sábado, 27 de fevereiro de 2016

Covardia nas eleições municipais



Covardia nas eleições municipais

Professor Nazareno*

            Como já se sabe, este ano de 2016 teremos eleições municipais em todo o Brasil. Na suja e enlameada Porto Velho o esperado frenesi entre os possíveis candidatos já começou. E pelo perfil dos futuros postulantes ao cargo percebe-se que esta capital é, mesmo no lodaçal, uma cidade abençoada. Uma espécie de paraíso na terra. São tantos candidatos bons, probos, honestos, competentes, ficha limpa e populares que o eleitor  comum fica indeciso e confuso diante de tanta boa oferta. Na hora de votar, ele não sabe a qual “santo” deve entregar os destinos da capital mais fedida, podre e imunda do país. Esse fato chega até ser uma covardia com o pobre coitado. Para onde se olhe, há bons candidatos, há excelentes políticos, há sérios homens públicos querendo trabalhar em prol dos mais humildes. É como estar com fome e só poder escolher um único prato.
            Ribamar Araújo, oriundo da seca Paraíba, ex-integrante do honrado PT, Partido dos Trabalhadores, tem uma biografia que se confunde com a dos grandes estadistas mundiais. Esse amigo de Tiririca já fez muito e muito ainda fará por Rondônia, por Porto Velho e por sua sofrida gente. É, segundo o grande articulista Valdemir Caldas, uma referência ética das mais raras. Caldas, merecedor dos prêmios Esso e Pulitzer de jornalismo, vai mais além: “trata-se de uma pessoa que está há muito tempo na vida pública, elegendo-se e reelegendo-se sem estardalhaço, ao mesmo tempo em que sempre tem reservado para ele uma posição de destaque”. O jornalista, totalmente imparcial e com um faro raro pela notícia, completa: “no comando do município, saberá dignificar o cargo, com sua agudeza e será sempre fiel aos seus princípios éticos”.
            Podemos ter também Willames Pimentel. Um notável advogado, ex-colaborador de Roberto Sobrinho e atualmente Secretário de Saúde do Estado, Pimentel dinamizou a Saúde em Rondônia. UPA’s, excelentes clínicas médicas espalhadas pelo interior, Hospital João Paulo Segundo, enfim, saúde de Primeiro Mundo por aqui. Nunca foi pego em nenhuma operação da Polícia Federal. Ficha limpa nato, pela sua competência e versatilidade poderia pertencer aos quadros da OMS, Organização Mundial da Saúde, ou até mesmo Médicos Sem Fronteiras. Mas, não! Como é um poço de bondade e altruísmo, quer servir ao povo de Porto Velho como prefeito pelo PMDB. Léo Moraes, jovem, batalhador, competente, popular e um líder versátil é outro que quer igualmente “servir sem tréguas” ao povo sofrido desta cidade. Direitos humanos é com ele mesmo.
            Mariana Carvalho, deputada federal e líder inconteste, é uma lenda na política de Rondônia. Amada por todos e adorada pela mídia, ela pode ser uma boa cartada do PSDB. De ideias próprias, jovem, bonita e popularíssima, Mariana como prefeita colocará certamente Porto Velho na lista das melhores cidades do mundo para se viver. Além desses “mitos”, temos a excelente possibilidade de reeleição de Mauro Nazif e a volta triunfante de Roberto Sobrinho, o “JK da Amazônia”, ambos dispensam quaisquer comentários pelo muito que já fizeram por esta sofrida capital.  Edgar do Boi, Lindomar Garçon e Odacir Soares são também boas apostas para a felicidade dos cidadãos portovelhenses. Com tantas possibilidades de se chegar ao Éden, o nosso eleitor, apesar de muito indeciso, é o único do Brasil que vai sorrindo para as urnas. Ironia: se tivesse pelo menos um candidato desonesto ou incompetente, seria bem mais fácil para todos.



*É Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Sérgio Moro em Rondônia



Sérgio Moro em Rondônia

Professor Nazareno*

É óbvio que ninguém em sã consciência trocaria hoje a florida, desenvolvida e civilizada Curitiba, capital do Paraná, por Porto Velho, a fedorenta, quente, feia e atrasada capital de Rondônia. O juiz Sérgio Moro muito menos. Mas como sonhar não é proibido, imagine-se que, de uma hora para outra, o eminente magistrado resolvesse dar expediente nas “terras dos destemidos pioneiros”. Trabalho não iria lhe faltar, com toda a certeza. Seus assessores não parariam um minuto sequer tentando resolver as muitas coisas que talvez só aconteçam por aqui mesmo. Incompetência, corrupção, desvios de verbas, nepotismo, tráfico de influências e toda a sorte de desgraças nos meios políticos e sociais seriam alvo das investigações da equipe que conduz a operação Lava-Jato. Muitos rondonienses, desacostumados com tanta eficiência, ficariam encantados.
Os trabalhos, claro, começariam por Porto Velho, a imunda e suja “capital das sentinelas avançadas”. Por que as carcaças dos viadutos, por exemplo, estão enfeitando a cidade durante tanto tempo? Quem teve a infeliz ideia de construir aquelas porcarias? Quanto de dinheiro Brasília mandou para aqueles dejetos? Quanto foi empregado de fato na geringonça? Quanto foi desviado? Quem se beneficiou? Quantos políticos já se elegeram prometendo concluir aquela desgraça? Quem já foi preso por causa da obra? Quando, enfim, os matutos de Porto Velho verão um viaduto de verdade? São muitas as perguntas que “a equipe de ouro” do magistrado faria no decorrer do longo processo investigatório. Com relação à ponte escura, a pergunta seria: para que uma ponte, se não existe uma estrada? Por que ela ainda está escura? Por que a receberam inacabada?
 O precário sistema de saúde do Estado seria também objeto de investigação. Como pode o “açougue” João Paulo Segundo continuar a ser um campo de extermínio de pobres depois de tantos anos? Por que a Unir, Universidade Federal de Rondônia, tem um curso de Medicina e não tem um Hospital Universitário? Onde já se viu tamanho absurdo? O prédio do INSS, por exemplo, nunca foi concluído, depois de estar em obras há quase um século. A cidade, uma capital de Estado, por incrível que pareça não tem rede de esgotos nem de água tratada. Será que nunca veio dinheiro para isto? É claro que o juiz Moro gostaria de saber por que o preço das escassas passagens aéreas para Porto Velho e região está cada vez mais caro. Por que ninguém ainda não tomou providências? Outro fato: nem em Porto Velho nem no Estado existe oposição. Por quê?
Sérgio Moro teria que mandar construir umas cinco cadeias do tamanho do Urso Branco para prender tanto malfeitor. O Espaço Alternativo da cidade, quantos políticos ele já elegeu? Por que “aquilo” ainda está parado? Por que a mídia local está repleta de propagandas de políticos incompetentes e desonestos? Claro que o magistrado gostaria de saber disto. E quem não gostaria? A EFMM, por que deixaram as águas do rio Madeira invadi-la e destruí-la? Quem são os responsáveis? Cadeia em todos eles. Por que ser prefeito de Porto Velho não dá lucro, queima a reputação de qualquer um e tem uma penca enorme de políticos querendo concorrer ao cargo? Que mandinga miserável é essa? O juiz descobriria logo o porquê de tudo isto e puniria todos na forma da lei. O juiz paranaense só não visitaria a Assembleia Legislativa do Estado nem a Câmara de Vereadores de Porto Velho. Nestes dois locais não há nada que contrarie as leis do país.


*É Professor em Porto Velho.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

A felicidade mora é aqui



A felicidade mora é aqui

Professor Nazareno*

            Outro dia ouvi falar que o país mais feliz do mundo é a Dinamarca. Lá, a qualidade de vida é uma das mais altas que se conhece e a desigualdade social é quase inexistente, segundo o Coeficiente de Gini. Os serviços públicos funcionam perfeitamente, quase não há violência entre os dinamarqueses, o sistema de saúde é fenomenal, o sistema de educação, quase toda pública, é um dos melhores do planeta e a grande maioria da população vive feliz. Não conheço a realidade daquele país escandinavo, mas discordo da maioria destes indicadores. O país cuja população é a mais feliz do mundo é o Brasil com toda a certeza. Só o fato de este país ser administrado há quase duas décadas pelo PT, o Partido dos Trabalhadores, e apoiado pelo PMDB, já dá a ideia aproximada do alto nível de felicidade do brasileiro comum.
            É na Dinamarca que existem duas ou três semanas de Carnaval todo ano? Eles têm o Carnaval fora de época? Eles dançam BOI? Lá existem bandas como uma de Porto Velho que coloca “orgulhosamente” quase metade da população de uma capital nas ruas? Neste país de boa qualidade de vida se distribui, como no Brasil, bebida alcoólica e outras drogas para o povo se divertir e ainda chamam esta aberração de cultura? Quantos feriados anualmente, por exemplo, existem nesta tal de Dinamarca? O sistema de saúde deste país escandinavo coloca “açougues” para atender à feliz e alegre população?Algum desinformado e pessimista vai dizer que lá, o sistema político funciona perfeitamente e que todos os políticos do país trabalham em beneficio do povo, que paga altas taxas de imposto. Aqui também se pagam muitos tributos, ora.
            Diferente do dinamarquês, o brasileiro quase sempre só vive rindo. Com sua imunda boca onde “metade dos dentes estão podres e a outra metade fede à bosta”, a maioria dos cidadãos daqui leva uma vida de hiena: comem carniça e riem. Muitos têm a síndrome da galinha choca: bota um ovo enorme, se rasga toda e ainda sai cantando alegre e feliz. No Brasil, povo e político vivem uma eterna simbiose de felicidade: um rouba, o outro é roubado e os dois acham que vivem no paraíso. Existe coisa mais feliz do que o nosso sistema de educação? Os nossos alunos só precisam de meio turno para estudar enquanto lá na “terra da felicidade” os jovens passam o dia na escola e quase não têm tempo para se divertir. Os dinamarqueses já ganharam 15 vezes o Prêmio Nobel e tiveram a maçada de dar entrevistas. Nós nos livramos desta tolice sem lógica.
A ponte do Öresund é linda. Liga o país à Suécia, tem 13 quilômetros, durante a noite é clara feito o dia, mas muitos falam mal dela: é muito difícil se suicidar lá. Como pode um país ser o mais feliz do mundo se os políticos não usam obras inacabadas para se eleger como os viadutos e o Espaço Alternativo de Porto Velho? Não é um horror viver num lugar assim? Dizem que os políticos de lá ganham muito pouco, trabalham feito condenados e vivem uma vida como a de qualquer outro cidadão. Dengue, Zika, Chikungunya e Microcefalia nem existem por lá e por isso mesmo ninguém pode falsificar atestados médicos. Um país onde a violência é quase zero e as cadeias estão sendo fechadas por falta de presidiários pode levar os policiais ao desemprego. Deus me livre morar num lugar onde a corrupção não existe. Vamos assistir a que tipo de noticiário? E como os políticos vão comprar a mídia fascista para se reelegerem? Não!




*É Professor em Porto Velho.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Cadê a escola de verdade?



Cadê a escola de verdade?

Professor Nazareno*

         No Brasil praticamente não existem boas escolas. Em nenhum dos níveis de ensino veem-se estabelecimentos de boa qualidade que mereçam qualquer destaque. Até mesmo no badalado sistema particular as escolas, que geralmente cobram fortunas em mensalidades e são endeusadas como a “Meca do saber”, a escassez de competência é visível. E isto, claro, tem um reflexo doloroso e negativo em toda a sociedade. A educação neste país nunca foi valorizada, ao contrário dos países civilizados do mundo desenvolvido. Para se ter um ideia, os Estados Unidos implantaram o sistema integral de ensino em suas escolas ainda no século dezenove. A maioria dos países da Europa Ocidental e o Japão o fizeram no início dos anos mil e novecentos. Basta olhar para as sociedades nestes países para ver o que estão colhendo com suas “plantações de saber”.
            O nosso país nunca ganhou um Prêmio Nobel, um Oscar, e nunca se destacou dentre as nações do mundo quando o assunto é tecnologia, informações e conhecimento de ponta apesar de há muito tempo figurar entre as dez maiores economias do planeta. Nossas escolas em geral são ridículas, atrasadas, defasadas, anacrônicas e quase sempre não ensinam nada a ninguém. Os governantes não investem o que deveriam no precário sistema de educação e a população também não cobra nada. Aqui, só o futebol e o Carnaval têm a simpatia de grande parte da estúpida população necessitada. A ética nacional tem sido levar vantagem em tudo e na educação, e em outros setores da vida nacional, quase sempre a exceção vira regra. Outro dia, por exemplo, fui perguntado se o Colégio João Bento da Costa, onde leciono há exatos 18 anos, é uma excelente escola.
            Respondi convictamente que não. Uma excelente escola que não tem laboratório de Física, Química, Biologia dentre outras disciplinas? Quase nenhum de seus muitos professores e funcionários tem doutorado, mestrado ou mesmo pós-graduação e por isso são muito mal remunerados, funciona em um mísero turno único, seus banheiros quase sempre estão sujos e imundos, as salas de aula não são confortáveis, seus alunos são obrigados a usar farda como se fosse um quartel e não tem um hospital de primeiros socorros apesar de ter mais de três mil alunos. O colégio João Bento de Porto Velho é uma escola como outra qualquer. O fato de “ano após ano” aprovar muitos alunos em universidades públicas espalhadas pelo país inteiro não justifica o uso do adjetivo EXCELENTE. É obrigação dos professores e alunos buscarem a excelência no ensino.
Ainda assim, a Escola João Bento de Porto Velho é uma exceção e devia ser a regra. Aqui, “não selecionamos nenhum aluno para estudar e temos apenas um único CNPJ”. Um aluno do terceiro ano de uma escola particular em Porto Velho custa hoje mais de dez mil reais por ano, cento e dez vezes mais do que um aluno do João Bento. Mas, apesar dos bons resultados no ENEM, apesar de aprovar só este ano de 2016 quase 500 alunos para várias universidades brasileiras, apesar de ser destaque dentre as escolas públicas locais, seus professores e funcionários ganham a mesma coisa que os professores e funcionários da pior escola de Rondônia. O Poder Público não incentiva a competência e parece que vê na meritocracia um obstáculo. Escola que não tivesse bom desempenho no ENEM, por exemplo, deveria ser chamada à responsabilidade e cobrada pelas autoridades. Fato doído: o JBC não é uma boa escola. Precisa melhorar. E muito.



*É Professor em Porto Velho.