quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Adeus, 2010...


Retrospectiva 2010: "Um Ano de Ouro"


Professor Nazareno*


Todo final de ano a história se repete: os principais fatos que foram notícias no Brasil e no mundo são reprisados pela mídia numa espécie de pequeno documentário anual. E em 2010 não foi diferente. Em Rondônia aconteceram coisas interessantes que ficarão marcadas no anedotário político, no social e no esportivo. Uma pequena olhada nos sites eletrônicos e podemos observar fatos surpreendentes, coisas inimagináveis para um ser humano comum. Entretanto, há outros fatos que não mudaram em nada, ou seja, tudo continuou da mesma forma verificada há muitos anos. É como se o tempo tivesse parado na capital dos rondonienses: a sujeira tão comum nas nossas ruas e a falta de saneamento básico parece que já fazem parte da nossa fedorenta paisagem urbana.

No esporte, a melhor coisa que nos aconteceu no ano que se finda foi a derrota do Brasil para a Holanda pela Copa do Mundo de futebol. Dias de alegrias aqueles em que, de forma merecida, uma seleção medrosa, perdida em campo e com medo de atacar foi derrotada por 2 X 1. Um alívio já que o pior poderia ter acontecido se pegássemos uma Argentina, Alemanha ou mesmo a Espanha que acabou sendo, com todo merecimento, a campeã do torneio. A derrota para os holandeses nos poupou de vexames maiores. Em Porto Velho, a piada ficou por conta dos jogadores do Cruzeiro de Loló que, famintos e sem dinheiro foram abandonados à própria sorte. Já dentro do campo, protagonizamos o famoso e impagável futebol com spray de pimenta.

Na área política, como não podia ser diferente, enriquecemos o anedotário nacional ao emancipar, por absoluta incompetência administrativa da Prefeitura de Porto Velho, um pequeno vilarejo perdido nos cafundós da Amazônia. Os habitantes da simpática Vila de Extrema, entre o Amazonas e a Bolívia, acreditaram, e acreditam até hoje, quase um ano depois, que se tornariam o 53º município rondoniense. Sem informações sobre o estranho pleito, 245 mil eleitores foram obrigados a participar de uma patética eleição de mentirinha para ratificar a secessão previamente acertada entre a classe política daqui. Houve até escaramuças: dias antes, um pelotão da Polícia Rodoviária Federal fora surrado vergonhosamente por exaltados moradores locais.

Ainda na política, a Assembléia Legislativa do Estado entrará para a História por não ter protagonizado nenhum escândalo de grandes proporções em 2010. Porém, deleitou-nos ao fazer concorrência ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e aprovar uma lei que determina "que todo cidadão pode defecar nas privadas das rodoviárias sem ter que pagar por isso". Nem a Conferência de Yalta na Criméia teve tanta importância para a História da humanidade quanto a nossa Assembléia Legislativa tem para o povo otário daqui. Dentre outras bizarrices aprovadas naquela casa de leis está a definição, quase trinta anos depois, do dia 04 de janeiro como a data oficial do Estado. Em Rondônia aniversário não é quando se nasce, mas quando se registra.

Durante a desocupação de um terreno na periferia da capital, vários políticos apanharam da C.O.E, o truculento braço da Polícia Militar do Estado. Políticos sendo surrados é um espetáculo impagável que dispensa qualquer inútil lei de ficha limpa. Dentre as coisas que não mudaram citam-se o "Açougue João Paulo Segundo" que continuou sendo um açougue, sete carcaças de viadutos que a cidade ganhou de presente e que viraram elefantes brancos sem nenhuma utilidade, uma fábrica de cimento que foi instalada no município só para que aumentassem o preço do produto, uma greve dos profissionais da educação em um ano de eleições, fumaça durante o verão, inauguração de um "meio mercado cultural" para apresentações de "meia cultura" e a décima mudança de local do Arraial Flor do Maracujá. Por tudo isso, 2010 entrará para a História de Rondônia como um "ano de ouro", daqueles inesquecíveis. Então, até 2011.


*É professor em Porto Velho.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Porto Velho: a cidade dos sonhos!


"De Malas Prontas" chega a Rondônia


Professor Nazareno*


Com a aproximação do período de férias e do verão no Hemisfério Sul, o programa "Mais Você" da Rede Globo capitaneado pela apresentadora Ana Maria "Brega" tem um quadro, De Malas Prontas, que sorteia durante uma entrevista feita nas ruas, uma família para passar quatro dias descansando em um destino qualquer com todas as despesas pagas por uma conhecida agência de turismo. O repórter Fabrício Bataglin entrevistou nas ruas de Curitiba o senhor Antônio Parvo que aceitou prontamente "o desafio". Após ser informada, a família sorteada escolheu por unanimidade o destino onde eles iriam passar os quatro dias mais felizes de suas vidas. As opções eram cidades da Serra Gaúcha, do litoral do Nordeste, da Amazônia e do Cerrado. Escolheram a Amazônia e a cidade foi Porto Velho, "capital de Roraima".

Difícil encontrar vôos disponíveis "para um lugar tão distante". De Curitiba a São Paulo e de lá até Brasília. Da capital do país até Porto Velho, a família, composta de quatro pessoas, Sr. Antônio, sua esposa e um casal de filhos, "comeu o pão que o diabo amassou". Muita gente nos aeroportos congestionados. Vôos sempre atrasados, hotéis lotados, mau tempo e pobre, muitos pobres mesmo embarcando nos aviões. "Antigamente pobre só freqüentava aeroportos para roubar, pedir esmolas ou trabalhar de camelô. Hoje os miseráveis já compram passagens aéreas para viajar. Deve ser por isso que existe este infernal caos aéreo, pois antigamente não existiam problemas nos aeroportos", filosofou o senhor Antônio com a sua esposa. Após muita demora, finalmente a família Parvo chega ao Aeroporto Internacional Jorge Teixeira.

"Quero ver os índios, quero ver os índios", gritavam eufóricas as crianças. "Pai, saem muitos aviões desta cidade para a Europa e os Estados Unidos?", perguntou o menino. "Acho que sim, meu filho, já que este aeroporto é internacional.". Receberam as boas vindas de funcionários mal educados, grossos, ignorantes e que não falam uma única palavra em Inglês. Foram hospedados num hotel da periferia cuja diária é equivalente a um requintado cinco estrelas de Dubai. No trajeto viram muitas carcaças de cachorros mortos pelas fedorentas ruas da cidade. "Devem ter sido as batalhas com os índios", comentaram os meninos. Um dos funcionários gritou para que eles se calassem e informou que à noite, se não faltar energia, eles farão um tour pela cidade: Porto Velho by night. Vão ao Mercado cultural, Avenida Jorge Teixeira e Zona Leste.

Deslumbrada, a família viu as lindas decorações de Natal espalhadas pela cidade e devido à semelhança lembraram Curitiba. Passaram pelos viadutos abandonados e, curiosos, perguntaram o que significavam aqueles arcos na entrada da cidade. "É um dos jazigos do PT rondoniense", informaram. Zelosos, os recepcionistas do hotel lhes avisaram que se fossem convidados para alguma festa não levassem o Dydyo, uma espécie de refrigerante local. Quiseram saber o porquê e foram informados que as pessoas daqui agem assim mesmo: valorizam apenas o que é de fora. Por não ter sido assaltada na Zona Leste, a família achou que não existe violência na cidade. Durante o dia, foram à Hidrelétrica de Santo Antônio conhecer "o Pelourinho dos rondonienses" e lamentaram por terem perdido a festa de despedida da cachoeira e da vila do Teotônio.

Houve um único dia só para visitar as obras inacabadas da cidade. Não deu tempo para ver todas. Viram também a nova sede da Assembléia Legislativa do Estado que está sendo construída onde antes funcionava um circo. "Nos próximos dias esta importante casa de leis funcionará em duas boites da cidade", disse um funcionário. A família ainda visitou a praça das imponentes Três Caixas d'água, o símbolo maior dos porto-velhenses, viram a dança do Boi, comeram mandi com farinha e na praça cuja reforma custou 12 milhões de reais e que já exala odor de fezes humanas, tomaram tacacá na cuia. Os Parvo eram só alegria e comemorações."Que cidade limpa e organizada, que povo acolhedor, que lugar lindo", diziam. A senhora Parvo admitiu que foram os quatro dias mais felizes de suas vidas. E nem foram ao açougue João Paulo Segundo nem viram a fumaça do verão. Com lágrimas nos olhos, as crianças se despediram da cidade a ainda lamentavam não terem visto índios por aqui...


*É professor em Porto Velho.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

E o JBC não pára. Dominamos o ACRE.


Alunos do Colégio João Bento fazem História no Acre


A UFAC, Universidade Federal do Acre, divulgou nesta semana o resultado do seu último Concurso Vestibular. Diferentemente de anos anteriores, mas já mostrando uma forte tendência de muita procura, o Concurso Vestibular da UFAC/2011 teve nesta sua última edição vários vestibulandos de outros estados, principalmente de Rondônia. A Escola João Bento da Costa, líder absoluta dentre as escolas públicas do nosso Estado, em aprovações no vestibular da UNIR, a Universidade Federal de Rondônia, também se fez representar por vários alunos do Projeto Terceirão no concorrido vestibular do nosso vizinho Estado. Cursos como Medicina, Engenharia Florestal, Engenharia Civil e Medicina Veterinária foram os mais concorridos naquela Instituição de Ensino Superior.

Porém os alunos do JBC demonstraram na prática o real valor deste Projeto e não fizeram por menos. Lucas Francisco de Souza foi aprovado em Medicina Veterinária, Railson Rigamonte Liza em Saúde Coletiva, Guilherme Piassa Ferreira em Engenharia Civil, Ruan de Souza Matos em Engenharia Florestal e Thiego Maia de Menezes, ex-aluno do JBC, conseguiu a tão sonhada aprovação no concorrido curso de Medicina daquela universidade pública.

É importante ressaltar que estas aprovações não aconteceram por acaso. O aluno Ruan de Souza, por exemplo, de uma das turmas da tarde do João Bento, ficou em segundo lugar no seu curso, enquanto Thiego Menezes, num feito inédito, superou todos os seus concorrentes e alcançou nada menos do que o Primeiro Lugar no curso de Medicina da UFAC. "Primeiramente devo agradecer a Deus, aos meus familiares e aos professores do JBC, que foram bastante importantes para este grande feito", frisou o mais novo acadêmico de Medicina.

Thiego enfrentou uma concorrência de quase 1.800 candidatos para apenas 40 vagas. Mais de 44 candidatos por vaga. Ele fez também o vestibular para Medicina na UNIR e também espera ser aprovado já que também se preparou em um cursinho. "Estudar mais perto de casa junto aos familiares é mais tranqüilo", finalizou. Residente no Bairro Eletronorte, zona sul da capital, Thiego é oriundo de família humilde e completa, junto com o Ruan e tantos outros "feras", o extenso time de alunos vencedores que já passaram pelo Projeto Terceirão do Colégio João Bento da Costa. "Quero o meu nome escrito no muro do colégio e com o destaque merecido: 1º lugar em Medicina na UFAC", exigiu o acadêmico Thiego ao diretor Suamy Lacerda do JBC.

O professor Suamy acredita que vai faltar espaço nos muros da Escola professor João Bento da Costa para colocar tantos nomes de alunos aprovados em vestibulares pelo Brasil afora neste ano de 2010. "Esperamos para janeiro próximo uma aprovação de pelo menos 150 alunos somente no vestibular da UNIR. Temos também vários alunos concorrendo pelo PROUNI e ainda muitos outros, a exemplo destes que foram aprovados no Acre, que fazem vestibulares em várias outras universidades públicas do Brasil", completou o Diretor. "O sucesso do Thiego, do Ruan, do Cristiano Danúbio, da Gabriele Veiga, também alunos de Medicina e de tantos outros, é o sucesso da família JBC e de um trabalho que só alegrias tem dado a Porto Velho e ao Estado de Rondônia", concluiu Suamy.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Tio Suamy: fecha-se um ciclo, missão cumprida!


"Medalha Marechal Rondon coroa administração de sucesso no JBC"


A Medalha de Mérito Marechal Rondon para o Estado de Rondônia foi criada através de Projeto de Lei, de autoria do executivo estadual, e aprovada na Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia, para homenagear pessoas ou instituições nacionais e estrangeiras que tenham se destacado pela notoriedade do saber ou com relevantes serviços prestados ao Estado. Em 1982, foi instituída a Comenda que tem como seus ícones maiores a Cruz dos Templários, a Efígie de Rondon e o contorno estelar do Real Forte Príncipe da Beira. Essa tríade representa a fé, a coragem e a História, pilares sobre os quais se assentou o desenvolvimento e o progresso de Rondônia. Por quase três décadas, a Ordem do Mérito Marechal Rondon enalteceu com justiça todos os rondonienses que trabalharam com idoneidade, civismo, entusiasmo, otimismo e respeito ao próximo.

Neste ano, o Diretor da Escola Estadual Professor João Bento da Costa SUAMY VIVECANANDA LACERDA DE ABREU será um dos homenageados no próximo dia 22, sendo indicado por vários segmentos da sociedade que reconhecem o brilhante trabalho efetivado na área da Educação no Estado de Rondônia com a implantação do Projeto Terceirão na escola pública em sua administração fazendo a inclusão principalmente de alunos carentes da comunidade nas Universidades Federais do país e nas faculdades privadas através do PROUNI. "Um trabalho digno de respeito, por isso é justo receber a maior condecoração do Estado", avalia o diretor Suamy que já foi agraciado com diversos prêmios no decorrer de sua gestão naquela Instituição de Ensino. Ele afirmou ainda que espera que todo esse trabalho possa ter continuidade.

O professor Suamy V.L. de Abreu mostrou de forma surpreendente junto com sua equipe de professores e funcionários que a diferença pode acontecer no âmbito das Escolas Públicas, pois em 08 (oito) anos à frente da Direção daquele Estabelecimento de Ensino, juntamente com a professora Elba Cerquinha, encerram seus trabalhos em 2010 com uma média de 1.200 (um mil e duzentos) alunos aprovados para as Universidades Federais, principalmente a UNIR, Universidade Federal de Rondônia, e pelo PROUNI e também cerca de 1.500 estudantes contemplados com o FIES sem contar ainda "os feras" que serão aprovados neste ano, visto que os resultados do ENEM e do vestibular da Unir só sairão no final de janeiro/2011. "Esperamos para 2011 pelo menos 150 aprovações na Unir e uns 80 pelo PROUNI", sentenciou.

O professor Suamy ressaltou também que a Escola Professor João Bento da Costa se tornou referência em todo o Estado de Rondônia quando o assunto é aprovação dos alunos para a universidade pública. "Claro que não foi um trabalho isolado, o sucesso da 'melhor escola pública estadual do Brasil' é o resultado de um trabalho de equipe que vai desde os mais humildes funcionários até o corpo de professores da instituição", avaliou o diretor cujo desempenho gostaria de ver em outras escolas.

Suamy disse ainda que a educação pública precisa de incentivos para resgatar a auto-estima de professores e alunos. O trabalho desenvolvido na Escola João Bento da Costa nestes últimos anos demonstra que tudo é possível. "Nada está perdido; Com garra, vontade política, compromisso e determinação, a Educação, mesmo a pública, pode salvar Rondônia e o Brasil e foi isso que nós do Colégio JBC procuramos mostrar à sociedade", finalizou o diretor. Suamy se diz um vencedor e acredita que encerra sua administração com chave de ouro. "Não é frase feita", pois a missão foi cumprida.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Governo Confúcio: a salvação da lavoura?


Os Velhos Desafios da "Nova Rondônia"


Professor Nazareno*


O futuro Governo da "Nova Rondônia" capitaneado pelo recém eleito governador Confúcio Moura praticamente já escolheu todo o staff que comandará os destinos do Estado pelo menos para os próximos quatro anos. Nenhuma novidade dizer que os desafios a serem enfrentados serão muitos e em todas as áreas. Rondônia é e sempre foi um Estado pobre, periférico e cujos maiores problemas são conseqüências das muitas e más administrações a que fomos submetidos durante toda a História. A grande distância dos centros mais desenvolvidos do país parece aumentar ainda mais os constantes desafios com que os governantes e a população em geral têm de conviver. Mas se não houver a conscientização para ajudar, muitos dos esforços serão em vão.

Embora neste Estado haja problemas em qualquer lugar que se possa imaginar, três áreas especificamente servirão como uma espécie de termômetro para o futuro Governo. O paraense Jorge Alberto Elarrat, o paraibano Alexandre Muller e a servidora pública Nanci Maria Rodrigues responsáveis respectivamente pela futura administração da Seduc, Secretaria de Educação, Sesau, Secretaria de Saúde e Sedam, órgão responsável pelo meio ambiente, têm a ingrata tarefa de desenvolver seus trabalhos sem erros ou pelo menos com o menor número possível de erros. Caso contrário, as manchetes inundarão os noticiários falando do mesmo pesadelo já conhecido de todos. O famoso "entra Governo e sai Governo e nada muda" deve ser aposentado.

Os desafios na Educação são hercúleos. As greves, que só reivindicam melhores salários para a categoria, se tornaram um pesadelo para os governantes de plantão e para a população que depende dos péssimos serviços prestados pelo Estado. Reorganizar a casa, valorizar os mestres concedendo-lhes justos aumentos salariais, recuperar a abandonada e sucateada infra-estrutura das escolas, dar auto-estima aos professores e aos alunos das escolas públicas, negociar com o Sintero, o outrora poderoso sindicato da categoria, são desafios que esperam o engenheiro Jorge Elarrat. E não bastam apenas investimentos ou vontade política para encarar a pedreira. É preciso começar quase tudo do zero. Mais do que uma visão de lince é preciso determinação para enfrentar o caos.

Já o médico Alexandre Muller deve trabalhar com o objetivo extremamente difícil de transformar a imagem do Hospital João Paulo Segundo. Não só a imagem, mas principalmente a maneira como a medicina é praticada naquele lugar. "Transformar um açougue num hospital de verdade deve ser algo inusitado". Esse hospital foi, nos últimos governos, uma das maiores vergonhas para o Estado de Rondônia. Textos, artigos, reportagens, filmagens e comentários foram escritos e publicados denunciando o descaso do Estado para com os seus cidadãos. E nada foi feito. O próprio Cremero "descobriu a roda" ao perceber e admitir muito tardiamente que aquilo ali era pior do que um hospital de um país em guerra. Prêmio Nobel para quem resolver o abacaxi.

Devemos perguntar ao Dr. Confúcio ou à senhora Nanci Maria Rodrigues se no próximo ano teremos de volta, durante o verão, não só em Porto Velho, mas em todo o Estado, as queimadas e a maldita fumaça? Certamente ações serão desenvolvidas com bastante antecedência no sentido de se evitar esta catástrofe que sofremos anualmente e que tanto macula o nome de qualquer Governo. Este ano, os órgãos encarregados pela defesa do meio ambiente foram uma vergonha. Tiveram um desempenho pífio e muito abaixo do esperado. Nunca se queimou tanto em nosso Estado. Nunca se produziu tanta fumaça em Porto Velho e redondezas. O caos voltou com força depois de dois anos. Especulou-se na época que pelo fato de ser um ano eleitoral, relaxaram a fiscalização.

Óbvio que um Governo não se faz apenas com Educação, Saúde e Meio Ambiente. Há várias outras áreas prioritárias como segurança pública, questões fundiárias, transportes, licitações, relações institucionais, estradas, energia, agricultura, pecuária, funcionalismo, que devem ser observadas e também levadas a sério. Além do mais, por ser um Estado pobre, Rondônia tem uma população muito difícil de ser administrada. Sujamos nossas ruas, somos uma maioria de pessoas despolitizadas e geralmente não sabemos reivindicar o que tem real interesse para nós próprios. Colocamos 150 mil pessoas numa passeata gay ou numa banda do "vai-quem-quer" e quase ninguém cobra providências das autoridades para um João Paulo Segundo ou mesmo para a melhoria da educação pública. Nunca vi uma pessoa sequer exigindo mais ética na política ou fiscalizando o poder público. As reclamações sobre o meio ambiente, nem na época da fumaceira. Por isso, devemos reinventar a roda e tentar participar do próximo Governo com propostas coerentes e com muita fé. Precisamos.



*O professor Nazareno leciona em Porto Velho.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Alguém ainda se lembra do AI - 5?


Quarenta e Dois anos do AI-5: a Ideologia do Nada


Professor Nazareno*


Há exatos quarenta e dois anos, os militares brasileiros mostraram ao mundo a sua face mais brutal e desumana: foi durante o governo de Arthur da Costa e Silva - 15 de março de 1967 a 31 de agosto de 1969 - que o país conheceu a mais cruel de suas leis e decretos. O Ato Institucional Nº. 5, ou simplesmente AI-5, que entrou em vigor em 13 de dezembro de 1968, era o mais abrangente e autoritário de todos os outros atos institucionais, e na prática revogou os dispositivos constitucionais de 67, além de reforçar os poderes discricionários do regime militar instalado em 1964. O Ato vigorou até 31 de dezembro de 1978. Eram os militares brasileiros a serviço da elite nacional

Foi a partir deste ato que os "milicos" começam de fato "a fazer a festa" sobre os poucos opositores e a cercear toda e qualquer possibilidade de reação da tímida oposição do país. Era o início dos “anos de chumbo” da cruel e covarde Ditadura Militar que se abateu sobre a nação até meados da década de 1980. E o pior de tudo é que toda esta perseguição e afronta, desrespeito, assassinatos, torturas, falta de lógica foram cometidos em nome de uma pseudo Segurança Nacional só para proteger os ricos. A exemplo dos assassinos nazistas, os nossos militares estupraram e brutalizaram a consciência nacional em busca do nada ao atropelarem a ordem democrática vigente.

Realmente: defendendo os princípios do capitalismo selvagem capitaneados pelos Estados Unidos, a Ditadura Militar no Brasil torturou e assassinou pacatos cidadãos para proibir dentre outras coisas, por exemplo, que o PCB (Partido Comunista Brasileiro) não tivesse sua legalidade e nem participasse da vida política nacional. Não conseguiram, pois hoje em dia não só o "partidão", mas tantas outras siglas similares fazem parte do jogo político atual e o mundo ainda não se acabou por causa disto. Dilma Rousseff, ex-terrorista, presidirá o país. A partir daí, os militares brasileiros se especializaram em censurar revistas de mulher pelada e a torturar oposicionistas.

Muitos cidadãos crêem que o pesadelo fardado já acabou e faz parte do nosso passado. Mas é sempre bom lembrar que a elite que sustentou "os gorilas da caserna" é quase a mesma que ainda dá as cartas no jogo político e econômico do nosso país. E muito provavelmente ainda reina dentro dos nossos quartéis a mentalidade golpista, tacanha e retrógrada que incentivou os militares na aventura tresloucada de 1964 e da decretação do AI-5. Essa mesma elite deu as caras recentemente no país inteiro quando não só torceu pela vitória de José Serra, mas tentou de todas as maneiras "melar" a vitória da Dilma Rousseff tentando trazer de volta esse passado infeliz. Perderam feio.

Alguém deveria ensinar aos nossos militares que defender a Segurança Nacional seria, por exemplo, não ter permitido há três anos, que os bolivianos tivessem invadido as nossas refinarias de Petróleo ou então vigiar melhor as nossas fronteiras, que mais se parecem um queijo suíço, e dessa forma evitar a entrada clandestina de armas e drogas. Por tudo isso, não há absolutamente a menor possibilidade de se lembrar de forma cômoda nesta data maligna de que há quarenta e dois anos tivemos nossas consciências invadidas e fomos levados ao limbo. A já desgastada imagem do Brasil ficou manchada internacionalmente durante 21 anos para absolutamente nada e até hoje se paga um alto preço por isso. Os militares do Brasil só ajudaram a enriquecer ainda mais a ambiciosa elite nacional. Só que a partir de agora serão comandados por quem tanto combateram.



*É professor em Porto Velho

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Você ainda acredita em Papai Noel?


Cartinhas para o Papai Noel


Professor Nazareno*


Nesta época do ano é comum crianças do mundo inteiro mandarem cartinhas para o Papai Noel pedindo presentes. É Natal, data maior da cristandade em nosso país e por isso "o bom velhinho" trabalha como nunca para atender a todos os pedidos. Claro que só imbecis acreditam nesta lorota. Sabe-se que esse tal de Papai Noel não passa de um velho pedófilo com fortes tendências homossexuais: ele se veste com roupas de seda vermelha, usa gorro com pompom, adora colocar criancinhas no colo, é solteiro, meigo, tem a voz macia, gosta de dar presentes, seu nome em inglês é Santa e é puxado por um monte de veados. Ainda assim, até agora mais de seis mil crianças de Porto Velho lhe mandaram cartas cujo conteúdo, por causa da WikiLeaks, vazou para a mídia.

A pequena Ludmila Babaca de apenas oito aninhos, moradora do bairro Nova Porto Velho, pediu que "o bom velhinho" intercedesse junto à Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia para que aquela casa de leis não mais devolvesse dinheiro ao Executivo no próximo ano. Pelo menos enquanto houvesse coisas para serem feitas na cidade e também no Estado. Agindo assim, os deputados estaduais de Rondônia podem fazer uma forte concorrência ao Papai Noel e isso não é justo. Preocupada, ela disse que não entendia a aprovação de algumas leis bisonhas como defecar de graça nos terminais rodoviários. Claro que haverá muitas conversas com os atuais e também com os futuros dirigentes do nosso Poder Legislativo somente para atender ao pedido da garotinha.

Outra missiva que chamou a atenção foi a do menino João Simplório. Ele pede de presente ruas mais limpas na cidade. "Papai Noel, por que tem tanto bicho morto apodrecendo nas ruas de Porto Velho?", indagou o menor. "Há tempos, ouvi dizer que o dinheiro do PAC colocaria esgoto e água encanada em cem por cento da cidade e até agora este percentual não passa dos três, acho que é por isso que ela continua fedendo e suja, o que foi que aconteceu?". E ainda reclama: "este ano a Prefeitura deu um presente de 12 milhões de reais ao povo daqui ao recuperar um lugar ermo próximo à beira do rio só para os desocupados fazerem suas necessidades". "Eu também quero ganhar um presente". Pediu ainda para que em 2011 os viadutos fossem terminados.

Larissa Otária do Nova Floresta pediu que o açougue João Paulo Segundo, que se localiza em seu bairro, fosse transformado em Hospital de Pronto Socorro. "Sei que é uma das tarefas mais difíceis para o senhor, Papai Noel, pois nenhum governador conseguiu fazer isto até hoje e não se acredita que o próximo conseguirá". Já a cartinha do pequeno José Idiota, do bairro Tancredo Neves, pede ao "Santa Claus" que no próximo ano arranje um lugar definitivo para a realização do Arraial Flor do Maracujá. Esta festa, que muitos acreditam representar a cultura que este Estado nunca teve, todo ano muda de lugar. "Papai Noel, 'o maior arraial sem santo do Norte do país' precisa de um lugar fixo para mostrar a famosa dança do boi", completou o missivista Idiota.

Várias outras cartas de Rondônia foram também endereçadas ao Pólo Norte. Havia cartas que pediam serviços da Ceron compatíveis com a tarifa cobrada, melhores serviços do Hospital de Base, da Caerd, da Unir e principalmente dos órgãos responsáveis pela contenção das queimadas e da fumaça em Rondônia como Sipam, Sivam, Sema, Ibama e Corpo de Bombeiros. Houve até quem pedisse que o Bradesco e o Itaú disponibilizassem saques em seus caixas eletrônicos nos fins de semana. Boiolagens à parte, o Papai Noel já avisou que se todos se comportarem direitinho, no próximo ano ele não vai economizar em presentes. Dará "jetons" aos deputados estaduais e muitos outros mimos para as autoridades responsáveis pelo bom andamento do nosso Estado. O problema é que ele não pode aceitar suborno. De jeito nenhum.


*Leciona em Porto Velho.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Rondônia e os segredos de Estado


A WikiLeaks e os Segredos de Rondônia


Professor Nazareno*


A WikiLeaks é uma organização transnacional sem fins lucrativos que publica, de fontes anônimas, em seu site, notícias, documentos, fotos e informações, tudo estritamente confidencial, de governos ou empresas sobre os assuntos mais sensíveis. O Governo dos Estados Unidos e de outros países, inclusive o Brasil, estão em polvorosa com as publicações que revelam, dentre outras coisas, segredos de Estado sobre a invasão do Iraque, do Afeganistão e a crueldade sobre a prisão norte-americana de Guantánamo em Cuba. O site publica também "conversas informais" de embaixadores sobre todos estes assuntos. O seu fundador, o australiano Julian Assange, está escondido em algum lugar no Reino Unido por ser acusado de assédio sexual na Suécia.

O medo deste site também está causando uma espécie de "saia justa" nas autoridades que fizeram e fazem parte dos governos do Estado de Rondônia nos vários poderes constituídos. Já pensou o escândalo que provocaria a divulgação de documentos secretos sobre os fatos que deflagraram a Operação Dominó pela Polícia Federal em 2006 na Assembléia Legislativa do Estado? Finalmente o povo de Rondônia entenderia qual é a importância deste poder na sua vida cotidiana. O site poderia também divulgar documentos muito importantes sobre a construção da imponente sede do Tribunal Regional do Trabalho, o TRT, construída há mais de uma década. E mais: a morte do ex-senador Olavo Pires seria finalmente esclarecida em todos os seus detalhes.

Este site poderia também prestar relevantes serviços ao povo rondoniense se divulgasse o nome do gênio, arquiteto e design das Três Caixas d'água, o símbolo maior da capital, que é adorado por quase todos os seus habitantes. Uma obra de arte de beleza inigualável em todo o mundo e cujo segredo é guardado a sete chaves. Seria muito interessante também se todos nós soubéssemos o que de fato aconteceu com o Beron, o extinto Banco do Estado de Rondônia, que virou "beiju de caco" na administração do PMDB de Valdir Raupp. Ficaríamos sabendo também como se envolver nas mais variadas máfias (sanguessugas, das ambulâncias) dentre muitas outras especializadas em surrupiar o dinheiro público e ainda ser eleito com grande aceitação popular.

Esses documentos secretos revelariam certamente por que o ex-governador Ivo Cassol, o do Império da Roça, resolveu presentear a futura administração do Estado com um CPA novinho em folha e por que não transformou os atuais 2% de saneamento básico de Porto Velho nos 80% prometidos. Veríamos fotos dos dirigentes da Ceron rindo dos consumidores de energia que aceitam passivamente um serviço africano com uma tarifa européia. E finalmente o segredo da administração petista de Porto Velho seria desvendado: como transformar a capital de trânsito mais violento do Brasil num canteiro de obras inacabadas seria a conversa mais badalada nos bares e botequins. Deve ter também algum documento escondido que explica a imundície desta cidade.

Páginas inteiras falariam do Hospital João Paulo Segundo, o açougue mais conhecido do Estado. Em algum papel deve explicar o porquê da estupidez oficial de todos os dirigentes e ex-dirigentes de Rondônia em não oferecer saúde pública de qualidade aos seus eleitores. Todos nos deleitaríamos ao ler os documentos secretos que criaram a inútil ponte no Madeira, as usinas hidrelétricas e o arraial Flor do Maracujá. As queimadas junto com a fumaça, que devem voltar no próximo verão, teriam, enfim, uma explicação mais aceitável por parte das autoridades deste e dos futuros governos. Porém todos devem ficar tranqüilos: a WikiLeaks e Julian Assange jamais publicarão qualquer linha sobre Rondônia. Eles simplesmente não sabem que isto aqui existe. Ainda bem que nossa pouca importância nos salvará de qualquer mal-estar diplomático.


*Leciona em Porto Velho

terça-feira, 30 de novembro de 2010

E Porto Velho não muda mesmo...


Porto Velho: Modernidade com Velhos Hábitos (02)


Professor Nazareno*


Já ouvi muita gente dizer que Porto Velho não é o fim do mundo. Pode até não ser, mas que por aqui acontecem coisas do "arco da velha", não há dúvidas. Embalada pela construção das duas usinas hidrelétricas para a produção de energia apenas para beneficiar os Estados do Sul do país e sem ganharem absolutamente nada em troca, muitos dos habitantes locais se orgulham deste feito absurdo. Com uma população de aproximadamente 426 mil habitantes, segundo o último censo do IBGE, o fato é que em pleno século vinte e um a capital dos rondonienses ainda é uma cidade brega, mal planejada, suja, cara e que não oferece quase nada de moderno para os seus moradores. Se sair daqui resolvesse algo, acredita-se que muita gente já "tinha picado a mula". Muitas autoridades, filhos daqui mesmo, já moram fora do Estado faz tempo.

Conhecida orgulhosamente como a "Cidade das Hidrelétricas", talvez não haja no país uma capital onde a falta de energia seja uma constante. Todo santo dia praticamente os porto-velhenses têm de conviver com os irritantes apagões. Bairros inteiros ficam às escuras até por mais de 20 horas. Choveu, falta energia. A Ceron (Conseguimos Escurecer Rondônia) mudou de nome, só de nome mesmo. Mas se ligar no 0800, atendem direto do Rio de Janeiro. Não é incrível? E como presente pela incompetência, 10,60% de aumento para nós, otários consumidores. Para os outros, tudo. Para os rondonienses, nada. Apenas a grande e irreversível devastação do nosso já desgastado meio ambiente. Esses péssimos serviços têm como aliados os arroubos telúricos de meia dúzia de tolos que parecem não conhecer lugares mais civilizados.

Em Porto Velho, as transmissões de televisão ainda são feitas do modo tradicional. A maioria das capitais e cidades de grande porte já convive com esta tecnologia há mais de dois anos. TV digital é um mimo inacessível para muitos porto-velhenses. Apenas uma única emissora já se livrou da imagem analógica. Pior: quase toda a programação exibida pelas principais redes de televisão são gravações que os telespectadores vêem uma ou duas horas depois que já passarem no resto do país. Bancos existem na cidade e também há caixas eletrônicos. O gozado é que nos finais de semana eles quase nunca funcionam. A Internet daqui é lenta demais e enquanto muitas cidades já a têm grátis e rápida, aqui se paga uma fortuna. E não presta. Nós estamos acomodados achando que "Em Rondônia é assim mesmo...". E não é. Nós é que deixamos ser.

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos de Porto Velho é uma piada. Geralmente entrega as contas de final de mês com dois, três ou mais dias de atraso. O cidadão de Porto Velho, que paga seus impostos em dia, sofre "o pão que diabo amassou" se não quiser quitar suas contas com juros e correção. Pela Internet é quase impossível: além da lentidão, sempre há cabos de fibra ótica sendo consertados. Nos caixas eletrônicos não há muita condição, pois eles estão sempre fora do ar ou com saques indisponíveis. Nas lotéricas é muito difícil por que há muita falta de energia e também muita gente sempre "fazendo uma fezinha". Não basta ter as coisas que o mundo civilizado tem, é preciso que elas funcionem e dêem garantias ao cidadão. A violência crescente, o alagamento das ruas, o alto preço da carne e uma penitenciária para abrigar os bandidos perigosos do Rio de Janeiro é o que nos fazem semelhantes ao Sul do país.

O Transporte coletivo daqui é um caos completo. Duas horas é o tempo médio de espera em cada parada de ônibus. Isso numa cidade que é do tamanho apenas de um bairro de porte médio de São Paulo. As autoridades tentaram resolver o problema criando o serviço de mototáxi e construindo viadutos que ainda estão inacabados e algumas passarelas que só servem para serem observadas quando os transeuntes passam por baixo delas. Alugar uma casa imunda ou um apartamento sujo por aqui é mais caro do que um flat à beira-mar ou na paradisíaca Serra Gaúcha. O único Shopping Center da cidade ainda tem uma madeireira no pátio e é um lugar moderno, mas que convive com assaltos e até mortes. Esta madeireira é a síntese da Porto Velho atual: a modernidade chegou, está ali bem ao lado, mas tem que conviver com o velho e o ultrapassado. E tudo isto por que disseram que isto aqui ia mudar. Está mudando sim, mas para pior.


*Leciona em Porto Velho.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Guerra no Rio: notoriedade em Rondônia


Drogas: a Guerra que não tem Fim


Professor Nazareno*


A recente guerra deflagrada no Rio de Janeiro entre as forças do Governo do Estado e os traficantes de drogas foi uma das melhores coisas que aconteceram a Rondônia nos últimos tempos. Devido à transferência de alguns bandidos de alta periculosidade para o presídio de segurança máxima de Porto Velho, o nosso Estado e a nossa cidade foram mencionados como nunca em toda a mídia nacional. Só o Jornal Nacional da Rede Globo em uma única edição falou cinco vezes o nome de Rondônia. Claro que houve algum repórter desastrado que confundiu (ainda) Rondônia com Roraima. Isaías do Boréu, Elias Maluco, Marcinho VP dentre outras conhecidas figuras do crime organizado do Rio são, a partir de agora, nossos mais novos hóspedes. E, estranhamente, metem medo também por aqui.

Os rondonienses deveriam se tranqüilizar quanto à presença dessa gente em terras karipunas. Mesmo sendo "da pesada", nenhum deles, por enquanto, desviou um único centavo sequer dos cofres públicos deste Estado. Nunca foram filmados exigindo propina de nenhum governante local, além de não terem praticado qualquer crime que pudesse dar prejuízo aos cidadãos daqui que pagam seus impostos. Mesmo sendo bandidos perigosos, nenhum deles criou o Hospital João Paulo Segundo, que mata e abandona pacientes pelo chão. Qual deles pode ser responsabilizado pela devastação ambiental ou pela morte do nosso lendário rio Madeira? Nunca compraram votos aqui nem desviaram recursos públicos para benefício pessoal. Nem são os responsáveis pela maldita fumaça durante o verão.

Essa guerra nos morros cariocas é um equívoco e não deveria acontecer. O Estado desce ao nível do traficante quando propõe o enfrentamento homem a homem nas favelas. Além do mais, a questão do tráfico de drogas envolve uma cadeia maldita de que participam vários elos: produtor, traficante, transportador, vendedor de armas, consumidor, etc. Grande parte desta droga só pode ser produzida no ar rarefeito dos Andes. Como chega aos grandes centros do Brasil e do mundo é um mistério que envolve dentre outras coisas a incompetência de quem devia fiscalizar corretamente as nossas fronteiras e do próprio Estado que se mostra despreparado para impedir o transporte da droga. Colocar as Forças Armadas para trabalhar pode não adiantar muito, pois como foi visto os bandidos sempre fogem.

O óbvio: se não houver consumo não haverá tráfico nem produção. E as leis do Brasil não punem o elo consumidor. Muitos países já adotam uma legislação em que cada parte desta cadeia é punida com o mesmo rigor. De que adianta pais de família se envolver nesta guerra, perder suas vidas, apenas para livrar os "filhinhos de papai" do vício? O Estado devia proteger todos e não apenas a elite consumidora de drogas. Quem usa substância entorpecente deve saber que alimenta esta violência que presenciamos nos morros do Rio de Janeiro e também em outras cidades do país. Cada carreirinha de coca que se consome mata muitas pessoas e alimenta um círculo vicioso demoníaco. Em vez de balas, é preciso investir mais na conscientização dos nossos jovens. O erro: o Estado pune um elo e libera outro.

E essa estratégia é totalmente inútil: matam-se ou se transferem os líderes do tráfico e outros aparecerão. É apenas uma questão de tempo. Alguém terá que abastecer os viciados. A abstenção dos riquinhos em busca de mais uma cheirada deve ser bem pior do que muitos carros incendiados nas ruas. "O sistema" descrito no filme "Tropa de elite 2" é imbatível e nunca morre. Mas se o fluxo de dinheiro que alimenta os AR-15, bazucas e as metralhadoras do tráfico fosse interrompido, não haveria necessidade dessa guerra urbana nem de mortes que tanto mancham o nome do país que vai sediar a próxima Copa de Mundo e as Olimpíadas de 2016. Soluções há, basta o Estado se fazer mais presente nestas comunidades que o tráfico adotou há tempos. Desvio de recursos públicos, corrupção, roubos, desmandos, enriquecimento ilícito, impunidade, falcatruas, nepotismo são piores do que abrigar temporariamente bandidos de outros Estados. Alguma coisa o Brasil devia mandar para Rondônia em troca da energia que vamos produzir para os Estados do sul do país.


*Leciona em Porto Velho.

domingo, 21 de novembro de 2010

Porto Velho está se desenvolvendo mesmo?


Porto Velho: Modernidade sem Velhos Hábitos (01)


Professor Nazareno*


Já ouvi muita gente dizer que Porto Velho é o fim do mundo. Quanta injustiça se afirmar isto. É claro que aqui não acontecem coisas do "arco da velha", não há a menor dúvida. Embalada pela construção de duas usinas hidrelétricas para a produção de energia apenas para beneficiar os Estados do sul do país e achando que vão ganhar o paraíso em troca, muitos dos habitantes locais se orgulham deste feito inusitado. Com uma população de aproximadamente 410 mil habitantes, segundo o último censo do IBGE, o fato é que em pleno século vinte e um a capital dos rondonienses já é uma cidade moderna, bem planejada, limpa, sem carestia e que oferece tudo de moderno para os seus moradores. Daqui ninguém quer "picar a mula" e a felicidade é geral. Que bom.

Conhecida orgulhosamente como a "Cidade das Hidrelétricas", a cidade nunca registrou falta de energia. Todo santo dia os porto-velhenses desligam por conta própria seus disjuntores só para conhecer o que é um apagão. E se por um acaso isto acontecer, na primeira reclamação tudo é resolvido na hora. Não é qualquer chuvinha de fim de tarde que faz a Ceron interromper a oferta de luz elétrica. Para os outros, nada. Para os rondonienses, tudo. Ficamos felizes com a grande e irreversível devastação do nosso meio ambiente causada pela construção das usinas do Madeira. O progresso veio para ficar e é nosso amigo. O atendimento nas lojas faz inveja a qualquer um. Nos postos de gasolina, os frentistas correm atrás dos motoristas para poder abastecer mais rápido.

Em Porto Velho, as transmissões de televisão ainda são feitas do modo tradicional. E o povão adora. Enquanto na maioria das capitais e cidades de grande porte do país já se convive com esta tecnologia há mais de dois anos, aqui a televisão digital é um mimo inacessível para muitos moradores. Apenas uma única emissora já se livrou da imagem analógica. Mas ninguém aceita, já que quase toda a programação exibida nas principais redes de televisão são gravações que os telespectadores vêem uma ou duas horas depois que já exibiram no resto do país. Bancos existem na cidade e também têm caixas eletrônicos. O gozado é que sempre nos finais de semana eles nunca funcionam. "Fim de semana é para descansar e não para se preocupar com saques em dinheiro".

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos de Porto Velho é referência. Geralmente entrega as contas de final de mês com dois, três ou mais dias adiantadas. O cidadão de Porto Velho, que paga seus impostos em dia, não sofre "o pão que diabo amassou" se quiser quitar suas contas sem juros e correção. Pela Internet é bem melhor: não há lentidão, e nunca há cabos de fibra ótica sendo consertados. Nos caixas eletrônicos é a opção predileta, pois eles estão sempre disponíveis e funcionando perfeitamente. Nas lotéricas é também muito bom por que não há falta de energia nem muita gente "fazendo uma fezinha". Porto Velho já tem as coisas que o mundo civilizado tem, e aqui elas funcionam muito bem e só dão tranqüilidades ao cidadão.

O Transporte coletivo é uma beleza. Duas horas é o tempo médio de espera numa parada de ônibus. Isso é muito bom para colocar as amizades em dia. Ninguém reclama. As autoridades resolveram o "nó" do trânsito com o serviço de mototáxi e viadutos enquanto as passarelas servem para ser observadas pelos transeuntes que passam por baixo delas. Alugar uma casa limpinha ou um bom apartamento é quase de graça. Nem se compara ao preço de um flat à beira-mar ou na paradisíaca Serra Gaúcha. O único Shopping Center da cidade ainda tem uma madeireira no pátio e é um lugar moderno que não convive com assaltos nem registra violência. Esta madeireira é puro marketing e sinaliza que a modernidade chegou, está ali bem ao lado, mas precisa respirar um passado romântico e saudoso. E disseram que Porto Velho não precisava mudar. Se isto aqui não for um lugar abençoado por Deus, é a morada do Próprio.


*Leciona em Porto Velho.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Quem é rico? Quem é pobre?


O Rico e o Pobre no Brasil


Professor Nazareno*


O Brasil é um país pobre, já os Estados Unidos são um país rico. A Europa tem vários países ricos e nenhum pobre. Antes, nós éramos do Terceiro Mundo, hoje somos emergentes, mas ainda pobres ou com muitos pobres. Quase todo mundo sabe as principais diferenças entre pobres e ricos. Rondônia, por exemplo, é um estado pobre, já São Paulo é um estado rico. Existem muitos estados ricos no Brasil. Mas as diferenças entre pobres e ricos em nosso país são bem maiores do que pensamos. Pobre quase sempre é analfabeto e geralmente estuda em escola pública. Ao contrário do rico, que tem à disposição a escola particular. Pobre paga para estudar em faculdade, rico estuda em Universidade Federal. Cursos de pobre geralmente são aqueles que oferecem muitas vagas e poucas oportunidades no mercado de trabalho. Curso de rico é aquele cujo mercado ainda não está saturado e paga muito bem ao profissional recém formado. Rico fala Inglês ou Espanhol, pobre nem o Português sabe falar direito. Rico dança ballet, pobre dança "Boi" e ainda acha que é cultura.

Pobre sonha com a casa própria, rico mora em flat e paga condomínio. Cozinha de pobre tem liquidificador com saia bordada, cachorro de louça na porta (ou verdadeiro no quintal) e paredes decoradas com pássaros, também de louça, grandes, médios e pequenos. Rico tem computador de última geração, televisão de plasma ou LED e carro importado, já o miserável do pobre anda de ônibus e vai à Lan House se não quiser ser chamado de excluído digital. Pobre vota no Governo, rico faz oposição. Rico tem leitura de mundo, pobre nem ler sabe. É óbvio que pobre vai ao Arraial Flor do Maracujá, Expovel e carnaval fora de época, rico vai ao teatro e ganha dinheiro com a Expovel. Avião é transporte de rico enquanto ônibus serve aos sem dinheiro. Ricos são eleitos e pobres são eleitores. A democracia, quando convém, é defendida pelos ricos enquanto os pobres “choram um olho e lagrimam o outro” por uma ditadura. Resumindo: pobre é ditador, rico é democrata. Rico vota por ter consciência política, pobre vota por uma cesta básica.

Rico é ateu, judeu ou católico, já pobre é macumbeiro ou segue a religião dos outros. Música clássica é ouvida pelo rico enquanto pagode, pelo pobre. O SBT é uma emissora de televisão direcionada aos pobres enquanto a Discovey Channel, CNN e Globo News satisfazem o telespectador endinheirado. Pobre vai à feira de bairro, rico ao Shopping Center. Claro que se entende por que Orkut, MSN, Lap Top, Twitter e Blog são palavras comuns a quem tem posses enquanto o favelado nem tem palavras para designar estas coisas. Rico consome droga que geralmente é vendida pelo pobre. Doença de pobre é dengue, diarréia, curuba ou malária. Rico pega gripe suína (Influenza H1n1) quando está de férias em Buenos Aires ou na Europa e procura tratamento nos hospitais conveniados com os mais caros planos de saúde ou mesmo fora do Estado. Pobre vai ao Hospital de Base ou João Paulo Segundo e ainda fica feliz se consegue uma ficha para ser atendido dois meses depois num posto de saúde da Prefeitura ou do Governo do Estado.

O rico quando entra na política é para triplicar a sua fortuna. Pobre nem político consegue ser. Acredita-se que mais de 80 por cento dos eleitores brasileiros são pobres e por isso mesmo mantêm os outros 20 por cento como reféns de suas estúpidas escolhas. Enquanto o rico é sempre bem votado, o pobre nem votar sabe. Na atual conjuntura da nossa política, precisa dizer quem é ficha limpa e quem é ficha suja? Bairro ou prédio de rico tem nome em francês: "maison". Pobre mora em estância, invasão ou favela. Cidadão rico com muitos filhos é excêntrico, pobre é idiota mesmo. Tênis é o esporte favorito da elite. Pobre pratica esporte? Por isto o nosso país é o que é. Enquanto o Brasil for povoado por esta gentinha “chinfrim” e sem nenhum “pedegree”, seremos a escória do mundo, a terra onde tudo é possível, a nação do absurdo. Um país periférico e habitado por “jecas”. No entanto, eu já vi muitos pobres que agem como se ricos fossem e muitos ricos que têm a mania de agir como pobres. Já me disseram que eu sou da classe média, casta social aonde muitos pobres querem chegar e de onde muitos ricos não deveriam ter saído.


*Leciona em Porto Velho.