quarta-feira, 31 de maio de 2017

Uma escola de verdade


Uma escola de verdade

Professor Nazareno*

            A Finlândia, país escandinavo, situado no norte da Europa tem o melhor sistema de educação do mundo, ao contrário do Brasil que tem um dos piores. É praticamente impossível traçar quaisquer comparações entre os dois países no quesito educação e transmissão de conhecimento. Helsinque, a capital finlandesa é uma cidade mais ou menos do mesmo tamanho que Porto Velho, capital de Rondônia. Lá, o sistema de educação e consequentemente as escolas são exemplos não só para os europeus, mas para o mundo inteiro. Em todos os quesitos que são avaliados, os estudantes finlandeses sempre ficam em primeiro lugar há vários anos consecutivos. Grande parte da educação no país é pública e as escolas, todas limpas, pedagogicamente organizadas e com turno integral, se esmeram em transmitir conhecimentos de ponta para os seus alunos.
            A Escola “Suomen Liikemieten Kauppaopisto”, uma espécie de Escola Técnica fica na parte centro-norte da capital do país. Tem pouco mais de 600 alunos e sua estrutura jamais pode ser comparada a qualquer escola pública do Brasil. O estabelecimento de ensino tem um mini hospital, sim até por que diferente dos brasileiros, os alunos finlandeses adoecem. A escola conta ainda com vários laboratórios de Física, Química, Biologia, Matemática, Línguas e Artes Plásticas. Como essa escola funciona em turno integral, os alunos dispõem ainda de amplos dormitórios e alojamentos todos impecavelmente limpos e asseados. Há instalações para quase todas as práticas de esportes e o transporte escolar, confortável, pontual e gratuito, leva e traz diariamente os alunos. Quase 100% dos alunos têm o Inglês como segunda língua.
Comparada ao Brasil, a Finlândia é um país pobre. Tem um PIB que a coloca entre as quarenta e cinco nações mais ricas do mundo enquanto o nosso país figura entre as oito. Os professores finlandeses não ganham tão bem como se imagina. Mas todos têm compromisso com seus alunos e com a educação que é transmitida. A maioria tem mestrado, doutorado e PHD e fala fluentemente Inglês, Sueco e, claro, a língua nacional. Não fazem greve e são anualmente avaliados por um sistema comparado ao ENEM do Brasil, que não avalia, nem ensina nada a ninguém. Se a escola consegue boa classificação nacional, os professores são mais bem remunerados. Se a escola vai mal, os docentes perdem no quesito produção e têm o salário diminuído. No Brasil um bom professor ganha a mesma coisa que um mau professor. E quase nenhum nada produz.
Na Finlândia, os políticos quase não se metem na educação. Nada de premiar escolas com diplomas de honra ao mérito ou outra porcaria qualquer como é comum por aqui. Os políticos finlandeses se ocupam em administrar o país, o Estado ou a cidade. Nada de angariar votos antecipados distribuindo papéis inúteis a quem tem a obrigação de fazer a coisa de maneira correta. Nada de demagogia barata, pois os professores e diretores de escolas refutariam na hora qualquer tentativa de hipocrisia demagógica e eleitoreira. Em vez de premiar uma ou outra escola, as autoridades finlandesas procuram saber por que todas elas não funcionam como deveriam. As escolas também não recebem influência da religião. Dos quase seis milhões de habitantes do país, cerca de 60% são ateus. Lá, professor de História, por exemplo, não tem religião nem se associa a nenhuma ordem ou sociedade. Por que nossas escolas são diferentes das finlandesas?




*É Professor em Porto Velho.

sábado, 27 de maio de 2017

“Somos destemidos idiotas”


“Somos destemidos idiotas”


Professor Nazareno*


Um hino, praticamente qualquer hino, é uma das coisas mais mentirosas do mundo. Ufanistas, otimistas em excesso, visionárias, mentirosas e muitas vezes até fascistas, estas músicas de gosto duvidoso, que representam lugares, nem deviam existir como símbolo maior de uma nação. O hino nacional do Brasil, que é um dos mais feios do mundo, é um atentado ao bom senso. Ele chama os acomodados, preguiçosos, malandros e indolentes brasileiros de povo heroico e depois insiste na mentira: brava gente! Quem acreditaria que um filho desta terra não fugiria à luta e, por amor à pátria, não temeria a própria morte? Frouxos e covardes como são a maioria dos filhos desta terra, amor aqui só por dinheiro. Defender o país? A primeira coisa que se faz por estas bandas é fugir para o exterior. Joesley Batista que o diga no recente episódio do JBS.
Já o hino “Céus de Rondônia” é outra lorota sem sentido. Feio, desafinado e longe de ser uma bela peça musical, a melodia que representa os rondonienses se esmera na mentira e na enrolação. Em momento algum afirma que os céus daqui estão encobertos pela criminosa fumaça das queimadas. Em vez de azul é cinza chumbo cheio de poluição e partículas tóxicas. Ao ouvi-lo, pode-se sentir uma angústia e um desejo de se suicidar. Um amigo meu, disse-me certa vez que ao ouvir estas desafinadas notas, ele sentia desejos e sensações homicidas. Outro amigo, o poeta e professor Carlos Moreira redefiniu a sua letra e, mesmo com a música ainda feia, ficou melhor de se entendê-lo. A mentira começa dizendo que somos destemidos pioneiros. Pioneiros são os nativos Karitianas, Karipunas, Uru-Eu-Wau-Wau, Pacaás Novos, Araras, Suruís e Gaviões.
Pioneiros que devastaram as florestas e exterminaram os silvícolas sem dó nem piedade em nome de uma agropecuária agressora ao meio ambiente? Pior: destemidos em quê? Só se for para votar em político ladrão. É fato que os rondonienses sejam um povo honesto e probo. Mas por que vota e elege tanto político corrupto? Um hino para representar essa gente tinha que enaltecer o comodismo e a característica desse povo de entregar “de mão beijada” suas riquezas para os outros. Foi assim com as hidrelétricas, o rio Madeira, a floresta e tantas outras riquezas naturais. Os rondonienses não sabem ou não querem se administrar. Nunca tiveram um governador aqui nascido e nem um prefeito de sua suja e imunda capital. Todos são de fora e muitos endeusados. O político rondoniense mais amado e venerado por estas bandas é um gaúcho: o Teixeirão. Pode?
Um hino de verdade devia falar sobre isto. É muito estranho os “destemidos pioneiros” rejeitarem suas próprias crias. Os grandes filhos da terra sequer são lembrados. Quem daqui já ouviu, por exemplo, falar do diplomata Maurício Bustani ou do grande, conhecidíssimo e internacional executivo Carlos Ghosn? Um hino realista deveria explicar por que em todas as férias os habitantes daqui “montam no porco” e enchem as praias do Nordeste. Ou então mostrar o porquê do porto-velhense comum morar numa cidade tão suja e fedida e ainda achar que está na Suíça. Como é possível admitir a carniça e a imundície, mas não querer que ninguém fale sobre isso? O pior é a cidade estar agora sem um vice-prefeito e ninguém pressionar a inútil Câmara de Vereadores para investigar esse gravíssimo fato. Todo hino mente, mas é venerado pelos incautos e idiotas. Por que não fazem de uma toada ou de um funk o nosso hino?




É Professor em Porto Velho.

terça-feira, 23 de maio de 2017

Volte, Dr. Mauro Nazif!


Volte, Dr. Mauro Nazif!

Professor Nazareno*

O Dr. Mauro Nazif Rasul é um político brasileiro. Filho de imigrantes palestinos e nascido no interior do Estado do Rio de Janeiro é um homem íntegro, honesto, bom esposo e dedicado pai de família. Formado em Medicina em Volta Redonda, este grande homem decidiu vir para Porto Velho/Rondônia para a felicidade dos habitantes desta maltratada terra. “Nestas paragens do poente”, o Dr. Mauro só trouxe alegrias para os “destemidos pioneiros”. O seu currículo em beneficio dos rondonienses é muito extenso e quase todos são sabedores de suas incontáveis ações em prol dos mais carentes e necessitados. Para quem não sabe ele é cidadão honorário de Porto Velho, título concedido por indicação da honrosa e tradicional Câmara de Vereadores da cidade, uma espécie de Academia Norueguesa do Oscar, dada a sua importância no nosso município.
Para muitos porto-velhenses, no entanto, o Dr. Mauro como carinhosamente é chamado, é um verdadeiro herói. Principalmente para os servidores públicos que foram demitidos pelo ex-governador José Bianco a mando das autoridades do PSDB. O médico fluminense não pensou duas vezes em defender os servidores injustamente demitidos. Apanhou publicamente da polícia para defender os interesses alheios. Na época chegou a bradar a plenos pulmões que “não sairia da praça do palácio enquanto o governo não contratasse todos os servidores demitidos”. E assim o fez. Lutou, lutou e lutou para defender todos os perseguidos. Em 2012, o Dr. Mauro foi eleito prefeito de Porto Velho com mais de 142 mil votos, a segunda maior votação da história deste município, depois de ter sido vereador, deputado estadual e deputado federal.
Sempre eleito com enorme margem de votos, esse dedicado médico administrou a cidade de maneira ímpar. Durante os seus quatro anos de mandato, por exemplo, contratou menos de 700 funcionários comissionados. Com os servidores municipais, ele sempre teve uma relação muito cordial. Jamais permitiu retirar vantagens dos mesmos. O caso dos quinquênios, tomados de maneira vil e covarde, teria sido resolvido de forma fácil e diplomática por ele sem causar prejuízos a ninguém. Homem sincero, o Dr. Mauro jamais mentiria para ninguém. Essa lorota de “conhecer um bandido com apenas dois minutos de conversa” ele jamais teria dito. Uma mentira deslavada como esta deve ser evitada por um político sério. E dizer que abraçaria a cidade, dormiria com ela, lhe acariciaria, cuidaria das suas feridas e perfumaria os seus ares? Jamais!
Quatro anos e nenhum caso sério de corrupção. Porto Velho era feliz e não sabia. A injusta derrota do Dr. Mauro nas últimas eleições municipais jogou a nossa cidade no caos e na incerteza. Duvido que ele tivesse permitido que se colocassem aquelas “letrinhas ridículas” lá no inacabado Espaço Alternativo. Duvido! Os viadutos da cidade estão a pleno vapor, é verdade, mas todos estão sendo mal feitos e “a toque de caixa”. Prova disso é que uma carreta carregada não consegue subi-los. A ponte, claro, ainda continua escura feito breu. E o vice do Dr. Mauro? Alguém ainda se lembra dele? Em quantos escândalos de corrupção ele se envolveu? Em nenhum. Homem também íntegro e honesto, jamais envergonhou um só porto-velhense. Tomara que com esta crise política e esses novos tempos, tenhamos de trocar também o prefeito de Porto Velho. Seria muito melhor para todos nós. Volte, Dr. Mauro! O senhor nunca fez nada.




*É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Brasil, a quizila do mundo


Brasil, a quizila do mundo

Antônia Inocência*

            Fala-se que o ex-presidente da França Charles de Gaulle teria dito que o Brasil não era um país sério. Mais recentemente um diplomata de Israel falou que o nosso país, apesar de ser uma potência econômica e cultural, era um anão diplomático e não tinha quase nenhum respaldo na atual conjuntura política internacional. Resumindo: a nossa pátria é um zero à esquerda com todo o respeito ao zero. Se o mundo fosse o corpo humano já se sabe qual a parte que seria representada pela nossa nação. Sim, seríamos o “orifício da maldade”. Mesmo figurando já há algum tempo entre as dez maiores potências econômica do mundo, o Brasil fica nos últimos lugares quando o assunto é o IDH de sua população. A única posição alta que este país alcança é quando o tema diz respeito à corrupção e à transparência. Somos um país de desonestos e corruptos.
            Figurar entre as maiores economias do mundo não é nada vantajoso para quem só produz commodities, ou seja, depende só de terras agricultáveis, sol e água. Mesmo assim, a nossa carne e derivados vivem constantemente sob a suspeita de ter qualidade maquiada para enganar o mundo com produtos podres. Em conhecimentos, tecnologia de ponta e educação somos uma desgraça. Temos um dos piores sistemas de educação do mundo, nossa sociedade é violenta, a desigualdade social é nossa marca registrada e a nossa tão badalada pluralidade racial nada mais é do que fruto do estupro, já que nossos mulatos são filhos de pais brancos com mães negras ou índias e não o contrário. Se Cabral tivesse se desviado de nossas costas deixando os índios em paz, talvez hoje vivêssemos em uma sociedade muito mais humana, honesta, fraterna e menos corrupta.
            Mas o pior do Brasil são os brasileiros. Parte dos 206 milhões de indivíduos praticamente só sabe se reproduzir feito camundongos e depender dos programas assistenciais dos governos. Raros dos nossos cidadãos têm destaque internacional. Nunca ganhamos um Prêmio Nobel, não temos a bomba atômica, somos a vergonha do mundo e vivemos numa violência urbana desmesurada e sem controle. O Rio de Janeiro, por exemplo, é conhecido no mundo inteiro pela sua violência brutal. Uma guerra civil é o que se observa diariamente em suas favelas. Tiroteios já viraram rotina na “cidade maravilhosa”. Em todas as grandes cidades do país, as cracolândias crescem na cara das autoridades. Usam-se drogas como pão. Na política, somos o caos e vive-se um cenário de terra arrasada. Para ver o fundo do poço temos que olhar para cima.
            Mas não riam os moradores de Porto Velho e de Rondônia achando que brasileiros são só os outros e que estamos longe do problema. Somos um dos tentáculos do câncer maior chamado Brasil. Muitos dos nossos políticos locais estão até o pescoço também envolvidos em corrupção e roubalheiras. Infelizmente o Brasil é um tumor maligno já em estado de metástase. Os brasileiros não saem da sua comodidade e esperam milagrosamente por dias melhores. A maioria vê a política como um lindo jogo entre direita X esquerda e se esquecem de que são as futuras gerações que estão ameaçadas. Nosso PIB é roubado, saqueado sem dó. E muitos dos que podem, buscam o exterior com suas famílias para morar e se livrar da “pobrada” banguela e suja. Aqui não se tem alegria, só agonia feito sapo. A última vez que sorri foi quando levamos aquela surra dos alemães por 7 X 1. Nosso único produto agora é bunda de mulher.




*É uma prostituta aposentada de Porto Velho.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Eu, presidenta do Brasil


Eu, presidenta do Brasil

Antônia Inocência*

            Sou Antônia Inocência, uma velha prostituta já aposentada e “rondoniense de coração”. Tenho muitos anos de labuta nesta minha honrada profissão e já fiz de tudo o que se possa imaginar neste meu glorioso trabalho. Agora tenho todo o direito de querer coisas novas. Vou entrar na política para melhor administrar meu povo. Com a atual crise ética que o Brasil está enfrentando, sei que posso dar a minha singela contribuição para melhorar este cenário de terra arrasada que estamos vivendo diariamente. O brasileiro comum, honesto, trabalhador e pagador de altos impostos vive humilhado e explorado pelos ocupantes da Casa Grande.  Há muito tempo que para o infeliz ver o fundo do poço tem que olhar para cima. Mora na Senzala fedorenta e parece que não conseguirá jamais dela sair. E pior: ainda é obrigado a votar e achar que tudo está bom.
            Eleita presidenta, começarei logo a mostrar o meu plano de governo. Não sou da direita nem da esquerda, mas quero votos e apoio de qualquer lugar. Serei diferente, tenham certeza. Acabarei com a obrigatoriedade do voto. Durante minha gestão, a participação na política será muito próxima de zero. Não quero ver meus concidadãos sendo obrigados a eleger ladrões e corruptos. Nada de Estado laico durante o meu mandato. Vou me apoiar nos deputados da Bancada Evangélica para substituir imediatamente a Constituição pela Bíblia. Doravante, em toda sala de aula de qualquer escola deste imenso país, será cantado o hino nacional. Mandarei distribuir bíblias e catecismos em todas as comunidades pobres. Legalizarei o porte de armas para todo cidadão de bem e pretendo de início exercer certo controle sobre a mídia do país.
            Nem Temer, nem Lula, nem Dilma, nem Aécio, nem Cunha, nem PT, PSDB ou PMDB. O nome da vez agora é “Tonha de Rondonha”. Tirem todos os políticos profissionais do páreo e deem vez a quem quer trabalhar pelo povo. Mostrarei como se deve demonstrar amor de verdade a uma cidade sem precisar de textos simplórios e ridículos para que isto aconteça. Como presidenta eleita, transformarei todos os pobres e humildes em cidadãos de bem e ricos. Jamais permitirei que nas cidades exista ponte escura, viadutos inacabados e áreas de lazer eleitoreiras, feias e abandonadas. Água tratada, arborização, mobilidade urbana, jardins, praças, calçadas e saneamento básico serão coisas comuns em minha administração. Não contratarei um único funcionário comissionado nem jamais cortarei benefícios de concursados como os quinquênios.
            Resolvam logo estes problemas políticos do Brasil e me indiquem para a Presidência da República. Rondonha e sua linda e asseada capital Porto Velho terão os destaques que merecem. Ninguém virá morar aqui para encher “as burras” de dinheiro e depois se mandar para seus Estados de origem. Não permitirei jamais que faculdades de Medicina funcionem sem ter um Hospital Universitário. Vou propor também ao Ministério Público, a CGU e até ao STF que proíbam qualquer Estado de ser governado por um blog. Em minha gestão, por exemplo, qualquer hospital público ficará proibido de imitar os campos de extermínios nazistas. “Tonha de Rondonha” vai passar o Brasil a limpo e consertar as coisas. Jornalistas e professores ficarão proibidos de falar de suas cidades e só poderão publicar notícias boas e mentirosas, mas que tragam conforto ao sofrido povo. Quero presidir o Brasil, pois de puteiro eu entendo muito bem. Duvidam?

                                                                             


*É uma prostituta aposentada de Porto Velho.

domingo, 14 de maio de 2017

Em busca de um símbolo


Em busca de um símbolo

Antônia Inocência*

Eu nunca morri de amores por Porto Velho, embora more aqui há mais de 36 anos. A cidade não presta e é uma desgraça só. Inabitável, inóspita, suja, sem água tratada, sem arborização, quente, sem mobilidade urbana e sem esgotos, o lugar se localiza numa curva de rio e nem devia existir. Na verdade, a capital dos rondonienses nunca prestou em todos os seus mais de cem anos de existência e hoje ostenta o nada invejável título de “a pior dentre as capitais brasileiras” para se viver. Sem qualidade de vida e sem a menor perspectiva de oferecer aos seus sofridos habitantes qualquer índice aceitável de IDH, a cidade é um daqueles lugares horrorosos para onde só vem quem tem negócios ou então quem teve a infelicidade e o supremo azar de aqui nascer. Sem símbolo que a represente bem, busca-se inutilmente algo que possa ter essa função.
Fala-se que as Três Caixas d’Água são o símbolo maior da “capital do lodaçal”. Já disse outro dia que se for, mau gosto pior não há. O trambolho velho, enferrujado e inútil pode perder a qualquer momento esse ridículo status. Poucos ainda têm coragem de lhe admirar. Aquela geringonça feia e desajeitada pode cair a qualquer momento, vencida pela ferrugem e também pela feiura que lhe adorna. Por isso, qualquer porcaria pode ser o símbolo dos simplórios porto-velhenses. As preferências matutas se viraram agora para outra imundície também feia, desajeitada e copiada. São oito letrinhas mal colocadas ao lado de um patético sol lá pelas bandas do inacabado Espaço Alternativo, obra eleitoreira que até agora só serviu para eleger políticos ruins. A “sinistra coisa” está lá servindo para a alegre matutada fazer selfs e fotos para postar nas redes sociais.
Tomara que não tenha sido o poder público a criar e ainda ter que pagar por aquela idiotice. Porém, vi muitas pessoas elogiando aquilo fingindo nem perceber que o referido espaço fora tirado da população e até agora, muitos anos depois, não tem sequer data para ser entregue à comunidade que o usa para fazer suas caminhadas, já que a “cidade das hidrelétricas” não tem um só recanto de lazer. Se for mais uma busca a outro símbolo para a cidade, é melhor deixar as “Três Marias” mesmo, pois já estamos acostumados ao horror. Como é totalmente despolitizado e alheio à realidade que o cerca, o cidadão comum daqui se contenta com pouca coisa. É preciso, portanto, desculpar os idiotas que elogiam essas bobagens que lhe são oferecidas. Esperar o quê de quem só tem Guayaramerín na Bolívia como única experiência internacional?
Ainda bem que não colocaram ali a infame e surrada frase “Eu te amo, Porto Velho”. Seria um acinte, uma pilhéria, uma mentira mesmo. Quem em sã consciência amaria uma cidade que “abunda em merda”? Quem haveria de amar uma currutela cujo pretenso símbolo foi colocado na saída e não na sua entrada? Vi esta frase, escrita em inglês, em várias cidades da Europa. I love Munique! I love Paris! I love Veneza! É um deslumbre amar qualquer uma destas limpas e civilizadas localidades. Mesmo Curitiba ou Gramado fazem jus à placa. Tomara que tirem imediatamente “aquele negócio” dali. Chega de passar vergonha com tanta matutice e coisas bregas. Já não basta a fedentina e a carniça que temos de aturar diariamente andando pela cidade? O único monumento que deveriam erguer para representar Porto Velho seria um saco de lixo podre e cheio de tapurus ou então a estátua do Jeca Tatu, já que somos 500 mil matutos num canto só.



*É pseudônimo do Professor Nazareno.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Dia das Mães para quê?

Dia das Mães para quê?

Professor Nazareno*

Se não existisse o Dia das Mães, a imbecilidade humana não seria tão perfeita como é. Pior do que os porcos e as amebas, o homem cria estas tolices só para enganar otários e simplórios com o objetivo nada nobre de faturar cada vez mais grana à custa da estupidez alheia. É duro ver não só a cretinice de uma data tão estúpida e sem sentido como esta, mas também observar a adoração aos muitos outros dias criados sob medida para preencher o vazio de ideias da maioria dos incautos cidadãos que parecem viajar num mundo de fantasias e totalmente alheios à dura realidade em que vivem. A celebração de mais uma insensatez, criada com o único fim de turbinar as vendas no comércio demonstra a capacidade única do “bicho homem” em usar descaradamente o sentimento alheio disfarçado de penúria e lamentações apenas para benefício próprio.
Mãe não tem dia nem hora. Todo dia, toda hora, todo instante deviam ser dedicados a ela. O mundo inteiro, durante o ano inteiro, comemora esta excrescência absurda sem o menor acanhamento. Existe dia da mãe em janeiro, em fevereiro, março, abril e até em dezembro. Depende da ocasião e do humor do comércio e dos homens. Usa-se a mãe a bel prazer em qualquer parte do mundo e em quase todas as culturas só para se ganhar dinheiro. Mesmo nas sociedades mais civilizadas e mais organizadas do que a nossa não se dispensa a comemoração deste fatídico dia. A ganância sempre fica acima do amor e da coerência. Se fosse somente o dia das genitoras, tudo bem. Aqui há dia para tudo o que é gosto e em muitos deles, pasmem, é feriado. Dia da sogra, dos pais, dos namorados, do estudante, do evangélico, do trabalhador, do professor.
Um absurdo ter dia do professor num país que não valoriza este profissional. Nem o professor e muito menos a educação, já que estas palavras são desconhecidas para a maioria dos brasileiros. Para ter uma religião também se ganha um dia de descanso como se não bastassem os muitos feriados dedicados à religião católica como a Páscoa, o Natal e o Corpus Christi. E mesmo depois do genocídio sistemático em 500 anos, criou-se no Brasil o dia do índio. Ainda bem que já disseram que “todo dia é dia de índio”. Mas as bizarrices não param por aí. Temos o dia da saudade, da mulher, do sogro, do consumidor, das crianças, do irmão, do frete grátis, da pizza, do futebol, do amigo, da avó, do solteiro, do sexo e, claro, dia do orgasmo. Que presente deve-se dar, por exemplo, no dia do sexo? E no do orgasmo, deve-se ser presenteado com o quê?
Embora o senso comum afirme unanimemente que toda mãe é boa, conheço uma que teve três filhos e os abandonou à própria sorte. Um deles, numa lata de lixo e os outros dois, doou-os a pessoas estranhas e nunca mais os viu. Existem mães que são verdadeiras cobras, com todo o respeito às serpentes, claro. Mães deste tipo têm direito a este dia? Mãe de político, por exemplo, tem também direito de receber presentes? Um ventre que coloca no mundo tais criaturas merece homenagens em um dia especial? Talvez, sim, pois não há castigo maior do que passar nove meses com uma desgraça como um político brasileiro dentro de si. Fora de nós eles fazem o que fazem, imagine-se se estivessem dentro do nosso corpo. A EFMM é a mãe de Rondônia, é o que se diz. Mas por que os rondonienses a abandonaram no meio do matagal? Ela é tão sem importância assim? Já que nem toda mãe merece elogios, esse dia nem deveria existir.





*É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Idiotice nos estádios


Idiotice nos estádios

Professor Nazareno*

Se Deus é o ópio do povo, o futebol é o ópio do brasileiro. O “Framengo” foi campeão de novo, mano! O “Curintia” ganhou mais um campeonato paulista. Não tem pra ninguém, nós mandamos no futebol. Nós somos os melhores. Nós somos a elite. As redes sociais não falam de outra coisa. A mídia não fala de outra coisa. Quase toda a população não fala de outra coisa. A felicidade reina absoluta no país inteiro. A falsa alegria pega carona em todos os estados e estádios. Triste do país em que o grito de gol ecoa mais forte do que uma injustiça. Triste do país em que uma escola de samba, uma banda ou bloco de Carnaval tem mais poder do que a pífia participação política. No injusto Brasil, os explorados escancaram seus poucos dentes para endeusar meia dúzia de ricos esportistas. No pobre Brasil, os pobres têm o seu único dia de alforria.
Professores, muitos professores com seus mestrados e doutorados juntam-se aos seus também desinformados e despolitizados alunos para enaltecer as peripécias de seu time de coração. “Hoje não tem aula, meninos!”. O “Framengo” ganha invicto o campeonato lá no distante Rio de Janeiro. A aula de hoje é sobre a importância que tem para o Estado de Rondônia o futebol dos cariocas. A aula de hoje é sobre a conquista do “Curintia”, o melhor time de São Paulo. Médicos também não vão trabalhar hoje. O Atlético de Belo Horizonte ganhou do Cruzeiro e se sagrou campeão mineiro. Você está com dor onde, meu pobre paciente? Então não viu o gol do Robinho? Gaúchos tristes e vestidos de vermelho não conseguem esconder a tristeza. “Já ouvi falar, sim, deste tal de Novo Hamburgo”, mas é um time sem expressão, tchê! Quantos pênaltis perdidos.
Hoje está proibido falar de política em todo o país. Hoje o presidente da República, o senhor Michel Temer, é apenas um simples torcedor. O Congresso Nacional não terá expediente. Seus deputados federais e senadores estão comemorando com suas bases as conquistas regionais do futebol. Até o sisudo STF não vai soltar hoje nenhum dos presos da Lava Jato em homenagem às conquistas dentro das quatro linhas. “Se em fevereiro paramos em nome da folia de Momo, é justo que em maio paremos também em nome do nosso maior esporte, é o mantra que se ouve”. Operação da Polícia Federal para que? No país do roubo, hoje quase ninguém rouba. No país da tristeza coletiva, hoje só há alegria e descontração. Muitos brasileiros, vestidos a caráter com a camisa de seu time de coração, fazem questão de, na fila de emprego, falar só de gols.
Ninguém ouviu falar de Emmanuel Macron muito menos de Donald Trump ou de Kin Jong-un. O mundo agora é rubro-negro. A Alemanha é o Mineirão. A França é o Maracanã e a Coreia do Norte é a Arena Corinthians. Os Estados Unidos são cada um dos torcedores deste país tupiniquim. O planeta é “um bando de loucos”, só isso. E se o Brasil é o mundo, agora vamos devolver aqueles malditos 7 X 1. Já estamos na Rússia e isso é o que importa. Em “rondonha” nem vimos o Genus perder em casa para um tal  de VEC. O brasileiro senso comum é um idiota e o rondoniense o imita direitinho. A estupidez que brota dos estádios e das passarelas alimenta a alienação nacional. Na “rondonha” os bares da periferia fazem a festa dos incautos beiradeiros. Passados o Carnaval e uma parte do futebol, agora todos se preparam para as festas juninas e o Arraial Flor do Maracujá como se a realidade nunca tivesse existido. É GOOOLLLLL!





*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Lula e o PT são de direita


Lula e o PT são de direita

Professor Nazareno*

            Eu nunca havia desconfiado antes, mas agora tenho certeza absoluta de que o PT, Partido dos Trabalhadores, e seus principais seguidores sempre foram de direita. Desde o longínquo ano de 1500 que a direita conservadora e reacionária sempre governou o Brasil para explorá-lo, humilhá-lo e roubar seus trabalhadores e cidadãos honestos. Fala-se que hoje na política brasileira não existe mais esta dicotomia. É preciso, no entanto, tentar definir o que é ser de direita ou de esquerda. No campo da política ser de esquerda é querer mudanças sociais, é lutar pelo fim da desigualdade social e da exploração da elite sobre os trabalhadores. Já a direita é mais conservadora, reacionária mesmo, uma vez que essa política descreve uma visão ou posição que aceita a hierarquia ou a desigualdade social entre classes como algo normal e natural.
Os petistas não podem ser de esquerda. Nunca foram em toda a sua vida. Usaram as teorias esquerdistas só para chegar ao poder, apenas isso. Lula, Zé Dirceu, Zé Genoíno e tantos outros souberam como enganar direitinho os trouxas, inclusive eu. O “canto da sereia” do PT foi acenar com o fim das explorações e da hegemonia da direita em séculos de exploração no país. O Brasil vivia uma ditadura militar reacionária que era contra o comunismo e as lutas de classes. Os “companheiros barbudos” aproveitaram o embalo do fim da guerra fria para acertadamente dar o golpe na sociedade brasileira. Esperaram pacientemente três eleições até, no início desse século, chegarem de vez ao poder. “Lulinha paz e amor” vence as eleições e imediatamente se alia à direita para nos governar como se a esquerda fosse incapaz disso sozinha.
No poder e sempre em conluio com os seus recém-amiguinhos da direita, os petistas se danaram a roubar os brasileiros pobres e humildes como ninguém. Criaram de cara o Mensalão para se perpetuar no poder. Depois, sempre com os direitistas a tiracolo, investiram contra a Petrobras e destruíram uma das maiores empresas de petróleo do mundo em pouco tempo. Aparelharam o PT para saquear a nação. A corrupção tornou-se endêmica nos governos petistas, uma verdadeira política de governo. Prenderam o Zé Dirceu, claro, mas o miserável já está livre, leve e solto. Os outros petistas brevemente se livrarão das grades e a Operação Lava Jato caminha para o seu humilhante final. O serviço de convencimento foi tão bem feito que Lula não foi preso e nem será. E pior: lidera todas as pesquisas para presidente em 2018.
A esquerda não rouba o povo nem quer ver a desgraça de ninguém. Sempre acreditei cegamente nisto. Mas no Brasil a corrupção dos progressistas empobreceu ainda mais os brasileiros humildes. Os milhões, bilhões de reais desviados pelo esgoto do PT deixaram de ser empregados em escolas, saúde, segurança e mobilidade urbana. Empobreceram ainda mais a oitava economia do mundo. E tudo capitaneado pelo PT e seus asseclas de direita. A corrupção empobrece qualquer nação e acentua as desigualdades sociais ou os petistas e “esquerdistas” não sabiam disto? Mas o povo ainda continua cego e pior: idolatrando ladrões e corruptos. O Brasil está num beco sem saída. Muitos políticos estão desacreditados e odiados pelo povo. Como na Alemanha pós Tratado de Versalhes, podemos estar caminhando para o precipício. O perigoso aceno a um Hitler tupiniquim já foi dado. Belchior previu que “há perigo na esquina”?




*É Professor em Porto Velho.