Candidatos deviam se unir por Porto Velho
Professor
Nazareno*
Durante o primeiro turno das
eleições municipais de Porto Velho, o candidato derrotado Mário Português
afirmou em um debate o óbvio sobre a nossa cidade: “Isto aqui se parece com uma
favela”, constatou diante das câmeras. Vários outros candidatos se enfureceram
e quase partiam para as vias de fato. A verdade, em qualquer circunstância, dói
e muito. Porém, só um cego ou idiota não perceberia que o português estava
falando a mais pura verdade. E a culpa é de todos nós que moramos nesta
capital. Culpa dos moradores e também das autoridades que sempre elegemos ou
fomos obrigados a aceitar na nossa administração. Desde 1914 que a cidade só
recebe “tranqueiras” para lhe administrar. Parece até uma maldição. O Prefeito
que entra sempre é pior do que o que sai. Porto Velho tem talvez o pior IDH
dentre as capitais do país. A qualidade de vida aqui é muito inferior a Porto
Príncipe, capital do Haiti, pós-terremoto ou então pode ser comparada a muitas
cidades miseráveis da África subsaariana.
Porto Velho é uma cidade tão
deplorável, imunda, sem infraestrutura e bagunçada que um Prefeito só não vai
conseguir administrá-la corretamente nos próximos 04 anos. Por isto, quem
deveria ganhar era “LINDOMAR NAZIF” ou então “MAURO GARÇON”. Já
que eles dizem que amam Porto Velho, deviam se unir para melhor administrar a
cidade e colocar como secretários todos os outros candidatos a Prefeito que não
foram para o segundo turno, uma vez que todos eles receberam muitos votos e
tinham excelentes propostas para tirar a capital dos rondonienses do eterno
buraco em que ela sempre viveu. Até a Fátima Cleide dos viadutos inacabados
devia ser convidada. Só não podia ser chamado o Roberto Sobrinho nem o PT e
muito menos os outros Prefeitos anteriores que transformaram tudo isto aqui em
um caos, em uma das piores capitais do país, sem saneamento básico, sem arborização,
sem água tratada.
Assim, não teriam que pagar
dívidas de campanha nem precisariam rifar a administração municipal com quem
lhes deu apoio, já que não estariam de “rabo preso” com ninguém. Como muitos
dos vereadores eleitos já disseram que vão legislar para as suas bases apenas e
virar as costas para a cidade, fica a pergunta: se Garçon e Nazif vivem jurando
amor a Porto Velho, por que não aceitam este desafio? Os interesses dessa
cidade deveriam estar acima das intrigas partidárias e das picuinhas
interesseiras de grupelhos que veem a política apenas como um simples jogo de
interesses. Infelizmente este segundo turno só vai dividir ainda mais a sofrida
população deste lugar e daqui a 04 anos “vai estar tudo do mesmo jeito”,
só que com algumas poucas pessoas mais ricas e influentes do que deveriam. O
que será que os filhos e eleitores daqui acham disto? Por que não se cria esta
corrente em benefício da cidade?
Como muita gente sabe, talvez eu
não tenha razões suficientes para gostar desta terra, já que “não sou daqui e
nem vim para ficar”. Mas me impressiona muito o marasmo e o comodismo dos filhos
de Porto Velho, dessas minhocas que ainda se comovem com promessas políticas e
jamais exigiram dos candidatos o compromisso de se administrar bem a cidade
onde nasceram e em contrapartida todo o Estado onde vivem, já que, com raríssima
exceção, um filho da terra jamais administrou a capital e o Estado. Viver bem
em Porto Velho e com qualidade de vida é algo que todos nós que aqui moramos,
pagamos impostos e estamos criando os nossos filhos devíamos ganhar de presente
das autoridades que elegemos a cada dois anos. Ao contrário disto, o que vemos
cotidianamente é a roubalheira se instalar nos órgãos públicos e o nosso suado
dinheiro ir para o ralo da corrupção, da incompetência e da bandalheira. Até o
nosso meio ambiente foi estuprado sem dó nem piedade. E o que ganhamos em
troca? Os falsos viadutos?
Lindomar Garçon devia chamar o
Dr. Mauro Nazif, ou o Dr. Mauro devia chamar o Garçon para acertar os detalhes
dessa fusão política para o bem da cidade onde moram e querem administrar pelos
próximos quatro anos. O poder de escolha do povo continuaria sendo respeitado:
o mais votado representava a Prefeitura ou metade dela e o menos, cuidava da
administração da cidade e da outra metade, numa espécie de Parlamentarismo
tupiniquim. Porto Velho teria dois Prefeitos ao mesmo tempo. Com quase 30 mil
votos, a petista Fátima Cleide assumiria qualquer secretaria do município,
assim como o Pastor Aluízio Vidal com mais de 12 mil sufrágios, a tucana
Mariana Carvalho com 41 mil, o Mário Português com os seus quase 38 mil, o Dr.
José Augusto com mais de seis mil votos e até o Mário Sérgio e o Waltério Rocha
com os seus poucos votos seriam os futuros secretários da capital de Rondônia,
já que todos só queriam o progresso, o desenvolvimento e a felicidade do povo desta
cidade.
Isto por que as propostas do Dr.
Mauro Nazif não são melhores do que as do Lindomar Garçon nem as do Garçon são
melhores do que as do Dr. Mauro. Ambos têm propostas boas, fictícias e
mirabolantes que certamente transformariam a provinciana, suja e fedida Porto
Velho na Paris, Londres ou Milão dos trópicos. Porém, já se sabe que cidade
vamos ter daqui a quatro anos. Suas promessas de campanhas políticas não passam
de engodo, de enganação para se ganhar os votos dos simplórios e indolentes
eleitores. E o pior é que todos eles sabem disso: que é impossível cumprir todas
as apostas feitas. E certamente para a desgraça desta capital, ganhará aquele
que souber enganar melhor a população, aquele que mentir de forma mais
profissional e convincente. No entanto, sem o compromisso dos dois candidatos
com a sofrida Porto Velho e com a sua gente, sem a união séria em seu nome, todos
nós daqui vamos perder. De novo.
*É Professor em Porto Velho.