sábado, 30 de março de 2019

Democracia não festeja ditadura


Democracia não festeja ditadura


Professor Nazareno*

           
O Brasil tem 519 anos de existência. Neste período foi governado pela direita, a elite econômica do país, por exatos 506 anos. A esquerda o governou por apenas 13 anos e agora quem está no poder é a extrema-direita, que deverá governá-lo pelo menos nos próximos quatro anos. O nosso país figura entre as dez maiores potências econômicas do mundo. Somos o segundo maior produtor de alimentos e temos as maiores extensões de terras agricultáveis do planeta. No entanto, apesar destes números garbosos, temos uma das piores nações em termos sociais. Nossa educação figura entre as piores, não temos saúde pública decente, estamos mergulhados numa corrupção endêmica, nossa desigualdade social é imensa e a nossa sociedade é uma das mais injustas de que se tem notícia. Vivemos a síndrome da “Casa Grande e Senzala”.
O atual governo é de extrema-direita e liderado por um ex-militar do Exército. O capitão Jair Messias Bolsonaro, chamado de “Mito” pelos seus bajuladores e eleitores, está à frente de um dos mais sinistros, fracos e enrolados governos de que se tem notícia. Desde que o maluco e surreal Jânio Quadros governou os brasileiros na década de 1960, que não vivíamos dias tão estranhos na política. Um governo sem rumo e totalmente perdido em suas ações. Do suposto envolvimento de familiares do presidente com as milícias no Rio de Janeiro e com o possível assassinato da vereadora Marielle Franco, esse governo é pífio e até agora só serviu para nos envergonhar. Todos os que votaram nele, os que se abstiveram e, claro, todos os opositores. Dos atuais ministros, não se sabe qual é o mais burro e inapto. O Brasil não merecia este governo bizarro.
Para se completar o circo de horrores, o “Mito” resolveu comemorar o dia 31 de março de 1964. Foi proibido pela Justiça e houve críticas dentro e fora do país. A História não pode ser reescrita: em 1964 tivemos um golpe de Estado que sufocou a nossa jovem democracia. Depois se instalou uma feroz Ditadura Militar de 21 anos que praticou as mais terríveis violações contra a oposição. De novo, Bolsonaro voltou atrás: “não foi comemorar, foi rememorar”, disse cinicamente. Democracias não comemoram ditaduras. Se comemorar é porque não é uma democracia. Só as ditaduras se auto elogiam. Bolsonaro foi criticado no Chile onde elogiou o ditador sanguinário Augusto Pinochet. Depois elogiou Alfredo Stroessner do Paraguai. Se gosta tanto assim dos ditadores, por que o “Mito” não elogia também o cruel Nicolás Maduro da Venezuela?
Celebrar os anos da Ditadura Militar, marcados pelo fechamento do Congresso Nacional, cassação de direitos políticos, perseguição e tortura de adversários, além de censura à imprensa e o assassinato de mais de 400 pessoas de ambos os lados definitivamente não combina com os dias atuais. Bolsonaro está perdido e não sabe o que faz. Precisamos construir 2019 para depois comemorar 1964. O PT, claro, roubou muito e também ajudou a saquear o país, mas o líder do bando já está preso em Curitiba, julgado, condenado e pagando pelos seus erros. E o Brasil, ao seu jeito, já fez as pazes com o passado. E nele tivemos uma Ditadura Militar cruel e sanguinária. Desastrados, os militares foram combater uma suposta ditadura comunista e nos deram outra pior ainda. E se não foi golpe nem Ditadura, como explicar as violações às novas gerações? Então o DOI-CODI, eleições indiretas, censura, torturas, perseguições e exílios foi fake.





*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 27 de março de 2019

“Angela Merkel” e o Nazismo


Angela Merkel” e o Nazismo


Professor Nazareno*

            Numa atitude considerada insana por muitos de seus compatriotas, a primeira ministra da Alemanha, ‘Angela Merkel’, determinou recentemente ao Ministério da Defesa e aos quartéis que se comemorasse o dia da implantação do Nazismo naquele país europeu. O Nazismo foi uma forma de governo cruel e sanguinária que sempre foi evitado e condenado por todas as nações civilizadas do mundo. Uma incoerência tendo em vista que a chanceler alemã condenou publicamente a ditadura na Venezuela. Se o país sul-americano não pode ter um regime de exceção, por que se deve comemorar uma data tão infame quanto esta? Além do mais, esta ação só incita o ódio num país já dividido ideologicamente. E a função de qualquer chefe de Estado, que goze de suas plenas faculdades mentais, devia ser pregar a paz social e a harmonia entre os cidadãos.
Se o Nazismo tivesse assassinado somente um indivíduo, ainda assim não merecia ser comemorado em respeito aos familiares dessa pessoa. Festejar os mortos por um Estado obscurantista e demoníaco demonstra crueldade e falta de humanidade pura e simples por quem o faz. Devem ser pessoas inclinadas a amar o diabo, o satanás e não ao Cristo que tanto pregam. Nada do que a Nazismo possa ter criado quando esteve no governo, justificou a censura, o fechamento do Congresso Nacional, a tortura como política de Estado, as perseguições, os estupros, o exílio, o rapto de crianças. O Nazismo e o golpe de Estado dado por Hitler e seus seguidores são coisas tão cruéis e abomináveis que a própria ‘Angela Merkel’ elogiou as ditaduras, mas preferiu se eleger com o voto direto e seguindo todas as regras da democracia. Não quis dar um golpe.
O mundo inteiro condena as violações que aconteceram (de ambos os lados) no período do Nazismo. A chanceler do país e muitos internautas não deviam, portanto, semear o ódio e nem a divisão dos governados, mas o amor e a paz entre os cidadãos. O regime foi cruel, sanguinário, assassino, torturador, perseguidor, fascista, insano e retrógrado. Se os seguidores do obscurantismo eram tão bons, por que entregaram de “mão beijada” o poder aos civis sem terem sido obrigados a isso? E é bom que se diga: Hitler não tornou ninguém cruel, misógino, racista, homofóbico, preconceituoso, xenófobo, intolerante e idiota. Essas pessoas sempre existiram, apenas precisavam de alguém que desse voz aos seus instintos e pensamentos malévolos. Ainda não se sabe como pôde ‘Merkel’ ser eleita, já que é muito ignorante, inculta e sem leitura de mundo.
Muitos dizem que foi a síndrome da formiga, que estava com raiva da cigarra e por isso resolveu votar no inseticida. Assim, todos serão mortos, inclusive o grilo que se absteve de votar. Hoje praticamente só existem dois tipos de eleitores de ‘Angela Merkel’: os que já estão arrependidos pela bobagem que fizeram e os fascistas e apoiadores de primeira hora que não querem largar o osso de jeito nenhum. Sem popularidade, as pesquisas dizem que perderia o cargo se a eleição fosse hoje. ‘Merkel’ não tem apoio nem dentro dos quartéis nem nas ruas. Sua patente é muito inferior aos seus comandados e o seu fraco e sinistro governo pode não ser levado muito a sério. O atual Ministério é uma piada de mau gosto onde ninguém se entende. Os filhos dela se intrometem todo dia nos assuntos do Estado como se o atual governo fosse a “casa da Mãe Joana”. Ainda assim, ela é a cara da maioria de seus cidadãos: incultos e estúpidos.




*É Professor em Porto Velho.

domingo, 24 de março de 2019

Marielle está viva


Marielle está viva

Professor Nazareno*

            Fez um ano que a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco do PSOL e seu motorista Anderson Souza foram fuzilados. Faz um ano que ela não sai do noticiário e também das fofocas das redes sociais. Desconhecida do grande público até o seu trágico fim, o nome da vereadora covardemente assassinada cruzou fronteiras e hoje ela já é praticamente uma cidadã do mundo. Fala-se que será nome de rua em Paris e também nome de uma estação de metrô em Buenos Aires na Argentina. Marielle recebe homenagens póstumas em vários lugares do mundo civilizado como na Europa, Nova Iorque, Tóquio, Vancouver e Sidney. Ícone de muitos protestos principalmente dos esquerdistas virou sinônimo de guerreira contra as injustiças sociais. A forma brutal como lhe ceifaram a vida, no entanto, remete o Brasil aos sombrios tempos da barbárie.
            E é justamente no Brasil que muitos festejam o seu precoce fim. Incrível, mas em nome de uma ideologia, pessoas que se dizem cristãs e seguidoras de Deus festejam alegremente a morte de outro ser humano. E agora, que seus matadores foram presos, e que dentre um deles está um vizinho do presidente Jair Bolsonaro, as coisas começam a tomar um rumo “esquisito”. Nas redes sociais não se vê outra coisa sobre a infeliz vereadora que não sejam publicações infames e covardes achincalhando o seu nome. Tenta-se inutilmente tirar-lhe o pseudônimo de heroína. Mas tudo em vão. Quanto mais falam o nome dela, mais luzes colocam sobre ele. Heroína ou não, nem ela nem nenhum outro indivíduo merecia ter sido metralhado covardemente como foi. Marielle não será reconhecida no Brasil, mas no mundo civilizado o seu nome ecoará como um marco.
No seu país, entretanto, ela será morta todo dia com postagens criminosas e covardes denegrindo a sua imagem. Marielle Franco é uma heroína, sim. Ao seu tempo, ao seu modo e para os seus eleitores, parentes e amigos principalmente. Através da ONG da Maré, por exemplo, ela contribuiu para que 12 mil meninas que engravidaram  na adolescência terminassem seus estudos e pudessem ter o mínimo de qualificação para arranjar um emprego e sustentar os filhos. Pode não ser heroísmo, mas contribuiu para a sustentabilidade de vidas. Além de defender pautas sociais como racismo, mulher na política e defesa dos direitos básicos. Heroína, assim como também muitas outras mulheres e homens deste injustiçado país. Pessoas sensatas deviam parar de “continuar matando” Marielle Franco nas suas conversas. Isso é pura covardia. Ela já está morta.
Num país carente de heróis, Marielle Franco foi heroína pelo menos para a sua gente e os seus poucos seguidores. O ódio que ganhou de todos os reacionários e dos “coxinhas” mesmo depois de morta, talvez vire decepção quando se descobrir a verdade que está por trás dos verdadeiros mandantes de sua execução. A alegria incontida nos seus algozes quando do seu fuzilamento demonstra claramente o tipo de sociedade em que estamos vivendo. Tomara que não haja decepções, mas a prefeita de Barcelona, Ada Colau, já mandou um recado para o “Mito”. “Preste atenção, Jair Bolonaro: Marielle, Franco, mesmo morta, vai te tirar do poder antes do que você pensa”. Será mesmo? Marielle deve ser lembrada sempre. Assim como a juíza Patrícia Acioli, a policial Kátia Sastre, as professoras Heley de Abreu e Joselita Félix, a merendeira Silmara Cristina... A lista é enorme e nenhuma delas merece ser difamada covardemente nas redes sociais.



*É Professor em Porto Velho.

terça-feira, 19 de março de 2019

Ratos no “Açougue”


Ratos no “Açougue

Professor Nazareno*

            Era uma vez uma cidade muito limpa que tinha um hospital também muito limpo e organizado. Era um hospital modelo na região. Lá todo mundo comia seis vezes por dia e os pacientes eram recebidos com muita educação e cortesia. Os tratamentos no dito hospital se tornaram referência no país inteiro e também no mundo. Há relatos de que a população da referida cidade se fazia de doente só para se internar naquele ambiente limpo e aconchegante. O “atendimento de ouro” chamou inclusive a atenção do presidente dos Estados Unidos no recente encontro entre os “trumpalhões”. O “trumpalhão” de lá teria perguntado ao “trumpalhão” de cá como andavam as coisas num certo “açougue”. Como está dando tudo para os gringos, dizem que o “trumpalhão dos trópicos” também queria doar aos EUA aquele referido bazar de saúde pública.
            Os diplomatas estranharam o fato de se dar ratos de presente. “Mas nisso não há nenhum mal, pois os roedores são animais inofensivos e até limpinhos”. Além do mais, existem ratos em todo governo. Pelo menos no nosso país é uma coisa mais do que normal. Existem ratos nas Câmaras de Vereadores, existem ratos nas Assembleias Legislativas, prefeituras, palácio do governo e também nos Ministérios e em muitas outras repartições municipais, estaduais e federais. Por que não haveria de ter ratos num “açougue”? De acordo com as novas regras políticas, quem quiser se internar no lindo e bem cuidado hospital, tem que ser com rato. Ou então não se interna. Muitos planos de saúde, inclusive, já estão pensando em adotar este novo tipo de atendimento em suas apólices. Com rato ou sem rato? A escolha ficará por conta de cada cliente, obviamente.
            E nada de querer construir um novo hospital de pronto socorro na linda cidade. Essa ação poderia perigosamente salvar a vida de muitos pobres e miseráveis e eles têm que morrer para depois virarem estatísticas. Por isso, todo o repasse das arrecadações estaduais, por exemplo, devia ser feito somente para as varas da Justiça, para o Poder Legislativo, para o Ministério Público, para pagar os barnabés e também fornecedores. Os “Palácios de Mármore” destas instituições devem ficar sempre reluzentes para receber o público carente. Enquanto isso, o lindo hospital continua com a sua saga de “campo de extermínio de miseráveis”. E quem pode se livra dele comprando um bom plano de saúde. Se consertar aquilo, muitos desses planos podem ir à falência. E quem vai financiar as campanhas políticas para eleger os outros ratos? Entenderam o “jogo”?
            O Brasil definitivamente está mudando com o novo governo. E a cidadezinha citada também já acompanha os novos tempos com o seu lindo hospital. Nos governos de esquerda tínhamos um “campo de extermínio de pobres”. Agora a coisa evoluiu simplesmente para um campo de miseráveis. E com a agradável surpresinha de ter ratos em suas dependências. É cada gabiru tão grande e gordo que chega a fazer inveja aos melhores hospitais da Somália, Serra Leoa e Etiópia. Mas há o lado bom: se fossem ratazanas magras e esquálidas, seria um indicativo de que a situação estava muito ruim na cidadezinha. Em nenhum outro lugar do mundo existem roedores dentro dos “açougues”. Todas as pessoas da referida cidade deviam se orgulhar desses ratos, principalmente as que têm um bom plano de saúde. Seremos notícia no Brasil inteiro. Ironia das ironias: só os “ratos de fora” é que conseguirão combater os ratos de dentro.




*É Professor em Porto Velho.

sábado, 16 de março de 2019

Rondônia, a Meca do atraso


Rondônia, a Meca do atraso


Professor Nazareno*
               

Rondônia é o suprassumo da bosta. Dentre as 27 unidades da federação, é talvez a pior delas. Longe e muito distante dos grandes centros civilizados do mundo, o jovem Estado já devia ter sido anexado pela Bolívia há muito tempo. Aqui nada dá certo por mais que se tente. Sua inusitada, suja e fedorenta capital é uma curva de rio sem a menor qualidade de vida. Os políticos daqui estão entre os mais desonestos do país, embora sejam aclamados como heróis pela incauta e desinformada população. Rondônia é um destes lugarzinhos sem eira nem beira para onde só vem quem tem negócios ou tem a infelicidade de ter parentes morando aqui. As raras passagens de avião são as mais caras e cada vez mais os poucos voos ainda disponíveis para a “capital das sentinelas avançadas” são cancelados. O Estado é conhecido como a latrina do Brasil.
Aqui não há universidade estadual, não existe banco do Estado e o único que possuía já foi extinto, os seus ativos financeiros “doados” à elite política e a outros “empresários” e por isso o povo paga mensalmente uma “dívida eterna” à União. O lugar é tão miserável que mesmo possuindo três hidrelétricas, deve ter uma das mais altas taxas de energia elétrica do país. Tinha a Ceron, Centrais Elétricas de Rondônia, a tosca concessionária de energia elétrica, que foi vendida a preço de banana para uma tal Energisa de Minas Gerais, que junto com a Aneel empurrou goela abaixo dos otários consumidores locais um reajuste superior a 25 por cento. Na época, somente meia dúzia de políticos espertalhões se disse preocupados com o roubo. Agora, consumado o assalto, todos “colocaram sua viola no saco” e a Energisa ri à toa da cara dos lesados.
A capital dos “destemidos pioneiros” tem um hospital de Pronto Socorro. É um “açougue” imundo, caindo aos pedaços e sem a menor infraestrutura para onde só vai basicamente quem é pobre. É um “campo de extermínio de miseráveis”. O “velho açougue” tem desafiado um a um os governantes que assumem o poder neste “cu do mundo”. Lá os “problemas macro sempre predominam sobre os problemas micro”. Enquanto isso, sua paupérrima clientela de banguelas e despossuídos morre pelo chão feito inseto. Mas a cidade, por incrível que pareça, até que possui prédios suntuosos e caros que são verdadeiros palácios de ouro e que abrigam as várias instâncias da Justiça, os fóruns, os Ministérios Públicos e também os barnabés a serviço do Estado. Lugar infame e escroto, em Rondônia professor é proibido de merendar junto aos seus alunos.
Futebol de verdade não há. Só alguns times de nomes engraçados e das últimas divisões. Mas o Carnaval rondoniense é um dos melhores. Uma conhecida banda chega a colocar mais de cem mil pessoas nas ruas. Foi recentemente declarada não se sabe ainda o porquê como “patrimônio cultural” da cidade, embora sua maior contribuição seja somente gerar muitas toneladas de lixo, entulhos e seboseira por onde passa. O prefeito da capital, bem intencionado, colocou algumas flores para enfeitar uma das sujas ruas. Roubaram tudo e ainda quebraram os vasos. O brasileiro comum é um perfeito idiota. O rondoniense também. De política nada entende. E por isso não só ajudou a eleger o “Mito” como ainda defende as barbaridades ditas pelo arremedo de presidente. O Estado é a casa dos comissionados e do nepotismo. Por aqui ainda não choveu merda, mas Porto Velho é a única capital onde se improvisa transporte coletivo.




*É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 11 de março de 2019

Tsunami de mentirinha


Tsunami de mentirinha


Professor Nazareno*
           

Não sei o que se passa na cabeça de alguns políticos. Outro dia tive o desprazer de ler na internet uma matéria falando que “Não há Energisa que resista a esse tsunami do bem”. A dita matéria se referia à pressão que a classe política de Rondônia estaria fazendo em Brasília para reverter o aumento criminoso de mais de 25 por cento nas contas de energia elétrica que a Aneel deu de presente para os otários dos consumidores rondonienses. Com fotos estampadas de vários políticos, o escrito tecia loas às autoridades e dizia também que “o resultado ainda não veio, mas quando a vontade política se alia ao bom senso e os poderes se unem em favor do povo, não há Energisa que segure”. Palavras ilusórias de políticos sonhadores soltas ao vento. Discurso de pura enganação. Só trouxa para cair nesta lorota de que político quer o bem do povo.
Os que defendem os rondonienses devem ser pessoas do bem, otimistas incorrigíveis e que certamente só querem o melhor para seus conterrâneos. Só que não percebem que a Energisa “está cagando e andando” para os rondonienses. O aumento absurdo de mais de 25 por cento está vigorando em todas as contas de energia elétrica e mais aumentos vêm por aí. E parece que os políticos que apareceram na reportagem nada podem fazer. Eu mesmo este mês já recebi o meu talão de luz e fiquei estarrecido com o valor. Gastei menos quilowatts e mesmo assim vou ter que pagar mais dinheiro para a Energisa. Isso sem ter tido um só centavo de amento em meu salário de professor. Para evitar problemas futuros, já quitei a conta absurda que me foi cobrada. E todos os rondonienses deveriam fazer o mesmo se não quiserem ter problemas com a Justiça.
Rondônia sempre esteve jogada à própria sorte. Nunca teve nenhum político que realmente tenha se interessado por esta latrina. Único Estado do Brasil que jamais foi administrado por um autêntico filho nascido aqui, Rondônia e os rondonienses parece que já se acostumaram a dar tudo que é seu para os forâneos. Construíram hidrelétricas, estupraram o nosso meio ambiente e nada nos foi dado em troca. Esse reajuste é um acinte contra o povo desta terra. É uma violência inexplicável. Um roubo mesmo. Na época do ciclo do garimpo, nosso ouro foi levado e só nos ficou o mercúrio no rio Madeira e a violência social em nossas periferias. Nos outros ciclos econômicos, a história se repetiu: “nada para os nativos, tudo para quem é de fora”. A Energisa é de Minas Gerais e está aqui para auferir lucros e mais lucros. Os rondonienses que pastem!
O tempo está passando e tudo infelizmente cairá no esquecimento como sempre. Assim como eu, muitos já pagaram a suas contas sem dar um pio. Tenho muita inveja do otimismo dessas pessoas sonhadoras. E tomara que o governador de Rondônia, senadores, deputados federais, deputados estaduais, prefeitos, Ministérios Públicos e o setor produtivo local estejam mesmo batalhando em nome do povo de daqui. Ainda assim, muitos rondonienses “não estão nem aí” para a sua própria desgraça. A Banda do Vai Quem Quer, por exemplo, além de ter produzido várias toneladas de lixo e seboseira, colocou mais de cem mil pessoas nas ruas durante o Carnaval. Enquanto isso, somente dez ou doze abnegados foram a essas mesmas ruas para protestar contra o roubo da Energisa e da Aneel. Dizer que “os bandeirantes de Rondônia estão como sentinelas avançadas” revela uma hipocrisia que nos faz pensar que temos dignidade.




*É Professor em Porto Velho.

domingo, 3 de março de 2019


Porto Velho e seu símbolo maior: O LIXO

Singela contribuição da famosa e homenageada Banda do Vai Quem Quer à cidade. (Carnaval de 2019)

sábado, 2 de março de 2019

Sérgio Moro emparedado


Sérgio Moro emparedado


Professor Nazareno*

            
             O Ministro da Justiça e Segurança Pública, o ex-juiz Sérgio Fernando Moro, está se apequenando muito rápido no atual governo. O outrora todo poderoso chefe da Operação Lava Jato de Curitiba e tido como herói nacional pelos mais incautos e trouxas está vendo o seu prestígio descer ladeira abaixo. Paparicado por todos e endeusado como um caçador de corruptos além de ter sido um feroz combatente da corrupção, o juiz hoje não é nem a sombra daquela autoridade de tempos passados. Acusado de perseguir “somente os esquerdistas” e de ter condenado o ex-presidente Lula sem provas consistentes apenas para tirá-lo da disputa presidencial, o magistrado do Paraná já teve que voltar atrás com suas declarações e pior: foi desautorizado quando nomeou Ilona Szabór para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.
            A impressão que se tem é que Sérgio Moro condenou o petista somente para abrir caminho para o “Mito”, a cujo governo serve como um verdadeiro capacho. O Brasil perdeu um bom juiz e ganhou apenas um ministro “meia-boca”, igual ou pior a todos os outros que o antecederam. O ex-juiz já disse que Caixa 2 não é mais um crime tão grave assim. Entrevistas dele dadas anteriormente dizendo o contrário inundaram as redes sociais e mostraram ao país que até um juiz do porte dele, dependendo das circunstâncias e dos interesses em jogo, pode mudar de opinião em tão pouco tempo. Parece que a carta branca dada por Jair Bolsonaro ao seu “superministro” foi revogada. Se quiser ainda manter a fama, Moro tem que sair logo deste governo. Que poderes tem um ministro que não pode nem nomear uma simples funcionária de terceiro escalão?
Diz a História que Sobral Pinto, um dos melhores advogados que este país já teve, lutou ferozmente pela Liga de Defesa da Legalidade ainda na década de 50 do século passado para defender a candidatura de JK ao governo. Vitorioso, Juscelino teria convidado o advogado para integrar o seu ministério. Sobral Pinto rejeitou o convite e avisou ao novo presidente que seria dali em diante um fiscal do novo governo. “Lutei para conseguir sua candidatura à Presidência e não para participar de sua administração”, teria dito na época o eminente advogado. Moro, se não tivesse sido picado pela mosca azul, poderia ter dito isso ao “Mito”. Como magistrado, ele poderia investigar bem mais a fundo o “laranjal” dos Bolsonaros. Gozando do prestígio que possuía, seria muito mais útil aos brasileiros como juiz do que como um reles ministro.
Só que a classe política já tratou de tirar os poderes do ex-combatente juiz de Curitiba. Sérgio Moro precisa urgentemente salvar a sua biografia se ainda tiver quaisquer aspirações futuras e cair fora desse “governo de insanos”. Ainda assim, é um ministro considerado sensato num sinistro ambiente onde os “loucos e ensandecidos” assessores prevalecem e os filhos do presidente dão as cartas abertamente. “O atual governo do Brasil está entregue nas mãos de desequilibrados e desmiolados”, é a impressão que se tem. Em apenas dois meses, Moro descobriu que Brasília é diferente de Curitiba. Só que isso pode ser tarde demais. Ele já vive a sua prisão moral. Sem poder e sem prestígio, logo será ex-ministro e se aposentará, saindo para sempre da vida pública. Um fim melancólico e triste para quem há pouco tempo gozava de tanta admiração no país. “O justiceiro messiânico já queima como o Girolamo Savonarola.





*É Professor em Porto Velho.