domingo, 31 de maio de 2015

O conhecimento é inútil



O conhecimento é inútil

Professor Nazareno*


Estudar é uma das maiores besteiras que um indivíduo pode fazer na vida. A busca pelo conhecimento tornou o homem, através dos tempos, um perfeito idiota, um sujeito sem futuro, um escravo dos livros e das enciclopédias, enfim, um “Zé Mané” sem eira nem beira. A ciência não serve para nada. O saber testado e comprovado é uma tolice sem tamanho. Ter know-how e amplo domínio da tecnologia é um grande desperdício. A busca pela leitura de mundo é uma inutilidade sem fim. Conhecer o universo, as grandes escolas mundiais do saber e as relações que os norteiam, além de caro e difícil é totalmente inútil. Todas as escolas deviam ser fechadas. Professores deviam ser criminalizados, perseguidos e queimados vivos em praça pública. “Ler devia ser proibido” no Brasil e quem fosse flagrado com um livro devia ser punido e preso.
Todos os países que investiram maciçamente em seus sistemas de educação estão hoje na miséria e praticamente sem nenhum reconhecimento internacional. Estados Unidos, Alemanha, Japão, Coreia do Sul, os países escandinavos e a maioria das nações da Europa Ocidental têm os piores sistemas de educação do planeta e por isso sofrem agruras irreparáveis em suas sociedades. Pior, em alguns desses países citados muitos de seus habitantes são ateus convictos. Abriram mão da religião e abraçaram a ciência, o conhecimento, o domínio da tecnologia e por isso “se ferraram”. Na Suécia, por exemplo, 86% de seus cidadãos são ateus ou agnósticos. Os suecos, coitados, têm uma das sociedades mais problemáticas do mundo. O IDH somado de Holanda, Noruega, Suíça e Bélgica é bem menor do que o do Estado de Rondônia.
Investir em educação de qualidade é totalmente desnecessário. Os nossos governantes e parte da sociedade brasileira sabem muito bem disto. Quase todas as escolas do país só têm um turno diário para não estressar os alunos. Ir à igreja orar ou assistir aos programas eleitorais gratuitos, além de navegar horas a fio na internet e nas redes sociais é o que devia ser incentivado aos nossos “inteligentes e espertos” jovens. Ler Foucault, Nietzsche, Drummond, Machado de Assis, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Shakespeare, etc. só dá prejuízo e atraso de vida. Ninguém consegue aprender nada com estes fracassados autores que, graças a Deus, já estão mortos e enterrados. O conhecimento deles sempre foi um grande atraso para a humanidade e o seu legado, uma porcaria. Deviam queimar todos os seus livros. Mas queimar livros é mesmo bom?
Ser padre, pastor evangélico, ator de novelas, miss, DJ, designer de modas, cantor de pagode, político ou jogador de futebol é o que deviam ensinar à nossa juventude. Um país sério só precisa dessas profissões abençoadas por Deus para se desenvolver com mais paz, bonança e justiça social. Filósofos, sociólogos, poetas, dramaturgos, escritores, jornalistas competentes, professores comprometidos deviam ser profissões proibidas por lei. Toda nação séria devia trocar sua constituição pela Bíblia. E nada de laicidade. Se só há um único Deus, por que não aceitá-LO logo sem questionamentos tolos e incorretos? Além de pecado, o termo Estado laico deveria ser banido do nosso cotidiano. Foi o conhecimento que criou a união estável, o aborto, a eutanásia, os preservativos e outros modismos difundidos hoje como aberrações sociais. Por isso, fechem-se todas as escolas e universidades! “Quem lê muito pode virar ateu”.





*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Satanás, protetor de Porto Velho



Satanás, protetor de Porto Velho

Professor Nazareno*

            Outro dia ouvi dizer que a cidade de Porto Velho, capital de Rondônia, era do Senhor Jesus. De início não acreditei, porém torci para que fosse mesmo verdade, pois quando ouço falar no nome de Jesus Cristo, associo logo ‘essa marca’ a Deus, embora não entenda muito de religião nem nela acredite cegamente. O fato é que durante toda a minha vida fui ensinado que Esse nome deve ser associado a tudo que é bom, a tudo que é sagrado, a tudo que significa paraíso na terra, beleza, pureza, bem-aventurança, coisa boa e preferida, ser perfeito, desejado, amado e adorado por todos. Então, como morador há 35 anos desta cidade, percebi que há alguma coisa errada nesta citação demais otimista e talvez até mentirosa. Se a dicotomia Deus X Lúcifer estiver certa, como muitos afirmam convictamente, como pode esta cidade ser protegida pelos céus?
            Por que Deus, que é bom e perfeito, teria permitido que Mauro Nazif administrasse este município por quatro anos? E Roberto Sobrinho e o PT, tiveram mesmo a permissão divina para administrar esta capital durante longos oito anos? Observando-se o que era Porto Velho no passado e olhando tristemente o que é a cidade hoje, mais de um século depois, entende-se que a mão, ou a vontade divina, jamais passaram por aqui. Um lugar que só empobrece e fica cada vez pior. Não, não foi Deus o Todo Poderoso que permitiu que esta desgraça tivesse se abatido sobre nós. Isso é coisa do Capiroto, do “Coisa Ruim”. Ou então o Divino Pai não gosta de Porto Velho nem dos portovelhenses. Se gostasse, jamais teria permitido, com a sua bondade, que tal infelicidade tivesse nos acontecido. Isso sem falar nos antecessores destes prefeitos.
            É possível que desde o ano de 1914, o Capeta, ou os seus intermediários, tenham dado “as cartas” por aqui. Um lugar abençoado por Deus não passaria por tantas desgraças, provações, mazelas e infortúnios como temos observado “entra ano e sai ano” nesta cidade. Aqui, diferente de todos os outros lugares e capitais do país, não tem a festa do santo padroeiro. Fato compreensível: o Cão jamais permitiria a festa de um santo. Inverno ou verão e o inferno é sempre o mesmo: lama ou poeira. E todos parecem gostar do suplício. Até um dos poucos patrimônios históricos, já depredado e destruído com apenas cem anos de história, leva o sugestivo nome de “Ferrovia do Diabo”. Os políticos da Assembleia Legislativa e da Câmara de Vereadores de Porto Velho não são filhos do Raboso nem de seus emissários, mas sempre se comportaram como se fossem.
            Viver em Porto Velho é como se fazer um estágio para morar no inferno. O calor abominável e a alta umidade do ar são prenúncios de que já fomos, em algum tempo do passado, a casa do Tinhoso. Daí é normal se acreditar em demônios vivos perambulando pelas várias repartições públicas locais. Em Dubai, por exemplo, que tem qualidade de vida invejável, viver no calor do deserto é muito mais confortável e aconchegante do que por aqui. A mais importante cidade dos Emirados Árabes é como se fosse o céu enquanto somos uma das filiais do inferno, com todo o respeito, claro, à morada do Chifrudo. Respirar todo dia ar contaminado de fezes humanas, poeira sufocante e viver no meio do lixo, sem água tratada e esgotos é “fichinha” se formos, na vida eterna, morar lá no “mármore quente”. Peçamos a Deus que mande logo um seu protetor para a capital das “sentinelas avançadas”. Antes que o Belzebu astuto se aposse de vez dela.




*É Professor em Porto Velho.

domingo, 24 de maio de 2015

Povo, o maior inimigo do Brasil




Povo, o maior inimigo do Brasil

Professor Nazareno*

            Toda nação tem que ter povo, óbvio, caso contrário não seria uma nação. E não é diferente com o Brasil. Somos mais de 204 milhões de pessoas que formam a quinta maior população de um país em todo o planeta. Em número de habitantes ficamos atrás apenas da China, Índia, Estados Unidos e Indonésia. Temos uma taxa de crescimento populacional grande se comparar com alguns países desenvolvidos. São quase três milhões de novos indivíduos que nascem todos os anos por aqui. O problema é a qualidade desses novos cidadãos, pois geralmente essa taxa de nascimento se observa em lugares pobres, violentos e miseráveis nos rincões do país. Sem leitura de mundo e sem estudos, os pobres do Brasil geralmente se multiplicam numa velocidade espantosa quase sem controle, enquanto nas classes mais abastadas esse crescimento é quase nulo.
            Acredita-se que em torno de oitenta por cento dessa população, ou seja, mais de 160 milhões de pessoas, não tenham informações, estudos, leitura de mundo, nem conhecimentos suficientes para formar uma nação de verdade. É uma enorme massa de manobra estéril, burra e sem futuro que equivale a duas vezes a população de toda a Alemanha ou a mais de três vezes os habitantes da França. E esse povo precisa vestir e come pelo menos três vezes ao dia. Produz pouco e mal, depende geralmente das benesses do Poder Público e quase não contribui para o desenvolvimento do país. E o pior: a maioria dessa gente é eleitor e vota invariavelmente em todas as eleições. Com este sofrível nível de consciência política e social dá para se imaginar o tipo de político que eles escolhem a cada dois anos para comandar os destinos da nação. Estamos fritos.
            Porém, engana-se quem pensa que nossos pobres escolheram ser assim. Eles são vítimas e consequência direta das políticas econômicas e sociais criadas pela elite que sempre mandou e desmandou neste país. Não investir em educação de qualidade, por exemplo, é uma decisão absurda que os ricos sempre mantiveram ativa para não formar cidadãos conscientes e críticos. Por isso, é fácil entender por que uma nação com uma enorme população como a que temos nunca ganhou sequer um Prêmio Nobel. A Argentina, nossa vizinha e rival, já ganhou cinco vezes essa comenda com uma população que é apenas 20 por cento da nossa. O Brasil nunca se destacou em nada e se não fosse a boa produção de commodities que temos, seríamos ultrapassados até pelas nações miseráveis da África subsaariana. Até no futebol já somos um fracasso global.
            Mas o Brasil tem jeito? Tem, sim. Basta começar a investir hoje nas crianças abaixo de cinco anos dando-lhes escolas públicas de boa qualidade, com tempo integral, professores sérios e comprometidos, orientação adequada, formação humana com valores e bons conhecimentos, além de toda a assistência social, esportiva, psicológica e econômica. Mas tem que ser abaixo dos cinco anos, pois aos seis um garoto já sabe se benzer demonstrando já estar contaminado pelo veneno da religião e do preconceito. Aos sete já sabe mentir e aos oito demora duas horas no banheiro quando vai tomar banho. Crianças puras e sensatas com uma educação coerente e comprometida formarão uma nação igualmente pura. Quase todos nós acima dos cinco anos, pouco ou nada contribuiremos para o nosso país no futuro. Com esse povo que temos, o Brasil nunca prestou nem prestará, mas mudando-o nada impede que seja uma nação bem melhor.




*É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Os porcos sempre vencem



Os porcos sempre vencem

Professor Nazareno*

            Como no livro “A Revolução dos Bichos” de George Orwell, lançado em 1945 na Inglaterra e que mostra uma sátira ao comunismo implantado na União Soviética, a situação política no Brasil, associada à corrupção endêmica no aparelho estatal e na sociedade com um todo, parece querer imitar aquela ficção quando os porcos Napoleão e Bola de Neve tomam o poder e lideram uma revolução para comandar a vida numa granja. Só que tudo depois volta a ser como antes, mas as propagandas fazem as pessoas acharem que estão no paraíso. Aqui, com a queda da Ditadura em 1985 até os dias de hoje, a situação econômica do país não melhorou muito, embora se alardeie aos quatro cantos do mundo que vivemos eras de modernidade na sociedade e que os governantes sempre trabalharam em benefício do povo, que bovinamente os conduz ao poder.
            Claro que durante os anos de chumbo entre 1964 e 1985, a situação política no país era uma desgraça. Do ponto de vista da economia, as coisas também não eram lá essas maravilhas. E mesmo levando-se em conta que as situações socioeconômica e política hoje são muito melhores do que naquela época, é preciso fazer algumas análises dos respectivos governos que sucederam os militares. Sarney e seus malditos planos econômicos só serviram para transferir ainda mais renda para a elite. Nunca neste país as classes mais abastadas do país ganharam tanto dinheiro como naquela época. Depois entra Collor, democraticamente eleito, mas que oficializou a corrupção como uma política de Estado. Foi afastado por roubo. A seguir, os oito anos de FHC que com o seu Neoliberalismo oco e as privatizações transferiu ainda mais renda para a elite do país.
            A partir de 2003, quando “os pobres”, enfim, chegam ao poder maior com o PT e sua turma, a corrupção tomou conta do aparelho estatal em todas as suas entranhas. Do Mensalão ao Petrolão, passando pelos governos estaduais e pelas prefeituras, nunca se roubou tanto dinheiro público neste país como agora. Na Assembleia Legislativa de Rondônia e na Câmara Municipal de Porto Velho, por exemplo, o festival de rapinagem patrocinado pelos legisladores, colocados lá pelo sagrado voto do povo, se tornou uma rotina macabra. Ano após ano, os escândalos pipocavam nestas duas casas legislativas do Estado envolvendo parlamentares de todos os partidos políticos ali representados. O pior: no país inteiro os poderes constituídos em todas as instâncias eram sacudidos pela falta de ética e de vergonha. Poucos estão presos e os assaltos continuam como nunca.
            O povo perde, o país perde, todos perdem, mas a situação insiste em não mudar. No entanto, a corrupção nos trouxe alguns ensinamentos: “No Brasil não se assenta um único paralelepípedo se não correr dinheiro por fora”, “Propina é investimento” e a mais nova “O povo é um mero detalhe”, estas duas últimas vindas de Roubônia, um dos Estados onde mais se assalta o Erário. Mas verdade seja dita: na Assembleia Legislativa de Rondônia, por exemplo, na atual legislatura ainda não foi verificado nenhum escândalo de porte. Nossa ALE não é mesmo um primor? Já pensou se não aparecer nenhuma roubalheira nas nossas duas mais importantes casas legislativas? Se isso acontecer, muita gente vai embora daqui, pois será uma decepção que Roubônia não acompanhe a tendência do país. Como na ficção de George Orwell, parece que o povo só é feliz quando está sendo roubado, explorado. Devíamos, então, trocar os porcos?




*É Professor em Porto Velho.