quarta-feira, 30 de novembro de 2016

“Brasileirice” na tragédia?

Brasileirice” na tragédia?

Professor Nazareno*

            A tragédia que se abateu sobre o jovem time da Chapecoense e consternou o mundo do futebol teve dimensões épicas de dor e sofrimento inenarráveis para o Brasil e principalmente para aquela desenvolvida cidade no interior de Santa Catarina. É inimaginável tentar medir ou mesmo compreender o que estão passando os familiares das 71 vítimas fatais daquele fatídico voo. O Brasil que dá certo chora mais uma vez uma tragédia em pouco tempo. Outras catástrofes como o rompimento de uma barragem em Mariana, Mina Gerais, e o incêndio da boate Kiss em Santa Maria no Rio Grande do Sul deixarão marcas profundas nos corações e mentes de todos os envolvidos que chorarão amargamente sobre cinzas e lama. Mas uma pergunta que não quer calar ainda ecoa incômoda: havia meios de se evitar o caos ou tudo não passou de obra do acaso?
            Não há ainda explicações claras e precisas sobre as causas que levaram o “avião da Chapecoense” a se espatifar sobre os Andes em plena selva colombiana matando quase uma centena de pessoas e dizimando completamente a promissora equipe de futebol brasileira. Pode ter sido um temporal amazônico, muito comum em nossa região. Podem ter sido falhas mecânicas ou outras causas até então desconhecidas e que serão futuramente melhor explicadas pelas autoridades daquele país. Mas ao que tudo indica, o problema mais provável foi mesmo pane seca, ou seja, falta de combustível. A aeronave, um modelo AVRO/ RJ 85 de fabricação britânica, tem autonomia para três mil KM de voo. Exatamente a mesma distância entre as cidades de Santa Cruz de La Sierra na Bolívia e Medellín, destino final na Colômbia. Não houve escalas na viagem.
            Mas segundo autoridades aeronáuticas bolivianas, o plano de voo desta aeronave previa uma escala em Cobija ou mesmo em Bogotá para reabastecimento. Além dessas duas cidades havia possibilidades de paradas para esse fim em Porto Velho, Rondônia, Rio Branco e Cruzeiro do Sul no Acre, Iquitos no Peru ou até mesmo Manaus, Tefé ou Tabatinga no Amazonas. Será que o piloto pensou como um brasileiro e achou que o combustível seria suficiente para completar a fatídica viagem? Além do mais, quem em sã consciência gostaria de fazer um pouso em Porto Velho, Brasil, um fim de mundo atrasado e esquecido como esse? “Um voo sem escalas economizaria tempo e dinheiro”, podem ter pensado erradamente os responsáveis pela condução daquela aeronave. Se assim foi, o jeitinho brasileiro prevaleceu e levou a um desastre que comoveu o mundo.
           Chapecó não merecia isso. Nem ela nem nenhuma outra cidade do mundo, claro. Município progressista do desenvolvido Oeste de Santa Catarina com cerca de 210 mil habitantes tem na agricultura e na indústria agropecuária o carro-chefe de suas receitas. Com uma das melhores qualidades de vida do Brasil, a limpa, civilizada, florida e asseada “capital do Oeste catarinense” pode até ser comparada a algumas cidades da Europa e dos Estados Unidos. Bem diferente das cidades do Norte e do Nordeste do Brasil, onde pobreza, lixo, exploração humana, miséria e violência são cenas comuns. A Chape, seu apelido carinhoso, tinha uma folha enxuta, organização, um bom elenco e já despontava como uma das grandes equipes do fracassado futebol brasileiro. Por tudo que se faça para reparar a tragédia, nada apagará de nossas mentes a alegria daqueles meninos alviverdes do interior. A Chapecoense viverá para sempre em nossos corações.





É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Conselhos ao Dr. Hildon



Conselhos ao Dr. Hildon

Professor Nazareno*

        
          Outro dia quando escrevi um texto sobre a eleição do Dr. Hildon do PSDB para ser o próximo prefeito de Porto Velho e pedi-lhe os pêsames por aquilo que todo mundo achava uma glória, uma grande felicidade eu fui duramente criticado por tê-lo alertado sobre o abacaxi que ele herdou. Num programa de televisão sem muita audiência de uma emissora local fui alertado por duas loiras bonitas: “esse professor devia se candidatar a vereador em vez de fazer críticas atrás de um computador”, disse uma deles cheia de más intenções comigo. “Dê sugestões ao novo prefeito”, continuou a bela loira toda eufórica e já aborrecida. Elas podem não saber, mas jamais quero me candidatar a qualquer cargo político. Muito menos na capital da podridão. Escrevo textos e não tenho culpa se pessoas os leem e com eles se estressam. É minha função.
            Mesmo assim, no referido texto havia muitas sugestões para o Dr. Hildon. Basta fazer uma pequena releitura do mesmo para perceber as minhas boas intenções. Discordo humildemente da bela e nobre apresentadora: para dar sugestões a qualquer político deste país, não é necessário ser um deles. Somos cidadãos livres e gozando plenamente dos nossos direitos políticos podemos dar nossas opiniões. E por isso não medi palavras naqueles escritos para ajudar o futuro prefeito. E reitero: em Porto Velho ainda há tudo por se fazer. Mas todos os prefeitos anteriores que tentaram fazer algo naufragaram no mar de boas intenções. O Dr. Hildon precisa fazer as coisas certas pela fedida capital. A começar, claro, pela escolha do seu futuro secretariado. Como fazer o prometido choque de gestão com figurinhas já carimbadas do nosso triste meio político?
            Outra bela jornalista, a minha competente amiga Sandra Santos, disse-me outro dia que eu deveria fazer um texto sem ironias sobre a nova administração da “capital dos destemidos pioneiros”. Precisava dar palpites, boas sugestões e mostrar de maneira coerente como o novo prefeito deveria agir para tirar a cidade do marasmo secular em que lhe meteram. Claro que sempre me envergonhei em trazer parentes meus para me visitar. O que Porto Velho tem para oferecer aos seus poucos e escassos visitantes? Absolutamente nada de atraente se vê por aqui. A não ser que desorganização, lodaçal, falta de mobilidade urbana, lixo, violência, urubus, ratos, lama, poeira, fumaça e esgotos a céu aberto sejam atrações turísticas. Pouquíssimos portovelhenses com boas condições financeiras têm coragem de passar suas férias de fim de ano na cidade. É mentira?
            Administrar com os pés no chão já seria um bom começo. Nada de “adornar teus canteiros, perfumar teus ares e fazer felizes todos os teus lares”. Isso é balela, tolice, enganação, farsa, embuste. É letra de música brega, ridícula, cafona. É coisa de galanteador barato se dirigindo a sua amante ou a uma prostituta ordinária. A excelente blogueira e jornalista Luciana Oliveira disse que eram “os versos mais barrelas e ridículos que já apareceram por estas bandas”. Mas encantou o tolo, pateta e semiletrado eleitorado desta capital, infelizmente. Atenção, Dr. Hildon: faça retornos na Avenida Vieira Caúla, não arranque mais nenhuma árvore da cidade, faça belas decorações de Natal, canteiros floridos, uma nova rodoviária, nunca comece uma obra sem previsão de término, dê uma função para o seu vice, termine o seu mandato e faça valer cada suado centavo que pagamos em impostos. Ou o senhor quer mais sugestões?





*É Professor em Porto Velho.

sábado, 26 de novembro de 2016

Fidel: o fim de uma era!

Fidel: o fim de uma era!

Professor Nazareno*

A morte do líder revolucionário cubano Fidel Castro é o anúncio já esperado do fim triste e melancólico de uma era que trouxe para o mundo muitas incertezas, polêmicas e medo. As esquerdas e o pensamento revolucionário espalhados pelo mundo inteiro precisam mudar suas estratégias se quiserem ainda ter acesso ao poder. Fidel se vai num momento em que a luta ideológica se dá praticamente entre direita e extrema direita. O Comunismo aos poucos vai virando “peça de museu”. Donald Trump é eleito presidente dos Estados Unidos, Michel Temer toma o poder no Brasil por meio de um golpe constitucional com o apoio do Congresso Nacional e de parte da opinião pública reacionária, Macri é eleito na Argentina e a maioria dos países da União Europeia dá guinada cada vez mais forte em direção a governos sempre mais conservadores.
Com o fim do Comunismo e da Guerra Fria no final do século passado, ser comunista virou coisa de pessoas velhas e ultrapassadas. Após isso, somente Coreia do Norte, Cuba e mais uns dois ou três países do mundo ainda teimaram em continuar achando que todos os habitantes de um país são iguais e que toda a riqueza produzida dentro de uma sociedade deve ser repartida de forma igual entre todos os cidadãos. Até a China, a outrora potência comunista, abriu mão das ideias ensinadas por Karl Marx. Com uma economia de mercado, os chineses despontam hoje como a segunda maior potência econômica do mundo ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Usam os ideais comunistas apenas na política somente para manter os privilégios dos donos do poder. Fidel não percebeu o óbvio: era preciso mudar para continuar mandando em seus pares.
Mas o revolucionário de "Sierra Maestra" não foi só fracasso. Enfrentou cara a cara o gigante americano e quase leva o mundo à terceira guerra mundial com a crise dos mísseis instalados em Cuba em 1962. Fidel Castro foi exemplo para as esquerdas na maioria dos países. No Brasil foi idolatrado por Jânio Quadros e também pelos petistas, recentemente expulsos do poder. Grande parte da classe artística brasileira lhe teceu muitas loas. Junto a outro também revolucionário, Ernesto Che Guevara, dá o toque romântico ao pensamento esquerdista. Muitos jovens nas décadas de 60 e 70 do século passado são influenciados por sua ideologia oca sem perceber que “o velho camarada” não passava de um sanguinário ditador que nunca se renovou politicamente e que estava levando o seu país ao colapso e à ruína social e econômica. Cuba hoje ainda é passado.
Fidel morre e com ele toda uma era também se vai. Cuba, sem a menor condição de gerir a sua sociedade usando apenas o sistema comunista, já está se aproximando do Capitalismo que tanto criticava. A economia da China também já é capitalista. No século XXI, a dinâmica das relações internacionais não pode mais retroceder à Guerra Fria nem à ultrapassada ideia de que todos os cidadãos de um país são iguais frente aos novos desafios econômicos e à produção e distribuição de riquezas. A esquerda, principalmente no Brasil, ao assumir o poder roubou até “casca de ferida”, não trouxe os benefícios que tanto pregava e fez tudo aquilo que tanto criticava nos direitistas. Não há bons exemplos a serem seguidos em países como Venezuela, Bolívia e Equador que teimam ainda em seguir a cartilha ditada por Havana. Fidel Castro foi importante, pois projetou sua pequena Cuba para o mundo. Com ele, enterra sua fracassada ideologia.




*É Professor em Porto Velho.

sábado, 19 de novembro de 2016

Hildon Chaves: “início pífio”

Hildon Chaves: “início pífio”

Professor Nazareno*

Se for mesmo verdade que o futuro prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves do PSDB, já escolheu o seu “novo staff para administrar pelos próximos quatro anos a pior capital do Brasil em qualidade de vida, chega-se à triste conclusão de que esta fedida cidade é mesmo uma dádiva de Deus ao contrário e que não restam dúvidas de que Satanás é mesmo o seu protetor maior. O “Gabinete Naftalina” ou “Museu dos Espantalhos”, segundo várias publicações da mídia local, traz uma relação sinistra de nomes velhos e conhecidos da política e da administração local que, em tese, são também corresponsáveis pelo estado de penúria em que se encontra a capital. Porto Velho não se transformou de uma hora para outra na latrina que é: foram anos de descaso, péssimas administrações e incompetência que nos transformaram nesta favela.
Com mais de 510 mil habitantes, a maior e pior favela do Brasil agoniza há mais de 100 anos sob a batuta de péssimos administradores. Nunca se entenderá por que ainda tem status de capital, já que dentro do próprio Estado de Rondônia há cidades muito mais bonitas, cuidadas, centralizadas e limpas do que ela. Além disso, geograficamente é a mais distante cidade de Rondônia em relação aos grandes centros mais civilizados do país como Brasília, Goiânia e São Paulo. Com apenas dois por cento de saneamento básico e percentual ínfimo de água encanada além de muita sujeira e abandono, a capital dos “destemidos pioneiros” nunca deu a nenhum de seus habitantes a menor condição de moradia. Corre o risco de na posse do novo prefeito, ter pouca gente para a festa: são férias de fim de ano. E quem pode “monta no porco” e cai fora.
Mas pensando bem: quem o Dr. Hildon escolheria para lhe ajudar nesta missão quase impossível? Quem estaria disposto a servir de kamikaze nunca época de vacas tão magras? Não há nem nunca houve, nos limites deste Estado, ninguém com competência para tão árdua tarefa. Com mais de um século de existência, Porto Velho nunca teve um único prefeito nascido em suas terras. Fala-se até que o próprio Estado de Rondônia nunca foi governado por um filho seu. Então, o jeito é partir para as gambiarras mesmo ou então trazer alguém de fora. O Brasil está cheio de aventureiros e gente de toda espécie, mas duvido que um sujeito, por mais filantropo que seja e que more em Curitiba, no litoral do Nordeste ou na Serra Gaúcha tenha tanta coragem para enfrentar lama podre no inverno e fumaça e poeira sufocantes no verão. Vem, mas sem a família!
Mas não sejamos injustos: o futuro alcaide até que poderia, sim, contar com a competência da terra. Carlos Ghosn, executivo reconhecido no mundo inteiro pelo seu magnífico trabalho na Renault e na Nissan bem que poderia dar uma mãozinha na administração desta currutela. Nascido em Porto Velho, o executivo talvez nem mais saiba o nome do lugar onde dizem que ele nasceu. Maurício Bustani seria outra “prata da casa” que poderia ajudar seus conterrâneos a sair do eterno lodaçal. Mas como localizá-los? Alguém sabe a última vez em que eles pisaram aqui? Competentes, esses ilustres rondonienses criariam a “Secretaria de Bichos Mortos” e jamais teriam deixado, por exemplo, que o rio Madeira invadisse calmamente o pequeno e inútil acervo histórico na grande enchente. Força, Dr. Hildon! Não ouça os falastrões. Ponte escura, viadutos, Espaço Alternativo inacabado serão ecos do passado. Natal no escuro? Jamais.




*É Professor em Porto Velho.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

A superlua e o novo prefeito


A superlua e o novo prefeito

Professor Nazareno*

            Nelson Rodrigues disse certa vez que, por causa da democracia, o mundo seria governado por idiotas. Não por competência, claro, mas por que eles são a maioria. E idiotas infelizmente é o que não falta em Porto Velho e também no Estado de Rondônia inteiro. Acredita-se que em torno de oitenta por cento dos nossos cidadãos eleitores sejam perfeitos idiotas: não têm leitura de mundo, não têm escolaridade, geralmente nada leem, são despolitizados, votam quase sempre como uma “Maria vai com as outras”, não enxergam um palmo diante do nariz e obviamente não sabem escolher corretamente seus representantes. Senão vejamos: o que esperar de uma população de eleitores que vota em Roberto Sobrinho e o elege duas vezes seguidas, em Mauro Nazif e uma Câmara de Vereadores de Porto Velho como a que “está saindo do forno” agora?
            Pior: quase 150 mil pessoas votaram em Hildon Chaves e o elegeram para prefeito da capital dos “destemidos pioneiros” achando que estavam fazendo uma grande coisa para a sua imunda, fedorenta, suja e descuidada cidade. O Dr. Hildon do PSDB não acreditava que pudesse ganhar um pleito já na primeira eleição. Chegou inclusive a admitir esta possibilidade quando o Ibope errou feio ainda no primeiro turno. “Esperava um terceiro ou um quarto lugar”, disse o novo prefeito desta capital. Estreante na política, o ex-promotor público queria apenas lançar seu nome entre os eleitores para, futuramente, talvez se candidatar com êxito para deputado federal ou mesmo senador da República. Só que deu azar: foi eleito, para sua surpresa e espanto. Ninguém em sã consciência quer ser prefeito daqui. Mariana Carvalho que o diga.
            Ser prefeito de Porto Velho é uma maldição que muita gente quer evitar, pois quase todos os últimos administradores caíram no ostracismo e praticamente morreram politicamente. A capital das “sentinelas avançadas” destrói a carreira política de qualquer um. A cidade, cujo protetor é o Satanás, não tem mais jeito. E até agora ninguém descobriu como quebrar o miserável encanto. Até a superlua não deu certo por estas bandas. Como única atração turística da cidade escura, o macabro fenômeno encantou a matutos e beiradeiros e só serviu para iluminar a desnecessária e também escura ponte e também a entrada (e a saída) da cidade nas imediações dos tortos viadutos ainda inacabados. Pela primeira vez “deu-se à luz” por aquelas bandas que imitam o breu. Muitos incautos disseram que o fato já pode ser obra do novo prefeito.
            Disseram que a lua estava maior e por isso, mais bonita, brilhosa e encantadora. Muitos trouxas acreditaram na lorota e ficaram horas a esmo de “cara pra cima” observando o ridículo fenômeno que de novo não tinha absolutamente nada. A mesma lua, nem maior nem menor, voltará com o mesmo brilho nos meses seguintes. Mas os tolos portovelhenses acreditaram e ainda juram que viram uma lua maior do que o normal. Assim como acreditaram também nas “poesias” toscas do candidato tucano recém-eleito. E ainda continuam acreditando. “Na minha administração só terá fichas limpas”, alardeou convicto o novo prefeito como se o seu chefe de transição não fizesse parte da nova administração da capital da fedentina. Não creio que a superlua e muito menos o novo mandatário possam resolver os problemas de Porto Velho, que nasceu para ser a latrina do Brasil. Mas tomara que o tucano brilhe muito mais do que essa lua.




*É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

ENEM, e nem deu certo!


ENEM, e nem deu certo!

Professor Nazareno*

O professor da Unicamp Leandro Karnal disse recentemente que não existe país nenhum no mundo com governo corrupto e população honesta. O Brasil, claro, não podia ser exceção. Aqui, falamos mal de todo governo e também da corrupção que sacode o país desde o seu descobrimento e não percebemos, ou fingimos, que a sociedade nada tem a ver com o problema. Praticamente em tudo o que acontece, a maldita corrupção e o “jeitinho” estão presentes. A prova do ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio de 2016 realizada este mês de novembro está repleta de acusações de fraudes. A cada momento estouram pelo país afora reportagens e denúncias dando conta da prisão de várias pessoas que se envolveram em maracutaias para levar vantagem no exame. No Amapá, um homem foi preso com o rascunho no bolso da redação já feita.
Do ponto de vista pedagógico, no entanto, o ENEM é uma das provas mais bem completas de que se tem notícia. Vários países civilizados do mundo adotam sua sistemática. O problema é a sua aplicação. Nosso país é uma nação de muitos corruptos e desonestos. A logística para a aplicação das provas num país continental como o Brasil é complicadíssima. Se não bastasse essa terrível dificuldade geográfica, muitos brasileiros parecem não gostar de fazer as coisas de maneira honesta. Uma das edições do exame nacional já foi totalmente anulada em 2009 por vazamento de provas ainda dentro da gráfica. Ultimamente em todas as edições já houve tentativas de fraude. Quadrilhas especializadas em adulterar concursos proliferam pelo país e costumam vender gabarito e também o tema da redação. Infelizmente este ano não foi diferente.
Uma jovem do interior de Minas Gerais foi presa e está sendo acusada pela Polícia Federal de contratar os serviços de uma dessas quadrilhas. Detalhe: na sua rede social está escrito que ela lutou fervorosamente pela saída da ex-presidente Dilma Rousseff do governo. Óbvio que não se pode dizer que todo “coxinha” e reacionário seja corrupto. Mas onde estão todos aqueles que há pouco tempo batiam em panelas, se vestiam de amarelo e gritavam a todos os pulmões “Fora, Dilma!”?  Onde estão todos aqueles que queriam a todo custo tirar o PT e seus asseclas do poder para acabar com a corrupção? A prova do ENEM leva a sério até o horário de entrada dos alunos. Se atrasar um minuto apenas, perde o concurso. É a regra. De Rondônia, claro, veio o pior dos exemplos: um participante em Guajará-mirim pôde entrar meia hora após o início.
Está mais do que comprovado que infelizmente houve vazamento do ENEM de 2016. Isso sem falar no triste caso dos mais de 200 mil alunos que só farão as provas daqui a um mês por causa da ocupação de várias escolas onde seriam realizadas as avaliações. No país da corrupção e da pouca vergonha, fica muito difícil se preparar para uma prova séria como essa. Um ano inteiro de luta, estudos, preparação e expectativas pode ser levado para o lixo por causa de pessoas inescrupulosas e sem nenhum sentimento nacional. Com um dos piores sistemas de educação do mundo, o Brasil sofre e tem dificuldades para aplicar um concurso reconhecido mundialmente. Criado pelo governo FHC e aperfeiçoado nos governos petistas, o Exame Nacional do Ensino Médio estreia no governo golpista de Michel Temer como um embuste. O MPF do Ceará já pediu a anulação da redação do ENEM/2016. Brasil, até quando esse caos?




*É Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016


Quem disse que em Porto Velho não existem BELAS PRAIAS? (foto dia 03/11/2016)

Eu te amo, Porto Velho!


Eu te amo, Porto Velho!

Professor Nazareno*

            Muito antes de Hildon Chaves do PSDB ser eleito prefeito de Porto Velho em 2016, eu já amava esta cidade. Agora, claro, amo muito mais ainda. O ex-promotor de justiça é um homem íntegro, honesto, pacífico, empreendedor, justo e poeta. Seus versos de extrema profundidade e conteúdo intelectual deveriam lhe render um Nobel de Literatura. Mas entendo que a prefeitura de Porto Velho já lhe cabe muito bem como prêmio. Sei que outras grandes vitórias virão. Vive a síndrome do escolhido. Arrebatar do nada quase 150 mil votos criticando a cidade não é para qualquer um. Quanto a mim, pobre coitado, nenhum voto de consolação ao tentar mostrar a verdade sobre este mesmo lugar. Fui linchado virtualmente e me consideraram simplesmente um verme. Uma “persona non grata”, um desqualificado, um pária social, um escroque, um nada.
                Estou chateado e muito aborrecido e quero ir-me embora daqui. A ingratidão e a insensatez da maioria dos habitantes da capital de Rio Branco (ou de Roraima?) me afetaram profundamente. Fiz uma burrice das grandes e não há mais espaço para mim por aqui. No dia em que publiquei meu texto, por exemplo, os vereadores desta capital tramavam um aumento de salário para si na ordem de 50% em seus vencimentos. Querem ganhar agora “somente” 18 mil reais por mês. Preocupados em achincalhar nas redes sociais o “pária Nazareno”, muitos eleitores e filhos de Porto Velho se esqueceram de protestar. Até os “rondonienses de coração” passaram batidos. Mas tenho certeza de que os novos edis não vão aceitar essa “ofensa” em suas contas bancárias e em nome do povo sofrido de Porto Velho vão renunciar a essa imoralidade.
            Saio deste lugar, mas com muita pena. Onde encontrarei um povo bravo, ordeiro e aguerrido como esse daqui? Onde encontrar uma gente que convive pacificamente com políticos ladrões e incompetentes e com tantas obras inacabadas e não dá um pio sequer? Mas o “o portovelhense é um forte”, acima de tudo. Como me sinto um derrotado, queria ir embora em grande estilo. E vou avisando: em lombo de jegue, não. Deixei de ser nordestino há tempos. Pode ser de avião? Há passagens aéreas neste lugar, mesmo “aquelas mais em conta”? E quero ir ao aeroporto sem passar pelo Espaço Alternativo. Aquela obra de grande valor e beleza me causaria uma espécie de banzo. Pense num povo que é respeitado pelas suas autoridades: área de lazer para todos. É só felicidade. Será que perderei a rara oportunidade de ver o meu lar e o ar perfumados?
            Sentirei saudades do lodaçal, claro. Mas não quero sair também pela rodoviária infecta e nem pela BR dos viadutos tortos e inacabados. Pela ponte escura, nem pensar. Será que me readaptaria a Curitiba, Maringá, Chapecó, Gramado ou Canela? E assistir ao Jornal Nacional e ao Fantástico da Globo ao vivo e sem gravação atrasada? E cursos de Medicina sem ter um hospital universitário, onde verei? Tomara que o Moro nunca venha aqui. Viver em cidades com quase 100% de água tratada, saneamento básico e boa mobilidade urbana deve ser um horror. Na internet sentirei falta de sites de altíssima credibilidade como “O Nortão” e da requisitadíssima página do Facebook “Humor em PVH”. Democráticos, imparciais e com milhões de acessos, esses dois imprescindíveis órgãos de comunicação locais me fariam muita falta lá no Sul. E torço para que o Dr. Hildon e seus fichas limpas façam tudo com amor. Porto Velho, eu te amo. E até breve!




*É Professor (ainda) em Porto Velho.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

18 mil reais por mês para cada vereador de Porto Velho?


18 mil reais por mês para cada vereador de Porto Velho?

Continuem culpando O NAZARENO


NAZARENO NÃO É PARA ELEITORES DE HILDON ENTENDEREM



NAZARENO NÃO É PARA ELEITORES DE 

HILDON ENTENDEREM

Por LUCIANA OLIVEIRA

Um dia após a escolha do novo prefeito da cidade, o popularmente conhecido só como professor Nazareno, com um daqueles artigos que ninguém ousa escrever, jogou um balde de água fria no melhor do sonho do portovelhense.
O povo tinha amanhecido inebriado com as promessas do estranho na política que ao longo da campanha provou que não era tão estranho, mas mesmo assim foi eleito, como estranho.
“Agora essa cidade vai melhorar”, ouvi da vendedora de banana do mercado do km Um, uma eleitora que sequer tinha ouvido falar do candidato a quem deu o voto.
Nazareno sacaneou, deu um cutucão do tipo que acorda às 10 da manhã na segunda, a pessoa que dorme pensando que é domingo.
No título do artigo, foi logo dando os pêsames ao futuro alcaide e até por isso, inclusive que tem preguiça de ler, leu.
Quando escreveu, Nazareno não pensou duas vezes em disparar sua língua calibre 32 e acabou varando o coração de gente que aqui nasceu ou escolheu pra viver.
“Sujeira, lixo, catinga, carniça, fedentina, bosta, esgoto a céu aberto e imundície é o que não faltam por aqui. Fico muito triste pelo senhor, pois pegou um dos piores abacaxis de sua vida. Cidade fedorenta, sem árvores, escura, violenta, sem praças, sem planejamento urbano nenhum e repleta de gente mal educada não é o lugar ideal para se fazer política.”
Quem não foi atingido ao ler, contou pros outros e o artigo surtiu um efeito vazo entupido. O dia todinho comentaram o mal-estar causado, a vergonha e o mau exemplo para as criancinhas que escaparam de serem comidas por comunistas.
Nem vou citar outro parágrafo pra não ser linchada nas redes sociais como Nazareno.
Imagine! Ele disse que “a maioria da população daqui é composta de gente simplória, sem a menor leitura de mundo e que crê em Deus, Cristo, Natal e Papai Noel.”
Finalmente achei o que considero um erro no texto do professor que escreve Nostradamicamente e a partir deste parágrafo que realça injusta culpa seletiva no processo eleitoral, direi o que penso.
Primeiramente, Fora PSDB! Um partido que tem a sigla suja feito cueca de menino com a marca de cocô que parece um rastro de bicicleta.
Segundamente, obrigado.
E finalmente, parabéns por provocar demonstrações de amor à cidade em quem não deu a mínima aos absurdos que o eleito disse sobre o que o Nazareno chamou de “antessala do inferno”.
O prefeito eleito disse durante a campanha que pra cá ninguém vem nem com passagem barata, que talvez a pesca sirva como atrativo turístico e que tradições culturais como o Arraial Flor do Maracujá não merecem apoio do Estado por meio de emendas parlamentares.
Os que se afetaram com o artigo do professor calaram e no dia 30 de outubro votaram maciçamente no candidato que não só desdenhou, mas revelou profundo desconhecimento e desapego da cidade.
Até quem promove atos em defesa do patrimônio histórico e cultural riquíssimo da capital fez campanha pelo candidato que mais menosprezou a cidade.
Os revoltados com o artigo não suportaram ler o que se aproxima da verdade, mas consagraram por meio do voto o poema de amor mais fuleiro já dito em campanhas eleitorais por essas bandas.
“Porto Velho, eu vou cuidar de você, curar tuas feridas, limpar todos os cantos e enterrar os desencantos.”
O candidato que escolheu como sócia a esposa de um senador cassado, também tocou o coração dos eleitores ao dizer que Porto Velho “sempre foi vítima de pessoas ferozes, verdadeiros algozes que lhe sugaram, surraram e espoliaram.”
E lá pelas tantas do poema prometeu o que toda amante ou prostituta sonha em ouvir:
“Vou fazer o que ninguém fez, cuidar, acariciar, amar.
Não vou prometer porque não sei enganar, só sei realizar.
Vou fazer tudo por você, porque meu compromisso é com você.”
Quantas amantes e prostitutas já caíram nessa conversa e até o fim da vida dormiram com a realidade?
Já preferi o engano, quem nunca? E espero que leiam corretamente o que escrevi. Será?
Já estrebuchei com outros textos azedos do professor, daqueles que a gente prova e cospe. Foi preciso um tempo pra entender o que ele de fato quer com tais provocações.
Foi com muita raiva e só com ele, que aprendi a mergulhar numa isca textual polêmica.
O que Nazareno quis foi desmoralizar os que dizem amar Porto Velho e caem sempre nas mesmas esparrelas de discursos eleitoreiros. Não tenho essa técnica, sou romântica, mas sei ler e quando mais desafiante melhor.
Ele provocou os eleitores e o eleito.
Dizem que o homem nasce e morre pela boca e, quem viver verá que Hildon Chaves jamais poderá cumprir em 4 anos a promessa de adornar canteiros, perfumar ares e fazer felizes todos os lares dessa cidade que parece imensa por seus problemas.
Mas, o povo que se contorceu de raiva por não saber ler os textos do professor Nazareno, amou o discurso messiânico do tucano.
O fato é que nem o professor e muito menos o político economizaram nas palavras pra atingir o íntimo do portovelhense.
A diferença é que um escreveu sob o ponto de vista da realidade e ou outro da ficção pura e simples.
Um apertou o balão de oxigênio para que sintam vontade de viver, para que reajam à ilusão que a política provoca.
O outro simulou uma respiração boca a boca em quem já teve morte cerebral.
Professor Nazareno não é leitura para apressadinhos e contra-indicado à hipócritas.
Certa vez ele comparou Roberto Sobrinho com Juscelino Kubitschek e acharam que era um elogio.

Não é à toa que seus alunos de escola pública sempre estão entre os melhores no ENEM.