis pais, mas a derrota é órfã.


*É professor em Porto Velho


sábado, 21 de novembro de 2009

Vestibular da Unir: boa prova!



O Vestibular da Unir e as Profissões


Professor Nazareno*


A aproximadamente três dias de realizar o seu concurso vestibular 2010 a Unir, Universidade Federal de Rondônia finalmente divulgou a concorrência dos cursos oferecidos pela instituição. Como sempre, o curso de Medicina apresentou o maior número de candidatos: nada menos do que 1801 pessoas se inscreveram na esperança de conseguir uma das 35 vagas disponíveis. Impressionante como muitos dos alunos têm vocação para ser médico em nosso Estado. Predestinação e talvez o desejo de aumentar o número de médicos por habitantes no Estado que lidera esta estatística negativa no país. Ou então preocupação com a situação dos nossos hospitais públicos.

Mesmo ganhando salários de Primeiro Mundo, os médicos de Rondônia não conseguem exercer uma medicina que seja muito digna para a população. Com um único hospital de Pronto Socorro na cidade “onde numa semana há vários pacientes esparramados pelo chão e na outra semana não há mais chão”, a classe médica local ainda tem de conviver com a piada de que os melhores médicos daqui são as empresas aéreas GOL e TAM e o melhor hospital é o Aeroporto Jorge Teixeira. E isso por que não começou de fato a ser pressionada pelos novos formandos da Unir, onde no curso de medicina há denúncias de práticas nazistas, preconceitos e perseguições a alunos.

No entanto, num dos cursos mais importantes, Letras/Português, a concorrência foi pequena: menos de dois candidatos por vaga. Difícil saber o porquê. A Prefeitura de Porto Velho, por exemplo, paga uma verdadeira fortuna aos seus professores. O pior é quase todo professor do município diz que só trabalha na Prefeitura por causa do Ipam, o instituto de assistência médica da categoria. Pobres docentes, além de mal pagos são também desinformados. Quem foi que lhes disse que o atendimento médico deste instituto é de boa qualidade? Os médicos por acaso são de Curitiba, São Paulo, Estados Unidos ou União Européia? Os exames são feitos no Instituto Pasteur de Paris?

O curioso é que recentemente a administração de Roberto Sobrinho fez um concurso para professor e teve a “cara de pau” de solicitar dos aprovados uma espécie de prova de títulos. Isso mesmo: uma prova onde os candidatos a futuros mestres do município poderiam apresentar seus diplomas de mestrado ou doutorado, além de possíveis publicações de livros. E tudo isso para ganhar um salário que nem todo borracheiro da cidade quer ganhar. Zé Tião, conhecido meu, montou uma borracharia e garantiu que “tira toda semana uns 250 reais”. Neste nosso “brasil” quase sempre o salário de professor é “salário de prostituta lavar pratos”. Até menos.

Já para os cursos de Arqueologia e Filosofia, o número de candidatos sequer atingiu o de vagas. Se não zerar nenhuma das disciplinas, todos estão aprovados. É, parece que poucas pessoas querem filosofar na “cidade das hidrelétricas” embora haja muitos temas polêmicos: Por que aqui se insiste em copiar tudo o que não deu certo no resto do país? O que será de nós após a construção das hidrelétricas? Por que habitante local quase não defende o meio ambiente? Porém a falta de interesse pelo curso de Arqueologia talvez seja didático: ninguém quer saber qual o montante de fezes humanas existente por metro quadrado nos pátios da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.

Entretanto, é bom salientar que todas as profissões têm a sua devida importância dentro de qualquer contexto. O médico, o professor, a dona de casa, a empregada doméstica, o policial, o psicólogo, todos devem exercer a sua labuta diária no intuito de promover as transformações sociais que tanto se buscam numa sociedade globalizada. Todos devem, acima de tudo, ter o compromisso de colocar os seus conhecimentos para promover o bem-comum e para formar cidadãos críticos sem precisar alienar nem enganar ninguém. Por isso, deseja-se uma excelente prova de vestibular a todos aqueles que, independente de quaisquer circunstâncias, já escolheram a sua profissão.


*É professor em Porto Velho.


sábado, 14 de novembro de 2009

As qualidades do homem "sensato"


Seja verdadeiro: não discuta religião nem política


Professor Nazareno*


Há pelo menos três coisas que um homem sensato deveria se envergonhar de fazer: defender um governo, estado, nação, ou território; seguir uma religião qualquer e falar sempre a verdade. Não necessariamente nesta ordem, estas ações podem muito bem dar a dimensão do caráter de um ser humano. Não pelo valor que elas indicam, mas principalmente pelos valores “às avessas” que ocultam. Só fascistas tecem loas aos seus governantes e defendem seus buracos de origem, só os tolos seguem uma religião e apenas os ingênuos preferem falar a verdade.

Adular governos, ainda que legitimamente eleitos, sem esperar recompensas por isso pode ser a mais velada das hipocrisias do homem moderno. Mal os canalhas assumem o poder, os holofotes da bajulação logo lhes iluminam os caminhos. Os puxa-sacos de plantão dão-lhe as boas vindas e o festival de roubalheiras e ataques ao Erário logo se inicia sem piedade. Compram-se favores e se faz cortesia com o chapéu alheio. “O pior governo é aquele que se diz mais moral. Um governo composto de cínicos é frequentemente mais tolerante e humano”, ensina Mencken, jornalista norte-americano.

Seguir uma religião é quase sempre uma desculpa esfarrapada que os toscos inventam para dormir em paz consigo mesmos. Mas o pior não é isso. O problema é que algumas pessoas vêem que Deus tem um conceito meio estranho de Justiça. Por isso aprontam todas na esperança de um perdão certo para os seus deslizes. Conheço muitos cristãos católicos, por exemplo, que já pecaram à vontade e têm a certeza do perdão Divino. “Faça tudo quanto não presta na vida e depois se arrependa”. Dará certo. Já os muçulmanos se explodem como bombas humanas em troca do Paraíso.

Segundo ainda o jornalista H.L. Mencken, “o homem que se gaba de só dizer a verdade é simplesmente um homem sem nenhum respeito por ela. A verdade não é uma coisa que rola por aí, como dinheiro trocado; é algo para ser acalentada, acumulada e desembolsada apenas quando absolutamente necessário”. Por isso a hipocrisia tende a ser mais aceita e está ligada somente a reações positivas. Falar a verdade quase sempre resulta em encrencas. Três de abril é o dia da verdade, mas só lembramos do dia da mentira que é comemorado dois dias antes.

Fale sempre bem do seu Governo, ditadura ou democracia, já que ambas são fascistas. Enalteça o lugar onde você nasceu, defenda-o ardorosamente mesmo que quando precisar não será defendido por ele. Siga uma religião e dê dinheiro para a sua Igreja. Enriqueça ainda mais o seu pastor, enriqueça o Vaticano. Transfira todos os seus bens para “os donos da verdade”. Fale sempre aquilo que você sente e pensa. “Viva feliz” e ajude os mais necessitados e seja honesto. Nunca se esqueça de que há um lugar esperando todos nós depois da morte: o céu. Inferno é para quem pensa o contrário.


*É professor em Porto Velho


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Unir e Uniban: hipocrisia e fundamentalismo


Ação criminosa e vergonhosa no Curso de Medicina da Unir - Por: Paulo Ayres


As ocorrências de casos de calúnia, difamação, constrangimentos, ameaças, agressões e assédio moral no Curso de Medicina da Fundação Universidade Federal de Rondônia, de acordo com denúncia veiculada na imprensa, são constantes. Não é para isso que milhões de brasileiros e eu estamos pagando com nossos impostos, o Curso de Medicina para (alguns) transloucados acadêmicos, que deliberadamente e de forma organizada promovem seguidas ações criminosas de retaliações, ao grupo de estudantes que foi beneficiado através de ação judicial. Os recentes episódios envolvendo uma estudante da Universidade Bandeirante e um grupo de alunos do Curso de Medicina da Fundação Universidade Federal de Rondônia (não estou generalizando), sugerem a adoção urgente de medidas de cunho pedagógico, mas também na área jurídica. No caso da estudante do Curso de Turismo da Universidade Bandeirante, verifica-se uma série de transgressões, inclusive da própria instituição de ensino. Não se constata pelas imagens exibidas na imprensa a prática de nudismo, exposição erótica ou provocação sexual. O que se observa infelizmente é a presença de delinqüentes universitários, provocando tumulto em ambiente acadêmico, humilhando, promovendo constrangimentos e colocando até mesmo em risco a integridade física da vítima. O pior de tudo é a decisão adotada pela direção da universidade, ao expulsar sumariamente a estudante que tentou estudar trajando um vestido insinuante, mas recomendado para um evento social. Esta decisão respaldada no frágil argumento de questão de ordem moral reforça a ação daquela multidão de delinqüentes, gritando como cães raivosos, insultando e agredindo a coitada da estudante. Voltamos à idade da pedra. No caso de Rondônia, o comportamento de alguns estudantes e professores do Curso de Medicina da Fundação Universidade Federal de Rondônia vem merecendo um acompanhamento da sociedade, das organizações de direitos humanos, e da própria instituição de ensino superior. O grupo de estudantes que conseguiu se matricular no Curso de Medicina da Unir, por decisão judicial, vem sofrendo uma série de retaliações, que já descambaram mesmo para a prática criminosa. Criminoso tem que ser tratado como criminoso. Desde o início deste problema, observei com certa perplexidade e preocupação enquanto Professor, a postura de alguns mestres da Unir, de certa forma, encorajando os posicionamentos radicais de retaliações. De repente, o ingresso destes quatro alunos transformou-se no maior problema para o Curso de Medicina da Unir. Com tantas dificuldades de ordem pedagógica ainda a serem superadas, resolveram simplesmente crucificar, quatro jovens universitários. E estes jovens vêm sendo crucificados simplesmente porque cometeram o “pecado” de ter sido favorável a ação movida por eles, na Justiça Federal, permitindo seus ingressos no Curso de Medicina. A ameaça a integridade física destes acadêmicos é constante. Os mesmos se encontram marginalizados, escorraçados, segregados e agredidos moralmente, diariamente. Além disso, sofrem por parte de alguns delinqüentes universitários, constrangimentos e a prática lastimável do assédio moral. E tudo isto vem acontecendo em ambiente acadêmico, sendo de amplo conhecimento da coordenação do Curso de Medicina da Unir, e aí, cabem várias perguntas: o que tem sido feito para reverter esta situação. “Que medidas esta coordenação vem adotando para garantir um ambiente seguro e digno para estes jovens”. Que medidas a coordenação adotou para pelo menos inibir a ação destes delinqüentes que ao invés de estudarem partem para a prática de ações criminosas. O curioso deste caso envolvendo o Curso de Medicina da Unir, é que não se registra protestos, críticas ou até mesmo denúncia a ação do juiz federal autor desta sentença que permitiu a quatro jovens, além dos aprovados no vestibular, a se matricularem e freqüentarem regularmente o curso. Nada, nada e nada, estes delinqüentes preferem mesmo atingir a parte mais fraca, seus colegas, que simplesmente buscaram seus direitos, não causando nenhum prejuízo aos que foram aprovados no concurso vestibular. Diante da gravidade desta situação, e uma vez que o problema vem se arrastando ao longo dos tempos, também deve ser responsabilizado solidariamente em todos os processos civis e criminais, todos aqueles professores que de forma direta ou indireta, contribuam para o acirramento ou a permanência de tais fatos. Seguidos processos civis em busca de indenizações por danos morais, acompanhados dos devidos processos criminais devem ser ajuizados, visando se extirpar do meio acadêmico esta prática criminosa, odiosa e vergonhosa. Além disso, o Ministério da Educação também deve ser acionado, visando a instauração de processos administrativos (garantindo o direito de ampla defesa), para funcionalmente apurar eventuais desvios de condutas por parte de professores e em caso positivo, eliminar-se no âmbito acadêmico este tipo de profissional, expulsando a bem do serviço público e da educação brasileira. Com absoluta certeza, após as condenações iniciais, com pagamento de indenizações às vítimas, a situação tende a se normalizar. Além disso, logo após a primeira condenação de reclusão, tirando no caso a condição de réu primário, muitos destes afoitos, pensarão duas vezes antes de fazer bobagem. Se alguém ainda se incomoda com as presenças destes jovens, que então processem o juiz,recorram da decisão do magistrado, ou façam denúncia ao Conselho Nacional de Justiça. O que é inadmissível é a sociedade observar este tipo de comportamento. Também deve ser levado em consideração desde já, quanto à conduta destes futuros profissionais da medicina. Quem adota esta prática nazista de “torturas” e perseguições estará efetivamente qualificado a salvar vidas?


Paulo Ayres: Radialista, Jornalista, Professor Especialista, Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos e Técnico Legislativo. (contatos: 69-8116-9750/ e-mail: pauloayres_jornalista@hotmail.com )

OBS: Este artigo também foi publicado no site www.rondoniaovivo.com.br

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Hipocrisia em São Paulo


OS NEOCARETAS


(sobre a “PUTA” da Uniban)



Geysi tem 20 anos, carnes fartas e - suprema arrogância - gosta de si a ponto de usar um vestido vermelho e curto, deixando de fora um bom naco das coxas generosas. E vai vestida assim para a escola, justificando-se: - Depois da aula vou numa festa. Convenhamos: não é de bom tom ir à aula de minissaia, qualquer que seja a cor, certo? Pode provocar tumulto. E foi exatamente o que aconteceu neste ano de 2009 do novo milênio. Além de usar a minissaia, Geysi subiu a rampa que dá acesso às salas de aula... E alguém sentiu-se incomodado com o vestido e as coxas da moça e falou para outro alguém, que também se incomodou. Outros alguéns compartilharam da incomodação e começaram a xingar a moça, juntando mais gente e encurralando-a numa sala de aula da universidade Uniban, em São Bernardo, SP. Foi necessário que a polícia fosse chamada para Geysi ser retirada do local em segurança, vestindo um jaleco branco sobre o vestido escandaloso. Pelas cenas, calculei que umas 300 pessoas estiveram envolvidas na confusão. Tenho certeza de que pelo menos 270 estavam no tumulto pelo tumulto. Queriam fazer algazarra, tirar fotos e participar da bagunça. Mas alguns estavam realmente irados e dispostos a dar um corretivo na moça que ousou usar uma minissaia na escola.

O ser humano em grupo é um perigo. Perde o senso do ridículo, o medo, a capacidade de usar a lógica e é capaz de cometer as maiores barbaridades. É assim com as torcidas organizadas, nas brigas na balada, e com aqueles grupos de jovens que destroem os orelhões. Em grupo, somos irracionais. E ali, dentro de uma universidade, local que tradicionalmente chama a si a vanguarda pelas "lutas democráticas", assistimos a uma demonstração de intolerância, brutalidade e estupidez como há muito não se via. Provavelmente a maioria dos "defensores da moral e bons costumes" eram garotos e garotas que não vêem mal em dançar aqueles funks com letras pornográficas, navegar por sites de sacanagem, dar audiência para a mulher melancia - que mostra o útero em rede nacional de televisão - ou consumir algumas substâncias pra "ficar mais alegre". Essa gente tão liberal ficou zangada com o vestido da Geysi. E decidiu partir para a porrada. E o Brasil conheceu a versão atualizada dos cara-pintadas: os neocaretas.

Parece que apenas um professor defendeu a garota. Ninguém mais. Até dá para entender: o medo de apanhar pode ter espantado os defensores habituais... Mas e depois? Cadê as declarações estridentes daquelas ONGs que defendem a mulher? Cadê as ameaças daqueles grupos que se mobilizam pelos direitos humanos? Cadê a pastoral do bairro? Ninguém se manifestou. Geysi está só. Geysi Arruda é a Geni do novo milênio. Mas, diferente da Geni da música de Chico Buarque, não sofre preconceito por ser prostituta. O mal de Geysi é ser loira. Ter olhos claros. Não ser miserável. Não ser negra. Não ser homossexual. Não ser bolsista pelo sistema de cotas. O pecado de Geysi é não defender alguma bandeira "dos oprimidos". No Afeganistão, ela teria sido apedrejada. Ainda chegaremos lá.



Luciano Pires


domingo, 8 de novembro de 2009


O DIREITO DE NÃO RESPEITAR O DIREITO DOS OUTROS


Suamy Lacerda

Professor de História

Existe algo errado com alguns escritores e leitores de textos produzidos e expostos nos periódicos eletrônicos, pois volta e meia nos defrontamos com verdadeiras batalhas, onde se usa munição de grosso calibre através do uso de adjetivos pejorativos, com intuito muito mais de agredir do que apresentar valores de cidadania que possam desenvolver reflexões ou propostas para mudanças de comportamentos no sentido de avanço no campo do bem comum que inclusive é o papel dos meios de comunicação.
A última confusão envolveu o Professor José Nazareno, figura muito conhecida no meio educacional e que inclusive por ironia do destino também é graduado em jornalismo. O mesmo como já tinha feito antes outras vezes, resolveu desenvolver suas “mal traçadas linhas” e detonar símbolos históricos da cidade de Porto Velho e até propôs uma comparação esdrúxula com órgãos de animais. O fato é que pessoas que acessaram o meio de comunicação e entre eles um “saudosista xiita” terminou por desencadear uma reação peçonhenta contra o professor. Na seqüência os aproveitadores de plantão, a “turma do quanto pior melhor”, aqueles que só lêem nos jornais as páginas policiais e horóscopos se encarregaram de jogar gasolina na fogueira.
Vamos ao Professor José Nazareno: esse tem uma folha de serviços prestados na área da educação tanto em escolas públicas como nas mantidas pela iniciativa privada. É responsável pela criação em parceria com outros reconhecidos professores de Porto Velho pelo Projeto Terceirão na Escola Pública, organizado e operacionalizado na EEEFMP João Bento da Costa e, que vale aqui salientar leva na bagagem a façanha de ter trabalhado na preparação à aprovação de mais de 500 alunos da escola acima citada a universidades públicas nos últimos sete anos; mais de 400 alunos estão hoje em cursos superiores nas instituições de ensino da rede privada via Pro Uni – “Programa Universidade Para Todos” nos últimos cinco anos entre outros. Entretanto isso não lhe dá o direito de sair por aí “jogando pedra na cruz” ou “defecar no tapete da sala da casa dos outros”, fazer de conta que não compreende o momento de desconforto trazido por obras federais, estaduais e municipais no campo do tratamento de água e estrutura urbana e que futuramente trarão bem estar social a população, agredindo simbolismos, valores e credos populares sob a vênia de desasnar alunos ou ajudá-los a desenvolver uma suposta criticidade.
Por outro lado o colunista que se apresenta sob o pseudônimo de Zé Katraca (não se sabe por qual motivo não faz uso de seu próprio nome, talvez porque realmente goste de simbolismos), conhecido como o maior envolvido com folclore regional (espécie de cacique de terreiros de boi-bumbá), rebateu o artigo proposto pelo professor com uma ferocidade bitolada, descontrolou-se de tal maneira que chegou a aventar a possibilidade de punição ao professor acionando os canhões de sua coluna (produzida em retalhos) de forma virulenta, arrebanhando suposta “torcida pró província”, incauta, atabalhoada e da mesma forma que soldados vão à guerra e matam pessoas que nunca viram antes, nem possuem motivos para exterminá-los, o fazem em nome de uma suposta “honra a pátria”, de posse do slogan “eu sou daqui e exijo respeito”, disparou artilharia contra o professor.
Já passou o tempo de pessoas apresentarem-se como “donos do pedaço”, “minhocas”, fazendo uso da expressão “nasci aqui”, “estou aqui há décadas e tempo é patente” e outras afirmações do gênero, isso não significa deixar de orgulhar-se de ser filho de Rondônia ou cidadão rondoniense, mas, de qualquer forma, quem quiser apresentar-se como alguém que merece respeito no Estado de Rondônia, deverá ao invés de defender esse valoroso rincão brasileiro apenas “da boca para fora”, (muitas vezes em sua vida particular não cumpre seus deveres) pautar sua existência praticando ações de cidadania na plenitude da palavra, através do pagamento de impostos, contribuindo com a ordem pública (neste último item os envolvidos foram mal), não agredindo culturas, primeiro cumprindo deveres, depois exigindo direitos, enfim dando bons exemplos para que outros cidadãos realmente sintam-se orgulhosos de habitarem esse prazeroso e hospitaleiro ente federado.
Ao que parece essas figuras estão necessitando de entenderem que nosso Estado desde os primórdios de sua história, tem população constituída em maioria por respeitáveis migrantes que inclusive nos honram com suas colaborações, trabalho, expressões e valores culturais, em muito ajudaram e ainda ajudam na organização deste território geográfico situado no oeste brasileiro. Da mesma forma compete a quem não gosta da maneira como andam as coisas no estado, ao invés de ficar sacolejando o badalo do sino (a língua mais parece um badalo de sino), trabalhe para que as coisas melhorem e, se atualmente trabalha oito horas por dia e acha que o avanço está lento, mude sua carga horária para dezesseis horas diárias de trabalho, mexa-se, faça sua parte, pois na melhor das hipóteses não terá tempo para ruminar o mal e consequentemente vociferar bravatas desconexas.
Já tem alguém ventilando que os dois criadores de confusão, a fim de que possam melhor informar-se deveriam participar de debates públicos, comunicativos das novas obras (como ouvintes é lógico, após serem revistados por seguranças, a fim de que não se exterminem), sobre os problemas da cidade e do estado, até para que o que fez às críticas sem endereço e fundamento e o outro que ao invés de defender com argumentos técnicos, demonstrou desequilíbrio, conheçam e entendam melhor o momento de avanço por qual está passando este pedaço de Brasil, suas riquezas no campo da cultura, economia, sociedade, os novos caminhos e possibilidades, até porque ao contrário também tem gente achando que os dois estão precisando de uma grande trouxa de roupa para lavar (no braço, sem apoio da máquina de lavar), e isso até parece razoável.
Contudo, compete aos beligerantes e suas respectivas torcidas, mesmo respeitando-se seus direitos líquidos de manifestarem-se (e isso está sendo permitido, mesmo que eles não tenham se permitido respeitarem os direitos de outros), não escreverem seus artigos em momentos de amargura ou qualquer tipo de mal estar ou recalque, a fim de realmente possam exercer o direito de cidadania, ofertando seus serviços ao povo de forma positiva, para que esses serviços sejam entendidos como contribuição social. Contudo se optarem pelo contrário, muito cuidado, para que não caiam em descrédito popular, pois junto desse vem a desmoralização e aqui serve a máxima “muito ajuda quem não atrapalha”. Que se permitam escrever textos que levantem a auto estima do nosso povo em seus valores e, quanto às criticas: que possam ser indutoras da reflexão saudável, equilibrada e verdadeira. (Amém).

sábado, 7 de novembro de 2009

Nenhum de nós é falso, hipócrita ou mascarado. Ou somos?


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A Hipocrisia entre nós

Por Apedeuta (Pessoa sem instrução, ignorante*)
        
       A hipocrisia é o principal pilar da sociedade. Sem ela, a sociedade rui, cai, desaparece. A hipocrisia é fundamental para tornar possível a sociabilidade. Desde as pequenas mentiras para escapar de um convite indesejado até ao comportamento dissimulado que o senso comum espera ver reproduzido. Quem foge aos padrões é no mínimo “estranho”, "esquisito”,"aloprado","ingrato","depressivo"ou“revoltado”. 
   Neste contexto, a sinceridade se torna absolutamente incompatível com qualquer tipo de relacionamento, social ou afetivo. Uma pessoa é sincera quando “se exprime sem artifício nem intenção de enganar ou de disfarçar o seu pensamento ou sentimento” (Dicionário Houaiss). Imagine como se tornaria insustentável qualquer relacionamento se jamais disfarçássemos nossos pensamentos ou sentimentos? Dizer que a nossa beldade está acima do peso, que a roupa que nossa irmã escolheu para sair é ridícula, que a namorada do nosso amigo é uma vadia, que o nosso colega do trabalho é um semi-analfabeto ignorante, e que não suportamos olhar para a cara daquele vizinho que sempre nos dá “bom dia”.
        Para viver em sociedade é preciso dissimular e ocultar cada um dos sentimentos e pensamentos que possam vir a ser inconvenientes. A sinceridade é tida comumente como uma qualidade apreciada nas pessoas, mas é uma grande mentira. É a falsidade a qualidade indispensável nas pessoas. A sinceridade é um defeito incompatível com a vida em sociedade que deve ser eliminado, ou pelo menos controlado, pela nossa Inteligência Emocional.
          IE é aquela habilidade que faz com que você seja aquela pessoa super-agradável, super-feliz, que está sempre de bem com a vida, que gosta de todo mundo, que nunca reclama de nada e não tem senso crítico. Uma habilidade nata em todas as pessoas falsas, e extremamente útil para a vida em sociedade. Alguém poderia perguntar: “Mas as pessoas falsas não são desprezadas e tem um baixo status social?”. Sim e não. A falsidade é a qualidade mais valiosa para a vida em sociedade, desde que ela não seja percebida como tal. O hipócrita nunca pode ser descoberto em sua essência. A falsidade deve sempre simular sinceridade. Se a falsidade for descoberta, a máscara da persona criada cai, e a capacidade de sociabilização será drasticamente reduzida. Afinal, pessoas falsas não são de confiança…
           O senso comum exalta a sinceridade e condena a falsidade, mas na vida prática, os efeitos da sinceridade são extremamente negativos e os efeitos da falsidade são extremamente positivos. A forma de equilibrar essa equação é fazer com que pessoas acreditem em sua falsidade. Mentiras sinceras me interessam, me interessam… Você precisa ser falso a ponto de fazer com que todos acreditem que você é sincero, maximizando assim todas as qualidades que você não tem, mas finge ter, e ocultando todos os seus defeitos, se tornando assim aquele cara super-gente-boa que todo mundo gosta.
          Costumo dizer que as qualidades das pessoas são irrelevantes. Toda qualidade é obviamente uma coisa boa e desejável, senão não seria uma qualidade… Claro que conhecer as qualidades também é importante caso elas sejam ocultas ou não tão aparentes, mas o fundamental a se conhecer nas pessoas são os seus defeitos. Só podemos dizer que gostamos realmente de uma pessoa quando a conhecemos a ponto de saber quais são os seus defeitos. Somente quando conhecemos os defeitos de uma pessoa temos a oportunidade de considerá-la na completude do seu ser, podendo assim emitir uma opinião favorável ou não a respeito dela. Como são respeitáveis as pessoas que não conhecemos bem. H. L. Mencken (Salvo engano)
        O excessivo apego às aparências e idolatria não assumida, à hipocrisia, pode ter diversas explicações, mas acredito que todas estejam relacionadas ao medo e à intolerância às verdades inconvenientes e a facilidade em aderir às versões mais populares e às simplificações vulgares do senso comum. É muito mais confortável agir como gado seguindo a manada do que ser um indivíduo autônomo que faz questão de se posicionar quando discorda de algo.
            Longe de fazer um juízo moral sobre a conduta existencial de cada um, o que mais vale aqui é pensar os modelos que a sociedade nos obriga a seguir e a conveniência de aderir ou não a eles. É preciso pensar no tipo de relacionamento que pretendemos estabelecer com as outras pessoas. Ele vai ser baseado na agradável hipocrisia das aparências, ou nas muitas vezes desagradável sinceridade da nossa essência? Façam suas escolhas.


*Não sei de quem é este texto que “circula” pela Internet

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O quê é isso, professor?



é tara de nazarenos


enfurecer fariseus

seus templos feitos de nada

a miséria arranhando o céu

o verbo transformado em verba

para os vermes que alimentam os seus


são profetas do improvável

procuram o homem novo

que enfrente sua palavra

mais que pedra: navalha

contra o olho do moinho

que tritura a sua carne


não são divinos: de humanos

são seus medos e seus sonhos

os mesmos que sendo meninos

sonhavam entre os escombros


nazarenos necessários

quixotes loucos escravos

de uma só contracorrente


a da pura liberdade





carlos moreira

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Por favor! Leiam meu singelo ensaio poético.




Poesias bonitinhas (Viva Feliz!)



I

Mamãe me veste

E reza comigo

E ouve as historinhas

Que eu sempre digo.


II

Mamãe me ama

E me faz carinho

E me ensina um modo

De eu ser bonzinho.


III

O radialista e o advogado

O psicólogo e o professor

Todas são lindas profissões

Abençoadas pelo Senhor.


IV

Obrigado ao homem sincero

Guiado por Deus e por Jesus

Ajudando sempre aos outros

E guiado por uma Luz.


V

O amor faz saudade
Faz ternura e amizade
Faz calor cá dentro de mim
Diz- me a verdade!


Por: José do Nazareno Silva (com apoio e pesquisas na Internet)


quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O meu direito de Resposta está aí


Resposta do professor Nazareno ao texto do Zé Katraca:


“Quando se ouve um homem falar de seu amor por seu país, podem saber que ele espera ser pago por isto”. H. L. Mencken, jornalista norte-americano.


O senhor em sua coluna tenta atingir a minha dignidade, avança contra a minha pessoa com palavras de baixo calão e propõe apenas o que a Ditadura Militar e os fascistas tanto faziam: a censura e o meu silenciamento. Pede o meu afastamento desta cidade. Incita a população deste lugar contra mim por conta de um artigo que escrevi. Mas devia ter aprendido na Faculdade de Jornalismo, que o senhor deve ter feito, que todos temos o direito à Liberdade de Expressão. É, aliás, um direito constitucional. Pede ao Conselho de Educação que veja o meu posicionamento para me punir e solicita à Secretaria de Educação que me demita. Por quê? É porque não posso ter opinião? É porque não posso pensar? Respeito o seu ponto de vista, embora o senhor não queira aceitar o meu. Os bons rondonienses não deviam aceitar a carapuça que lhes jogo diariamente através de meus textos bobos. Por que o senhor não distribui tochas e capuzes para as pessoas me queimarem vivo numa fogueira? Pode ser uma fogueira acesa em praça pública mesmo, com espetáculo ao ar livre. Que tal na Praça das Caixas D’água?

O senhor pede ao sites e a toda a mídia de Rondônia que não publiquem os meus artigos. Pede simplesmente que me censurem. Não precisa senhor, em tempos de internet é uma burrice sem tamanho querer a censura, é anticonstitucional até. Tenho um Blog onde publico o que quero: http://blogdotionaza.blogspot.com/ Por que o senhor não o acessa? Crie também um blog e defenda o que o senhor quiser. Nunca implorei a ninguém para ler o que escrevo. Lêem porque querem. Apenas escrevo, pois sou professor de produção de textos. O senhor está agindo da mesma maneira que o psicólogo/radialista chamado Luís Augusto Guimarães, da Rádio Caiari, que também está me propondo a mesma coisa. Será que os jornalistas aqui de Rondônia são todos assim? Desconhecem a liberdade de expressão ou não são formados em boas faculdades de jornalismo?

Por que será que o senhor quer medir forças com quem não as tem? Por que se dirige a um humilde professor? Por que não importunou a jornalista Eliane Brum da Revista Época quando ela esteve em março passado aqui e “detonou” a sua amada Porto Velho? Teve medo da Rede Globo? Por que não se mete com Diogo Mainardi da Revista Veja ou com Arnaldo Jabor da mesma Rede Globo quando eles atacam o seu “brasilzinho” de nada? Se me expulsarem daqui como o senhor e os seus asseclas querem ainda assim nada vai mudar, pois somos muito acomodados enquanto cidadãos. Por que não atacou o Roberto Sobrinho quando ele doou ao Governo Federal duas das mais importantes avenidas de Porto Velho? Por que não atacou o DNIT quando ele isolou bairros inteiros da cidade com a desastrada duplicação da BR – 364 que matou um operário? A nossa cidade é um lixo sim, não sou cego. E digo isto por que moro aqui há 30 anos vindo da Vila de Calama (onde vou morar quando me aposentar) no baixo Madeira e onde trabalhei durante 05 anos alfabetizando muitos dos futuros cidadãos desta terra. Conhece? Não falo mal nem bem da Paraíba porque não vivo lá. Aquilo ali não me interessa. Nunca me interessou. A minha realidade é Rondônia queira o senhor ou não. Meus filhos e minha esposa são rondonienses, neta e bisnetos de Parintintins da margem direita do Madeira.

O senhor talvez não tenha percebido, pois acho que seria pedir demais, mas a minha produção textual se dirige contra o estupro do rio Madeira, contra os incêndios das nossas florestas. Contra os que disseram SIM a todo este desmando. Ou o senhor acha bonito “aquele espetáculo” que estão fazendo com o rio ali no Santo Antônio? E em Jirau? Já percebeu que as águas do Madeira entre Porto Velho e a sua São Carlos estão paradas no verão? O senhor, a exemplo de muitos outros rondonienses, se vendeu barato demais ao capitalismo e por isso investe contra os que querem denunciar todo este abuso. São muito piores do que a índia caiapó TUYRA do Xingu que não deixou (ainda) construírem barragens por lá. Sou favorável ao progresso sim, mas com ética, distribuição de renda e aumento do IDH. Por que em vez de monumentos suntuosos e absurdos não se criam com todo este dinheiro, universidades estaduais ou municipais? Por que não se criam centros de pesquisa afinados com a demanda do nosso mercado de trabalho? Por que, enfim, não se administra melhor esta cidade e este Estado? O senhor sabe o que é isso? As explosões nas hidrelétricas lhe apetecem? Dão-lhe prazer? A mortandade de peixes e o desaparecimento da Cachoeira do Teotônio lhe alegram?

Várias vezes o senhor me ameaça de morte em seu texto. E por isso quero tornar público às autoridades constituídas deste Estado e a todos os que interessar, que se algo acontecer a minha integridade física ou a de qualquer um de meus familiares, o responsável será o senhor. Sou professor um pouco conhecido nesta cidade. Trabalho numa escola da Rede Particular que há 05 anos é considerada pelo ENEM como a melhor escola do Estado. Leciono também na Escola João Bento da Costa que dispensa quaisquer comentários. O que o senhor já fez pelos alunos do JBC? Ensino todos eles a serem críticos, sim. Eles ganham até prêmios por isso. O senhor gostaria que eu lhes ensinasse a imitar fantoches desgastados do Sul maravilha? Quer que eu lhes ensine também a encher os botecos porto-velhenses aos domingos para torcer pelos times de futebol de fora? Sei que o senhor já deve ter feito muita coisa pelos seus pares, mas eu também já fiz e ainda faço. Procure se inteirar do meu trabalho antes de me atirar às feras, antes de me queimar vivo. Sou funcionário público federal e além de professor sou também jornalista formado em uma faculdade, por isso escrevo. Vá a Brasília me denunciar ao Lula e aos Ministérios. Tente criar uma espécie de CPI contra mim. Faça denúncias na Justiça de Rondônia contra mim e os meus textos. Processe-me, senhor! Mas saiba que eu nunca vendi nem comprei votos, nunca fui filmado tentando levar dinheiro de nenhum Governo, nunca protagonizei nenhum escândalo que manchasse o nome de Rondônia e que eu amo este Estado e esta cidade e por isso sonho em mudá-los um dia. Fazendo textos, claro, que é o que eu sei e gosto de fazer.



Professor José do Nazareno Silva


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Esse é o mundo real: obscurantismo medieval


Democracia às avessas na Universidade do Taliban


Professor Nazareno*


Em 1985 com a eleição indireta de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral, a Ditadura Militar brasileira chegou oficialmente ao fim. Eram novos tempos aqueles. O mundo respirava ares de final de Guerra Fria. O muro de Berlim cairia pouco tempo depois, a União Soviética com o seu socialismo chegaria ao fim e as liberdades democráticas e de expressão passariam a ser coisas corriqueiras em quase todas as sociedades do mundo. No Brasil, três anos mais tarde, a nossa sociedade ganharia uma nova Constituição. Depois das Diretas Já e da Constituinte ganharíamos enfim a tão sonhada liberdade. Viveríamos num mundo de coelhinhos saltitantes e borboletas azuis.

Engano. Tudo parece que era de mentirinha. Mudaram-se muitas das opiniões políticas, é verdade. Os militares voltaram para os quartéis, o mundo e o meio ambiente ganharam novos defensores e as palavras de ordem agora eram liberdade e democracia. Só que grande parte da opinião pública que apoiara os regimes ditatoriais ficou escondida como o gato que espera a hora certa de dar o bote. E de vez em quando ela “coloca as suas mangas de fora”. Ataca em bandos como vespas assassinas, tenta impor a sua moral a todo custo e vibra com “a fumaça que emana dos campos de extermínio”. São os neonazistas a serviço da estupidez e do obscurantismo.

Recentemente esta moral torta e falsa veio à tona em São Paulo na Universidade Bandeirantes (Uniban – Taliban) quando uma jovem foi execrada publicamente por se vestir, segundo os preceitos morais dos seus algozes, de maneira inapropriada. “Esta sociedade de Taliban em que se vive hoje no Brasil impede não apenas nosso olhar, mas nossa voz. É um fundamentalismo de terceira que parece querer engolfar a chance de um mundo livre”, escreveu o professor Carlos Moreira em um artigo. Essa opinião pública fajuta avança contra roupas curtas, artigos, livros, publicações e tudo o que signifique liberdade de expressão.

Confesso que às vezes tenho medo de escrever artigos no meu Blog. Algumas reações fascistas me dão o receio de ser atacado em praça pública, de ser queimado vivo nas fogueiras da hipocrisia. E esta talvez seja a pior doença do mundo moderno: a hipocrisia. Uma sociedade que fala mal da Ditadura Militar, mas que a apoiou. Um povo que precisa de falsos líderes e os enaltece publicamente. Essa mesma opinião pública é muito perigosa, pois se houver uma reviravolta na nossa política ela será a primeira a dar apoio e condenar “os infiéis” à fogueira medieval da inquisição, pois se dizem cristãos, mas apenas agem como os muçulmanos fundamentalistas Talebans do Afeganistão.


*Leciona em Porto Velho