quarta-feira, 22 de junho de 2016

Atocha no esgoto do Brasil



Atocha no esgoto do Brasil

Professor Nazareno*

             Porto Velho, a bisonha, suja e fedorenta capital de Roraima ganhou um daqueles dias, não se sabe ainda o porquê, chamado de inesquecível. Protegida pelo Satanás, seu padroeiro-mor, e candidata ao título de pior lugar do mundo para se viver, além de detentora do nada invejável título de “a mais suja, feia, podre e desarrumada capital do país”, sem nenhum IDH e com uma coleção infinita de problemas, eis que, de uma hora para outra a “capital das sentinelas avançadas” ganha seus poucos minutos de fama: é que chegou por aqui, vindo não se sabe bem de onde, um tosco “pedaço de pau” com um fogo em uma de suas extremidades, feio, ridículo e desajeitado que mais se parece com um “baseado eletrônico de maconha”. A “geringonça medonha” pôs-se a encantar beiradeiros e matutos numa proporção jamais vista por estas redondezas caboclas.
            Não tive coragem suficiente para ver aquele “inútil e demoníaco trambolho”. Fecharia os olhos diante da coisa. E se me fosse dada a desonra de carregá-la pelas ruas podres e sem esgoto, deixaria cair no chão sujo ou a rebolava no rio Madeira só para ver a mortandade de peixes. Mas a adoração estúpida que lhe fizeram dava claros sinais de que era a vinda do próprio Cristo que estava se consumando, e ainda por cima, nestas horrendas “paragens do poente”. Porém, os capiaus não se fizeram de rogados. E como castigo maior lhe impuseram sofrimento e horrores que ela jamais esquecerá: uma city tour pelo lodaçal, lixo e monturo. Viadutos inacabados, Espaço Alternativo, cemitério de locomotivas, ponte escura, pífia rede de esgotos, “açougue” João Paulo Segundo, banheiros da rodoviária, dentre outras “atrações turísticas” claro que lhe assustaram.
            Percebe-se que aquele “bicho feio e sinistro” chegou por aqui antes da decência e do desenvolvimento. Chegou também antes da consciência política para se votar e antes até da água tratada, do saneamento básico, da iluminação pública e da arborização. Encontrou um povo acomodado que tem medo do progresso e odeia ladrões, mas quase sempre só elege candidatos desonestos. Desonestos e muitas vezes incompetentes. Com tanta gente feia, mal vestida e desajeitada, a cidade mais importante dos roraimenses sucumbiu facilmente aos encantos da “marmota indesejável”. “O que diabos isso veio buscar aqui”? Devia ter sido a pergunta mais comum entre a alegre matutada. “Deve ter vindo trazer a fartura, a bonança, o alimento, o conformismo, a bem-aventurança, a bondade, o emprego, a educação e a saúde pública de qualidade”, acreditariam outros.
            Só se trouxe esses benefícios mesmo, pois medalhas olímpicas não combinam com um lugar onde atletas pedem esmolas nas esquinas para poder participar de competições nacionais. Pobreza, miséria, mentiras, fumaça, desemprego, corrupção, desvio de verbas, golpe parlamentar, zika, chikungunya, dengue, malária, morte de uma onça, além de muitas outras desgraças é o legado mais visível que este “venerado troço” deixou na região. A terra do fraco “Genus do tapetão” e da lendária “Arena Guaporé”, o Aluizão, nem devia ter sido visitada pelo pomposo “boi de ouro”. A imprensa marrom e reacionária transmitindo tudo ao vivo foi o máximo. O circo só não foi maior por que Boi e Carnaval não combinam com carniça, poeira, calor, lama e atraso. Os políticos, heróis dos eleitores locais, poderiam tê-la levado para o salão da Assembleia Legislativa ou o da Câmara de Vereadores. Ou ao “sem data” Flor do Maracujá. Haja festa na roça!


*É Professor em Porto Velho.

domingo, 19 de junho de 2016

Lula não pode ser preso



Lula não pode ser preso

Professor Nazareno*

            Depois de consumado o golpe parlamentar dado pela direita reacionária contra o PT e a presidente Dilma Rousseff, um dos maiores sonhos dos “coxinhas” agora é ver a prisão do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. A tentativa golpista ainda tem no Senado remotas chances de fracassar, mas as articulações do pensamento conservador no sentido de criminalizar o petista e tudo que o cerca viraram uma espécie de “sangria desatada, uma questão de honra” em todas as postagens e conversas sobre o atual e delicadíssimo momento político do Brasil. Lula errou e muito durante os seus dois mandatos como chefe da nação, não resta a menor dúvida. Errou também ao se envolver de forma desastrada nos governos de sua sucessora. Motivos talvez não faltem para se pedir punições para ele. Mas por que só o Lula deve ser punido? Ele é o Cristo agora?
            Com as delações premiadas da Operação Lava Jato vindo à tona, descobriu-se que o “sapo barbudo” é um coroinha de igreja, uma espécie de escoteiro-mirim. Acusam-no de ter recebido um apartamento triplex no Guarujá, litoral de São Paulo. Fala-se também que ele teria recebido de empreiteiras um sítio em Atibaia, também em São Paulo. Que mal há em se receber presentes? Eu, por exemplo, se tivesse recebido dez por cento do que dizem que ele recebeu, eu agradeceria aos céus. E tenho certeza absoluta de que qualquer cidadão de bom senso faria o mesmo. O incrível é que não provaram ainda que vantagens estas empreiteiras ganharam em troca destes mimos. O erro pode estar aí e não apenas no fato de se dar ou receber presentes numa sociedade já acostumada a isso. Fato: está se comprovando que não é só Lula o problema do Brasil.
            A direita reacionária (e burra) não percebeu que tinha “telhado de vidro e rabo de palha” ao incendiar o país e armar toda esta confusão em que nos meteu. Não está comprovado que Lula ou Dilma tenham contas no exterior ou meteram a mão no Erário para se beneficiarem. Tirar da Presidência da República uma inocente e prender um homem que apenas recebeu presentes é uma tremenda injustiça diante dos milhões surrupiados do dinheiro público e distribuídos entre os caciques da direita. A delação de Sérgio Machado incrimina até o “ultra-honesto e adorado” Michel Temer, beneficiário maior do golpe. Romero Jucá, Valdir Raupp, José Sarney, Jader Barbalho, Henrique Alves, Renan Calheiros, dentre muitos outros cometeram crimes, segundo o mesmo delator, muito mais graves do que o Lula e a Dilma. Algum deles será preso por acaso?
            Além do mais, quase todos eles conspiraram abertamente para acabar com a Lava Jato a fim de se safar de possíveis punições. Lula preso e Eduardo Cunha, que dispensa quaisquer comentários, solto. Teria muita graça isso! Lula preso e Romero Jucá solto. Lula preso e todos os outros malfeitores soltos. Se o petista for preso, todos os outros denunciados devem também ir para o xilindró e todos deviam devolver tudo o que pilharam do país. Mas preso mesmo não vai nenhum, claro. Sérgio Machado, por exemplo, passará três anos em prisão domiciliar em sua espaçosa mansão de Fortaleza ao lado da família e amigos e usando apenas tornozeleira eletrônica. Banhos de piscina, sauna e quadra de esportes, tudo isso à beira mar. Devolverá “” 75 milhões de reais do que roubou da nação. Já pensou se no Brasil crime de corrupção fosse punido como é na China? Então, por que só o Lula tem que ser preso? Ele por acaso roubou galinhas?



*É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Novas eleições para quê?



Novas eleições para quê?

Professor Nazareno*

            Diante da atual crise política pela qual o Brasil passa, várias pessoas dão palpites apontando saídas para o caos em que nos meteram. Muitos ainda acreditam que a saída sorrateira da presidente Dilma Rousseff foi um processo legal de impeachment e não um simples golpe da direita reacionária e que o governo de Michel Temer é legítimo, constitucional e que deveria ser aceito naturalmente por todos os cidadãos. Outros, no entanto, portadores de uma cegueira histórica e absurda, creem que a Dilma e o PT deveriam voltar a governar o país para o bem de todos. Porém, nada está decidido nos meios políticos do país. Há a possibilidade, ainda que remota, da triste volta da ex-presidente assim como a terrível permanência de Temer pelos próximos dois anos. Nos dois casos, a situação dos brasileiros infelizmente não mudará em absolutamente nada.
                Mas há uma terceira via que está sendo alimentada por uma imensa maioria de visionários: a convocação de novas eleições para escolher os futuros mandatários da nação. “Nem Dilma nem Temer”, afirmam de maneira convicta muitos incautos e esperançosos eleitores. O povo escolheria em eleições democráticas e livres as futuras autoridades. Além de ser inconstitucional, a medida esdrúxula e oportunista não resolveria o impasse. E pior: faria tudo voltar ao começo, à estaca zero. O problema do Brasil não é a falta de eleições, pelo contrário, pode ser o excesso delas. Dilma já acenou para muitos senadores que se voltar ao comando do país, convocará uma espécie de plebiscito para saber se a população quer participar de novas escolhas. “O queijo vai comer o rato”, pois quem colocou toda essa gente no poder durante décadas seguidas?
            Além do mais, a proposta da presidente afastada se baseia no fato de que se as eleições fossem hoje, Lula, sempre ele, o miserável molusco barbudo ganharia de novo a Presidência segundo pesquisas recentes. E a direita desta vez aceitaria perder? Não daria outro golpe como sempre fez? No atual cenário político praticamente não existe um único cidadão que inspire confiança no eleitorado. Como profetizou há tempos o ex-presidente Figueiredo: “o brasileiro não sabe votar”. E não sabe mesmo, pois com novas eleições, o povo reconduziria mais uma vez ao poder todos os políticos que estão sendo acusados de roubo e desvios de dinheiro público. Em Porto Velho, por exemplo, fala-se abertamente na reeleição este ano do apagado prefeito Mauro Nazif por absoluta falta de concorrentes à altura dele. “Ruim com Nazif, muito pior sem ele”, raciocina-se.
            Os brasileiros votam muito mal entra ano e sai ano e por isso as mesmas figurinhas carimbadas sempre se elegem para a eterna desgraça do Brasil. Como “não há um único país do mundo com um governo corrupto e uma população honesta”, entende-se o porquê do resultado das eleições. O nível dos nossos parlamentares, com raríssimas exceções, foi visto na votação que abriu o processo de golpe da Dilma em 17 de abril. Um Congresso Nacional composto em sua maioria por políticos burros, alienados, conservadores e reacionários. A Bancada BBB (boi, bala e bíblia) é quem dá as cartas no nosso Parlamento. De que adianta convocar novas eleições se pelo menos oitenta por cento dos eleitores brasileiros são burros, tapados, despolitizados, venais, antidemocráticos e interesseiros? Precisamos urgentemente de uma reforma política e de uma boa educação para que tenhamos eleitores inteligentes, conscientes e honestos.


*É Professor em Porto Velho.

domingo, 5 de junho de 2016

Temer: não há o que temer



Temer: não há o que temer

Professor Nazareno*

Michel Miguel Elias Temer Lulia ou simplesmente Michel Temer é, como se sabe, o atual presidente do Brasil ainda que de forma interina. Apesar do último nome, Temer é um daqueles homens públicos que veio para ficar e também para marcar de forma definitiva e enfática a História dele e também a da nação. Vice-presidente do país durante os dois mandatos consecutivos da petista Dilma Rousseff, a estrela maior do PMDB é um político, ex-deputado federal, ex-presidente da Câmara dos Deputados, democrata, professor universitário, eminente jurista, intelectual requintado e escritor que nunca mediu esforços para buscar o bem de todos os brasileiros assim como o de toda a nossa sociedade, castigada por políticos corruptos e sucessivos governos incompetentes. É casado com a “jovem, bela, recatada e do lar” Marcela Temer e pai de Michelzinho.
Sempre discreto e preocupadíssimo com os problemas nacionais, este grande estadista de origem libanesa, formado na USP em março de 1964, sempre esteve ao lado dos mais pobres e humildes e demonstrou, ao longo deste tempo, estar afinado com a dura realidade brasileira. Democrata por convicção, durante todo o período da Ditadura Militar exerceu vários cargos inerentes à sua formação sempre por meio de concursos e só entrando na vida pública depois de 1981. Tem agora, por consequência direta do cargo que exercera legitimamente durante os dois mandatos, a missão de resgatar a autoestima dos mais de 205 milhões de concidadãos. Após o atual processo de impeachment, com o normal afastamento da presidente eleita, assume a Presidência da República com a competência, a solidez e a tenacidade de um verdadeiro herói nacional.
E Temer mostrou pulso firme: exonerou em tempo recorde dois ministros acusados de estarem envolvidos em tramas para extinguir a Operação Lava Jato, que pune políticos corruptos. Até o funcionalismo público já vai receber da atual administração reajustes salariais justíssimos, coisa que não acontecia havia mais de três anos. O Brasil agora “entrará nos eixos” com o governo competente e compromissado de Michel Temer. Acabou a “boquinha” da cultura, dos sindicatos, dos “sem nada”, dos pseudorrevolucionários, dos bolivarianos. O trabalho em primeiro lugar. Por isso “não fale em crise, trabalhe!”. Em Rondônia já se sentiu a mão forte do Governo Federal: o Exército pode terminar os viadutos do PT e o Espaço Alternativo teve suas obras recomeçadas. Até no Itamaraty a “voz ficou mais grossa” com o tucano José Serra.
Com um governo legítimo, “puro sangue”, democrático, competente e que realmente quer resolver os problemas do país, as coisas por aqui devem tomar outro rumo. E para melhor. PT nunca mais! O Brasil agora será mais respeitado pelos nossos vizinhos. Estados Unidos e União Europeia já reconheceram a legitimidade do novo governo. E como as chances de volta da Dilma estão muito perto de zero, é bom nos acostumar com possíveis reeleições de Temer e de todo o seu governo para os próximos anos. Programas sociais ainda haverá, mas tudo dentro da realidade de caixa do país. Nada de irresponsabilidades eleitoreiras como sempre víamos. Militantes, arruaceiros, desocupados, subversivos e afins devem encarar a nova realidade política: democracia não é baderna, mas “ordem e progresso”. Com um rombo de 170 bilhões de reais e doze milhões de desempregados não será fácil administrar esta maldita herança do petismo.




*É Professor em Porto Velho.