domingo, 26 de março de 2017

Tô fora: Porto Velho um caos


"Tô fora: Porto Velho um caos"

Professor Nazareno*

            Há quase cem dias no comando do município, a nova administração de Porto Velho tenta, a duras penas, mudar a cara da capital mais feia, desorganizada, suja, fedida e imunda do país. O Dr. Hildon Chaves e seus assessores juntamente com os quase dois mil funcionários comissionados recém-contratados procuram mostrar que a capital dos rondonienses agora tem outro aspecto. Mas parece que o trabalho de “enxugar gelo” não tem dado muito certo por aqui. Torcendo para que o imponente rio Madeira não estrague ainda mais a rompança inicial, os gurus do PSDB e seus aliados de última hora improvisam com panos quentes o que certamente será mais um desastre administrativo na capital protegida pelo Satanás. Nada ou quase nada mudou na rotina dos mais de 500 mil sofredores que tiveram a triste sina de ter “isso aqui” para morar.
            Na capital dos rondonienses, no entanto, a sujeira continua seu reinado infindável. Depois da passagem da famosa banda de carnaval, por exemplo, muitas toneladas de monturo podiam ser vistas nas ruas desertas atestando que a limpeza de uma cidade deve começar pela faxina na cabeça de seus habitantes. Porto Velho não é uma cidade suja, já que ela não se suja sozinha. São seus filhos, visitantes e moradores que a emporcalham desmesuradamente todos os dias. Porém, mesmo com um início desastroso no campo político, os novos administradores procuram em vão mostrar serviço. Pudera! Depois da tritura covarde dos quinquênios nos salários dos servidores municipais e da contratação sem concurso público de quase dois mil “aspones” não restava outra coisa para os caciques da prefeitura senão limpar também a sua imagem.
            Talvez por isso a prefeitura municipal encabeçou mais uma campanha sinistra para tentar colocar um pouco mais de ordem no nosso conhecido caos: “Porto Velho uma cidade em construção”. O lugar tem mais de um século de existência e essa não é a primeira vez que tentam, sem sucesso, “ensinar missa a vigário”. Da outra vez alguns “empresários” locais mandavam as pessoas abraçarem a podre cidade. Como ninguém topou beijar a carniça e se locupletar com a fedentina, a campanha “deu com os burros na água”. Por que seria diferente agora? Não há pesquisas, mas acredita-se que mais de 90 por cento dos moradores de Porto Velho são porcos e imundos mesmo. Falta só defecarem no meio da rua. Além de muitos serem mal educados, claro. Basta observar a rotina macabra em repartições públicas, comércios e principalmente nas ruas e avenidas.
            A campanha é absurda, pois tenta ensinar civilidades e bons modos a um povo acostumado ao lixo e à imundície. Eu não mandaria o sujeito limpar a sua própria casa. Além de ele já estar acostumado ao lodaçal, isso seria uma intromissão em costumes alheios. A panfletagem manda também cuidar das praças. Ironia das mais infames, pois quase não há praças nesta cidade. Nem praças, nem arborização e muito menos recantos de lazer. Tem o inacabado, eleitoreiro e sujo Espaço Alternativo, onde se verifica a maior concentração por metro quadrado de garrafas de bebidas quebradas e de preservativos usados. Os igarapés são esgotos infectos com merda boiando a céu aberto. O Instituto Trata Brasil mostra a nossa capital como a mais suja do país com apenas 2% de saneamento básico. Tomara que cheguem logo as férias. Curitiba e Gramado me esperam. Vivemos um caos e o Dr. Hildon pegou um dos piores abacaxis de sua vida.





*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 22 de março de 2017

Carne, povo e governo podres


Carne, povo e governo podres

Professor Nazareno*

            A recente operação Carne Fraca da Polícia Federal contra o setor de frigoríficos, produção e exportação de carnes e derivados mostrou ao mundo a precariedade e a gambiarra de parte dos empresários brasileiros. Mostrou também o pouco caso, o jeitinho, a ganância, o improviso, o terceiro-mundismo e o amadorismo que vários executivos locais ainda teimam em seguir. Muitos desconsideram ou não percebem que nos países civilizados e desenvolvidos e que importam grande parte dos nossos produtos agropecuários, essa prática está extinta há muitos anos. Óbvio que a Polícia Federal dessa vez errou feio ao divulgar de forma pirotécnica a operação sem prever as consequências internacionais para esse estratégico setor da nossa economia. E também porque generalizou-se a bandalheira quando menos de 5% pratica o que foi mostrado.
            Muitos países da União Europeia, Japão, Coreia do Sul dentre alguns outros que importam nossos produtos já suspenderam temporariamente a compra até melhores esclarecimentos do governo brasileiro. Guardadas as devidas proporções, essa operação desastrada “cortou as pernas do Brasil”. Foram décadas de trabalho duro para que se conquistassem esses selecionadíssimos mercados. E tudo pode ser jogado fora por causa da estupidez e da ambição desmedida de meia dúzia de sujeitos metidos a empresários. O famoso jeitinho, tão comemorado por aqui, pode levar o nosso país à bancarrota, ao fracasso, à desgraça e à pobreza. Carne podre, produtos adulterados, carniça, corrupção, jeitinho e toda sorte de sujeiras jamais serão aceitos em países civilizados. Pior: muitos desses maus empresários sabem disso, pois visitam sempre todos esses países.
            Levar vantagem em tudo, ter lucro exorbitante independente de quem o paga e como paga, ascender erradamente ao mundo dos negócios e da riqueza são práticas comuns para grande parte dos homens de negócios brasileiros. Aqui, de um modo geral, alguns empresários do setor de construção civil, por exemplo, constroem edifícios com material de segunda qualidade sem levar em consideração o fato de que seres humanos, pessoas mesmo vão morar nestes apartamentos. “O importante é o lucro”, devem pensar. Até no Carnaval a gambiarra nos carros alegóricos é uma constante e pessoas morrem por falta de segurança. No futebol, campeonatos Sub-20 quase sempre têm jogadores de 22 ou 23 anos inscritos. Leve seu carro ao mecânico para trocar uma peça e não se estresse se pagar por todo o serviço ou por uma peça nova que não foi trocada.
            A maioria desse povo iletrado e subdesenvolvido que vive do jeitinho é podre em sua essência. Sempre foi governado por políticos igualmente podres. Deve ser por isso que muitos acreditaram cegamente que o Primeiro Mundo consumiria produtos podres também. O governo podre do Brasil, liderado por Michel Temer, um golpista também podre, para “botar panos quentes” no gravíssimo problema e provar que a nossa carne não é podre, levou embaixadores e representantes dos países que compram nossos produtos para um churrasco numa churrascaria de Brasília que só vende carnes importadas. É mole? Desculpa mais podre do que esta não existe. A situação é tão podre no Brasil que essa operação da PF está servindo para abafar outra operação igualmente podre: a Lava Jato. Quase não se fala mais nela. Tem muita gente querendo crucificar a Polícia Federal por causa do caos criado. Uma nação podre nunca escapará da podridão.




*É Professor em Porto Velho.

domingo, 12 de março de 2017

Rondônia é o Sudão do Sul


Rondônia é o Sudão do Sul


Professor Nazareno*

            
          O Sudão do Sul é mais um dos países miseráveis do continente africano. Novo e desmembrado do Sudão, o país enfrenta muitas dificuldades. Com uma área territorial três vezes maior do que o Estado de Rondônia no norte do Brasil, o país africano tem uma população de quase 12 milhões de pessoas. Porém, as duas unidades territoriais guardam muitas semelhanças em vários aspectos. No Sudão do Sul é tudo muito atrasado, brega e bagunçado. Assim como no estado do Brasil. Estamos no século vinte e um nos dois lugares, mas parece que vivemos ainda na Idade Média. A violência no novo país da África é uma constante por causa das rivalidades tribais. Já em Rondônia a violência é por causa das drogas e da enorme concentração de renda. Nenhum turista do mundo teria coragem para visitar o país africano assim como o estado rondoniense.
            Juba é a capital do Sudão do Sul. Com uns quinhentos mil habitantes a cidade é uma porcaria e apresenta problemas em todos os setores. Sem redes de esgotos, sem água tratada, sem transportes coletivos adequados, sem nenhum planejamento urbano, violenta e sem a menor possiblidade de um ser humano civilizado sobreviver por pouco tempo, a cidade se parece com Porto Velho, a capital dos rondonienses. Todos os políticos de Juba são ladrões, canalhas, interesseiros e mal feitores. Mas quase todos são adorados pela população e pelos estúpidos eleitores. O prefeito de Juba, um rico empresário que já abriu mão de seu salário semanal, costuma mandar para a Câmara de Vereadores da cidade projetos de leis na calada da noite para serem aprovados sem leitura e discussões pelos escroques, canalhas e ambiciosos vereadores analfabetos.
Recentemente na cidade de Ariquemes, interior de Rondônia, houve algo que fez tremer de inveja os líderes mais radicais daquele inóspito país africano. O prefeito da cidade e mais sete vereadores simplesmente censuraram livros didáticos que seriam distribuídos para as crianças da cidade. Os livros diziam apenas que existiam famílias diferentes da tradicional e traziam também outras informações sobre ideologia de gênero. As autoridades locais não gostaram do conteúdo e ameaçaram passar a tesoura nas páginas “amaldiçoadas e imorais”. Desrespeitando a Constituição, o MPF, o Ministério Público do Estado e os princípios mais elementares da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a cidade rondoniense dá um péssimo exemplo para a jovem democracia brasileira ao estimular abertamente a homofobia e o ódio contra minorias.
Porém as coincidências de Rondônia com o Sudão do Sul não param por aí. Nada funciona no nosso Estado. Até uma famosa banda de carnaval da capital é uma excrescência. Atrasada e produtora de toneladas de lixo urbano por onde passa, a agremiação carnavalesca foi barrada pela polícia no último desfile. A desorganização é geral. A apresentação dos blocos carnavalescos, por exemplo, ficou para abril num total desrespeito ao que dizem ser a cultura local. Juba está destroçada pela guerra civil que assola aquele país. Porto Velho também está destroçada, só que pela incompetência de suas autoridades. Obras inacabadas e eleitoreiras são cenas comuns nos dois lugares. Na capital do Sudão do Sul quase não há políticos. Em Porto Velho há, mas não servem para nada. Podridão e lixo são comuns aqui e lá. A mídia é quase toda comprada e a TV local só recentemente passou a exibir ao vivo seus programas. Rondônia, capital Juba.





*É Professor em Porto Velho.