quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Jair Bolsonaro, o embuste


Jair Bolsonaro, o embuste


Professor Nazareno*


O deputado federal Jair Messias Bolsonaro provável candidato da extrema direita à presidência da República em 2018 é uma farsa das mais bem orquestradas na política deste país desde a ascensão de Getúlio Vargas ao poder na década de 30 do século passado. O militar aparece nas pesquisas de opinião com números robustos e se tudo se confirmar, deverá estar no segundo turno das próximas eleições com Lula ou outro candidato qualquer. Porém, representa tudo do mesmo: a mentira, a desfaçatez, o discurso de cachorro louco, a rompança desmedida e principalmente a esperança de dias melhores. Tudo isto já foi visto e vivido na política brasileira e não levou a nada.  Collor é um dos maiores exemplos desta pantomina desnecessária e tresloucada. Se eleito, Bolsonaro não poderá emplacar nem dez por cento das maluquices que alardeia fazer.
O que os conservadores e reacionários eleitores do Bolsonaro não querem entender é que se tiver a infelicidade de ganhar o pleito, o seu candidato não pode fazer absolutamente nada do que promete nos palanques e nas redes sociais. Seu discurso radical só serve para angariar votos. Ele será candidato a um cargo no Poder Executivo, que não governa sozinho um país. Existe o Congresso Nacional, o Poder Judiciário, o Ministério Público e também a opinião pública e a oposição. Isso sem falar na conjuntura política internacional que de certa forma exerce influência nas decisões governamentais tomadas pelos dirigentes de alguns países. O Brasil pertence à OEA, Organização dos Estados Americanos, à ONU e a várias outras organizações como o MERCOSUL, BRICS, G-20 e é signatário de vários acordos, convenções e tratados.
O mundo mudou, e muito, depois da aventura militar de 1964 no Brasil. E Bolsonaro sabe disto. Ele mesmo não tem quase nenhuma aceitação nos quartéis. Torturas, perseguições políticas, maus tratos a oposicionistas, conchavos espúrios, golpes, decisões antidemocráticas, desrespeitos aos direitos humanos, imposição de ideologias fracassadas não são mais aceitos como meios de se governar uma nação moderna. Ele é o primeiro a não acreditar nas tolices que tanto prega. Usa a mídia e o seu discurso ultrapassado e recheado de ódio apenas para cooptar votos dos eleitores mais estúpidos. Ninguém governa sozinho um país complexo como o Brasil nas atuais circunstâncias. Por isso, o capitão é uma farsa naquilo que prega. É um engodo que só tem aceitação na cabeça dos cidadãos menos escolarizados e vingativos na política.
Quem vota em Jair Bolsonaro e o admira pelo que ele defende ou é uma pessoa de má índole, cheia de péssimas intenções ou simplesmente não entende nada de política e civilidade. Geralmente são jovens que não viveram as agruras do regime militar ou as “viúvas saudosistas” da ditadura cruel e desumana que vivemos entre os anos de 1964 e 1985 do século passado. Como pode um indivíduo ser considerado um mito se demonstra ser racista, xenofóbico, homofóbico, ditador, defensor da tortura, dos maus tratos, dissimulado, instigador do ódio, machista, misógino dentre tantas outras “qualidades e atributos” tão questionáveis? Há sete legislaturas, ou seja, há quase 30 anos consecutivos, ele é deputado federal e neste tempo que projetos de leis de sua autoria foram aprovados? O que fez de bom para o país e o povo a ponto de ser quase canonizado pelos seus fiéis defensores? Não está na hora de quebrar o ovo da serpente?





*É Professor em Porto Velho.

sábado, 23 de dezembro de 2017

Infeliz Natal e Ano Novo pior


Infeliz Natal e Ano Novo pior


Professor Nazareno*

            
         A surrada e mentirosa frase “Feliz Natal e Próspero Ano Novo” dita de forma tão natural nos finais de ano apenas mostra a hipocrisia secular em que nós brasileiros vivemos. Não precisa fazer análises profundas dentro da nossa sociedade para observar o quão absurda é essa felicitação. Em quase todos os aspectos da vida nacional o que se vê é um pessimismo sem tamanho. Na política, por exemplo, o festival de roubalheira e corrupção quase não tem fim. Dos quase 600 congressistas que temos, um terço deles está respondendo a processos e também enrolados com a Justiça. Não há um único Estado que não tenha “representantes do povo” sendo investigados. O presidente do Brasil, o golpista Michel Temer, chegou a ser o mais impopular presidente de país no mundo com pífios 3% de aprovação. Perdia até para a margem de erro das pesquisas.
            O ano que ora se encerra foi uma verdadeira calamidade para quase todos os brasileiros. O preço do gás de cozinha bateu recorde por cima de recorde. A gasolina subiu de preço toda semana. A inflação disparou, mas a mídia insistia em dizer que estava diminuindo. O desemprego aumentou, os funcionários públicos foram e ainda estão sendo perseguidos sem tréguas. O trabalho escravo deu as caras. A roubalheira dos políticos continuou dilapidando o Erário. Vários Estados não pagaram o salário aos funcionários. Temer foi liberado duas vezes pela Câmara dos Deputados. Nem Aécio Neves nem Lula foram presos. Gilmar Mendes do STF soltou quase todos os presos sob sua jurisdição. A impunidade aos mais ricos correu solta. O futebol brasileiro praticamente perdeu todas as competições de que participou, exceto a Libertadores.
            Acomodados e acovardados atrás das redes sociais, a maioria dos brasileiros não bateu mais em panelas diante dos escândalos quase diários que apareciam na mídia. Várias lideranças populares foram mortas. A TV Rondônia sempre transmitia o Jornal Nacional com mais de uma hora de atraso.  O porto do Cai N’Água não foi consertado. A extrema direita invadiu as escolas e proibiu uma série de avanços antes conquistados a duras penas. O movimento escola sem partido passou a dar as cartas em vários estabelecimentos de ensino pelo país afora. A ideologia de gênero foi proibida e até livros didáticos foram censurados. Em Rondônia, na maior cara de pau, a direita ameaçou militarizar quase todas as escolas estaduais. E Porto Velho continuou sendo uma das piores cidades do Brasil em IDH, apesar das promessas do novo prefeito.
            Tendo que olhar para cima para ver o fundo do poço, o brasileiro não pode ouvir cinicamente que terá um Ano Novo repleto de coisas boas. Muito menos um feliz Natal. Em 2016 disseram essas mesmas lorotas e 2017 foi esta maldição toda. As perspectivas para o próximo ano, no entanto, não são nada animadoras. Será provavelmente aprovada a draconiana reforma da previdência e quase todos os deputados estaduais, deputados federais, senadores e governadores serão reeleitos. Uma multidão de políticos da pior espécie rumará para Brasília a partir de 2018 para acabar de dilapidar o país. Por mais quatro anos, o Brasil continuará na merda de sempre. As angústias deste ano parecem fichinha diante do que está por vir. A única alegria será ver o Brasil perder de novo a Copa do Mundo. Esperar que Lula, Jair Bolsonaro, Marina Silva, Geraldo Alckmin ou outra desgraça que seja eleita faça algo pela nação é pura ilusão. Há infelicidade pior?




*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Diáspora porto-velhense


Diáspora porto-velhense


Professor Nazareno*

                Outro dia um ex-aluno meu pediu para que eu fizesse uma retrospectiva do ano de 2017 abordando os fatos mais marcantes que aconteceram em Porto Velho e em Rondônia. Disse-lhe que não precisava: bastava ele ver as retrospectivas de anos anteriores para perceber o óbvio e o ululante, pois a história se repete há décadas sem nenhuma novidade. É como se estivéssemos parados dentro de uma cápsula do tempo. Neste ano infelizmente nada aconteceu de novo que merecesse qualquer tipo de registro. “Os políticos de Rondônia roubaram menos e quase não apareceu escândalo na mídia”, disse ele. É verdade, mas a maneira de se fazer política por estas bandas continua como nas décadas de vinte ou trinta do século passado. Nada evoluiu. Meia dúzia de políticos iludindo, mentindo e tapeando a maioria dos tolos eleitores. E sendo reeleitos todo ano.
            A capital de Rondônia, claro que continua suja, imunda, podre, fedorenta, cheia de lixo, sem praças, sem recantos de lazer, sem arborização, quente, com muita lama e alagações durante o inverno e com poeira e fumaça nos meses de verão. O mau cheiro característico de uma cidade inóspita, inabitável e sem rede de esgotos é o nosso maior cartão postal. Bichos mortos no meio das ruas e muito mato é uma cena comum por aqui desde o século passado. Os poucos lugares que se dizem turísticos são obras eleitoreiras e escuras como a “ponte da morte” no rio Madeira e os viadutos tortos e íngremes. Aqui não pode haver retrospectiva por que a cidade não melhorou. Continua uma currutela fedida e amaldiçoada de onde muitos de seus moradores nativos assim como “os rondonienses de coração” fogem durante as festas de Natal e Ano Novo.
            Nestes últimos dias de 2017, como em outros anos, a cidade se esvazia. Quem pode “pica a mula” em busca de lugares mais limpos e organizados. Apenas os menos endinheirados são obrigados ao sofrimento. Será que o atual prefeito também “montará no porco” e cairá fora?  Os loucos, e lisos como eu, é que temos coragem de encarar um Natal e um Réveillon no meio da carniça, dos ratos, dos carapanãs e dos urubus. Aliás, dizem as más línguas que Hildon Chaves abandonará Porto Velho para se candidatar ao governo do Estado em 2018. O “prefeito viajante”, se eleito de novo, implantará em Rondônia jornada de trabalho de seis meses anuais. Só neste ano ele já visitou a Disney, Paris, Dubai, China, Macau... Interessante seria que ele e outras autoridades passassem as festas natalinas nesta “podre pocilga infecta”. Sem estresse: o “BOI” nos administra.
            Sei que é muito triste perder as iluminadas festas de Gramado e Canela na Serra Gaúcha. Curitiba, a limpa e civilizada capital do Paraná, está um deslumbre. As quentes e paradisíacas praias do Nordeste estão esperando os rondonienses como fazem todos os anos. Ficar aqui para quê? Não há como se divertir em uma cidade imunda onde bosta, ratos, lama e tapurus abundam para todos. Ver aquela ridícula e feia árvore de Natal de pano na EFMM é uma desgraça que eu não indico para ninguém. Perambular no meio de gente mal educada fedendo a cachaça barata não se deseja nem aos piores inimigos. Esperar o Interbairros depois da meia noite é pedir para ser assaltado. Até o escroto do Papai Noel se entrar num destes ônibus fedorentos será estuprado na hora. Mas Porto Velho merece isto, pois só elege administradores sem identidade com a cidade. Depois todo mundo volta para ganhar dinheiro e gastar no final do ano, mas bem longe daqui.




*É Professor em Porto Velho.

sábado, 16 de dezembro de 2017

Grêmio, a vergonha do Brasil


Grêmio, a vergonha do Brasil


Professor Nazareno*

            
             Não se sabe ainda o porquê, mas o Grêmio de Porto Alegre decidiu o Mundial de Clubes/2017 com o Real Madrid. Time inexpressivo, fraquíssimo e sem jogar nada de futebol a equipe tricolor do Rio Grande do Sul protagonizou mais uma vergonha para o decadente futebol nacional. Beneficiado injustamente num esquisito campeonato onde já entra nas semifinais sem disputar uma única partida, o time brasileiro derrotou “a duras penas” pelo escore mínimo um tal de Pachuca do México e com isso sonhou que poderia ganhar um campeonato mundial jogando contra o poderoso Real Madrid. Mas o que se viu em campo foi um jogo de apenas um time: o Real. Com quase 70 por cento de posse de bola os espanhóis deram uma lição aos gaúchos e aos outros brasileiros de como se joga o bom futebol. Perder por apenas um gol foi uma vitória para o Grêmio.
            A equipe de Madri é muito melhor do que qualquer seleção nacional de futebol que se monte. É na atualidade um dos melhores times de futebol do mundo ao lado de outras grandes esquipes da Europa como o Barcelona, o PSG, Manchester City, Inter de Milão, Bayern de Munique, etc. etc. Do goleiro, o costa-riquenho Navas até os jogadores reservas, todos pertencem a suas seleções nacionais e se esmeram em campo. Já o Grêmio não tem um só atleta defendendo uma seleção nacional. Não se entende como um time dessa estatura ainda tenha torcedores. Torcer pelo Grêmio é uma desgraça. Assistir ao jogo foi algo muito enfadonho e monótono, pois os gaúchos covardemente se defendiam e apenas olhavam os excelentes atletas merengues jogar. Basta ver as estatísticas de chutes a gol durante a partida. Um massacre apesar do 1 X 0.
            Eu certamente jamais torceria pelo time de Porto Alegre. E muito menos vou estar “com o Grêmio onde o Grêmio estiver”, como diz o seu hino. Time que tem um passado racista nem deveria existir: até o ano de 1952, por exemplo, 64 anos após a abolição dos escravos, o Grêmio não permitia atletas de cor em seu elenco. Talvez só os brancos da raça ariana pudessem jogar naquele clube mais do que elitizado da capital gaúcha. Se no passado recente os gremistas foram a vergonha do Brasil, hoje as coisas não mudaram muito. Pelo menos no futebol que apresentaram. Terminada a partida vários jogadores gremistas foram pedir autógrafos aos adversários e era visível o espanto no rosto dos brasileiros ao verem Cristiano Ronaldo, Benzema, Kroos e mesmo Bale ou Sérgio Ramos. Os brasileiros deveriam ter se ajoelhado diante de seus ídolos.
            O futebol do Brasil caminha para o precipício já faz certo tempo. Esta semana, o presidente da CBF foi afastado pela FIFA por 90 dias. Marco Polo Del Nero foi banido do futebol pelo Comitê de Ética da entidade maior deste esporte após escândalo de corrupção. Se deixar o Brasil será preso e extraditado para os Estados Unidos onde a Justiça daquele país certamente lhe dará uma punição adequada. Muito antes dos 7 X 1, o nosso maior esporte já declinava sem perspectivas de melhoras. Os torcedores do Flamengo do Rio de Janeiro protagonizaram um vexame perante o mundo ao promover recentemente cenas de barbárie e selvageria durante a decisão da Copa Sul-Americana. Deveria ser punido de forma exemplar pela Conmebol. Torcedores da Ponte Preta de Campinas invadiram o campo de jogo quando seu time foi rebaixado para a série B do campeonato brasileiro. Não vejo a hora de ver o vexame do Brasil na Copa da Rússia.




*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

O Flamengo é o Brasil


O Flamengo é o Brasil


Professor Nazareno*

            
        Não gosto de futebol. Porém uma vez ou outra admito que perco meu precioso tempo para ver alguns jogos na televisão. Praticamente de férias, tive tempo de observar a sensacional perda do título do Flamengo para o Independiente da Argentina pela Copa Sul-Americana. O empate em um gol em pleno Maracanã me fez vibrar muito com a desilusão e o choro dos arrogantes e tolos flamenguistas. Não me levem a mal nem acreditem que sou masoquista: é que não tenho um time de coração e sempre torço pelo bom futebol. E como os brasileiros há muito tempo não têm mostrado um futebol de primeira, torço sempre pela melhor equipe. O Flamengo é um time insosso, fraco, sem futebol empolgante e sem nenhum prestígio internacional. Representa hoje o decadente futebol do Brasil, que levou de 7 X 1 da Alemanha na última Copa do Mundo.
            Torcer pelo Flamengo ou por qualquer outro time do Brasil na atualidade é torcer pelo péssimo futebol. E isso não é justo. Principalmente para com um time como o Independiente. A equipe do Rio de Janeiro foi um fracasso do começo ao fim dessa Copa Sul-Americana. Sempre jogou mal e geralmente só ganhava quando era vergonhosamente ajudado pela arbitragem. Pior: os seus torcedores fizeram um absurdo, mas que já se podia esperar dos brasileiros neste último jogo: vandalizaram os atletas e a delegação dos argentinos em pleno hotel. Pela covardia, o Flamengo merecia perder. Só empatou. Mas perdeu mesmo assim por causa do péssimo futebol apresentado nas duas partidas. Time covarde, medroso e sem iniciativa, foi dominado pelos argentinos e só não foi goleado dentro de sua própria casa por que os “hermanos” tiveram pena.
Além disso, algumas poucas vitórias do Flamengo este ano no campeonato brasileiro e também no carioca podem ter sido turbinadas pelas atuações do seu centroavante, o peruano Paolo Guerrero, suspenso por um ano pela FIFA depois de ser flagrado recentemente em exame antidoping. Guerrero seria usuário de cocaína. Não entendo como um time que causa tanta decepção tem um número tão grande de torcedores. Do seu ex-goleiro Muralha o chamado “mão de alface” até os reservas não há, por exemplo, um único jogador no elenco rubro-negro digno de participar de uma Copa do Mundo. A perda do título da Copa Sul-Americana pelo Flamengo pode ser um prenúncio do que poderá acontecer com o nosso decadente futebol: o Grêmio pode ser surrado pelo Real Madrid e o Brasil pode sofrer outro vexame na próxima Copa.
O atual futebol no Brasil perdeu o prestígio que antes tinha. O glamour dentro das quatro linhas hoje está na Europa e nos seus grandes times e ricos campeonatos. Não há como comparar equipes de ponta como Real Madrid, Barcelona, Bayern de Munique, Manchester City, Inter de Milão, Paris Saint-Germain com estas porcarias que jogam no Brasil. Perder títulos e ser goleado por outras seleções é só a terrível consequência da falta de organização e da roubalheira que tomou conta do “esporte das multidões” em nosso país. A alegria de ver o Flamengo perder um título dentro de casa só não é maior do que assistir no próximo ano à derrocada da seleção canarinho na Copa da Rússia. Em tudo o Brasil é decepção. A nossa política é um escândalo. O nosso governo, um caos. O Brasil é Flamengo não por que os brasileiros estavam torcendo por ele, mas por que o mesmo representa também o fracasso do país. Em todos os aspectos.





*É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Papai Noel é rondoniense


Papai Noel é rondoniense


Professor Nazareno*


Sempre achei que o bom velhinho fosse um santo. Agora tive a certeza: ele não só é um santo como pode ser também um dos filhos de Deus. Pensava que ele era da Finlândia ou da Lapônia, mas me enganei: ele é de Rondônia mesmo. No mundo capitalista ocidental, o “Santa Claus” é mais conhecido do que o próprio Jesus Cristo. Impecável no seu longo traje vermelho e com sua barba branca, está presente em vários recantos e é amado por todos que o veem. Traz alegria, felicidade e bonança para os que nele acreditam. Em Porto Velho ele esbanja empatia e muito entusiasmo, apesar da lama, da catinga e da podridão da cidade. As criancinhas o amam sem limites. Da zona leste à zona sul desta capital aquela criatura divina é aplaudida e venerada por todos. Até os “rondonienses de coração” não seguram as lágrimas quando estão diante dele.
O Natal geralmente celebra o nascimento de Cristo, mas todos querem mesmo é ter contato com o velhinho sorridente de barbas brancas. Deve ser por que Jesus Cristo, que raramente ri e tem a barba preta, não dá presentes para ninguém. Mas como um bom rondoniense, Noel presenteia os desconhecidos com tudo o que pode. Deu ao povo de Porto Velho, por exemplo, um lindo Espaço Alternativo para todos fazerem alegremente suas caminhadas. Deu também vários viadutos, só que todos íngremes e escuros feito breu apesar de esta localidade ser a “cidade das hidrelétricas”. Parece que economizaram nas lâmpadas para iluminar melhor o resto da cidade, que é muito escura também. O Pai Natal não tem filhos. Dizem que é por que o saco dele é de brinquedo. Deve ser por isso que ela adora divertir os filhos dos outros. Noel “ama” as crianças!
Quando o Papai Noel adoece, se trata no Hospital João Paulo Segundo mesmo. O maior “campo de extermínio de pobres” da região Norte é a cara do velhinho do saco grande. E suas patologias não vão muito além de virose, diarreia ou curuba, doenças típicas dos rondonienses mais pobres. Econômico, o bom velhinho anda sempre de busão e até juram que outro dia ele foi assaltado dentro de um dos sujos e imundos ônibus que fazem a linha para o campus. Aliás, fala-se que seu maior sonho é cursar Medicina numa universidade que nem hospital universitário tenha. Porém o Noel está ultimamente meio chateado: alguns políticos de Rondônia andam lhe fazendo muita concorrência. De fato, como presentear o povo se vereadores e deputados já o fazem? Se o velhinho fosse candidato aqui se elegeria para qualquer cargo a que concorresse.
 O nosso Papai Noel é realmente um amor de pessoa. Como um porco imundo, sempre viveu, mora e chafurda na lama e de nada reclama. Ama de coração sua feia e suja cidade. Nunca falou mal da poeira, da fumaça sufocante ou das alagações. É roubado e enganado sempre pelos políticos e nunca blasfemou contra seus algozes. Se tivesse filhos colocaria todos para estudar em escola pública, claro. Ele já pensou inclusive em consertar o porto do Cai n’Água e até em duplicar a BR 364, mas desistiu. Fala que vai construir uma nova rodoviária em Porto Velho e finalmente vai internacionalizar o aeroporto da cidade. Dizem que Noel dará de presente aos porto-velhenses uma rede completa de esgotos e de água tratada, raridades por aqui. Mas o melhor presente mesmo será para os funcionários públicos: a partir de agora, basta trabalhar seis meses que terão direito às férias e até viajar para o exterior. Viva o Noel!





*É professor em Porto Velho.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Hitler para presidente!


Hitler para presidente!


Professor Nazareno*

            
         O sucesso do Nazismo e de Adolf Hitler na Alemanha se deu por conta do desespero do povo alemão, insatisfeito com os termos do Tratado de Versalhes, logo após a Primeira Guerra Mundial. Menos de uma década depois do triste armistício a Alemanha, a outrora potência econômica da Europa e do mundo, era humilhada pelos países vencedores daquele conflito e o seu povo explorado ao extremo. Sem nenhuma perspectiva de futuro, os germânicos só pensavam em vingança e para isso, chega ao poder máximo do país um sujeito que nem alemão era: diante do perigosíssimo vácuo na política, o austríaco Adolf Hitler convence os germânicos de sua “superioridade” sobre os demais povos da terra e assim abre caminho para os arianos se vingarem da “maior injustiça já traçada contra seu povo”. Outra guerra agora é só questão de tempo.
                Guardadas as devidas proporções, o Brasil vive hoje na política um drama muito parecido com o da Alemanha das décadas de 20 e 30 do século passado. A política e os políticos há tempos perderam o seu valor entre nós. A roubalheira, a corrupção, os desmandos, a impunidade e a desfaçatez de nossos mandatários liquidaram a pouca credibilidade que ainda se tinha. O atual presidente do país, o golpista Michel Temer tem menos de 5% de apoio popular. Vários de seus ministros estão presos e muitos deles estão sendo investigados por falcatruas. Na maioria dos Estados e nos municípios o drama é o mesmo. Há muitos políticos respondendo processos e as operações da Polícia Federal não param. O que se ouve frequentemente é que boa parte do eleitorado vai anular o voto nas próximas eleições ou simplesmente se abster de votar em 2018.
            O Brasil vive hoje um perigoso vazio de poder onde a maioria da população não tem a menor confiança nos seus governantes. “Todos os políticos são ladrões”, é a cantilena nacional. Neste ambiente, aduba-se o terreno e cria-se o clima favorável para o aparecimento de um salvador da pátria. E muitos já estão com o “pé na estrada” para “salvar o país” dos aproveitadores. Basta verificar o que dizem as pesquisas eleitorais faltando pouco menos de um ano até as próximas eleições presidenciais. Levando-se em conta o perfil cultural do eleitorado brasileiro, podem-se esperar mudanças desastrosas no cenário político. A antológica estupidez do brasileiro e a sua falta de conhecimento na política associadas a pouca ou nenhuma escolaridade do cidadão comum podem nos levar a um desastre pior do que o vivido na Alemanha entre as duas guerras mundiais.
            A burrice dos brasileiros é tão grande que se Adolf Hitler fosse candidato a presidente do país, correria o risco de ser eleito com ampla margem de votos. Hitler, Idi Amin de Uganda, Pol Pot do Camboja, Jean Bokassa da República Centro-Africana, Stalin ou qualquer outro sanguinário e genocida ditador levaria a maioria dos votos dos brasileiros, muitos deles incultos e despolitizados. Óbvio que nenhuma destas figuras se levantaria do túmulo para incomodar nossos cidadãos, porém muitos dos seus seguidores e admiradores já estão em campanha aberta e pior: correndo sério risco de nos governar pelos próximos anos. Há políticos honestos, sim. Há muitos brasileiros que podiam governar o país de maneira séria, mas nenhum quer se associar a esta bandalheira que aí está. Se as coisas não mudarem, corre-se o risco de estarmos chocando o ovo da serpente. “Esse Hitler é paulista, mineiro, do PT, PP ou do PMDB”?




*É Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Porto Velho de novo sem Natal


Porto Velho de novo sem Natal


Professor Nazareno*


Porto Velho é mesmo uma cidade amaldiçoada cujo protetor maior é o Satanás. Mais outro ano vamos ficar sem decoração natalina. Pelo menos é o que diz o atual prefeito Dr. Hildon Chaves. O mesmo que fez (falsas) juras de amor quando queria se eleger em 2016. “Porto Velho, eu vou cuidar de você. Curar tuas feridas, adornar teus canteiros, perfumar teus ares”. Os filhos da velha e abandonada rapariga caíram direitinho nas lorotas e enganações do candidato que dizia nem ser político. A desculpa dessa vez foi a eterna falta de recursos. Raríssimas vezes na história, essa currutela fedida teve iluminação e decoração natalinas que combinassem de fato com uma cidade que se orgulha de ser uma capital de Estado. Ji-Paraná, Cacoal, Vilhena e muitas outras cidades bem menores e mais pobres no Estado já mostram suas iluminadas avenidas.
Lâmpadas coloridas, renas, Papai Noel e enfeites de um modo geral não enchem a barriga de ninguém nem trazem dinheiro ou riqueza para os munícipes, mas tudo isso melhora a autoestima dos moradores de qualquer cidade. Paris, para onde nosso prefeito foi depois de trabalhar apenas seis meses, está um deslumbre. A Avenida Champs Élysées encanta o mundo. A noite na “Cidade Luz” vira dia nesta época. Gramado e Canela na Serra Gaúcha atraem milhares de turistas todos os anos para ver a iluminação e a beleza de suas iluminadas praças, avenidas e ruas. Curitiba, a bela e limpa capital do Paraná, está um deslumbre nestas festas de final de ano. Palmas no Tocantins dá gosto de se ver. E Porto Velho? O que tem para mostrar neste Natal e em tantos outros por que já passamos em meio ao lixo, à escuridão, à sujeira, à fedentina e à podridão?
Grande parte da população desta capital, e dos eleitores de Hildon Chaves, é composta de pessoas simplórias, sem leitura de mundo, sem informações e que por falta de dinheiro não viaja para nenhum outro lugar do mundo. Todos nós somos obrigados pelas circunstâncias a ter que ficar aqui e apreciar o “nada” que a cidade e seus administradores nos oferecem. Chuva torrencial, lama, carapanã, lixo boiando, violência, merda, escuridão é o que vemos todos os anos durante o Natal e o Réveillon de Porto Velho. Pior: a prefeitura ainda tenta cinicamente iludir a população dizendo que priorizou a iluminação pública em vez da natalina, que é passageira e provisória. Mentira deslavada, pois mesmo no centro há ainda muitas ruas escuras feito breu. Talvez seja para combinar com a ponte do rio Madeira. Não merecíamos coisa melhor?
O prefeito, neste aspecto, está muito pior do que Roberto Sobrinho do PT. Perde até para o “lento” Mauro Nazif. Quem não se lembra dos enfeites perto da rodoviária na Avenida Jorge Teixeira todos os anos? E apesar do horroroso “Natal dos pneus” de 2014, Nazif caprichou no ano seguinte com uma das melhores iluminações de Natal de toda a região Norte. Várias ruas e avenidas foram preparadas em grande estilo naquele ano. “Dr. Hildon, o povo daqui gosta de ver sua cidade bem iluminada e toda decorada nas festas de fim de ano! Por que o senhor e sua equipe não se prepararam para isso? Ou o senhor ainda está esperando pela chuva de bosta para começar a embelezar de fato a cidade que prometeu limpar, adornar e amar? Não é assim que se curam feridas. Melhore a nossa autoestima”. Como não viajarei, vou encher o rabo de cachaça ruim no Natal. E tomara que na noite de 24/12 chova muito, falte energia e não tenhamos festas.




*É Professor em Porto Velho.

sábado, 25 de novembro de 2017

Um povo sem História



Um povo sem História


Professor Nazareno*

            
          Desde a Idade da Pedra que os povos espalhados pelo mundo têm a sua História e o seu registro. Todos os países conhecidos, todas as comunidades, Estados, cidades, regiões, bairros, ruas, vilas e aldeias, enfim, todo aglomerado humano tem preservada a sua memória. Rondônia é um dos 26 Estados que compõem o Brasil, mas este Estado não tem História. A Construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré no início do século XX ligada ao Tratado de Ayacucho e ao Primeiro Ciclo da Borracha devia ser o marco inicial do que hoje é esta sofrível e esquecida unidade da federação. E de fato, é. Porém os quase dois milhões de habitantes daqui simplesmente desconhecem isto. Não só desconhecem sua própria biografia como de um modo geral participam ativamente da destruição do que restou do patrimônio histórico da velha e abandonada estrada de ferro.
            Sob o olhar complacente e cúmplice da população e também das autoridades rondonienses, a “Ferrovia do Diabo” deixou de existir já há um bom tempo. Do trajeto original de mais de 320 quilômetros entre Guajará-mirim e as Cachoeiras do Santo Antônio no rio Madeira praticamente não existe mais nada. Dos sete últimos quilômetros entre a hidrelétrica de Santo Antônio e Porto Velho, que resistiram um pouco mais no tempo, só restam lembranças amargas, matagal, ferros retorcidos, dormentes apodrecidos e muito abandono. Quase impossível caminhar ali sem ser ferrado por um bicho peçonhento ou picado por um inseto. O cemitério de locomotivas largado e apodrecendo solenemente dentro daquele matagal faz qualquer um que entenda um pouco de história chorar de tristeza. A “mãe de Rondônia” agoniza ao léu.
            Os rondonienses conseguiram em menos de cem anos destruir por completo um patrimônio histórico de grande valor para a humanidade. Nos países europeus, por exemplo, há História por onde se ande. Não é difícil ver relíquias arquitetônicas datadas de séculos, milênios. Isso depois de duas grandes guerras mundiais e de várias revoluções que varreram as cidades do Velho Continente. Nenhuma guerra aconteceu no solo da velha EFMM. Seus trilhos foram arrancados e hoje servem de proteção a muitas casas. A sua praça é hoje um dos maiores “santuários” de fezes humanas que existem na capital de Rondônia. Os rondonienses parecem odiar aquele espaço urbano: em toda festa e confraternização que se faz ali muitas garrafas pet, lixo, merda, papel e toda sorte de imundície são largados. Drogas e preservativos usados é o que mais se vê.
            Muita gente hoje, infelizmente, não quer saber de nenhum patrimônio histórico ou arquitetônico. Para muitos só interessa o dinheiro e nada mais. Durante a enchente histórica em 2014, as águas barrentas do rio Madeira avançaram lentamente sobre o que restava das carcaças enferrujadas da velha ferrovia. Como ninguém fez nada, o velho Madeira veio, veio, veio e parece que “se vingou” da arrogância, da falta de interesse histórico e da passividade mórbida dos rondonienses. Lama podre, peixes mortos, peças encharcadas, trens alagados e galpões danificados foi o resultado do desinteresse. O que ainda restava de História foi levado para o fundo do rio. Rondônia hoje não tem mais registro. É como se o lugar não existisse. O pouco que se sabe é contado por meio de relatos orais dos mais velhos aos mais novos. Aqui é como se fosse uma grande aldeia indígena. E quando caírem as Três Caixas d’Água, Rondônia desaparecerá para sempre.





*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Temer e Rondônia: encantos mútuos


Temer e Rondônia: encantos mútuos


Professor Nazareno*

            Michel Temer, o atual presidente golpista do Brasil, que já se livrou duas vezes pelo Congresso Nacional de ser investigado por sérias e graves acusações de corrupção, está em Rondônia. É muito difícil para um mandatário da nação querer viajar para este fim de mundo. A última vez foi a presidente Dilma Rousseff, que veio durante a enchente histórica de 2014 e praticamente não desceu do avião. Devido a pouca ou nenhuma importância de Rondônia no cenário nacional, geralmente Brasília manda assessores de terceiro ou quarto escalão, mas devem ter dito a Temer que Rondônia, também conhecida no anedotário nacional como Roubônia, é uma das 27 unidades da federação e que cinco dos seus oitos deputados federais votaram pela permanência dele à frente do Planalto. O eleitor comum das “terras de Rondon” deve amá-lo e venerá-lo.
            Com a absoluta certeza, Temer e sua gente ficarão encantados com a “capital da lama nacional”. Cidade suja, fedorenta e podre, Porto Velho, guardadas as devidas proporções, até que se parece com o governo do peemedebista. Além de muita merda, sujeira, lixo, ratos, urubus, tapurus, falta de esgotos e água tratada, pontos turísticos não faltam na “urbe rondoniana”. Aqui, ele pode visitar a ponte escura e ainda inacabada, aquela que liga o nada a coisa alguma. É preciso, no entanto, que seus assessores não o deixem pular de lá. O Brasil inteiro e também Rondônia chorariam tal desgraça. Ainda no rio Madeira, nossa maior autoridade poderia ver a mortandade de peixes que desce da hidrelétrica de Santo Antônio ou então o galpão da EFMM todo destroçado e ainda fedendo a fezes humanas e lama, resquício da última enchente. Temer ficaria encantado.
            Ali mesmo, no meio da sujeira, da imundície e da fedentina, ele poderia descer o barranco liso, íngreme e escorregadio enquanto apreciava o porto rampeado que foi doado pela Santo Antônio Energia e que hoje está lá parado sem nenhuma serventia. “Cuidado, para o senhor não cair, excelência!”, diriam os mais chegados e sorridentes aduladores já cientes de que ele nunca cai. A “comitiva de ouro” ficaria eufórica com tantas opções de turismo da “cidade do lodo”. Visitar o “campo de extermínio de pobres” situado na zona sul da cidade seria o máximo. Ver pobres morrendo à míngua sem precisar mexer na previdência nem ter que brigar com a oposição seria uma experiência encantadora. Trabalhar apenas seis meses, tirar férias normalmente e viajar para o exterior ou então governar usando um blog. Onde ele aprenderia estas inovações?
            E tudo isto sendo filmado e exibido pela TV Rondônia com uma hora de atraso em relação ao fuso horário de Brasília. Poucos podem ter esta incrível volta no tempo e assistir duas vezes ao Jornal Nacional no mesmo dia. O presidente poderia visitar o curso de Medicina da UNIR e entender por que lá nunca existiu um Hospital Universitário. Poderia também ir à zona leste à noite para se divertir ou então “navegar” na Rua Barão Rio Branco atrás da Praça Jônatas Pedrosa num dia de chuva. Se Michelzinho e Marcela aqui viessem iriam adorar.  Nos debates políticos ele aprenderia a não usar ideologia de gênero nas escolas e o porquê da militarização das mesmas em Rondônia. Será que ele distribuiria livros didáticos para os alunos? A comitiva presidencial só não iria à Câmara de Vereadores de Porto Velho nem à Assembleia Legislativa do Estado para não contaminar aqueles ambientes de honestidade e candura.




*É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Deixem as escolas em paz!


Deixem as escolas em paz!


Professor Nazareno*

            
           De um modo geral nem as escolas nem a educação no Brasil jamais tiveram qualquer importância para a sociedade ou sequer seus objetivos foram discutidos em profundidade. As autoridades e a elite dominante desde os tempos da Colônia sempre sabotaram o saber para as classes menos privilegiadas. Como consequência deste absurdo, temos um dos piores sistemas de educação do mundo. Os políticos brasileiros nunca se preocuparam com a educação do povo. Porém, desde o golpe parlamentar dado em 2016 que se tem observado uma guinada à direita em nossa sociedade. Os direitistas, reacionários, religiosos e conservadores começaram a se interessar pela escola, que escolheram como alvo para impor sua maneira de pensar e agir. Desde então, essas escolas não têm tido sossego. Essa gente está à espreita e querendo “alguma coisa”.
            Em Ariquemes, o prefeito local investiu contra as escolas do município. Em conjunto com meia dúzia de pais, evangélicos em sua maioria, decidiu proibir a distribuição aos alunos de livros didáticos que falavam sobre os novos de tipos de família. Inconformado, ameaçou rasgar todas as páginas que tratavam do assunto. Depois do escândalo nacional, da vergonha que Rondônia passou, da ameaça à Constituição e de decisões dos Ministérios Públicos, recuou por enquanto. Em outro flanco, alguns deputados estaduais querem impor a militarização de vários estabelecimentos de ensino. Escolas militares devem existir, mas escolas militarizadas beiram a estupidez. A ideologia militar está ultrapassada. Militares devem se preocupar com segurança e não com educação, já que nenhum professor quer “educar” a PM.
            Recentemente alguns políticos espertalhões tentaram tirar proveito do sucesso do colégio João Bento da Costa de Porto Velho. Propuseram à escola uma “moção de aplauso” e outras tolices somente para passar a impressão de que estão preocupados com a educação pública. Só conversa fiada mesmo, pois se estivessem, procurariam saber o porquê de outras escolas de Rondônia não terem o mesmo desempenho do JBC. Sou professor no João Bento há quase vinte anos e reconheço que ainda falta muita coisa para que ela seja uma escola de qualidade. Receber prêmios idiotas e sem sentido pode nos trazer o comodismo, por isso recusei todos. Alguns vereadores de Porto Velho, no entanto, continuaram a sua investida contra as escolas: dessa vez foi o desejo ditatorial de se proibir pura e simplesmente a ideologia de gênero dentro das mesmas.
A escola, qualquer escola, deveria ser um território de ideias livres. A dialética deve permanecer dentro delas e tudo deve ser ensinado e discutido. Todas as ideologias, todas as religiões, inclusive a não religião, já que vivemos em um Estado laico, todas as correntes políticas e ideológicas, todos os saberes. Em casa, a família deve dar o complemento e ensinar boas maneiras e civilidade. A religião não pode interferir na aprendizagem de ninguém. Esses cidadãos deveriam lutar para implantar escolas de tempo integral em Rondônia e em todo o Brasil. Deveriam buscar mais recursos para melhorar o nosso fraco ensino. Deveriam fazer como faz a maior parte dos políticos no mundo civilizado. Por isso, religiosos, políticos e militares, deixem as nossas escolas em paz! Se vocês as usassem para melhorá-las já seria um grande avanço. Parem de usá-las apenas para fins de promoção pessoal e para impor suas ideologias e suas religiões.





*É Professor em Porto Velho.