sábado, 29 de dezembro de 2018

Retrospectiva Macabra


Retrospectiva Macabra


Professor Nazareno*

            
             Todo lugar decente, civilizado, desenvolvido e amado pelo seu povo tem a sua retrospectiva dos últimos 365 dias. Talvez por isso, Rondônia não tenha nenhuma lembrança. Tem apenas a repetição dos fatos, pois tudo o que aconteceu em 2018 por aqui foi apenas a reincidência pura e simples do que já havia acontecido no ano anterior. Como numa rotina macabra, nenhuma novidade apareceu no ano que ora se encerra e que não já tivéssemos visto antes. A ponte do rio Madeira, por exemplo, continuou em 2018 inútil, fatal e escura feito breu, apesar das inúmeras promessas dos políticos para iluminá-la. Os viadutos imprestáveis e íngremes da cidade continuaram causando engarrafamentos e só serviram neste ano para que se fizessem lá uns desenhos mal feitos, travestidos de arte, em meio ao mato e à sujeira. Só para impressionar otários.
            O “açougue” João Paulo Segundo de Porto Velho continuou como sempre sendo um campo de extermínio de pobres. Em Rondônia, as pessoas das classes baixas principalmente continuaram morrendo feito insetos, jogadas no chão dos hospitais públicos. A cidade de Porto Velho foi a latrina de sempre. Uma pocilga infecta, sem esgotos e praticamente abandonada pelos administradores, uma vez que as autoridades em vez de cuidar da capital, passaram mais tempo viajando para o primeiro mundo. Na política não houve nenhuma novidade: o tosco do eleitor rondoniense continuou elegendo ladrões, bandidos e malfeitores e a Justiça diplomando-os normalmente. A própria Assembleia Legislativa do Estado concedeu aos deputados no final deste ano que se encerra um aumento generoso. O povo como sempre ficou à míngua e esquecido.
            Uma das únicas coisas boas que aconteceram em 2018 foi a derrota do Brasil na Copa do Mundo da Rússia. Nossos fracos e ricos jogadores levaram um baile da competente seleção belga e voltaram mais cedo para casa. Um alívio. O ano mostrou que o Brasil não manda mais no futebol. Enquanto isso, eu continuei por aqui a escrever meus textos. Em 2018 foram exatos 112 no total. Com cinco ou seis leitores apenas, tive a permissão de vários sites locais para expor a minha opinião. E se tudo der certo, a censura e o obscurantismo não voltarem e também para a tristeza de muita gente, devo continuar em 2019 a dar aulas e a produzir textos expondo a minha verdade aos leitores. Numa sociedade de cidadãos ignorantes, reacionários, sem leitura de mundo e iletrados sempre é bom ter uma opinião divergente. No ano de 2018 a opinião ainda foi livre.
            Porém, o ano serviu para muitos dos eleitores acharem que eram os protótipos da mudança no Brasil. Em massa e guiados por um “estranho e direcionado sentimento antipetista” elegeram os novos governantes do país sonhando que eles serão a partir de agora a “panaceia milagreira” que fará jorrar mel e leite das ruas. Uma guinada à extrema-direita foi o resultado das eleições que nos dividiram em esquerda e direita. A TV Rondônia continuou a exibir o Jornal Nacional com uma hora de atraso durante o horário de verão, a rodoviária continuou suja e imunda e o aeroporto “internacional” de Porto Velho não fez um só voo para fora do país. Mas em 2019 haverá retrospectiva, pois os fatos vindouros poderão nos levar a ser uma das maiores piadas da humanidade. Sem perspectivas, o correto seria desejarmos um feliz 2017 para todos, pois a partir de 2019 provavelmente a miséria, o atraso e a desgraça serão nossas parceiras inseparáveis.




*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Quem elegeu Bolsonaro?


Quem elegeu Bolsonaro?


Eduardo Marinho*


Bolsonaro é cúmplice do sistema criminoso. Sendo cumplice ele é protegido, não importa se o escândalo dele é mais alto. Mas o interesse não eram os escândalos, era tirar esses governantes que estavam botando pobres dentro de universidade. Ainda que fosse só um punhado, isso já ameaça o sistema. Esse é um cara que eu dizia antes dele ser candidato: era só soltar ele com um microfone na mão que ele mesmo se derrubaria, pois só fala barbaridade. Mas aí os marqueteiros dele perceberam isso e não deixaram ele falar. Não sei se simularam ou se contrataram um cara para dar uma facada nele. Não sei o que foi que houve, só sei que não deixaram ele falar. E ele foi eleito como um “mito”, que não deu nenhuma explicação, não gostou de nenhum programa de governo por que o programa não é dele. O programa é do real poder. E o poder real é do mercado financeiro, é dos megaempresários, dos exploradores, dos colonizadores, dos caras que querem o país de joelhos.
Ele é a figura ideal. Inclusive Bolsonaro tem a cara da elite brasileira, que como todas as elites dos países que foram colonizados foi criada na base do privilégio. A elite local, geralmente branca, que tem desprezo pelo seu próprio povo e uma subalternidade nojenta pelo colonizador e pelos poderes externos. Ele tem este perfil. Então, não tem escândalo que derrube ele nesse sentido. Agora que ele é isso aí não tem novidade nenhuma. Ele é isso aí mesmo. Ele é a cara da elite brasileira por quê? Por que a elite brasileira é racista, é escravista, é agarrada nos privilégios e é indiferente ao sofrimento da população. Ela usufrui das injustiças sociais. Sacaneia seus funcionários e empregados pela forma de ganhar dinheiro, pela forma de existir. Esse cara é a cara da elite brasileira. Então, nós temos um presidente que tem a cara da elite dominante. Pela primeira vez nós temos um governo que é sincero. É homofóbico, é violento, é punitivista. Não vai às raízes dos problemas sociais. Não tem interesse em tratar dos problemas da sociedade, não tem interesse em harmonia social.
 Bolsonaro está a serviço do explorador. E o explorador faz o quê? Cria miséria nas suas colônias, ele domina para saquear os recursos, para roubar o povo, para explorar a população. Então nós temos aí um governante com a cara da elite. Mas não acredito que dure muito tempo não, porque ele mesmo mete os pés pelas mãos. Eu acho que vai haver permuta. O negócio é exatamente esse: manter os pobres na ignorância, na desinformação para serem escravizados, para serem conduzidos. Por isso que eles deram inclusive conversor de televisão digital de graça num Estado que não cumpre os direitos constitucionais, que não garante a alimentação, não garante moradia, não garante educação, não garante informação decente. Garante um conversor de televisão digital. Que é o papel da mídia: fazer a cabeça da população. Bolsonaro para mim não tem novidade. Alguma coisa tinha que ser feita para tirar um governo que se dizia de esquerda (o do PT), mas que não tomou nenhuma atitude com relação à estrutura da sociedade. Os banqueiros continuaram dominando tudo, a mídia privada continuou dominando as comunicações.
Ele, o PT, durante o seu governo não pulverizou, não tocou nesses assuntos, não trouxe conscientização para ninguém. O que Lula e o PT deram de acesso à população de baixa renda foi o consumo. Não foi nem a instrução, nem a consciência, nem a informação. Aí ficou fácil derrubá-lo. Simples assim. Derrubaram aqueles que se diziam de esquerda, mas que estavam ali servindo aos donos da “fazenda Brasil”. Eram capatazes. Reles capatazes. Como todo presidente é um capataz. E se ele pisar fora da risca, ele cai. Qualquer presidente que se pôs a serviço da população caiu. Assim foi Getúlio Vargas, assim foi João Goulart. E assim foi o PT. Não que ele (O PT) tenha se posto a serviço da população, mas deixou cair migalhas demais. Pobre dentro das universidades dando aulas é uma heresia para os banqueiros internacionais. Então esse governo (do PT) foi trabalhado na rejeição popular. Desde 2005, 2006 que vem sendo trabalhado. O que elegeu Bolsonaro foi o antipetismo criado pela mídia, pelas redes sociais, pela rapaziada que conduz a mentalidade, pelo subconsciente, impregnação mental, geral mesmo.



*Eduardo Marinho é um morador de rua.

O coronel e o “açougue”


O coronel e o “açougue


Professor Nazareno*

            
           Finalmente o coronel Marcos Rocha, futuro governador de Rondônia, divulgou os nomes de sua equipe de governo. O que se desenhou, no entanto, foi um grupo de assessores apenas baseado na amizade pessoal do futuro mandatário. E para não fugir aos costumes políticos já há muito tempo vigentes, a sua esposa, Luana Rocha, também foi contemplada com um cargo: comandará a SEAS, a poderosa Secretaria de Ação Social. Se eu tivesse sido eleito governador, por exemplo, jamais teria indicado a Francisca, minha esposa, para qualquer cargo público. Nem ela, nem qualquer outro parente meu como filhos, pais ou irmãos. “Façam concurso público se quiserem trabalhar no governo”, diria. Isso para evitar o “mimimi”. Porém, independente disto, críticas e elogios à nova equipe soam como algo perfeitamente normal nesta situação.
            Mas ainda é muito prematuro dizer que esta equipe nada vai fazer pelo Estado de Rondônia ou que foi uma escolha acertada que fará “jorrar mel e leite das ruas”. Os trabalhos precisam começar para se colher os resultados positivos ou negativos. Óbvio que muitos torcem para que tudo dê certo num Estado tão castigado por péssimas administrações como é Rondônia. Com uma minúscula população de menos de dois milhões de habitantes e uma potência na agropecuária e nos recursos naturais, este Estado tem tudo para dar certo. Só que nunca deu. Basta ver a sua suja, fedorenta, inóspita e sempre mal administrada capital. Em Rondônia, até hoje nenhum político parece ter demonstrado amor a este lugar. Quase todos eles roubaram descaradamente o erário e nada fizeram em benefício dos sofridos rondonienses que pagam tanto imposto.
            Resta saber para quem este governo vai governar. Se for para o povo sofrido e para as classes menos privilegiadas, a primeira providência será construir um novo hospital de pronto-socorro na capital. Ninguém aguenta mais o “açougue” João Paulo Segundo. O ex-governador Confúcio Moura, que era médico por formação, trouxe a TV Globo no início do seu governo para denunciar o que todo mundo já sabia. E só ficou nisso mesmo. Governou por oito anos o Estado, deixou tudo como antes estava e ainda assim foi eleito senador. Mas se o novo governo for governar para a elite, como é de costume, certamente nada vai fazer pela frágil saúde de seu povo. Consertando o velho “açougue”, ele pode inviabilizar alguns hospitais, clínicas particulares e também os planos de saúde. O povo sofrido vota, mas quem financia a votação são os poderosos.
O cel. Marcos Rocha tem que governar de fato este Estado e não fazê-lo como mais uma “fazenda da elite”. É preciso melhorar todas as escolas públicas e implantar, ainda que paulatinamente, a escola de tempo integral. Mesmo que isso aborreça os “barões do ensino” deste Estado. Com hospitais bons e escolas de excelência, não se precisará mais se humilhar aos poderosos. Mas haverá coragem suficiente para se enfrentar essa dura e cruel realidade? É preciso combater a violência que nos assola.  Funcionários públicos também precisam ser valorizados. É preciso deter a Assembleia Legislativa na sua desmedida ambição de surrupiar todo o dinheiro deste pobre lugar. Enfim, é necessário governar para os pobres e oprimidos. Sem isso, essa equipe será “tudo mais do mesmo”. Como enaltecer o governo de um Estado cuja população carente vagueia pelo chão dos hospitais públicos? Dê logo um fim ao velho “açougue”, coronel!




*É Professor em Porto Velho.

domingo, 23 de dezembro de 2018

O país de um só problema


O país de um só problema


Professor Nazareno*

            
         Há quase meio século que o Brasil figura entre as dez maiores potências econômicas do mundo. Chegou a ser a sexta no início deste século desbancando países como a França, a Itália e o Canadá. Tem as maiores extensões de terras agricultáveis do planeta e é o segundo maior produtor de alimentos do mundo. Seus rebanhos figuram entre os maiores, tem mais de 20 por cento de toda a água doce da terra e o seu vasto território não é sacudido por terremotos, vulcões, nevascas ou outras intempéries da natureza. Mas tem um problema que a maioria dos outros países do mundo não tem: a desigualdade social. Uma das maiores que se produziu. Nossa sociedade é conhecida no mundo inteiro como a “Casa Grande e Senzala” tão bem descrita no livro do sociólogo Gilberto Freyre. Aqui, há muitos habitantes que nada têm e pouquíssimos muito ricos.
            Desde o longínquo ano de 1.500 quando Cabral aportou nestas longes terras, que a desgraça da desigualdade nos acompanha. O Brasil colônia iniciou o tormento que continuou no Império e permanece até hoje com a República. Em plena era da globalização, entra governo e sai governo e a miséria continua a atormentar uma das nações mais ricas da atualidade. Tudo neste país é feito e concebido para que se continue com esta estrutura social draconiana. São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro, por exemplo, são Estados ricos enquanto Rondônia, Acre, Piauí e Alagoas são Estados muito pobres. Em todas as cidades do país percebe-se esta lastimável divisão dos que têm e dos que nada têm. No Brasil, há bairros de pobres e de ricos, escolas para pobres e para ricos, transportes, residências, centros de compra, hospitais, prisões e Justiça, idem.
            Mesmo tendo roubado e saqueado o Estado como ninguém, o PT até que criou alguns programas para enfrentar este caos. Porém todos os seus líderes se envolveram em roubalheiras, corrupções, maracutaias e saques. Governaram apenas 13 anos e fizeram o que antes outros partidos também já haviam feito: roubaram tudo, não resolveram o problema crônico da desigualdade social e de quebra empobreceram ainda mais o Estado em detrimento dos mais ricos e endinheirados. Bolsonaro, o “Mito” se elegeu muito mais porque se disse fiscal de “cu alheio” e não por que iria acabar com a desigualdade que assola o país. E todos os que foram eleitos nessa onda conservadora da extrema-direita não mostraram na prática como enfrentar este gravíssimo problema. Fala-se até que a nossa desigualdade social aumentará ainda mais com essa nova gente.   
No Brasil não há direita nem esquerda. Não há nenhuma ideologia para governar os miseráveis. Nunca houve. Os políticos se unem e dividem toda a riqueza do país entre eles mesmos e a elite que eles representam. São raros os que dão “uma penada” em benefício dos mais necessitados. E quando isso acontece, o sujeito é simplesmente eliminado. Dentro de um mesmo país sempre houve dois países bem distintos. Eis a nossa cruel realidade. Para diminuir esta penúria, no entanto, seria preciso investir em serviços públicos de qualidade como saúde, segurança, mobilidade, infraestrutura e principalmente educação. E Jair Bolsonaro sabe disto. E o coronel Marcos Rocha também. Todos os seus auxiliares certamente têm a exata compreensão de toda esta problemática. E todos sabem como agir. Mas vão resolver o problema ou vão apenas administrá-lo para que continue tudo do mesmo jeito? Assim, jamais sairemos do caos.




*É Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Administração diabólica



Administração diabólica


Professor Nazareno*


Estamos a pouquíssimos dias do começo da nova administração no Brasil e em Rondônia. Enquanto o “Mito” Jair Bolsonaro já anunciou sua equipe, em terras karipunas isso é ainda, por incrível que pareça, um exercício de pura futurologia. Não se sabe ainda o porquê de tanto segredo para se divulgar quem serão os próximos administradores de uma das piores e mais atrasadas “províncias” do país. A mídia especula, os jornalistas entram em polvorosa, os boatos aumentam, analistas políticos se estressam e todos não veem a hora de ver divulgados os nomes do novo “staff” rondoniano. E tomara que a montanha não tenha que parir um rato como é de costume nestes bisonhos casos. O coronel Marcos Rocha, no entanto, mantém a sete chaves o seu “segredinho de polichinelo” para desespero total dos especuladores e de alguns curiosos.
Só que sem querer, eu, o professor Nazareno, tive acesso à lista completa dos novos colaboradores do “sinistro coronel”. E fiquei deveras eufórico e satisfeito com os nomes que passarei a enumerá-los: O governador, claro, é o coronel Marcos Rocha e o vice-governador é um tal de Zé. Para a Casa Civil será nomeado o Satanás. Profundo conhecedor da realidade dos rondonienses, o Dr. Satanás inovará, com certeza. A Casa Militar será comandada a partir de agora pelo Major Cramunhão. Militar e estrategista de amplo conhecimento será um dos colaborados mais íntimos do governador. A Secretaria de Segurança ficará a cargo do senhor Anjo das Trevas. A bandidagem que tome cuidado a partir de agora. Esse “anjo” não dorme em serviço. É favorável à pena capital e repudia “os direitos humanos”. Com ele não haverá nada de indulto para presos.
A Secretaria de Educação de Rondônia será comandada pelo professor Pé Rachado. Educador de primeira grandeza, esse mestre lutará pela implantação da educação de tempo mínimo em todas as escolas desse Estado. Seus colaboradores diretos serão escolhidos a dedo. Fala-se que os professores Anjo Mau, Capeta, O Coisa Ruim, Tinhoso, Lúcifer, Príncipe das Trevas e Pai-do-Mal ficarão na SEDUC para ajudar na nova educação daqui. Até a professora Maria Pandilha pode ser aproveitada, quem sabe na CRE, a Coordenadoria Regional de Educação. Ou ela ou a Maria Mulambo, outra notável mestra e entendedora de educação. O Diabo ficará certamente com a chefia da EFMM, já que esta ferrovia é sua há muito tempo. Muito justo, então! O agrônomo Cão Coxo chefiará a Agricultura. Já o Dr. Besta Fera vai comandar a SEIJUS e os presídios.
A pasta do Planejamento, Orçamento e Gestão ficará com o economista Satã dos Infernos. Hábil conhecedor dos números, ele dará certamente um novo rumo a este Estado. O bacharel Chifrudo ficará com as relações institucionais do novo governo. Será a ponte entre a Assembleia Legislativa e o Poder Executivo do Estado.  Nesta árdua missão será auxiliado pelo Dr. Maligno e a sua turma da pesada, já que com o Poder Legislativo, todo cuidado é pouco. E não pensem que o Demônio não terá função no novo governo de Rondônia. Ele será uma espécie de conselheiro de todas as Igrejas sediadas no Estado e cuidará das almas, até das mais nobres. Ele, Belzebu e Profano, seus fiéis colaboradores, também cuidarão da nova “Secretaria das Obras Inacabadas”. A Saúde ficará a cargo do médico O Tentador. Fala-se que é por causa da tentação de se transformar certo “açougue” num hospital de verdade. Pense numa equipe dos infernos!




*É Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Parabéns, cel. Marcos Rocha?


Parabéns, cel. Marcos Rocha?


Professor Nazareno*

            O desconhecido e pouco experiente coronel Marcos Rocha do PSL foi eleito governador de Rondônia para os próximos quatro anos. Sua votação foi superior aos 530 mil votos. Assim que foi eleito, ele saiu de férias e viajou para o Rio de Janeiro, sua terra natal. Faltando poucos dias para iniciar sua administração, o novo mandatário ainda não divulgou nenhum nome de sua equipe. A preocupação é geral. Muitos dizem que “ele está mais perdido do que cego em tiroteio” e que não fará uma boa administração para os rondonienses. Discípulo de primeira linha do “Mito” Jair Bolsonaro, nome a quem praticamente deve sua eleição, o militar tem tudo para ser um dos melhores governadores deste Estado. Superando inclusive o outro coronel, que é o verdadeiro Deus em terras karipunas, o gaúcho Jorge Teixeira. Condições não faltarão.
            Pelo que se vê nos noticiários, Rondônia é um dos poucos Estados da federação cuja economia está saneada, sem maiores problemas futuros. Funcionários públicos pagos em dia, produção em marcha, arrecadação de impostos fluindo normalmente. Porém, se o “sinistro político” quiser alavancar ainda mais sua administração, basta resolver de imediato a situação do “açougue” João Paulo Segundo, uma das vergonhas de Rondônia. A construção de um novo hospital de pronto-socorro para Porto Velho e região certamente colocará qualquer político no rol daqueles que mais se destacarão. E todos nós sabemos que o coronel gostaria de fazer isto. A nova administração de Rondônia certamente não priorizará somente as elites ricas do Estado em detrimento das pessoas mais pobres e necessitadas. Nossa população é minúscula em relação ao Brasil.
            Embora sisudo, o coronel Marcos Rocha deve ser um homem sensato. Por isso, demitirá todos os funcionários comissionados e não contratará mais nenhum deles. Todos os que forem contratados somente será por concurso público como manda a lei. Certamente o militar não fará acordos espúrios com os deputados estaduais e manterá uma “vigilância canina” sobre a Assembleia Legislativa do Estado. O novo governador vai com certeza não só combater a corrupção, como também saberá empregar cada centavo arrecadado em impostos. Nada de construções faraônicas com fins eleitoreiros. Ponte escura, Espaço Alternativo, viadutos íngremes, sede da Assembleia Legislativa, Palácio dos fóruns... Tudo isso deveria ser evitado. O nosso dinheiro será respeitado de agora em diante com os novos governantes. Nada daquela política do “toma lá, dá cá”.
            Na educação, o “bravo coronel” vai implantar em todas as escolas o ensino integral. De início, somente com as primeiras séries do Ensino Fundamental e nos anos seguintes com as outras séries. Assim como na Saúde, a Educação de Rondônia terá todas as verbas possíveis. “Para a Educação e a Saúde, não haverá improvisos, tudo será disponibilizado dentro das possibilidades do orçamento”, será esse o novo pensamento. Porto Velho terá na futura administração uma atenção especial, pois o atual prefeito Hildon Chaves, assim como todos os outros, nada fez até agora pela sofrida capital. Todas as 52 cidades de Rondônia terão atenção especial e tudo será feito para atendê-las. Nada de desmatamentos nem agressões gratuitas ao meio ambiente. Fumaça no verão não haverá a partir de 2019, podem ter certeza. Se o coronel pensar assim, está de parabéns! Caso contrário, Rondônia continuará sendo a “porcaria” que sempre foi.




*É Professor em Porto Velho.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Não venham a Rondônia


Não venham a Rondônia

Professor Nazareno*


Nesta época de final de ano muitos brasileiros se preparam para fazer viagens de férias. Vários aeroportos estão lotados. O frenesi nas rodoviárias e até em portos é uma coisa anormal apesar da crise que nunca tem fim neste país. Cidades espalhadas por todo o Brasil se prepararam para receber turistas. O Nordeste do país tem as cidades mais procuradas por causa de suas belas praias, mas o sul também recebe visitantes devido às decorações de Natal. Curitiba, a organizada, limpa e aconchegante capital do Paraná e Gramado na Serra Gaúcha encantam a todos com suas iluminações que mais se parecem com as cidades da Europa. Já em Porto Velho, como sempre, nada tem de atrativo. Nenhum turista louco tiraria de seus cuidados para visitar “a cidade mais suja, fedorenta, desorganizada e feia do país”. Daqui as pessoas só saem para outros lugares.
Visitar Porto Velho para ver o que? O símbolo da cidade está para cair, já que muitos rondonienses apodreceram sua base com tanta urina. A “Praça da Bosta” logo mais à frente é uma sujeira só. Viajar naquele barquinho é um tédio que não vale a pena. O barranco íngreme, molhado e cheio de lodo está muito escorregadio e pode surpreender qualquer turista desavisado. Centro cultural não existe na cidade, já que cultura também nunca houve. Apenas algumas ruas esburacadas, cheias de lixo, ratos e urubus não podem mesmo servir de atração turística para ninguém. E se o sujeito adoecer, como vai se virar? Levá-lo para o “açougue” João Paulo Segundo seria o fim imediato do infeliz. Se tivesse paciência poderíamos dizer-lhe que só temos um “campo de extermínio de pobres” porque o dinheiro foi empregado para se fazer outras “obras”.
Já que você veio a Rondônia é bom ficar sabendo que as nossas autoridades não gostam muito de nossa cidade, pois nunca fizeram um hospital de pronto-socorro decente, mas gastaram 320 milhões de reais para fazer uma ponte que não tem serventia nenhuma. E mesmo assim a inútil coisa ainda está escura como breu. Gastaram 120 milhões de reais para fazer alguns viadutos íngremes e tão desnecessários quanto a referida ponte. Há também uma geringonça feia e desajeitada lá no Espaço Alternativo, onde gastaram cerca de 20 milhões de reais. Deputados estaduais infelizmente aqui existem também. O Estado gastou 100 milhões de reais para fazer a nova sede da Assembleia Legislativa e, claro, se esqueceu do hospital para receber os pobres. Quase seiscentos milhões de reais gastos à toa e nada para a saúde. Esse lugar é mesmo surreal.
Nosso visitante fictício pode até perguntar pela violenta reação popular. “Ora, se gastaram tanto dinheiro, por que não fizeram nada para atender aqueles mais pobres e necessitados”? A resposta é: “o rondoniense é assim mesmo, mano”. Acomodado e tranquilo. Você sabe quantos milhões de reais vão gastar para fazer a nova sede dos fóruns criminais da cidade? “Esse lugar não precisa mesmo de um hospital de pronto-socorro”, vai pensar o visitante. Ou então todos estão muito satisfeitos com o que têm. “Mano, privatizaram a Ceron e a tarifa de energia elétrica do Estado foi majorada em mais de 25%”. E ninguém reagiu. Só algumas pessoas se manifestaram inutilmente. A nova concessionária, a Energisa, vai encher as burras de ganhar dinheiro dos otários dos rondonienses, que apesar de terem três grandes hidrelétricas, pagam uma das mais caras taxas de energia. Lama, poeira, fumaça, descaso e exploração. Vá embora, meu senhor!




*É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

O João não é de Deus


O João não é de Deus


Professor Nazareno*

            
           O escândalo que sacudiu o Brasil e até outras partes do mundo em 2018 envolvendo o médium João de Deus, da cidade de Abadiânia em Goiás, pode trazer algumas lições para todos nós. Pesa contra o sensitivo a acusação de mais de 340 mulheres de que as mesmas teriam sido abusadas, molestadas sexualmente e bolinadas por ele durante as sessões espíritas de que participaram para curar seus males doenças. De um modo geral as pessoas costumam endeusar outros seres que apresentam algumas características “diferentes”. O senhor João Teixeira de Faria é um médium. Ou seja, uma pessoa que nasceu com alguns dons que a maioria de nós não possui. Dependendo do grau de sensibilidade, essas pessoas conseguem de fato curar algumas doenças. E só. Alguns conseguem também “perceber” o pensamento de outras pessoas mais próximas.
            Se todas essas denúncias forem verdadeiras, estaremos diante de um caso de extrema gravidade, infelizmente. Vidas foram ceifadas psicologicamente, casamentos foram desfeitos, problemas psicológicos insolúveis advieram nas mulheres afetadas, decepções, medo, síndromes inevitáveis. João de Deus já se entregou à polícia e está devidamente preso pelo que dizem que ele fez. Está à disposição da “Justiça dos homens” como disse. No entanto, precisamos compreender o porquê de tudo isto ter acontecido. Nós brasileiros, precisamos urgentemente parar de dar essa aura divina a indivíduos que são tão humanos quanto qualquer um de nós. Fazemos isso todos os dias na política, por exemplo. Desde o ditador Getúlio Vargas que damos uma total divindade a essas autoridades e não percebemos que são apenas pessoas de carne e osso.
            Enaltecemos seres humanos e talvez por absoluta falta de leitura de mundo e de conhecimentos mais apurados damos a eles essa aparência meio que divina. Getúlio Vargas, para que se tenha uma ideia, foi o “pai dos pobres”, mas a mãe dos ricos. Depois admiramos o JK, os militares golpistas, o Tancredo Neves, o Collor de Melo, o FHC e até o Lula. Lembro-me do povo chorando quando via o “sapo barbudo” discursando na televisão. Ainda hoje o miserável, mesmo em cana, é amado e adorado por vários de seus seguidores. Collor foi expulso do poder por um impeachment e Lula está preso em Curitiba acusado de corrupção e desvios de dinheiro público. Mas outros “deuses” enfeitiçaram os otários dos brasileiros: o ministro do STF Joaquim Barbosa, o juiz Sérgio Moro e mais recentemente temos o Jair Bolsonaro que é chamado de “Mito”.
            Hipnotizados e sem conhecimentos, muitos brasileiros não percebem o óbvio: todos os “seus deuses” são seres humanos de carne e osso. Bolsonaro é um político que há quase 30 anos foi um deputado que neste período nada fez de bom para o Brasil nem para os brasileiros. Mas é considerado um “Mito”, alguém fora de série, uma espécie de “Deus” na terra. Ninguém percebeu que seus filhos são tão iguais aos filhos do Lula. E que ele, apesar de defender a família, já está no seu terceiro casamento. Diz combater a corrupção, mas um de seus filhos está enrolado com o Coaf e com outras maracutaias. O povo enaltece muito os seus ídolos, e quando se depara com a verdade, se decepciona, se frustra, fica amargurado. Nem o João é de Deus, nem o Bolsonaro é um “Messias” muito menos um “Mito”, nem o Lula era líder de coisa nenhuma. O povão é que é burro, desinformado e que usa o seu fanatismo para ver no outro aquilo que não existe.




*É Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Os inimigos de Rondônia


Os inimigos de Rondônia


Professor Nazareno*

            Durante muito tempo eu, o Professor Nazareno, fui injustamente chamado de inimigo de Rondônia e de sua gente. Não nasci aqui nem sou “rondoniense de coração” e também nunca quis e nem quero ser. O fato de eu propagar aos quatro cantos do mundo os defeitos, as péssimas administrações, as falhas e as deficiências deste lugar me fizeram o inimigo público numero um. Porém, aos poucos está se percebendo quem de fato são os verdadeiros inimigos e vilões de Rondônia. E eles não estão ocultos, nunca estiveram. Com o “assalto” nas contas de energia sobre o humilde povo começa-se a perceber a verdadeira índole malévola de quem realmente nunca gostou deste infeliz lugar. A Aneel, Agência Nacional de Energia Elétrica e todo o desgoverno da Dilma Rousseff e do Michel Temer também concorrem para serem inimigos daqui.
            Inimigos de Rondônia são muitos dos políticos locais. Quase todos eles, que recebem “de mão beijada” o voto dos otários eleitores e nada fazem pelos mais humildes e necessitados. A Energisa “vai encher o rabo” de ganhar dinheiro dos “índios” com este aumento imoral e indecente, mas ganhou em leilão a empresa de energia elétrica com a conivência da classe política. Os deputados estaduais, desta e de outras legislaturas, são inimigos de Rondônia, pois nada fizeram para impedir a hecatombe que se aproxima. Além do mais, os deputados estaduais sempre mancharam a imagem e o nome de Rondônia em nível de Brasil. Inimigos de Rondônia são os três senadores do Estado. Um está preso, outro está condenado cumprido pena e o terceiro pode se “ferrar” a qualquer momento, já que está mais sujo do que “pau de galinheiro”.
            Inimigos de fato de Rondônia são todos os ex-governadores que permitiram e ainda permitem a existência de um “açougue” como o João Paulo Segundo de Porto Velho. Inimigos deste Estado e também de sua imunda e suja capital são todos os prefeitos, do primeiro ao último, que nunca administraram bem a cidade pensando no povo. Porto Velho é um lixo, uma podridão, uma currutela fedida que nunca se pareceu com uma capital de verdade. Muitos dos vereadores de Porto Velho são coniventes com as péssimas administrações que sempre destruíram a já maltratada cidade. Inimigo de Rondônia será o futuro presidente Jair Bolsonaro se insistir em doar o patrimônio deste Estado para a iniciativa privada. Assim como também será nosso inimigo o futuro governador Coronel Marcos Rocha se nada fizer por Rondônia na sua administração.
            Inimigas de Rondônia são as hidrelétricas do rio Madeira, que além de serem suspeitas pela enchente histórica de 2014, nada fazem em prol do progresso regional e, além disso, estupraram o nosso meio ambiente para mandar energia boa e barata para o resto do país. A TV Rondônia, afiliada de Rede Globo de Televisão, enquanto transmitir programas com atraso durante o horário de verão também não será considerada amiga deste Estado. O PT é outro dos inimigos de Rondônia, pois foi o maior responsável pelos famigerados viadutos da cidade. Inimigo daqui é quem fez a ponte escura do rio Madeira e nunca se preocupou com o saneamento básico e a água tratada da pior capital do país em IDH. Enfim, devia ser declarado inimigo de Rondônia quem não participar domingo do repúdio contra o “assalto” da Aneel e da Energisa contra os rondonienses. Inimigo é quem fez o Espaço Alternativo. Tirem a máscara, pois eu não fiz nada disso!




*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Energia: bem feito os 25,34%


Energia: bem feito os 25,34%


Professor Nazareno*


       Porto Velho, a suja, imunda, esburacada, longe, quente, esquecida, mal administrada e mal iluminada capital de Roraima, tem energia elétrica, por incrível que pareça. Tem também três grandes hidrelétricas que foram construídas em detrimento do sofrido meio ambiente local. Jirau, Santo Antônio e Samuel produzem energia boa e barata para praticamente mandar só para fora do Estado. Só que a energia que se consome aqui é de péssima qualidade. Os apagões ainda são uma constante. Para se ter uma ideia, a ponte e os viadutos ainda estão escuros. A antiga Ceron, Centrais Elétricas de Rondônia ou Eletrobras Distribuição Rondônia mal foi privatizada e já deu o ar da graça para os trouxas dos rondonienses. Um aumento acima de 25 por cento foi o presente de Natal que a nova empresa, de nome Energisa, deu para seus consumidores.
Nada neste país teve um aumento tão absurdo quanto este. Para uma inflação anual que está beirando os seis por cento, este percentual é uma piada de muito mau gosto. “E ainda foi pouco”, é o que se comenta na empresa. A Energisa afirma de mãos postas que ficará com menos de um por cento deste total. Por isso, outros aumentos virão, com certeza. Isto é apenas o começo. Fala-se em nova majoração de preços já para julho próximo. Talvez o mesmo percentual ou até mais. O que os rondonienses fizeram de tão ruim para serem castigados desta forma? A construção das hidrelétricas no rio Madeira nada trouxe de benefícios para nós. O processo de privatização dos bens públicos encampado pelos partidos PSDB e PSL do presidente Bolsonaro entregará à iniciativa privada todos os bens públicos. Os políticos sabem: nada vão fazer por nós.
Tudo será privatizado, infelizmente. Eles pregam o Estado mínimo e para isso não estão preocupados com demissões em massa nessas empresas e muito menos com os pobres. “Não podem pagar pela energia que consomem, que comprem lamparinas e porongas”, deve ser o pensamento dessa gente. Porém, muitos rondonienses merecem mais esta desgraça. Muitos tripudiavam dos coitados dos funcionários da Ceron quando estes denunciavam em greves o que estaria por vir depois da privatização. Ninguém moveu “uma única palha” para evitar o desastre certo. A classe política também se fez de cega e surda diante da catástrofe que se anunciava. Mas acredito que o grupo Energisa ama Rondônia e sua gente. Desconfio até que os donos desta empresa mineira são “rondonienses de coração” e por isso vão manter todas as compensações sociais.
A grande ironia de tudo isso é que Rondônia hoje produz grande parte da energia para abastecer o resto do país enquanto por aqui vamos pagar uma das mais altas taxas pelo produto. Qual foi o governo que deu este presente de Natal para a Energisa? Foi o Michel Temer? Já ouvi muitos dizerem que foi a Dilma Rousseff e o PT os maiores responsáveis por este verdadeiro assalto, quase três anos depois, aos 641 mil consumidores rondonienses. De um modo geral, o povo daqui tem culpa, pois sempre trabalhou para entregar tudo a quem é de fora. “Tem que privatizar esta empresa”, bradava-se de forma arrogante. E o resultado está aí para todos verem e pagarem. E outras privatizações acontecerão. Bolsonaro recebeu um “cheque em branco” dos otários dos brasileiros para continuar com a sua saga privacionista.  Mas o presidente da Energisa disse que vai tornar a empresa rentável, saudável e equilibrada. A nossa custa.




*É Professor em Porto Velho.