domingo, 9 de agosto de 2015

Outro dia de estupidez coletiva



Outro dia de estupidez coletiva

Professor Nazareno*

Ontem, segundo domingo de agosto, foi o dia dedicado aos pais. E não é grande coisa: a estupidez humana parece não ter fim. Cria-se ao bel prazer e para alegria apenas do comércio e dos comerciantes outro dia sem nenhum sentido. Indiferentes à crise econômica que se abate sobre todos os brasileiros, os criadores de mais esta tolice insinuam que os pais são importantes na vida de qualquer pessoa e por isso merecem um dia todo especial dedicado a eles. Hipocritamente enchem-lhe de presentes como se o orgasmo que ele sentiu para nos gerar não tivesse já sido suficiente para o seu contentamento e satisfação. Mas o ser humano comum não deixará jamais de buscar a estupidez para se sentir bem consigo mesmo. Se fosse só mais um dia sem necessidade no ano, a cota seria compreendida. Dia das mães, dos professores, dia disso, dia daquilo.
Além do mais, não se deve homenagear e nem puxar o saco de um ser humano que está em franca decadência. O bicho-homem está aos poucos perdendo a admiração e os privilégios, pelo menos na nossa decadente sociedade ocidental. Descobriu-se recentemente que Deus, por exemplo, é uma mulher. O Todo Poderoso, de quem se tinha a certeza absoluta de ser do sexo masculino, é na verdade uma linda, provocante e esbelta mulher de corpo arredondado com sua divina e insubstituível caixa de pandora que encanta a todos. No campo da política, é cada vez maior a participação da mulher. De Dilma Rousseff passando por Cristina Kirchner, Hillary Clinton, Michele Bachellet e Angela Merkel o que se observa é cada vez mais “as saias” dominando um mundo antes restrito ao público masculino. “O homem é uma mulher que não deu certo”.
Até a legislação conspira contra os homens e por consequência insulta os pais, esposos e namorados. A Lei Maria da Penha privilegia sempre e somente a mulher, mesmo que seja ela a culpada pelo fracasso do relacionamento. Nas escolas, na mídia, nas grandes lojas de departamentos e até nas redes sociais não se vê outra coisa nesse dia insosso e anormal: é tanta homenagem, babaquices, tolices, salamaleques e flores que dá até náuseas. Pagar muitas vezes para ganhar uma ultrapassada cueca samba-canção, uma caneta, uma chinela de dedos ou outro presente mais ridículo ainda é uma forma de demonstrar o repúdio da sociedade e também das mulheres e filhos por este ser patético e desprezível. Esse dia horroroso nem devia existir, pois é um acinte à lógica e ao bom senso. Mas sem ele como a sociedade demonstraria toda sua hipocrisia?
Pai, eu te amo de coração”, ou então a açucarada e ultrapassada “sem você, como eu teria vindo ao mundo”? São frases absurdas e sem sentido que contrariam qualquer situação de normalidade e o pior, quase nunca são verdadeiras. Dá até nojo ouvir estas bobagens hipócritas e muitas vezes mentirosas. Pai de verdade tem que ensinar valores aos seus filhos acompanhando-os nos estudos e na formação acadêmica, além de incentivá-los à boa leitura e também indo à sua escola, não para receber presentes cretinos e homenagens falsas, mas principalmente para saber como seu herdeiro está sendo formado para encarar o mundo futuro. Dia dos pais não existe. É tudo mentira. Meu pai, velho teimoso: está vivo, tem 93 anos e é analfabeto. Não segui seu exemplo. E muitos filhos não seguem o exemplo de seus pais. Mas não assumem a verdade. Preferem a mentira e a hipocrisia. E os presenteiam com cuecas ultrapassadas.




*É Professor em Porto Velho.

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