A
“ameaça” da amiga Bolívia
Professor
Nazareno*
O indígena Evo Morales, presidente
constitucional da Bolívia, disse recentemente em uma base militar de seu país
que se derem um golpe e expulsarem a Dilma Rousseff da presidência Brasil,
assim como o PT, o quase falido Partido dos Trabalhadores, os bolivianos
poderiam invadir o nosso país para, dentre outras coisas, salvaguardar a
democracia no continente. Muitos brasileiros ficaram furiosos com as
declarações mal-educadas e utópicas do mandatário cocaleiro. Dentre as muitas
tolices que os nossos compatriotas falaram foi que a Bolívia é fraca, quase não
tem Forças Armadas, a sua população mal chega a 10 milhões de pessoas e que
numa guerra de verdade nós, os “valentes e destemidos guerreiros
verde-amarelos”, faríamos picadinho deles em poucas horas. Ouvi até uns
pseudopatriotas e idiotas gritarem “SELVA”.
Claro que jamais entraríamos em
guerra contra os nossos irmãos bolivianos, assim como fizemos contra os
paraguaios no século dezenove. Motivos suficientes não há, pois a democracia
brasileira não corre nenhum risco iminente. E depois, o Brasil só entra em
guerra para agradar a outro país e nunca a si mesmo: contra o fraco Paraguai,
covardemente nos juntamos à Argentina e ao Uruguai para defender os interesses
da Inglaterra. Isso sem falar que os
brasileiros de um modo geral amam de coração o povo que habita além do rio
Guaporé. Se não é verdade, por que vamos todo mês comprar produtos “made in
China” dos nossos “hermanos”? Por que muitos de nossos alunos,
Rondônia e Acre inclusive, invadem as várias universidades de lá para cursar
Medicina? Por que fazemos vistas grossas quando os bolivianos aos montes vêm
trabalhar aqui?
A população boliviana é pequena, mas
desconheço um povo que tenha tanto nacionalismo quanto eles. No campo de
batalha creio que até venceríamos, só que teríamos alguma dificuldade. Com que
patriotismo e amor enfrentaríamos uma guerra para defender o nosso país?
Bravura mesmo dos brasileiros só para roubo e corrupção. O caso da Petrobras é
emblemático. Destruímos sem mais nem menos uma das maiores empresas
petrolíferas do mundo. Mas e se os bolivianos nos vencessem? Seria muito bom
para o Brasil, pois devolveríamos o Acre o pediríamos de volta o cavalo que
demos em troca daquele charmoso Estado. Sairíamos no lucro. E por causa da EFMM,
já destruída e abandonada, eles poderiam querer Rondônia também. Seria uma dádiva.
Sem Rondônia e sem o Acre o nosso
país ficaria bem melhor, claro. Se a terra Karipuna fosse entregue, sem nada em
troca, o abacaxi ficaria só com os bolivianos e o lucro seria total para o
Brasil. Sem fumaça, sem viadutos inacabados, sem ponte escura, sem Rua da
Beira, sem Hospital João Paulo Segundo e sem Espaço Alternativo seria o máximo
para qualquer país. Quem sabe se os bolivianos não gostariam também de ficar
com Mauro Nazif e com o resto dos nossos políticos? Podem levar a ALE inteira e
também a Câmara de Vereadores de Porto Velho que poucos brasileiros sentirão
falta. Se isso acontecesse, juro que até torceria pelos inimigos. Mas não
haverá guerra. Nem contra o povo amigo da Bolívia nem contra nenhum outro povo
ou país. Problemas internos de nações soberanas devem ser resolvidos pela
própria nação e pela sua gente sem precisar de declarações desastradas de
aventureiros irresponsáveis. Que fase, hein?
*Es Maestro en
Puerto Viejo.