quarta-feira, 31 de outubro de 2018

O “Coiso” é meu presidente


O “Coiso” é meu presidente


Professor Nazareno*

            Jair Messias Bolsonaro é eleito presidente do Brasil com mais de 57 milhões de votos (27% dos brasileiros). Governará a 8ª economia do mundo e será a partir de janeiro o representante maior dos 210 milhões de habitantes. Nas urnas, derrotou com certa facilidade o “poste” Fernando Haddad do PT. O “Mito” recebeu voto de homossexuais, de quilombolas, de travestis, de professores, de muitas mulheres e de várias outras minorias. Recebeu também o apoio incondicional de alguns fascistas, esquerdistas, direitistas, religiosos (principalmente evangélicos), nordestinos e por isso se caracteriza como o mais novo fenômeno eleitoral do mundo. Apesar de estar há trinta anos fazendo política, é nos padrões do Brasil, aclamado como o “novo”. Assim como o foram também Jânio Quadros, Fernando Collor e até Adolf Hitler na Alemanha Nazista.
            Integrante da velha ordem política, o novo presidente entendeu muito bem o que teria que defender e falar para se eleger presidente. Soube como ninguém o que dizer para captar o voto dos desesperados. Suas frases de efeito e sua retórica de cachorro louco encantaram multidões desesperadas e já cansadas com a política tradicional feita no país. Grande parte de seus eleitores quiseram dar um basta à violência desenfreada na sociedade. Acham que deram um não à corrupção sem freios na política e nos negócios públicos. Entenderam que esse “Messias” era a única e última tábua de salvação a que tinham de se agarrar. Mas todos podem estar todos enganados. O “Mito” com sua fala agressiva atropela todas as políticas de bom senso seguidas num mundo cada vez mais preocupado com a democracia, as minorias e os direitos humanos.
            Ao contrário do que muitos acham, Bolsonaro não acredita no que diz. Isto ficou claro quando ele foi esfaqueado. Só faltou perdoar o seu agressor. Disse que nunca tinha feito mal a ninguém para merecer aquilo, ignorando que suas atitudes para conseguir o voto dos mais incautos sempre estiveram recheadas de ódio e de incitação à violência. Mas já está mudando e se desculpando. Tomara que não seja mais uma farsa. O Brasil não aguentaria tanta dissimulação. O fato é que Hitler não salvou a Alemanha, Donald Trump não redimiu os EUA, Rodrigo Duterte não moralizou as Filipinas, Jânio Quadros não varreu a corrupção e nem Collor caçou um só marajá. Por que um obscuro político da extrema direita e oriundo da caserna conseguirá colocar ordem num “cabaré sem a madame” como é o Brasil?  Ainda assim, torcerei para que ele faça um bom governo.
             O êxito do “Coiso” à frente dos destinos do Brasil será o triunfo de todos os brasileiros. Dos mais humildes e despolitizados aos mais fascistas e retrógrados. Do mais pobre ao mais endinheirado. Não votei nele nem votaria. Mas quero que ele seja íntegro em seu governo, tenha vida longa para nos administrar corretamente e tenha tempo para compreender que suas ideias estão equivocadas e que precisam mudar. Serei oposição a ele enquanto o mesmo assim pensar. Com meus textos, aplaudirei se acertar e o criticarei quando falhar. Porém, ele tem uma árdua tarefa pela frente: apaziguar um país envenenado pela raiva e pelo ódio semeado desnecessariamente antes e durante sua campanha eleitoral. Jair Bolsonaro só ganhou por causa da roubalheira e da corrupção do PT, do PSDB, do PDT, do MDB. O povo quer o fim da velha maneira de se fazer política aqui. E se ele é o “novo” não aceitará o apoio de quem perdeu. Vai conseguir?





*É Professor em Porto Velho.

domingo, 28 de outubro de 2018

Coitado do Coronel


Coitado do Coronel


Professor Nazareno*

            Marcos José Rocha dos Santos ou apenas Coronel Marcos Rocha, carioca de nascimento, é o mais novo governador de Rondônia. Eleito no segundo turno com 530.188 votos, ele tem agora nas mãos um dos piores abacaxis de sua vida. Político de início de carreira como gosta de se autodenominar, o Coronel terá pela frente uma das mais espinhosas tarefas com que um cidadão poderia sonhar. O longínquo, atrasado, incivilizado e inóspito Estado de Rondônia é tão importante na realidade do Brasil que muitos o confundem naturalmente com Roraima e vice-versa. Com menos de um por cento da população do país, sem nenhum IDH e com um PIB desprezível, esta tosca unidade da federação deveria ser entregue aos bolivianos ou então devolvida ao Amazonas e ao Mato Grosso se quisesse ter melhores dias para a sua sofrida população.
            Alegre, eufórico e muito feliz pelo que considera uma façanha, o Coronel parece ignorar a desgraça que lhe espera pela frente. O “rabo de foguete” em que se meteu poderá fazê-lo se arrepender amargamente. Rondônia é um lugar esquecido, cuja população é composta em sua maioria por funcionários públicos acomodados, velhos e pouco produtivos. Bem diferente dos princípios defendidos pelo PSL e pelo Bolsonaro, a sua eminência parda. Não fosse a ajuda paternalista de Brasília, Rondônia já teria encontrado o seu ocaso há tempos. O lugar é uma desgraça só. A capital é a pior em IDH e saneamento básico dentre as maiores cidades do país. O mesmo acontece na maioria dos municípios do Estado. Todas são cidades sujas, feias, mal administradas, sem água tratada e sem esgoto sanitário. Resumindo tudo: o animado Coronel se lascou.
            O que o Estado arrecada “mal dá para pagar os que arrecadam”. A eterna dívida do Beron com o governo federal asfixia qualquer orçamento. As hidrelétricas até produzem energia, mas para abastecer os de fora. Se seguir a Lei de Responsabilidade Fiscal ele não investirá nada em obras e benfeitorias. Ainda assim, prometeu “governar melhor para todos”. Vamos esperar pela duplicação da BR-364, já que ninguém em sã consciência vai querer comprar aquilo. Porto Velho, a antessala do inferno, precisa de investimentos para ontem. Uma nova rodoviária, um porto decente, saneamento básico, internacionalização do acanhado aeroporto e mobilidade urbana. Isso só para começar. O novo governador precisa substituir urgentemente o “açougue” João Paulo II, já que nem Raupp, nem Cassol e nem Confúcio fizeram tal proeza. Caos: ainda tem a fumaça.
            É para termos muita pena desse Coronel na sua tentativa de governar este fim de mundo, esta morada do Satanás, este elo perdido da existência humana. Mas como ele é de fora pode até ter algum apoio local. E como o rondoniense é muito indolente, o mesmo poderia pedir conselhos aos ex-governadores Ivo Cassol, o do Império da Roça, e mesmo ao blogueiro Confúcio Moura, da República Familiar de Ariquemes. Só que como eles nada fizeram por Rondônia, nada eles têm para aconselhar ao novo governo. Não votei nele nem no Expedito Júnior: é que eu só voto no menos ruim e eles são péssimos. Se os rondonienses elegeram um sujeito desconhecido, alheio à política, acusado de não ter experiência e de não decidir nada, como se alegrar com sua inusitada vitória? E como Deus não quer saber da “latrina do Brasil”, espera-se que pelo menos o Diabo tenha piedade de nós. Não seria melhor começarmos já a aprender o castelhano?




*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

“Todos estão cegos”


“Todos estão cegos”


Professor Nazareno*


Eu, o famigerado professor Nazareno, sempre fui acusado injustamente de falar mal de Porto Velho e de Rondônia. Quando escrevo meus textos, sempre baseados nas verdades da realidade obscura que observo, vem uma enxurrada de críticas, insultos e ameaças pessoais. A despeito disso, Porto Velho, a insólita capital dos rondonienses continua uma cidade quase inabitável. A sujeira ainda é comum nas suas ruas e avenidas e a triste capital continua inabitável, suja, fedida e inóspita. Talvez por isso várias personalidades de reconhecimento nacional, acostumadas a uma vida bem melhor, também dispararam suas baterias contra essa situação vergonhosa em Porto Velho e em algumas cidades do interior. A prestigiada jornalista Eliane Brum da revista Época denunciou a total falta de estrutura da cidade quando veio aqui fazer uma reportagem.
O humorista Rafinha Bastos disse em uma de suas incontáveis piadas que o povo de Rondônia é muito feio, como se houvesse parâmetro para se medir tal afirmação. Tanto a jornalista quanto o humorista foram execrados publicamente. A indignação foi geral. Depois, foi a vez da atriz e apresentadora global Angélica dizer à revista Veja que “Ariquemes ficava no fim do mundo à esquerda”. Diante das repercussões de sua fala, ela teve que pedir desculpas nas redes sociais. Fala-se também que o ator Fábio Assunção, na época da gravação de Mad Maria, não teria dado boas informações sobre Rondônia e a sua qualidade de vida. Mais recentemente foi a cantora Anitta, que teria se apresentado em Cacoal e, segundo a opinião de pessoas ali presentes, a mesma demonstrou não ter gostado muito da cidade, ou seja, “parece que não queria estar ali”.
Agora foi Eduardo Bolsonaro, filho do candidato à presidência da República Jair Bolsonaro. O deputado federal durante um palestra teria “detonado” a simpática cidade de Guajará-Mirim. No vídeo, que circula nas redes sociais, ele pergunta: existe algum lugar no mundo pior do que Guajará-Mirim? Perguntou isso por que talvez não conheça Porto velho com as suas carniças. Mas ao contrário das outras vezes, não foi censurado. As pessoas riram e até concordaram com ele. Filhos da cidade e eleitores de seu pai acharam muita graça e até elogiaram o mesmo. “Ele está certo”, a cidade é assim mesmo. “Ele falou somente da cidade e não das pessoas”, disse outro. O sujeito desmoralizou o lugar e foi aplaudido. As pessoas estão cegas pelo “Mito”. Com essa fala preconceituosa, Bolsonaro agora deverá dobrar em Guajará-Mirim a sua votação.
Toda vez que há uma declaração afrontosa ou alguém de sua equipe faz uma tolice qualquer, Bolsonaro sobe nas pesquisas. Só que ninguém percebe que “a cadela do Fascismo está no cio”. Todos estão apaixonados e inebriados pelo “Mito”. Ninguém vê outro político a não ser Jair Bolsonaro e os seus filhos. Parece que no momento os brasileiros estão todos pensando em uma pessoa só. O “Estimado Líder” é a obsessão nacional. Se ele disser, por exemplo, que não vem a Porto Velho por que a cidade é feia, quente, mal administrada e catinguenta, será aclamado como herói. Todos os seus admiradores dirão que é verdade e que ele “estava apenas mostrando a realidade”. Sua votação dobrará, com certeza. Se ganhar as eleições no domingo talvez ele não implante uma ditadura ou um regime de terror no Brasil. Mas não fará isso se não quiser, pois o apoio tem de sobra. De qualquer forma, obrigado, Eduardo Bolsonaro! Eu estou certo.





*É Professor em Porto Velho.

domingo, 21 de outubro de 2018

Decidi votar no “Coiso”


Decidi votar no “Coiso


Professor Nazareno*

            
                 O veredito do segundo turno das eleições está chegando à reta final e eu ainda estava indeciso em quem votar. O próximo presidente do país será conhecido em breve. Tomei a decisão em caráter irrevogável. Devo votar no senhor Jair Messias Bolsonaro. Peço humildemente desculpas a todos aqueles que ainda acreditavam que eu ia dar uma guinada à esquerda neste pleito. Perdão a todos os meus alunos a quem ensinei o que é democracia e qual a sua importância nas sociedades modernas. Escusas sinceras aos meus amigos mais chegados que podem ficar decepcionados comigo. Espero que os senhores entendam o meu posicionamento. Não podia votar nulo, uma vez que essa decisão não ajudaria em nada a democracia no Brasil além de ser uma forma covarde de escapar do processo. Tentarei, no entanto, explicar os motivos dessa minha sentença.
            Primeiramente quero dizer a todos que sempre achei a bandeira do Brasil uma das mais bonitas do mundo. E devido à ameaça constante de se mudar a sua cor, caso haja a vitória do outro candidato, achei que como brasileiro e patriota posso dar a minha singela contribuição para que esta tragédia não se abata sobre nós brasileiros. Já pensou numa Copa do Mundo, por exemplo, vestir outra camisa que não seja a “amarelinha” que sempre nos representou? Se depender de mim, não permitirei que tal hecatombe seja derramada sobre nós. “Nossa bandeira nunca será vermelha”, devo bradar a todos os pulmões de agora em diante. Unam-se todos e não permitam tal castigo. Mesmo sabendo que as outras dez maiores potências econômicas do mundo têm o vermelho em suas bandeiras, não se pode brincar com coisa tão séria como essa. Evitemos o horror.
            Além do mais, o “Estimado Líder” prometeu que vai proteger a família brasileira. Nunca nenhum candidato se propôs a fazer algo tão valioso para os brasileiros. Sem ele, a família rui, cai, desmorona. A partir de agora, o senhor Bolsonaro se eleito for vai nos proteger das agruras de uma sociedade moldada para o fracasso. Com ele, as famílias se fortalecerão e de fato serão o alicerce de toda a sociedade. Não poderia deixar de votar e eleger um homem com um pensamento tão filosófico e intelectual como esse. Já pensou ele como presidente determinando que programas a Globo deveria exibir em seus horários nobres? Só ele será o verdadeiro defensor da moral e dos bons costumes. Não é censura à mídia, é tudo uma questão de bom senso. Nada é mais importante no nosso amado Brasil do que os valores da família tradicional.
            A pornografia será extinta para sempre da sociedade. A lei e a ordem prevalecerão. Ordem e Progresso é o lema que veremos a partir de agora. Bolsonaro será a panaceia milagreira que fará jorrar mel e leite das ruas, podem ter certeza. Mais empregos, mais renda, educação de qualidade nas escolas públicas onde toda manhã serão ensinados valores pátrios e o hino nacional será cantando antes do início das aulas. Ordem unida e vivas ao presidente! Nada de viver com homossexuais, travestis e LGBT’s. Nada de apologia à sacanagem. Fiquei muito emocionado. A proposta de militarização das escolas públicas foi o que mais me motivou a votar neste herói nacional. Viveremos em uma sociedade sem direitos humanos. E se a ONU achar ruim, romperemos com ela e com toda a nova ordem mundial. O Estado é cristão e não laico. E seremos guiados só pela Bíblia. A economia se ajeita depois. Assuma logo, “Mito”.




*É Professor em Porto Velho.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Fique, Temer! Por favor!


Fique, Temer! Por favor!


Professor Nazareno*


Excelentíssimo senhor presidente da República Federativa do Brasil, senhor Michel Miguel Elias Temer Lulia, ou simplesmente Michel Temer. O senhor é presidente deste país até o próximo dia 31 de dezembro de 2018. Tem somente três por cento de popularidade e é muito odiado por grande parte da população nacional, mas do jeito que as coisas estão caminhando seria bem melhor para o Brasil se o senhor ficasse no poder por pelo menos mais uns três ou quatro anos. Estou providenciando uma espécie de abaixo assinado no sentido de que o senhor nos possa fazer este grande favor. Observando o caminhar das atuais eleições presidenciais para sucedê-lo, começo a ficar com calafrios na espinha só de pensar nas “qualidades” dos dois cidadãos que estão disputando o 2º turno. Um deles, obviamente, será o próximo a sentar na sua cadeira.
O Brasil atualmente está uma porcaria, convenhamos senhor presidente. Mas ficará muito pior a partir do próximo dia 1° de janeiro. Senão vejamos: se ganhar um chamado de “Coiso” tudo vai ser diferente na sua administração. Pelo menos é o que dizem à boca miúda. Todos os homossexuais do país serão caçados e mortos em praça pública. Será proibido ser gay em nossa sociedade com ele no governo. Negros e quilombolas serão pesados em arrobas. Todos os índios do país perderão suas terras e as mulheres ganharão bem menos do que nós, os homens, para fazer o mesmo trabalho que fazemos. Tudo aqui funcionará como uma república muçulmana se ele ganhar. Família tradicional é o que teremos. Não sei se a primeira, a segunda ou a terceira. Também não sei dizer quais dos filhos serão considerados bastardos. E o porte de arma será librado.
Na Educação haverá uma verdadeira revolução. O novo ministro poderá ser o ex-ator pornô Alexandre Frota, eleito recentemente deputado federal por São Paulo com mais de 150 mil votos. É o que todo mundo afirma. Além de transformar o Congresso Nacional num puteiro, as nossas escolas também podem correr esse risco. Acabam-se as cotas para as universidades, extingue-se o bolsa-família e renova-se todo o currículo a ser estudado pelos alunos. Nada de ideologia de gênero. Nada de novos tipos de família. Nada de Estado laico, nada de LGBT’s tendo direitos. O Estatuto do Desarmamento será extinto. Todo cidadão vai poder andar armado. Todos os militares terão vez e voz a partir de agora. Em 1964 não houve golpe. Foi Revolução. “Bandido bom será bandido morto”. Mas não sabemos ainda se os bandidos ricos entrarão nessa frase de efeito.
O Nordeste não mais receberá nenhuma verba federal e todos os Estados daquela região perderão a sua autonomia. Já o outro candidato, que é um “poste”, se ganhar colocará o também eleito deputado federal Jean Wyllys no Ministério da Educação. Disse que abrirá as cadeias e soltará todo e qualquer condenado que roubou e se envolveu em corrupção nos últimos tempos. Falam que ele destruirá as famílias brasileiras e vai liberar toda e qualquer ideologia para ser estudada nas escolas. Só os ricos serão taxados e dizem até que haverá divisão de rendas na marra. Programas para beneficiar pobres e nordestinos é o que não faltará em seu governo. Com ele no Planalto, todo cidadão que for heterossexual receberá incentivos federais para praticar o homossexualismo. Por isso, senhor presidente Temer: tenha dó deste país. Lute para que nenhum deles assuma o governo. Continue no poder. Pelo amor de Deus! Socorra-nos!




*É Professor em Porto Velho.

domingo, 14 de outubro de 2018

Professores fascistas e corruptos


Professores fascistas e corruptos


Professor Nazareno*
           
O dia 15 de outubro é dedicado aos professores. Com todo o respeito a outras profissões, o mestre é um dos mais importantes profissionais de uma nação. No Japão o imperador lhe presta reverências. Nos países da Europa civilizada é aclamado por onde passa. Sem ele, a sociedade para no tempo e o conhecimento transmitido tem mais dificuldades para chegar ao seu destino final: o aluno. O Brasil infelizmente nunca valorizou os seus professores. Diferente de nações ricas e desenvolvidas como os Estados Unidos, Finlândia, Japão, Coreia do Sul e Alemanha. Aqui, este profissional apanha dos alunos, é humilhado, geralmente tem um salário de fome e infelizmente não é imitado por quase ninguém. Agora com o advento das eleições, são declarados profissionais sem nenhuma confiança, pois são acusados de apoiar fascistas e corruptos.
                Mesmo sendo cidadãos em pleno gozo de seus direitos políticos, os profissionais da educação praticamente são proibidos de se manifestarem publicamente, pois essa postura poderia influenciar alguns alunos. Diferentes, portanto, de outros profissionais que adoram se exibir nas redes sociais mostrando suas preferências política e religiosa. Se eles apoiam um determinado candidato, são acusados de semear o Fascismo e o Nazismo em sala de aula. Se apoiarem o outro, são corruptos e adoram semear a destruição da família. Se forem ateus ou agnósticos, são censurados por muitos pais, pois são um péssimo exemplo para os seus filhos. Professor homossexual geralmente sofre perseguições homofóbicas e fica quase proibido de ministrar seu ofício tendo em vista a sua orientação sexual. Para evitar confrontos, sempre nega suas preferências.
            É muito triste saber que há professores que não dominam bem o seu ofício. Dão aulas de gramática normativa, mas escrevem textos repletos de erros grosseiros. Há vários professores de História, por exemplo, que seguem abertamente determinadas religiões e “sacaneiam” o aluno quando sabem que o mesmo é ateu. Professores de Geografia que desconhecem coisas simples da sua área. Isso sem falar em alguns mestres de Biologia que negam o Evolucionismo. Não citamos aqui os de Física, que muitas vezes não dominam sequer a Matemática básica para ensinar as suas teorias. Neste fatídico dia, muitos alunos lhe tecem loas e lhe presenteiam animadamente na esperança de uma aprovação mais fácil via Conselho de Classe no final do ano. Depois, usam todas as redes sociais para achincalhar o antigo mestre sem nenhuma cerimônia.
            Pobre profissional geralmente sem reconhecimento social e sem remuneração adequada. Não há um político em campanha que não lhe dedique falsos elogios nesta data. A grande verdade é que, de um modo geral, o professor sempre se fez de vítima. Em sala de aula ele é o maioral, quase ninguém lhe interrompe, molda como quiser as futuras gerações. E por que não o fazemos? E por que não revolucionamos as inúmeras cabecinhas que estão à nossa disposição? Será que somos mesmo uma farsa?  Muitos de nós não lemos um único livro há muito tempo.  Não nos expressarmos em outra língua que não seja o nosso velho e surrado dialeto do Português. “Fazemos parte da mudança que queremos, mas sozinho não vamos mudar nada, nunca”. Ser professor não é uma escolha simplesmente. É vocação. Esquecemo-nos de dizer aos nossos alunos que não nos importamos mais com democracia, direitos humanos e política? Parabéns para nós!





*É Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Meu professor de História


Meu professor de História


Professor Nazareno*


Meu professor de História é uma daquelas pessoas inesquecíveis que deixam marcas nos seus alunos a partir da primeira aula. Homem casado com a mesma mulher há pelo menos 36 anos, sempre fez questão de defender os valores da família, embora nos tenha falado sobre a crise que esta instituição vive atualmente no mundo inteiro. Dizia sempre muito convicto que é comum vermos hoje em dia o fracasso de alguns relacionamentos, mas que isso é muito triste, já que segundo a nossa tradição “o que Deus uniu o homem não pode separar”. Ele e sua esposa se conheceram em sala de aula quando o mesmo, ainda muito jovem, lecionava em uma escola particular da cidade. Sua única esposa, pessoa maravilhosa e sempre alegre, é filha de um rico comerciante. Eles têm dois maravilhosos filhos desse lindo relacionamento amoroso e são felizes.
O meu professor de História nunca deixou transparecer para os seus alunos o seu posicionamento político ou até mesmo para que time de futebol torcia. Nas suas excelentes explanações procurava sempre mostrar com bons argumentos todas as tendências filosóficas, históricas, políticas, econômicas e sociais. Mesmo na religião, procurava sempre mostrar seu “jeito laico” de se comportar. Dizia a todos os seus atentos alunos que “toda religião é muito importante” e que a convivência pacífica entre elas era ainda mais satisfatória num mundo tão conturbado como o nosso. Embora fosse de tendência cristã, era comum ver nos seus discursos o respeito a toda e qualquer crença. E até a não crença. Era raro se envolver em discussões sobre o assunto. Sabia como ninguém mostrar bons argumentos para o incentivo da boa convivência entre elas.
Sobre política, o meu professor de História dava aulas impagáveis. Defensor intransigente dos diretos humanos mostrava com maestria a importância de se colocar o ser humano acima de tudo na terra. Sobre o Nazismo e o Fascismo tinha conhecimentos como ninguém. “O Holocausto foi a grande vergonha da humanidade”, sempre dizia convictamente até com lágrimas nos olhos. Falava com muito conhecimento de causa sobre a Escravidão e o Neocolonialismo. Era também um especialista em Ditadura Militar. Sem se envolver em partidarismos ou mesmo na dicotomia Direita X Esquerda, mostrava o que de fato aconteceu. Meu mestre era, claro, formado em História, tinha pós-graduação e fez dois mestrados em duas universidades: uma francesa e outra norte-americana. Nunca perdeu um curso de atualização política sobre o mundo. E era Doutor.
Respeitava a ideologia de gênero, era contra a censura, seus princípios sempre enalteceram a democracia, tinha uma visão ímpar sobre os quilombolas, os índios, os homossexuais e todas as outras minorias. Sempre esteve à frente dos movimentos sociais, pois achava muito importante a participação popular dentro da sociedade. Nunca “navegou” em nenhuma “onda” na política. Analisava detalhadamente todos os acontecimentos para depois emitir opiniões e conceitos. Por tudo isso e levando em consideração o seu coerente posicionamento político e suas convicções partidárias, o meu professor de História declarou recentemente que vai votar no “Estimado Líder”, o senhor Jair Bolsonaro do PSL. Os professores de Redação, de Literatura, de Geografia, Filosofia e Sociologia também vão seguir o mestre de História. Fascistas? Não! Todos são humanistas e apaixonados pelo Brasil. Jamais esquecerei os meus amados mestres.





*É Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Rondônia lambe o “Mito”


Rondônia lambe o “Mito


Professor Nazareno*

            Rondônia não é a Coreia do Norte de Kim Jong-Un nem o Iraque de Saddam Hussein. É muito pior do que estes países, mas é na política que se parece muito com eles. Quando havia eleições no Iraque de Saddam, ele geralmente obtinha 99 ou até cem por cento dos votos de seus cidadãos. A maioria absoluta, portanto. Na Coreia do Norte atual é a mesma coisa. O ditador Kim sempre que permite ter eleições, obtém incríveis 98 por cento dos sufrágios e às vezes até mais. Rondônia é uma periferia sem nenhuma importância e perdida no mundo. Talvez por isso a política daqui seja como a verificada nessas duas toscas nações também sem importância. Rondônia inteira votou no Jânio Quadros achando que ele ia varrer a corrupção do país. Elegeu Collor na esperança de que ele fosse caçar os famosos marajás e agora adere quase cem por cento ao “Mito”.
            No primeiro turno, Bolsonaro obteve a maioria absoluta dos votos no Estado. E não pelo fato de aqui ter maioria de evangélicos em sua população, mas por que tem e sempre teve a incrível mania de “lamber botas” do presidenciável da hora. Até com o “falido” PT foi assim. Elegeu Roberto Sobrinho, o “JK da Amazônia”, por duas vezes como prefeito da capital e também a professora Fátima Cleide como senadora da República. Por total desconhecimento da política, esta distante, atrasada e inútil unidade da federação segue a onda da vez no país. Agora o “fenômeno” é Jair Bolsonaro do PSL. O queridinho “arquétipo de ditador” inebriou as lideranças políticas karipunas e as enfeitiçou. O desconhecido coronel Marcos Rocha, por exemplo, desponta como uma liderança regional e pode ganhar o pleito usando apenas o nome do seu adorado “Mito”.
            Pior: Expedito Junior do “extinto” PSDB já declarou também apoio total ao “grande líder”. Por aqui ideologia é o que menos importa quando se quer chegar ao domínio do Erário. Os dois concorrentes ao governo de Rondônia este ano têm algo muito em comum: eles amam, tecem loas e apoiam Jair Bolsonaro. Então por que estão disputando o voto dos eleitores? Por que não fazem logo um acordo e dividem o poder entre eles? O governo de Rondônia devia ser logo rifado entre Marcos Rocha e Expedito Junior. Pouparia a chatice de irmos votar no segundo turno. O coronel é do PSL, o mesmo partido do “Mito” e se diz ser seu único representante em terras rondonianas. A briga com o seu opositor parece que será para saber quem mais “ama” o provável futuro presidente do país e não para saber quem melhor governará os tolos dos rondonienses.
            Em Rondônia, quase todo mundo é Bolsonaro desde criancinha. Até a surpresa destas eleições, a eleita deputada federal Sílvia Cristina (que se parece com a Marielle Franco) já se adiantou ao seu partido e declarou apoio ao “Mito”. Acho que se brincar, até o PT daqui e seus filiados vão também fazer o mesmo. O pastor Aluízio Vidal da REDE talvez possa enveredar por esta seara. Com pensamento totalmente de direita, mas filiado a um partido de esquerda, o pastor evangélico obteve mais de 51 mil votos e por causa de suas convicções religiosas pode muito bem dar apoio ao “estimado líder”. Afinal para o bem do Brasil, todos eles defendem a família tradicional e são contrários ao casamento entre homossexuais. Fernando Haddad devia sair de fininho e admitir que em Rondônia talvez não tenha um só voto. Só há um problema: como toda unanimidade é burra, se o PSL aceitar esses apoios, não ficará se parecendo com os outros partidos?




*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Bolsonaro paz e amor?


Bolsonaro paz e amor?


Professor Nazareno*

            
               A palavra “establishment” em inglês se refere, de forma depreciativa, às pessoas que detêm o poder. É, portanto, aquilo que já está estabelecido dentro da sociedade, aquelas regras que não mudam tão facilmente. No Brasil e também em grande parte do mundo civilizado, essas normas já são seguidas por todos e dificilmente vão mudar. A valorização aos princípios democráticos, por exemplo, deve ser enaltecida por todos os políticos, candidatos e autoridades comuns. Nada de golpe, nada de virada de mesa, nada de casuísmos. Embora muito jovem, a nossa democracia não permite nem tolera outro regime que não seja o democrático. Ditadura, tirania e outros afins fazem parte do passado e dificilmente voltarão a nos atormentar. E, claro, Jair Bolsonaro sabe muito bem disso assim como o Fernando Haddad, os nossos dois candidatos a presidente.
            Embora o PT, Partido dos Trabalhadores, tenha certo viés ditatorial, uma vez que apoiou pelo menos sete ditaduras espalhadas pelo mundo e ainda hoje flerta com o comunismo ateu, foi o Bolsonaro que destilou frases antidemocráticas e palavras de efeito atentatórias ao politicamente correto antes deste processo de eleições no Brasil. E ambos, tanto os “companheiros” quanto o “projeto de ditador” terão que mudar sua retórica se quiserem chegar mais longe. Mesmo tendo uma mentalidade golpista e de ser chegado a uma ditadura no varejo, o eleitorado brasileiro precisa repudiar tudo aquilo que ameaça o “establishment” e o politicamente correto. Insuflado pela mídia, pode não tolerar mais as aventuras nem de um lado nem de outro. Por isso, é bom que os dois candidatos coloquem as “barbas de molho”, inclusive o vice do PSL, o general Mourão.
            A conjuntura política internacional não permitirá qualquer virada de mesa em nosso país. Por isso o senhor Jair Bolsonaro tem que mudar a sua “retórica de cachorro louco” se quiser chegar ao Planalto. Assim como o radicalismo insano de alguns petistas deve ser mais moderado também. No Brasil moderno não há mais espaço para bravatas nem para radicalismos. Ditadura nunca mais! Temas polêmicos como direitos humanos, emancipação da mulher, negros, quilombolas, homossexuais, índios e principalmente nordestinos têm que ser encarados com mais argumentos e menos rancor e ódio. O Nordeste tem quase 40 milhões de eleitores e uma história repleta de exploração. Principalmente de sua gente mais pobre. Nenhum dos candidatos pode chamá-los de preguiçosos, acomodados ou outra infâmia qualquer sem ter que pagar.
            Da mesma forma, os índios, negros, quilombolas e LGBT’s precisam ter o seu espaço e o seu reconhecimento dentro de uma sociedade pluralista como a nossa. Qualquer palavra que os deprecie e os diminua é um atentado claro ao próprio país como nação. Por isso os seguidores do “Mito”, principalmente, precisam mudar o seu repertório preconceituoso e anacrônico sob pena de sanções. Não reconhecer a importância da mulher em qualquer sociedade é um atentado ao bom senso. Não acredito que o senhor Jair Bolsonaro acredite no que disse com relação a essa gente. Ou ela vira “Bolsonaro paz e amor” ou perde o bonde da História. Aqui, o espaço para ódio está fechado. Desrespeitar também os direitos humanos num momento em que o prêmio Nobel reconhece seus ativistas é “remar contra a maré” do mundo civilizado. As disputas começam nesta sexta. Tomara que os dois adversários não se tornem inimigos.





*É Professor em Porto Velho.

domingo, 7 de outubro de 2018

Nobel para Rondônia


Nobel para Rondônia


Professor Nazareno*


Depois das eleições gerais de 2018 no Brasil, eis que despontam para o mundo as características estranhas e o perfil de alguns eleitores de Rondônia. Lugar ermo, longínquo e atrasado, esse rincão incivilizado e subdesenvolvido tem menos de um por cento do total de eleitores do país. Porém, a falta de importância da província distante compensa com as esquisitices, copiadas sob medida do restante do país e aperfeiçoadas em terras karipunas. Se o Brasil é uma infame periferia do mundo civilizado, aqui é um fim do mundo sem eira nem beira onde a classe política de certa forma se aproveita da estupidez da maioria dos eleitores para impor suas vontades e colher os dividendos eleitorais. Tem-se aqui, por exemplo, toda espécie de candidato. Do processado ao embusteiro profissional, só que todos muito amados pelos eufóricos e tolos eleitores.
Ao se analisar a visão desses votantes, percebe-se que em vários deles há muitas características com o eleitor do restante do país, embora o cidadão provinciano leve desvantagem por depender quase que totalmente da política e ser, claro, mais estúpido e desinformado. Sem leitura de mundo, semiletrado, grosso, roceiro e ainda com mentalidade ditatorial, muitos cidadãos comuns deste Estado “escolhem a dedo” somente as tranqueiras para lhes governar. Sofre com falta de IDH, de saúde pública e de educação de qualidade, mas está sempre feliz e alegre. No Estado deve haver alguns eleitores mais conscientes e com alguma leitura de mundo, mas por que elegem preferencialmente os candidatos que são de fora? Agora, além de elegerem quase só os forasteiros, votaram também no arquétipo de ditador-mor e também no seu preposto.
Não entende nada de política, de moda, nem das coisas mais simples do dia-a-dia. Sua única experiência internacional é Guayaramerín na Bolívia, onde compra produtos “Ching Ling”. Na arte, confunde a “obra do mestre Picasso com a pica de aço do mestre de obra”. Por não conhecer a realidade das coisas mais simples, alguns eleitores ficam encantados com qualquer besteira. E os políticos se aproveitam para explorá-los ainda mais. No superfaturado Espaço Alternativo da cidade, por exemplo, fizeram uma “montanha-russa do atraso” e deram de presente aos nativos às vésperas das eleições. Ainda hoje há muitas pessoas fazendo fotinhas para postar nas redes sociais. E as letrinhas ridículas que colocaram por lá? Delírio geral para quem só tem um Shopping-center como lazer. E todos já foram reeleitos: a festa dos índios não para.
Depois que foram bovinamente às urnas para chancelar sua desgraça por mais quatro anos, os idiotas comemoram feito loucos. Um povo que é protagonista de seu próprio sofrimento não devia ser chamado de povo, mas de ajuntamento humano. Um prêmio Nobel para esses eleitores, portanto. Na verdade mais outro Nobel, pois os grafiteiros dos viadutos também mereciam um com aquela tosca “arte”. Olhem só os dois senadores que eles elegeram. Pior: não havia opções melhores. Mas dizer que o eleitor rondoniense não sabe votar pode aborrecer algumas pessoas. A nova composição da Assembleia Legislativa é um primor. Rondônia e o seu povo a merecem. Os novos representantes para a Câmara Federal foram escolhidos com critérios. Incrível: ninguém comprou voto nem ninguém vendeu. Mas como em Rondônia tudo é a “cu de cavalo”, a escolha ridícula não destoou. Rondônia em nível de Brasil não decide nada. Ainda bem.




*É Professor em Porto Velho.