domingo, 21 de novembro de 2010

Porto Velho está se desenvolvendo mesmo?


Porto Velho: Modernidade sem Velhos Hábitos (01)


Professor Nazareno*


Já ouvi muita gente dizer que Porto Velho é o fim do mundo. Quanta injustiça se afirmar isto. É claro que aqui não acontecem coisas do "arco da velha", não há a menor dúvida. Embalada pela construção de duas usinas hidrelétricas para a produção de energia apenas para beneficiar os Estados do sul do país e achando que vão ganhar o paraíso em troca, muitos dos habitantes locais se orgulham deste feito inusitado. Com uma população de aproximadamente 410 mil habitantes, segundo o último censo do IBGE, o fato é que em pleno século vinte e um a capital dos rondonienses já é uma cidade moderna, bem planejada, limpa, sem carestia e que oferece tudo de moderno para os seus moradores. Daqui ninguém quer "picar a mula" e a felicidade é geral. Que bom.

Conhecida orgulhosamente como a "Cidade das Hidrelétricas", a cidade nunca registrou falta de energia. Todo santo dia os porto-velhenses desligam por conta própria seus disjuntores só para conhecer o que é um apagão. E se por um acaso isto acontecer, na primeira reclamação tudo é resolvido na hora. Não é qualquer chuvinha de fim de tarde que faz a Ceron interromper a oferta de luz elétrica. Para os outros, nada. Para os rondonienses, tudo. Ficamos felizes com a grande e irreversível devastação do nosso meio ambiente causada pela construção das usinas do Madeira. O progresso veio para ficar e é nosso amigo. O atendimento nas lojas faz inveja a qualquer um. Nos postos de gasolina, os frentistas correm atrás dos motoristas para poder abastecer mais rápido.

Em Porto Velho, as transmissões de televisão ainda são feitas do modo tradicional. E o povão adora. Enquanto na maioria das capitais e cidades de grande porte do país já se convive com esta tecnologia há mais de dois anos, aqui a televisão digital é um mimo inacessível para muitos moradores. Apenas uma única emissora já se livrou da imagem analógica. Mas ninguém aceita, já que quase toda a programação exibida nas principais redes de televisão são gravações que os telespectadores vêem uma ou duas horas depois que já exibiram no resto do país. Bancos existem na cidade e também têm caixas eletrônicos. O gozado é que sempre nos finais de semana eles nunca funcionam. "Fim de semana é para descansar e não para se preocupar com saques em dinheiro".

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos de Porto Velho é referência. Geralmente entrega as contas de final de mês com dois, três ou mais dias adiantadas. O cidadão de Porto Velho, que paga seus impostos em dia, não sofre "o pão que diabo amassou" se quiser quitar suas contas sem juros e correção. Pela Internet é bem melhor: não há lentidão, e nunca há cabos de fibra ótica sendo consertados. Nos caixas eletrônicos é a opção predileta, pois eles estão sempre disponíveis e funcionando perfeitamente. Nas lotéricas é também muito bom por que não há falta de energia nem muita gente "fazendo uma fezinha". Porto Velho já tem as coisas que o mundo civilizado tem, e aqui elas funcionam muito bem e só dão tranqüilidades ao cidadão.

O Transporte coletivo é uma beleza. Duas horas é o tempo médio de espera numa parada de ônibus. Isso é muito bom para colocar as amizades em dia. Ninguém reclama. As autoridades resolveram o "nó" do trânsito com o serviço de mototáxi e viadutos enquanto as passarelas servem para ser observadas pelos transeuntes que passam por baixo delas. Alugar uma casa limpinha ou um bom apartamento é quase de graça. Nem se compara ao preço de um flat à beira-mar ou na paradisíaca Serra Gaúcha. O único Shopping Center da cidade ainda tem uma madeireira no pátio e é um lugar moderno que não convive com assaltos nem registra violência. Esta madeireira é puro marketing e sinaliza que a modernidade chegou, está ali bem ao lado, mas precisa respirar um passado romântico e saudoso. E disseram que Porto Velho não precisava mudar. Se isto aqui não for um lugar abençoado por Deus, é a morada do Próprio.


*Leciona em Porto Velho.

6 comentários:

Jorge Santos disse...

QUANTA BABAQUICE !!! DE NOVO COM ESSE TEXTO, CONTINUA TENTANDO GANHAR IBOPE, TÁ SEM CRIATIVIDADE "ESSA MENINA"!!!

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Adrian Silvan disse...

Parabens pelo texto,e a pura realidade..

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Renan disse...

É verdade, eu acho engraçado que em outros lugares do Brasil quando ficam sem energia por 2 horas sai no Jornal Nacional, já se especula se é um apagão geral, se foi invasão de crackers etc. Aqui tu pode ficar sem energia 24 horas que no jornal local ainda fazem vista grossa. Internet aqui, cai todo dia e por várias horas e nada, as empresas fazem o que achar melhor. Já em outros estados estas mesmas empresas são severamente punidas se uma queda ocorrer. Porto Velho tem pessoas boas, mas precisa de muito mais para se tornar uma cidade do sécuklo 21.

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Kleber Júnior disse...

Esqueceu de mencionar o MP, que não existe na nossa cidade, só para os fud...os, Parabéns pelo texto, diante da rotina em que nossa cidade se transformou acabamos não tendo tempo para refletir.

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Mateus Mota disse...

Mas mudar os velhos hábitos dá trabalho demais... Mas, ao mesmo tempo, percebemos também que muitas das nossas antigas tradições estão mudando bruscamente, não por aceitação espontânea coletiva, mas sim por algum tipo de imposição. Por exemplo, muitas escolas não cantam mais “Atirei o pau no gato” ou não permitem que o cravo brigue com a rosa na cantiga popular.

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Rozana disse...

Realmente existe fragilidade no fornecimento de energia elétrica, mas o restante não é um privilégio somente de Porto Velho.

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