sábado, 24 de março de 2012

O político é a imagem de um santo!



“Político ganha muito Pouco”


Professor Nazareno*
        

         Recentemente o Senador de Rondônia, Ivo Cassol, afirmou em uma entrevista que os políticos brasileiros ganham muito pouco. “O político tem que atender a inúmeros pedidos dos milhares de eleitores quase todos os dias e por isso, receber 15 ou 16 salários anuais é muito pouco”, afirmou com convicção este grande líder dos rondonienses. Sábias palavras. O ilustre Senador tem toda a razão já que, todo político deve, com absoluta certeza, ser bem remunerado para poder atender às suas bases e com isso promover o desenvolvimento dos seus Estados e principalmente alavancar o progresso do próprio país. Isso sem falar no fato de que contribui para debelar a pobreza extrema e a crescente desigualdade social. Além do mais, a classe política muitas vezes deixa de cuidar de seus próprios interesses só para ajudar, sem nada receber, os outros.
E os demais políticos de Rondônia não são diferentes. “Aqui, político se mata de tanto trabalhar”, é o comentário que se ouve costumeiramente por todos os recantos deste Estado. Veja-se, por exemplo, a Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia. A nossa Casa de Leis sempre se esmerou em atender com denodo e competência a todos os cidadãos humildes e desassistidos deste lugar. Praticamente o pujante Estado de Rondônia só existe por causa de sua gloriosa e briosa Assembleia Legislativa. Com pouco mais de 30 anos de existência, seria impossível enumerar todos os grandes feitos dos inúmeros Deputados Estaduais que por lá já passaram. Eminentes políticos com ilibado espírito público e sempre compromissados com o bem-estar das populações que muito bem representam é o que sempre se observou na ALE, um lugar quase santo.
Não sei quanto ganha um Deputado Estadual de Rondônia, mas qualquer quantia representa muito pouco para quem tanto fez e faz pelo povo.  Dizem que um professor ganha mal. Pode até ser, mas querer comparar a faina de um educador à importância de um político rondoniense é “chover no molhado”. Os políticos, além de serem muito mais importantes para a população, ajudam a distribuir riquezas. O policial e o médico são profissões importantes também, mas nem “chegam aos pés” de um vereador ou de outro homem público. A importância de um político é tanta que, embora se afirme que eles desviam dinheiro público, a Justiça jamais os mantém presos ou os faz devolver qualquer quantia ao Erário Público. Sinal de que todos eles são inocentes e nada devem a ninguém. São apenas fofocas e intrigas da oposição querendo aparecer na mídia.
Realmente, dos 23 Deputados Estaduais acusados de se beneficiar da Operação Dominó em Rondônia há seis anos, quantos foram ou estão presos e tiveram que devolver qualquer quantia ao Estado? E na Operação Termópilas, a outra injustiça que fizeram contra os nossos nobres políticos, existe alguém ainda na cadeia ou há boatos de que será devolvido um único centavo aos cofres públicos? Outro sinal de que talvez não tenha havido roubo ou desvio de qualquer quantia. Político no Brasil além de ganhar uma miséria ainda é vítima de perseguição do Poder Público, que muitas vezes atenta contra a idoneidade e a imagem dos pobres coitados. Por isso, toda vez que escuto as propagandas da ALE na mídia, fico emocionado e com vontade de chorar. Já com nova Presidência, os agora “santos legisladores” capricharam na arte de enganar os tolos.
Também não sei quanto ganha o ilustre Prefeito Roberto Sobrinho, mas sei que deve ser muito pouco pelo muito que ele já fez em benefício desta cidade. Sobrinho é o homem que “pensou” Porto Velho em todas as suas dimensões e revolucionou o conceito de cidade. Devíamos agradecer a Deus por ter um administrador com um cérebro tão privilegiado como o dele. A nossa linda, limpa, aconchegante, cheirosa e arborizada capital só pode ser obra de uma mente brilhante. Uma pena não ter o terceiro mandato para que este ilustre homem público continue aqui com os munícipes. A cabeça de Sobrinho sempre foi uma “usina” de ideias urbanas.  Sei que lhe pagamos uma miséria de salário. Já o Governador Confúcio Moura é outro injustiçado quando se trata de rendimentos mensais. Homem brilhante e inteligente, só comparável aos grandes líderes mundiais, a “Raposa do Guaporé” também inovou na arte de governar e por isso devia ter os seus salários triplicados. Devíamos iniciar uma campanha, como aquela da aposentadoria dos ex-governadores e que deu em nada, para aumentar todos os vencimentos dos homens públicos de Rondônia e do Brasil. Só ganharíamos com isto. Estou feliz por ter que declarar Imposto de Renda e saber que receberei o dobro, em forma de bons serviços públicos, para cada centavo que pagar. Parabéns, Senador Ivo Cassol, pelas suas inteligentes palavras. Serei sempre seu fã e que Deus o ilumine.






*É Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 15 de março de 2012

O Brasil será mesmo um país rico?



“País Rico é País sem Pobreza”


Professor Nazareno*

         
          Recentemente a Presidente de Brasil, Dilma Rousseff, teria em um programa de rádio pronunciado a frase do título deste artigo e por isso gerado muitas críticas entre vários brasileiros desinformados e completamente alheios às questões socioeconômicas e políticas do nosso país. Houve muitas postagens nas redes sociais insinuando ser a nossa maior mandatária uma “burra de carteirinha” por ter afirmado uma coisa óbvia demais. Disseram ser coisa de mulheres loiras ou algo mais preconceituoso ainda do tipo: “ela disse isso por que é uma mulher e as mulheres não são muito inteligentes”. Ledo engano. Os críticos podem estar enganados desta vez. Sem querer defender a líder petista em nenhum momento, a referida frase, antes de ser um pleonasmo vicioso, do tipo “subir prá cima, descer prá baixo, sair prá fora ou entrar prá dentro”, é uma das falas mais inteligentes já ditas por um brasileiro (a) em todos os tempos.
         Do ponto de vista da Gramática Normativa da Língua Portuguesa é claro que se trata mesmo de um pleonasmo, já que se o país é rico seria óbvio que ele não tivesse pobreza. Mas não é exatamente isso que acontece. O Brasil recentemente chegou ao posto de sexta potência econômica do mundo tendo superado o Reino Unido. Se continuar com este crescimento anual, deve superar a França até meados do próximo ano e se tudo correr bem, e a crise mundial não nos afetar como está afetando a Europa, a partir dos anos 20 deste século, ou seja, em menos de uma década, estaremos entre as três maiores economias do mundo ao lado de gigantes como a China e os Estados Unidos. No entanto, seremos uma potência com os “pés de barro”, já que temos entre 15 e 20 milhões de brasileiros que vivem na miséria total, bem abaixo da linha da pobreza. Uma vergonha para uma nação que se gaba de ter um dos maiores PIB’s do mundo.
         E a fala da nossa Presidente analisou exatamente esta situação. Segundo ela, um país que tem uma pobreza muito grande dentro de sua população não pode ser considerado uma nação rica. Os BRICS, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul além da Argentina, México, Peru e Chile, dentre outros, estão na mesma situação. Embora tenham demonstrado uma considerável elevação dos seus Produtos Internos Brutos nos últimos anos, ainda não sabem como vencer a pobreza endêmica que assola grande parte de suas populações. A desigualdade social verificada em muitos desses países é caracterizada pela alta concentração de renda e agravada ano após ano pela péssima qualidade dos seus serviços públicos, pela corrupção nos meios políticos, pela alta carga tributária e pelas injustiças sociais. O Brasil só será de fato uma nação rica quando a qualidade de vida da sua população for também alta. E sem pobreza.
         Porém, o aumento do nosso IDH parece ser um sonho ainda inatingível. Nem o PT, com sua política paternalista de compra de votos por meio dos inúmeros programas sociais, vai conseguir resolver o problema dos nossos pobres. A China está investindo como nunca no seu sistema de Educação. Chile e Argentina, nossos vizinhos, já têm qualidade de vida quase igual a muitos países europeus e mesmo assim continuam investindo como nunca em seus sistemas de ensino. O Brasil está dando um tiro no pé. Aqui, só futebol (e hoje de péssima qualidade) e carnaval. Bumbum de mulher e perna de jogador não podem ser os nossos únicos produtos de exportação. O país precisa urgentemente investir em Educação de qualidade se não quiser ser superado por nações mais modestas. A fala da Dilma, que muitos desinformados criticaram, nos remete a um entendimento contrário ao que se prega no mundo inteiro: não basta ter muita riqueza, como é o nosso caso, se esta não está bem divida por todos os habitantes da nação.
Por isso, a crítica deveria ter sido em relação às ações do Governo petista e não em relação aos possíveis erros gramaticais que foram encobertos pela lógica do pleonasmo pronunciado pela Presidente. O Brasil não está investindo com qualidade na sua Educação, como, aliás, nunca o fez, nem está combatendo os desvios e roubos da nossa crescente corrupção.  Estamos crescendo em cima do fracasso dos outros, essa é que é a grande verdade. E sem Educação de qualidade não teremos sustentação alguma. Não teremos futuro nenhum. Em Rondônia, por exemplo, sem falar no desastre da administração petista em nossa capital, o que foi feito com o dinheiro da compensação pela construção das hidrelétricas no Madeira? Absolutamente nada. Os rondonienses se gabam de ser um Estado muito mais rico do que a Paraíba, Maranhão, Piauí ou mesmo Alagoas, mas aqui não existe uma única universidade estadual como nestes estados citados. Diferentes da Coreia do Sul, não priorizamos a Educação e nada vamos colher. Em breve vamos nos parecer muito mais com um Haiti, Somália, ou Etiópia. Em vez de ter pronunciado a frase acima, a Presidente deveria ter reconhecido que o Brasil é “um pobre país rico”. Talvez fosse mais bem entendida pelos seus ignorantes críticos.




*É Professor em Porto Velho.

domingo, 11 de março de 2012

Não concorda comigo? e por que me segue?



Recado a todos meus contatos das redes sociais: (LEIAM, é muito importante!)

Não concordo com uma única palavra do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las”. Voltaire, há quase trezentos anos.

O Facebook é um território livre onde se pode postar qualquer coisa. Não há censura, não há cerceamento, não há impedimento, não há terrorismo, não há perseguição nem há obscurantismo e os limites esbarram quando se atinge ou se macula a imagem de alguém, que deve imediatamente pedir reparos na Justiça. Os limites começam a aparecer quando o público e o privado estão se misturando (Prova de Redação do ENEM/2011). E tudo isto está na Constituição no artigo V. Não entendo porque alguns contatos meus fazem comentários atacando a minha pessoa em vez de se insurgir contra minha postagem apenas. Não sou autor da maioria das coisas que posto no Facebook e em outras redes sociais, apenas reproduzo o que vejo, o que pesquiso, mas muitas pessoas se magoam, ficam aborrecidas, chateadas e atacam a minha honra, a minha dignidade, isso sim, é que pode ser considerado crime, invasão de privacidade.
       Não vejo nenhum impedimento para postar temas relacionados à fé, à religião, à Educação, ao futebol, à política, à Filosofia, à Historia, à Ética, à Moral, Etc. Etc. O debate que se segue após estas postagens frutifica a criação de argumentos, contra-argumentos, teses e antíteses, que poderão ser aprendidas e observadas pelos leitores, que poderão ainda fazer a réplica e a tréplica enriquecendo sempre os debates... Mas nem todo mundo entende isto. Dão religião a mim, dizem que sou ateu, que não tenho fé, que estou tentando “descristianizar” os outros, que estou tentando “islamizar” ou “converter alguém ao Judaísmo” ou vice-versa. Dizem que falo mal do Flamengo e torço pelo Corinthians ou vice-versa, que não gosto de carnaval, que sou infeliz ou que sou feliz, que gosto ou desgosto de Porto Velho e de Rondônia, que gosto ou desgosto do Brasil. Minha vida particular não diz respeito a ninguém. Nem quero saber da vida particular de ninguém. A privacidade alheia não deve interessar a ninguém. É ético, até.
O pior é que todas as postagens que fiz e faço são retiradas da própria rede mesmo, e não vi nenhum comentarista se insurgir contra quem de fato as criou. O que deve ser debatido são as postagens, não a minha pessoa, por favor! Enfim, muitos não me toleram, mas estranhamente ainda me mantêm como contato de sua rede social. Um professor de produção de texto tem que ser polêmico mesmo, tem que instigar o debate, a discussão, a polêmica. Se você não está satisfeito de ter o velho e polêmico Nazareno Silva como contato seu, o que está esperando? Ou não sabe como me deletar ou apagar de seus contatos? Ser polêmico é a minha marca, quer gostem ou não. Afinal, a bala certeira dos covardes e dos ignorantes virá à minha cabeça e não à de quem se acomoda de forma tosca e sem discussão. O fogo do inferno queimará a minha carne e não à dos que se dizem salvos. E se extrapolei os limites entre o público e o privado dentro desta rede social ou de qualquer outra, me levem aos tribunais. Professor Nazareno

quinta-feira, 8 de março de 2012

Qual é o nome da minha cidade?


Crônicas da Minha Cidade


Professor Nazareno*


Era uma vez uma cidade muito suja e imunda. Capital de um Estado, o meu adorado, amado e insubstituível torrão tem muita sujeira, lixo esparramado pelas ruas, dejetos, carniça, animais mortos apodrecendo a céu aberto, praticamente não dispõe de nenhum saneamento básico e em pleno século vinte e um, e situada na hídrica região Amazônica, tem menos de três por cento de água tratada. Por isso, apresenta também muita vala aberta com esgoto correndo entre as moradias; no inverno é muita lama e no verão, só poeira. A minha cidade não tem IDH nenhum e segundo o Instituto Trata Brasil tem uma das piores qualidades de vida do país. O centro se confunde com a periferia de tão sujo e fedorento que é. Os habitantes da minha cidade, embora todos felizes, só veem o fundo do poço se olhar para cima. Muito diferente de outra crônica, nela não há palmeiras nem sabiás. Tem muitos urubus, ratos, carapanãs, mutucas, piuns, mucuins e uma das menores áreas verdes já verificadas em uma cidade Amazônica. 
      Tem um rio muito grande, e já poluído, na minha cidade. Não é como “o rio da minha aldeia”, mas é um rio. Cheio de mercúrio, já estuprado pelo poder do capital, desviado, domado, a caminho da morte e quase sem nenhuma serventia, insiste em lutar contra a ganância do homem sacudindo seus banzeiros contra as barrancas como num último ronco ou suspiro antes da derrocada final. Dizem que na minha cidade também existia uma grande estrada de ferro e que alguns oportunistas ignorantes, se conseguirem encontrar algum resquício dela, gostariam de transformá-la em Patrimônio da Humanidade. Obra pública inacabada é o que não falta na minha cidade. Parece até uma pitoresca marca registrada do lugar: teatro estadual, viadutos, Centro Político Administrativo, sede do INSS, ponte de trezentos milhões de reais sobre o rio, iluminação na BR duplicada, várias avenidas sem arborização nem canteiros centrais, rodoviária nova que jamais será construída, porto imundo que dá nome à cidade...
Na minha cidade tem também muito político canalha e ladrão. Tem uma Assembléia Legislativa tão atuante que, muito diferente da historinha do Ali Babá, só apresenta 24 membros permanentes. E todos trabalhando sempre em benefício do povo. Suas propagandas na mídia não lhe deixam mentir. Na minha cidade existe Justiça, Ministérios Públicos, Tribunais, Poder Judiciário, juízes, promotores, mas quase todos os ladrões do dinheiro público estão soltos e fora das cadeias. O que mais poderia ter em minha cidade senão um presídio de segurança máxima, carnaval com desfile depois do carnaval, Semana Santa em junho, fumaça e queimadas no verão? Tem um açougue que mais se parece com um hospital de pronto-socorro, um trânsito caótico e completamente desorganizado, violência exacerbada, e uma rodovia federal que arranca choro dos políticos que não conseguem dinheiro para a sua recuperação. No Brasil inteiro não há cidade tão boa e civilizada como a minha. Dizem que é uma cópia perfeita do Éden.
Por tudo isso, eu não troco a minha amada terra adotiva por nenhuma outra do mundo. Pouco vai adiantar tentarem me expulsar deste pedaço de Brasil dizendo que nasci em outro lugar. Minha identidade é daqui, destas plagas. Sair desta aldeia para quê? Em qual poente teria a inspiração que tenho para escrever minhas crônicas? Além do mais, onde se encontra tanta cultura misturada, e mal copiada, em um único lugar? Onde se encontra tanta bizarrice? Se não fosse esta cidade, onde eu conseguiria ganhar o pão de cada dia? Esta cidade me alimenta até a alma. Não viveria sem ela. Futebol não tem na minha cidade, mas há muitos torcedores que se deliciam com este esporte e por isso, perdem dias inteiros torcendo sentado nos bares. As passarelas da minha cidade, só existem duas, servem para as pessoas andarem por baixo delas. Já viadutos inacabados (existem muitos na minha cidade), também chamados de “catacumbas petistas”, têm pouca ou nenhuma serventia e são usados para fazer propagandas de circos. Na minha cidade existe uma banda que coloca 140 mil pessoas nas ruas durante o carnaval e tem greve na Educação com apenas 140 pessoas. Qual cidade é cortada por igarapés fedorentos que já viraram esgoto? Apaixone-se por esta terra, por esta cidade. Por isso, “seja altruísta, faça voto de pobreza e prefira sempre morar por aqui”. Os políticos vão agradecer o resto de suas vidas. E eu também. Alguém sabe o nome da minha cidade?






*É Professor em Porto Velho.

terça-feira, 6 de março de 2012

Vamos ver como é a Educação na China?


Educação: a nova arma secreta da China

Gustavo Ioschpe (Revista VEJA)


Em cinco capítulos, conto como a verdadeira arma da China para se tornar potência mundial é seu sistema educacional baseado no mérito. Que grande lição para nós no Brasil!


CAPÍTULO 1: OS ALUNOS E SEUS PAIS

A história de Sun Juntao, de 16 anos, é uma entre milhões do fabuloso arsenal de educação em massa que une escolas, alunos e pais na China
Encontrei Sun Juntao, 16 anos, às 7h30 da manhã perto do ponto de ônibus onde desembarcava, em uma das tantas largas e movimentadas avenidas de Xangai, a maior metrópole chinesa. A caminho de sua primeira aula do dia, de matemática, Juntao estava paramentado com roupas de marcas esportivas, ostentava um ralo bigodinho do qual provavelmente se arrependerá no futuro e falava com aquela mistura de entusiasmo, ingenuidade, determinação e timidez próprios da adolescência. O extraordinário na cena era o fato de ser domingo e Juntao estar indo para uma escola particular, onde receberia aulas de reforço. Mais tarde lá estava ele, com mais vinte alunos sentados em duas fileiras de mesas retangulares, separadas por um corredor. A sala não tinha ar-condicionado, monitor de televisão, microfone ou outro aparato tecnológico: só mesas, cadeiras e uma lousa.
A aula era ministrada por um professor jovem, de 27 anos. Foi uma das aulas mais pesadas a que já assisti: sem fazer nenhuma concessão ao fato de ser um domingo de manhã, freneticamente o professor resolveu problemas de geometria por quase duas horas, sem intervalo, sem fazer muitas perguntas aos alunos nem esboçar algum sinal de senso de humor ou apelar para a espetacularização das aulas dos cursinhos brasileiros. Ninguém reclamou, nem se mexeu muito, nem saiu para ir ao banheiro. Depois daquela aula, um intervalo de dez minutos e mais duas horas de aula de química. Assim são todos os fins de semana de Juntao. Assim são os fins de semana de milhões e milhões de adolescentes chineses que lutam para superar milhões de colegas e entrar em uma universidade de primeira linha.
Juntao quer mais. Quer ser um dos melhores advogados do mundo, formar-se na China e fazer mestrado em Stanford, na Califórnia, do outro lado do Oceano Pacífico. Para chegar lá, ele precisa obter um ótimo resultado no Gao Kao, o temido e cobiçado exame nacional de admissão universitária. A nota no Gao Kao determina a universidade na qual o aluno será aceito. Por isso Juntao se esforça tanto. Ele acorda diariamente às 6 da manhã. Enfrenta um trajeto de quase uma hora de ônibus para chegar a sua escola. Entre 7h10 e 8 horas, lê com seus colegas livros didáticos da matéria que está estudando, em sala de aula, sem professor. Às 8 começam as aulas. Perto do meio-dia há uma pausa de uma hora e quinze minutos para o almoço, servido no refeitório da escola. À tarde, mais quatro períodos de aula. Às 5 ele vai para casa.
Chega por volta das 18h30. Durante uma hora, descansa, toma banho e janta. Aí faz o dever de casa por, normalmente, três horas diárias. Às 22h30 vai dormir, e o ciclo recomeça no dia seguinte. Descanso, só aos sábados, mas por poucos meses: no ano que vem ele fará Gao Kao e frequentará aulas de reforço aos sábados também. Como praticamente todos os jovens que encontrei, Juntao não tem namorada, não vai a baladas, não usa drogas e não fuma. Apesar do embaraço causado à minha tradutora, que só fez a pergunta depois da minha insistência quando o questionei sobre o que aconteceria se ele, involuntária e inadvertidamente, se apaixonasse por alguém nessa idade, a resposta veio rápida: “Espero até depois do Gao Kao”.
A obsessão dos chineses pelo estudo é o primeiro dado para entender a notícia, divulgada no fim do ano passado, que abalou profundamente toda a compreensão da educação no mundo: Xangai, província chinesa, tinha tirado o primeiro lugar em todas as áreas aferidas (matemática, ciências e leitura) no mais importante e respeitado teste internacional de qualidade educacional, chamado Pisa. O teste, realizado a cada três anos pela OCDE (o clube dos países desenvolvidos), mede o conhecimento de jovens de 15 anos de idade. Começou a ser realizado no ano 2000 em 32 países (entre eles o Brasil, que ficou em último lugar) e, na edição de 2009, contou com 65 participantes (ficamos novamente na rabeira: entre a 53ª e a 57ª posições).
Em suas edições anteriores, o topo do ranking era ocupado pelos suspeitos de sempre: Finlândia, Coreia do Sul, Japão, Canadá. O teste confirmava a crença de que renda e qualidade educacional estão intimamente associadas: só os países mais ricos do mundo conseguiriam produzir sistemas top de educação. Mesmo no teste de 2009, países de nível de desenvolvimento semelhante ao chinês ficaram muito atrás dos países ricos: na área de leitura, o foco da edição de 2009, a Turquia ficou em 41º lugar, a Rússia em 43º, o México em 48º e o Brasil em 53º. Xangai ficou em primeiro lugar, com uma dianteira considerável sobre todos os países desenvolvidos, em todas as áreas avaliadas.
Xangai é uma província e não um país, como a maioria dos outros participantes do teste. É uma província mais rica (com renda igual a duas vezes e meia a média chinesa). Mesmo com essas ressalvas, o feito é incrível. A renda per capita de Xangai em 2010 foi de 11 000 dólares. A Coreia do Sul, segundo lugar em leitura, tem renda de quase 21 000. A Finlândia, terceiro lugar, 44 000, quase a mesma de Cingapura, quinto lugar. A renda média de Xangai é igual à brasileira. Ainda que Xangai seja um pequeno pedaço da China (tem um sétimo da área do estado do Rio), com população de 19,2 milhões de pessoas, a província é maior do que 42 dos 65 países participantes do Pisa. É uma região bastante complexa: 11% de seus habitantes vivem na zona rural e 54% dos alunos das primeiras cinco séries são filhos de residentes que vieram de outras províncias para trabalhar em Xangai.
O governo dá as condições e as famílias cuidam de aproveitá-las da melhor maneira. A família de Juntao é um bom exemplo. A mãe trabalha em um escritório de contabilidade e o pai é assistente de logística em uma fábrica. Eles estudaram até o fim do ensino médio. Seus avós maternos foram agricultores, os paternos, operários – estudaram só até o fim do ensino fundamental. Juntao, filho único, mora com os pais em uma quitinete de 40 metros quadrados. O rapaz tem um quarto só para si, para que possa se concentrar nos estudos. Apesar da renda módica dos pais, eles é que pagam as escolas de reforço do filho, e também seus estudos. Na China, só os níveis compulsórios de ensino – do primeiro ao nono ano – são gratuitos. Os três anos de ensino médio são pagos, até nas escolas públicas. Mesmo nos níveis gratuitos, os pais pagam o uniforme, o transporte e a alimentação. O estado dá apenas os livros. Juntao é um bom aluno – média em torno de 7,5 –, mas sua mãe cobra notas melhores. Até quando tira um 9 ou 10, ela diz: “Bom, mas precisa manter o mesmo nível”. O envolvimento emocional e financeiro das famílias chinesas para garantir uma educação de qualidade aos filhos nos proporciona uma grande lição.

 CAPÍTULO 2: A SALA DE AULA


A escola tem de ser limpa, silenciosa, simples e eficiente

Três grandes diferenças saltam aos olhos em relação às salas de aula do Brasil. A primeira é que, tanto em Xangai quanto em Pequim, há uma bandeira nacional sobre todo quadro-negro. A segunda é o uso constante do software de apresentação Power Point. A terceira é a vassoura e a pá no fundo de todas as salas. Antes de irem para casa, os alunos têm de deixar a sala de aula limpa. Equipes de limpeza só agem nas áreas comuns.
Acompanhei várias aulas de diversas séries. A liturgia é a mesma. A professora nunca se atrasa, nem os alunos. A professora, de pé, se inclina em direção à classe e diz: “Bom dia, alunos”. Os alunos, então, se levantam, se inclinam em direção à professora e, em uníssono, respondem: “Bom dia, professora”. Não há “turma do fundão”, conversas paralelas nem problemas de disciplina. Para quem está acostumado com salas de aula em que uma minoria presta atenção e vários outros grupelhos paralelos se formam, cada qual falando sobre o seu assunto, é um espanto ver uma sala de aula com rigor chinês.
NO BRASIL AINDA SE CONFUNDE ORDEM COM AUTORITARISMO E A DESORDEM É CONFUNDIDA COM LIBERALIDADE. DESSA CONFUSÃO MENTAL DIFICILMENTE SAI UMA AULA QUE PRESTE.
Também não há chamada nas aulas chinesas. Cada turma tem um professor encarregado do contato aprofundado com os alunos e sua família. Uma vez por dia, em horário aleatório, o professor responsável passa pela turma. Se nota uma ausência, ele telefona para os pais do faltante. É um detalhe simples, mas pense em seu efeito. Se um professor tem oito períodos por dia e gasta, digamos, três minutos fazendo a chamada, quase meia hora de aula do dia terá sido desperdiçada com a verificação de presença.

CAPÍTULO 3: OS PROFESSORES

São todos adeptos do gênio Albert Einstein: o sucesso vem de 1% de inspiração e de 99% de transpiração.
Se raramente um aluno falta, um professor, nunca. Cui Minghua, 55 anos, diretora de escola em Pequim, contou-me estar na carreira há 32 anos, dos quais mais de vinte como professora. Em todo esse tempo, tirou uma única licença médica para se submeter a uma operação. Fora isso, jamais deixou de cumprir seu dever diário de educar.
Não há nada de especial na carreira de professor em Xangai. O salário não é exatamente atraente. Nos três primeiros anos de carreira, fica entre 30 000 e 40 000 iuanes por ano, ou algo entre 400 e 500 dólares por mês, quase metade da renda média salarial da região. Nessa fase, muitos professores recorrem a outros trabalhos para complementar a renda. Os melhores podem até dobrá-la dando aulas particulares ou em escolas de reforço. Os professores de nível médio recebem 72 000 iuanes por ano. Os melhores entre eles ganham 90 000. Os bônus por desempenho acima da média podem chegar a 40% do valor do salário. Mas lá, assim como cá, ninguém se torna professor pelo salário.
FORMAÇÃO DOS PROFESSORES
As diferenças com o Brasil começam na formação do professor. São três grandes diferenças. A primeira é que, na China, a prática de sala de aula se faz muito mais presente do que no Brasil. Ela começa já no segundo ano do curso, quando o futuro professor acompanha aulas em escolas regulares duas vezes por semana durante oito semanas e depois faz estágio de meio ano no penúltimo semestre do curso. A segunda é que as escolas chinesas são mais pragmáticas e diversificadas na escolha de seus pensadores pedagógicos. Há um esforço constante de se abrir ao mundo e ver o que funciona, e pinçar de cada lugar as melhores ideias. O Brasil ainda é dominado quase inteiramente pelo construtivismo. A terceira, e mais decisiva, é a ideologia. Nas escolas chinesas os estudantes têm seu momento diário patriótico e de louvação do Partido Comunista, mas, findo esse ritual, a ideologia sai de cena.
NO BRASIL, OS PROFESSORES SÃO FORMADOS EM UNIVERSIDADES TISNADAS POR IDEOLOGIAS DE ESQUERDA E INSTADOS A NUNCA SER “NEUTROS”, NEM NAS AULAS DE MATEMÁTICA OU DE FÍSICA. E ELES ACREDITAM NISSO. É O DESASTRE COSTUMEIRO.
As universidades chinesas entregam professores competentes ao mercado, mas o que os torna excepcionais é o ritmo imenso e colaborativo de trabalho ao qual se submetem quando chegam às escolas. Aí eles passam a integrar um “grupo de estudos dos professores”, que é sem dúvida a inovação mais importante da educação chinesa. Cada professor faz parte de três grupos de estudo. Um com os colegas que ensinam a mesma matéria para a mesma série, que se encontra uma vez por semana para preparar as aulas. O segundo grupo é formado pelos colegas de disciplina de todas as séries da mesma escola. Esse se encontra duas vezes ao mês.
O terceiro é formado pelos professores da mesma disciplina e série do seu bairro, que também se encontra duas vezes por mês. Nesses dois últimos grupos, o objetivo é compartilhar práticas de ensino de sucesso. Somando os três grupos, é um regime exigente: são duas reuniões por semana, toda semana. A maioria desses encontros leva entre duas e três horas.
O papel desses grupos é fundamental. Faz com que as melhores técnicas sejam rapidamente compartilhadas em toda a rede, cria uma saudável competição entre professores (os portadores das melhores práticas recebem bônus) e ao mesmo tempo provê uma rede de apoio e compartilhamento para todos os professores, ao contrário do isolamento e do desamparo que vitimam seus colegas brasileiros.

CAPÍTULO 4: O EMPUXO HISTÓRICO E CULTURAL

Os chineses sentem que têm contas a acertar com o seu passado, e isso torna sua ascensão mais obstinada, sua tolerância por sacrifícios maior e sua determinação de voltar a rivalizar com as potências coloniais que humilharam a China ainda mais sólida
No meu terceiro dia na China, nosso taxista estava ouvindo um programa de rádio que, pelo tom lento e voz pausada do narrador, me chamou atenção. Perguntei à tradutora do que se tratava e ela me disse que era uma aula de história sobre a dinastia Ming (1368-1644). Imagino que a China seja o único país do mundo em que essa cena possa acontecer. É um país completamente embebido em sua longuíssima história. Quando a dinastia Ming começou, o Brasil ainda era mata virgem e a Europa era uma colcha de principados feudais na Idade das Trevas, mas a China já era um império unificado havia 1 500 anos, já tendo passado por dois períodos de apogeu – as dinastias Han (206 a.C. a 220) e Tang (618-907) – e inventado a pólvora, o papel-moeda e a impressão por prensa móvel. Ajuda muito, portanto, um passado de glórias intelectuais e de apreço pelo estudo e pela disciplina. Graças a seus sábios oficiais, os mandarins, a China foi uma potência mundial, muito superior aos povos vizinhos, que tratava como bárbaros ou súditos, jamais como rivais. Voltar a ser uma potência pelo poder do estudo e do intelecto é para a China apenas uma volta ao passado glorioso.

CAPÍTULO 5: AS POLÍTICAS PÚBLICAS

Sob Mao Tsé-tung, o estado chinês tentou sufocar o pensamento, a técnica e o saber. Chamaram essa loucura de Revolução Cultural. Agora o esforço é todo na direção correta.
O baixo custo relativo é o maior contraste do caso brasileiro com a arrancada chinesa rumo a uma educação que leve o país ao posto de potência mundial de primeira linha. Em 2009, o governo chinês gastou 3,6% do PIB em educação. O setor educacional público brasileiro aumentou seu gasto de 4,1% para 5,3% do PIB nos últimos sete anos e, mesmo com a qualidade do ensino não tendo melhorado em nível remotamente semelhante, a propaganda oficial continua aferrada a esses números como a um triunfo definitivo. Não é. O limite da profundidade do nosso debate sobre educação parece se esgotar na discussão da meta de gastos. Estaremos gastando 7% ou 10% do PIB em educação daqui a dez anos?
A China sacrifica as ideologias sempre que elas conflitam com a busca de resultado. Na educação, isso se expressa na definição do papel do professor. A China se deu conta de que precisava de professores bons e em grande quantidade. Dadas suas carências, montou um sistema em que o professor sai da faculdade mediano, e então é constantemente trabalhado e ajudado para que consiga ministrar aulas excepcionais. Um sistema em que os bons professores e as boas escolas subjugam os maus mestres das escolas ruins. Os chineses entenderam que é melhor ter quarenta alunos com um bom professor do que duas turmas de vinte, uma bem ensinada e outra sob a batuta de um incapaz. O professor é o centro gravitacional de todo o sistema. Pragmatismo, meritocracia, professores bem formados e premiados com dinheiro pelo bom desempenho, estudantes disciplinados e motivados por suas famílias. Essa é a fórmula do combustível da arma secreta chinesa para conquistar o mundo: a educação.

COMENTÁRIO: Enquanto isso na America Latina a maioria dos governos faz o voto da pobreza política. Atualmente a pobreza com a influência do rádio e da televisão, principalmente do marketing político é uma categoria social que cada vez mais decide as eleições.
Um artigo publicado pelo jornal venezuelano EL Universal sobre a pobreza faz uma análise crítica dos programas sociais.
"O assistencialismo promove um espírito de ação coletiva não exigir esforço pessoal em obter esses benefícios.  Quando a fonte de financiamento é escassa, como pode suceder, a pobreza se acentua pelo fato de que o beneficiário é incapaz de  auto-superação pois foi acostumado com o Estado assistencialista  que soluciona o seu problema. Apesar de todos estes esforços dispensados pelo Estado, a situação da pobreza não tem melhorado. De fato, por um lado a pobreza aumentou no ritmo do crescimento demográfico e por outro, a cultura trabalhista piorou. É notório  que atualmente a ascensão social já não se obtenha por "méritos" senão por "direitos" ou por pertencer a algum grupo sociopolítico".
No Brasil quanto mais o governo se preocupa coma pobreza, mas aumenta e o que prevalece é o fator inercial da pobreza, (dependência do Estado, falta de interesse na educação, falta de cultura de trabalho, etc.)
A China é pragmática busca resultados deixando de lado a ideologia.

segunda-feira, 5 de março de 2012

O João Bento não para de fazer sucesso!




Educação Pública tem a Receita do Sucesso


Professor Nazareno*
        
         
             Arthur da Silva Alves tem 18 anos, mora no bairro Castanheiras na zona Sul de Porto Velho, é filho de pais separados e sempre estudou em escolas públicas. Por isso, fez todo o Ensino Fundamental na Escola D. Pedro I, que fica próxima a sua casa. O Ensino Médio, que concluiu há pouco mais de um ano, estudou na Escola Professor João Bento da Costa também naquela região da nossa capital. Itan Alan Marinho de Oliveira tem 17 anos e uma vida estudantil que em muito se assemelha com a de Arthur. Também filho de pais separados, mora no mesmo bairro da zona Sul de Porto Velho, estudou o Ensino Fundamental na mesma escola e frequentou o Ensino Médio também no JBC e, por coincidência, agora os dois são os mais novos fenômenos da educação pública de Rondônia. Ambos são calouros em 2012 e se preparam para cursar uma universidade pública, a Unir, já a partir do próximo semestre letivo.
         A brilhante trajetória destes dois meninos pobres da periferia da capital de Rondônia  poderia ser mais uma feliz rotina que acontece “uma vez ou outra ou quando a sorte está ao lado dos mais necessitados”, mas não foi bem assim: Arthur, antes de passar para o concorridíssimo curso de Medicina da Unir, a Universidade Federal de Rondônia, que teve quase 65 alunos para cada vaga, brilhou em inúmeros concursos organizados por várias outras universidades do país. Medicina na UFAM, Universidade Federal do Amazonas, onde chegou até a efetuar a matrícula, Medicina na PUC/Campinas, uma das melhores do país e com direito à bolsa integral, e Medicina na UFAC, no vizinho Estado do Acre. Por questões econômicas e prevendo dificuldades para se manter fora do nosso Estado com recursos próprios ou um bom “paitrocínio”, ele preferiu ficar em Porto Velho mesmo. “Vou ter de encarar a Unir”, disse.
         Já o feito de Alan não foi menos envaidecedor do que o do agora seu colega de universidade. Sempre usando o PROUNI, SISU, ENEM ou mesmo o vestibular tradicional, esse “pequeno notável” foi aprovado na UTFPR/Campus de Pato Branco/PR para Engenharia Mecânica, passou para Direito com bolsa integral para a Faculdade São Lucas de Porto Velho, passou também no IFRO em Licenciatura em Física onde está cursando atualmente e finalmente foi aprovado no segundo curso mais concorrido da Unir, Engenharia Civil, onde vai iniciar os estudos no próximo semestre letivo. Já Arthur foi um dos únicos rondonienses a passar em Medicina na Unir em primeira chamada, já que mais de 93% dos candidatos aprovados neste curso este ano são de fora do Estado. Arthur fez também cursinho no Colégio Classe A, fato que, segundo ele, também contribuiu muito para este esplendoroso sucesso de agora.
         Na verdade, como Alan e Arthur, existem muitos outros alunos de escolas públicas, e aqui em Porto Velho mesmo, que conseguem trilhar este caminho de sucesso. E este ano não foi diferente. Pelo menos no Colégio João Bento da Costa, que dispensa quaisquer comentários. “Só neste ano de 2011/12, foram mais de trezentos alunos aprovados em vestibulares por todo o país, incluindo o SISU, PROUNI e ENEM”, segundo comentou a professora Soniamar Salim, uma das coordenadoras do Projeto Terceirão daquela escola da zona sul de Porto Velho. No entanto, é bom observar a modificação na rotina de estudos seguida à risca por estes dois alunos. “Durante todo o ano de 2011, vivi praticamente para os estudos”, comentou Arthur. E completou: “é importante abrir mão do tempo ocioso, das futilidades, das brincadeiras, das festas e principalmente da Internet. Fora da escola, estudar pelo menos umas 8 horas diárias”.
         Das autoridades, dos políticos, da SEDUC nem de qualquer outro órgão que representasse o Poder Público vieram congratulações ou parabéns para estes dois grandes rondonienses, nem para nenhum outro aluno de escola pública que conseguiu aprovação para qualquer universidade federal. “Só de alguns professores, amigos e familiares mesmo”, confidenciou meio chateado o futuro engenheiro Itan Alan. A escola de tempo integral, cantada em prosa e verso pelos políticos demagogos aconteceu na realidade destes dois grandes alunos. “Se o Estado não investe o que deveria na educação pública, nem a população exige o seu direito à uma educação de qualidade e continuada, podemos, nós mesmos,  fazer a diferença estudando por conta própria”, sentenciou Arthur. Alan foi mais longe e afirmou que o Estado brasileiro nunca priorizou de verdade a educação pública. “Vejam agora o caso do teto dos salários dos professores”, sentenciou. E finalizou: “isto tem um preço: o eterno atraso do país”.
Certamente eles não foram à Banda do vai Quem Quer, não brincaram carnaval, nem perderam tempo torcendo por times de futebol do sul do país. Valorizaram aquilo que seus professores pediram e, por isso obtiveram sucesso. Talvez não sejam bons rondonienses, já que não deram valor às imensas futilidades que tanto se divulgam e que só alienam a nossa juventude. Não assistiram ao BBB, não viram o Luan Santana nem a Banda “Calixo” e principalmente não seguiram os conselhos ridículos da mídia alienante e ultrapassada do nosso Estado e do nosso país. São vencedores e juntamente com os seus familiares, seus pais, dona Elijane Ramos e dona Evanilde Marinho, suas orgulhosas mães, estão colhendo os frutos da grande semeadura que fizeram. Parabéns, moleques, e que o seu exemplo de garra e desprendimento seja seguido por todos os outros alunos, das escolas públicas e das escolas particulares, que alimentam o gostoso e possível sonho de entrar, por méritos próprios, em uma universidade federal. Voltem sempre ao João Bento. Quem investe em educação, só ganha.




*É Professor em Porto Velho.

domingo, 4 de março de 2012

Democracia na Unir. Que coisa estranha!




“Em muitas sociedades antigas, os escravos não podiam votar, só os homens livres. O voto era para poucos privilegiados. A UNIR, Universidade Federal de Rondônia, não é tão antiga assim, mas tem uma democracia super estranha, já que o voto de um aluno tem um valor quase cinco vezes menor do que o de um professor ou funcionário. E pior: quem venceu a eleição para reitor pode não levar absolutamente nada, pois quem decide tudo no final são os políticos de plantão por meio de uma lista tríplice. Ou seja, a hercúlea luta dos estudantes de Rondônia para tirar o ex-reitor Januário pode não ter servido também para absolutamente nada, pois um de seus protegidos pode ser indicado o próximo reitor desta universidade de democracia esquisita que segrega alunos na hora das decisões políticas. Se Brasília adotar este modelo político, esta democracia de opereta, de mentirinha mesmo, quantos votos de um pobre valerá o voto de um rico? Ou quantos votos de analfabetos serão precisos para se equiparar ao voto de um escolarizado? Voto é voto e devia ter o mesmo valor para cada pessoa, é a lógica. Aluno ainda é um ser político e politizado? Ou é apenas um mero fantoche nas mãos dos inescrupulosos tubarões que criam as políticas ao seu gosto? Quem participou de toda esta farsa “votando democraticamente” não se sente agora um verdadeiro idiota?” – Professor Nazareno