quarta-feira, 23 de março de 2022
quinta-feira, 17 de março de 2022
Petrobras para presidente
Petrobras para
presidente
Professor
Nazareno*
Este ano de 2022
tem eleições para presidente da República. A disputa é grande e está muito
polarizada principalmente entre o atual ocupante do cargo, o presidente Jair
Bolsonaro da extrema-direita e o ex-presidente Lula da esquerda, que lideram
todas as pesquisas até aqui. Porém, uma terceira via vem se organizando a duras
penas para também concorrer ao pleito. O ex-juiz Sergio Moro, a senadora Simone
Tebet do Mato Grosso do Sul, o governador paulista João Dória e Eduardo Leite
governador gaúcho, dentre tantos outros, são candidatos e também alimentam
esperanças de ocupar o palácio do Planalto. No entanto, a principal promessa
dessa terceira via é a Petrobrás, a poderosa estatal do petróleo que sempre teve
muito poder, manda em tudo sem ser incomodada. Durante o governo do Lula
roubaram-na, mas esse escândalo castigou os petistas ladrões.
E o Bolsonaro corre sérios riscos de
não se reeleger nas próximas eleições por causa dos constantes aumentos de
preços dos combustíveis. O país inteiro entra em polvorosa quando, por conta
própria, a estatal anuncia novos reajustes. E quem determina esses aumentos
escorchantes contra todo o povo brasileiro é a própria estatal e não o governo.
O “Mito” dos brasileiros já disse
publicamente que não manda na Petrobras nem na sua política de preços, embora o
Estado seja o maior acionista dela. Assim, é o presidente quem nomeia ou demite
o chefe maior daquela repartição. Ou seja, diante da estatal do petróleo, o
presidente do país é uma espécie de “Zé
Ninguém”, pois está de mão atadas e nada pode fazer. O Conselho de
Administração é quem de fato manda. É esse conselho que determina a política de
preços no país inteiro. Paga quem pode e ponto final.
Com tanto poder assim, a Petrobras
deveria ter um candidato próprio à Presidência da República. De tão importante
que é, ninguém ganharia tantos votos. A estatal, no entanto, vive um drama
freudiano: não é totalmente pública nem privada. E parece que ela é uma empresa
do primeiro mundo e de países ricos, pois nota-se que ela não se preocupa com o
drama dos cidadãos brasileiros mais pobres. Aumenta seus preços sem se
incomodar com a inflação nem com a miséria e a fome que advêm para o país. As
consequências dos reajustes é problema dos consumidores. Por isso, seus acionistas
estão nadando em dinheiro. Só no ano de 2021 os lucros foram de quase 107
bilhões de reais. E como raríssimas autoridades desse país pagam do próprio
bolso para abastecer os seus carrões, o martírio deve continuar ainda por muito
tempo. Estamos é lascados desse jeito.
Até os caminhoneiros, que se dizem
politizados, são reféns da estatal. Pagam o preço que ela cobra pelos
combustíveis e não têm coragem de parar o país. Muitos deles vão parar por que
não têm como pagar para abastecer seus caminhões. Ou seja, vão mudar de ramo.
As reclamações são feitas só nos dois primeiros dias. Depois vem a aceitação
pacata sem nenhum pio. E a lorota de que a elevação dos preços dos combustíveis
é por causa do mercado internacional não cola, pois quando o preço do barril de
petróleo sobe lá fora, rápido aumentam os preços aqui dentro do país, mas
quando esse valor cai, como agora, os preços não diminuem. O próprio presidente
Bolsonaro, desolado e triste, disse isso esta semana. A Petrobras manda no
presidente, manda no mercado, manda no STF, e até no Ministério Público, que
quer indagar o presidente por causa das críticas que ele teria feito à política
de preços da estatal. E para presidente, vote na Petrobras, a poderosa!
*Foi
Professor em Porto Velho.
quarta-feira, 16 de março de 2022
Os combustíveis estão baratos
Os combustíveis
estão baratos
Professor
Nazareno*
Com o último
aumento do preço dos combustíveis, a chiadeira no Brasil inteiro foi geral. Até
aí, nenhuma novidade, pois sempre que a Petrobras anuncia um novo aumento, todo
mundo reclama só nos primeiros dias e depois aceita tranquilamente a realidade
e paga sem mais reclamar pelo reajuste. A paulada agora foi de quase 20 por
cento para a gasolina, 25% para o diesel e 16% para o botijão de gás de 13
quilos. Muitas autoridades, que geralmente não pagam para abastecer seus carros,
fingem ficar muito preocupadas com a majoração. Fazem reuniões, inventam
auxílios disso e daquilo, convocam assessores, fazem discursos inflamados e
depois tudo volta à normalidade pelo menos até o próximo aumento. O que muita
gente não sabe é que o preço atual dos combustíveis está bem abaixo do que em
outros anos. Senão vejamos:
O preço médio de um litro de
gasolina hoje, por exemplo, está por 7,80 reais depois desse aumento. Em 2004,
época em que o Lula e o PT governavam o país, o preço de um litro de gasolina
era em média 1,98 reais. Pois bem, o salário mínimo do Brasil atualmente está
1.212,00 reais. Em 2004 o menor salário era 260,00 reais. Um salário mínimo de
hoje dá para comprar quase 156 litros do combustível. Em 2004 só compraria 130
litros, ou seja, bem menos. Para equiparar os preços de hoje aos de 18 anos
atrás, o justo seria cobrar agora pelo menos 9,22 reais pelo litro da gasolina.
Com a botija de gás de 13 quilos aconteceu a mesma coisa. Em 2004 ela custava
30,47 reais, por isso hoje deveria estar custando pelo menos 150 reais. O
brasileiro reclama de tudo. Se a gasolina fosse de graça, todos iriam reclamar
que não estão levando até suas casas.
O maior problema, no entanto, é o
salário que não aumenta com essa mesma frequência. Além do mais, as desculpas
dadas convencem cada vez mais os fanáticos, que são seguidores desse ou daquele
político. Antes, os combustíveis estavam caros por causa da pandemia, agora é
por causa da atual guerra na Ucrânia. E o drama só aumenta em um ano de
eleições como este que estamos vivendo. Temos um presidente muito fraco,
dominado e incompetente. Bolsonaro já disse que não manda na Petrobras e que
nada pode fazer pelos brasileiros. Aumenta a gasolina, aumentam automaticamente
todos os outros produtos e assim a inflação perde o controle. Parece até que a
Petrobras não é do povo brasileiro e sim dos acionistas e dos investidores
internacionais. Mas se o salário mínimo do Brasil fosse alto e tivesse um poder
aquisitivo maior, ninguém falava.
Todo governante deveria estar preocupado com o povo que o
elegeu e não permitir os abusos de estatal nenhuma. Porém, nem Lula nem
Bolsonaro, nem nenhum outro presidente, se preocupou com os mais pobres. Nunca
houve um governo no Brasil em que os ricos e poderosos não se beneficiaram e
foram privilegiados. Eles geralmente se preocupam somente em se manter no
poder. Lula e o PT saquearam a Petrobras. Todo mundo sabe disto. Já o Bolsonaro
deu poderes demais a ela. E a situação fica sem comando. Se a Petrobras
derrubou Lula e o PT, ela pode “não
permitir” a reeleição do “Bozo”. O
fato é que não se podem aplaudir os preços exorbitantes dos combustíveis. Muito
menos “livrar a cabeça” desses
políticos. Isso se chama mau-caratismo, pois raros cidadãos são acionistas da
estatal. Cozinhar a lenha, andar a pé e passar fome será a nova realidade de
muita gente pobre. O presidente devia abastecer o carro num posto.
*Foi
Professor em Porto Velho.
domingo, 13 de março de 2022
Guerra: a derrota da Rússia
Guerra: a
derrota da Rússia
Professor
Nazareno*
A invasão de
tropas russas ao território da Ucrânia não deixa quaisquer dúvidas: a Rússia
vencerá esta guerra de qualquer jeito. É apenas uma questão de dias. A Ucrânia
não é páreo e não conseguirá mais se defender por muito tempo. Os russos têm o
segundo maior exército do mundo e o maior arsenal de armas nucleares do
planeta, embora, acredita-se, que não precise usar essas armas de destruição em
massa apesar das constantes e perigosas ameaças do governo russo nesse sentido.
Mas a Rússia perderá esta guerra: isso pelo menos no campo econômico. Num mundo
globalizado, as sanções econômicas funcionam pior do que os mísseis balísticos
ou uma infantaria bem treinada. Os russos destruíram a sua imagem no mundo todo
e jogaram fora mais de três décadas de reaproximação com os mercados da Europa
e de toda a economia capitalista.
Vladimir Putin e seus ministros,
antes de iniciar esta estúpida guerra, podem não ter percebido duas coisas:
primeiro foi a feroz resistência ucraniana e segundo, o poder devastador de
sanções econômicas do mundo inteiro que foram impulsionadas tanto por governos
como por muitas empresas privadas. Isso sem falar na russofobia crescente em
todos os continentes. Com a globalização, os mercados dependem uns dos outros
para funcionar. Um carro, ou qualquer outro bem, depende de chips e de
componentes fabricados em várias nações diferentes. Com o boicote aos russos, a
economia para de funcionar e a derrota, pelo menos em termos econômicos, é
iminente. Uma ex-aluna minha que mora na Rússia disse que a inflação no país,
em uma semana apenas, já explodiu. Não há como sacar dinheiro em caixas
eletrônicos e não há cartões de crédito.
Isso sem falar nos boicotes
esportivos impostos ao país para puni-lo por ter invadido sem nenhuma
necessidade um país soberano reconhecido internacionalmente. Atletas da Rússia
e também de Belarus estão proibidos de participar de Olimpíadas,
paraolimpíadas, Olimpíadas de inverno, Copa do Mundo de futebol, campeonatos
europeus de futebol e de vários outras modalidades esportivas que acontecem no
mundo inteiro. Os russos estão fora de todos os sistemas financeiros
internacionais como o Swift e não podem fazer compensações bancárias envolvendo
moedas internacionais. Além disso, todos os magnatas e bilionários russos
tiveram seus bens bloqueados ou congelados em vários países do exterior. Aviões
comerciais da Rússia estão proibidos de sobrevoar o espaço aéreo de muitas
nações assim como os navios não podem atracar.
Fala-se na mídia ocidental que
Vladimir Putin estaria com um câncer em estado terminal. Por isso, tem muita
pressa para tentar reconstituir, na marra, o antigo império soviético, que fora
desfeito no início da década de 90 do século passado. Ou seja, como o previsto,
tenta repetir tragicamente a História. Este conflito no coração da Europa trará
de volta à cena mundial a guerra fria que dominou o cenário internacional entre
1947 e 1991. Mas o povo russo lucraria muito mais se continuasse com a
integração ao bloco europeu em vez de enfrentá-lo nos campos de batalha. O
mundo hoje está diferente e a maioria das pessoas abomina as guerras e as
mortandades inúteis. Integração entre os povos, contatos com novas culturas e
sociedades, consumo de bens, intercâmbios em vez de canhões, tiros, bombardeios
e matanças. Lamentavelmente muitas pessoas inocentes ainda vão morrer por causa
de poucos que decidem suas vidas.
*Foi
Professor em Porto Velho.
sexta-feira, 11 de março de 2022
Mito, herói dos combustíveis!
Mito, herói dos
combustíveis!
Professor
Nazareno*
O preço dos combustíveis no Brasil
não para de aumentar. Nesta segunda semana de 2022, de uma tacada só, a
gasolina subiu quase 19 por cento enquanto o diesel subiu 25% e o gás de
cozinha 16%. E a alegria explodiu entre muitos brasileiros, principalmente
aqueles seguidores do presidente Jair Bolsonaro. É que a cada aumento desses,
os números do Mito nas pesquisas eleitorais para presidente também aumentam. No
ano passado, por exemplo, quando o gás de cozinha custava uns 90 reais ou até
menos, Bolsonaro tinha pouco mais de 21 por cento nas pesquisas. O petista Lula
seria eleito no primeiro turno, segundo estas mesmas pesquisas. Hoje com mais
este aumento dos combustíveis, Bolsonaro disparou e ultrapassou os 31 por cento
nas intenções de votos. Assim, a cada aumento tem-se a certeza da eleição do
Mito já no primeiro turno.
Embora ele tenha dito várias vezes
que “não manda em nada” quando o
assunto é a Petrobras e a sua política de preços, presume-se que mais este
aumento nada tenha a ver com o líder dos brasileiros. E o Mito só ganha aplausos,
notoriedade e admiração a cada declaração dada. Seu competente ministro da
Economia, Paulo Guedes, deveria ser laureado com o Nobel de Economia. Durante a
campanha em 2018, o futuro ministro Guedes prometeu a botija de gás a 35 reais
e gasolina a menos de 2,50 o litro se eles ganhassem as eleições. Ganharam! E
três anos depois daquelas “sábias
palavras” a gasolina está a quase nove reais e o gás foi para 130 reais a
botija de 13 quilos e com perspectivas de aumentarem ainda mais. Os eleitores
bolsonaristas vibram de euforia e de satisfação com estes preços altos. Afinal,
a popularidade de seu líder também sobe.
A desculpa para o aumento agora é a
guerra na Ucrânia. Antes era a pandemia. Deve ter sido por isso que Bolsonaro
foi dar solidariedade ao Putin um pouco antes de o presidente russo atacar os
ucranianos e iniciar mais um conflito. O raciocínio do Mito é simples: “com uma guerra na Europa, os preços dos
combustíveis aumentam no mundo inteiro e como eu não mando na Petrobras nem
nessa política de preços, a minha popularidade também aumenta por aqui”. Os pobres, os caminhoneiros, os motoristas de
aplicativos e também algumas outras profissões que poderiam ser prejudicadas,
receberão um auxílio do governo para calarem a boca e continuarem apoiando e
votando no seu ídolo. E a Petrobras tem que dar lucro para os seus acionistas!
E isto já aconteceu no ano passado quando a “divina” estatal lucrou quase 107 bilhões de reais.
O povo do Brasil tem que votar e
reeleger o Bolsonaro, mesmo com os preços dos combustíveis nas alturas. Com
Lula e o PT a coisa pode não dar certo. Triste: quando esteve no poder, a
esquerda roubou a estatal como ninguém. Já pensou se Pedro Barusco, Nestor
Cerveró, Jorge Zelada, Paulo Roberto Costa, Alberto Yousseff, Renato Duque e
tantos outros voltarem ao comando da estatal? E todos eles sendo comandados
pela Dilma Rousseff como ministra das Minas e Energia? Melhor nem pensar na
tragédia que seria. Assim, vale a pena pagar qualquer preço pela gasolina, pelo
diesel e pelo botijão de gás. “Podemos
até pagar caro pelos combustíveis, mas temos o nosso nome limpo” é o
raciocínio de muitos brasileiros patriotas que voltaram a andar a pé e cozinhar
com lenha. Até as eleições que reelegerão Jair Bolsonaro para mais quatro anos
como presidente, a gasolina estará uns 15 reais e o gás uns 200. Mas todos
felizes!
*Foi
Professor em Porto Velho.
quarta-feira, 9 de março de 2022
Aliados: Maduro, “Bozo” e Putin
Aliados: Maduro,
“Bozo” e Putin
Professor
Nazareno*
O velho ditado diz
que o mundo não dá voltas, ele capota. E é o que estamos vendo agora com
relação à guerra da Rússia contra a Ucrânia. Poucos dias antes de Vladimir
Putin ordenar a invasão do país vizinho, Jair Bolsonaro foi a Moscou prestar
solidariedade ao presidente russo. “Parece
que ele, o Bolsonaro, está do lado oposto”, discursou a porta-voz do
governo dos Estados Unidos. E estava mesmo só que ninguém esperava, muito menos
aqueles bolsonaristas mais exaltados, que o seu “querido presidente”
estaria também ao lado de Nicolás Maduro o tão criticado mandatário da
Venezuela. Neste grupo, junto ao Bolsonaro também se podem incluir os
presidentes de Cuba, da Nicarágua, da Coreia do Norte, Eritreia, Belarus e
também o ditador da Síria. Quase todos eles são comunistas convictos ou
esquerdistas. O “Mito” é a piada
pronta!
Todo ditador, seja ele de direita ou
de esquerda, geralmente é um sujeito limitado, boçal, antissocial, sanguinário,
desumano, infame, misógino, frio, escroque, genocida, ambicioso, mentiroso, antidemocrático
e preconceituoso. A invasão da Ucrânia mostra muito bem muitas destas
características no Putin. E se a mídia estiver correta, percebe-se também quase
tudo isso nos seus apoiadores e seguidores. E como o Brasil sempre foi um país
sem muita importância na geopolítica mundial, o nosso presidente poderia não
ter que pagar mais esse mico internacional: apoiar, mesmo que indiretamente, as
pretensões imperialistas de um ditador sanguinário que invade outro país
soberano. “Países não tem amigos nem
inimigos, têm interesses” disse certa vez o Winston Churchill. Então, o que
ganha o Brasil ao apoiar o Putin, a reboque do mundo?
O “Bozo” praticamente se elegeu falando mal do Socialismo, do
Comunismo e de todos os regimes políticos de esquerda. Do professor Paulo
Freire a Nicolás Maduro, o presidente da Venezuela, o então candidato do PSL
não media palavras para esculachar a todos. “O nosso país nunca mais será governado por um presidente de esquerda”,
bradava sorrindo. No Brasil, antes de se eleger, ele e os seus seguidores
detonavam também o Centrão, o grupo político que segundo eles representa a
velha política, representa a corrupção e os desmandos da coisa pública. Hoje
não só está aliado a esse bloco político como praticamente entregou o seu fraco
e desacreditado governo aos deputados e senadores do referido esquema corrupto.
Definitivamente, Bolsonaro ou é muito burro ou nada entende de geopolítica mundial.
Ou as duas coisas.
Não há mocinhos nesta guerra lá na Europa, mas
não há como negar que o único responsável é o Vladimir Putin que invadiu e
provocou toda esta carnificina. “São os
lunáticos comandado os idiotas”. E para isso, ele ainda recebeu a solidariedade
do presidente brasileiro. E se não acabarem logo os ataques, em pouco tempo os
ucranianos podem não ter mais as suas lindas cidades nem o seu país. Por isso,
a “russofobia” avançará cada vez mais
num mundo que não aguenta mais ver tanto sofrimento e tantas mortes
desnecessárias. E se o eleitor brasileiro não tirar democraticamente o senhor
Jair Bolsonaro do poder em outubro próximo, o Brasil poderá infelizmente também
enfrentar esta avassaladora aversão internacional e muitos boicotes. Aliás, o
Maduro já está “se bandeando” para o
lado dos Estados Unidos ao oferecer petróleo para os americanos devido às
sanções impostas aos russos. E afinal, de que lado o “Bozo” está?
*Foi
Professor em Porto Velho.
sábado, 5 de março de 2022
“Não há guerra na Ucrânia”
“Não há guerra na Ucrânia”
Professor
Nazareno*
Pode até parecer
surreal, mas para a Rússia e o governo de Vladimir Putin, todo o Ocidente está
muito histérico em relação aos atuais acontecimentos na Ucrânia, pois o que
está havendo desde o dia 24 de fevereiro último é simplesmente “uma operação militar especial na parte leste
do país vizinho” e não uma guerra ou mesmo “como muitos insinuam” uma invasão militar por parte da Rússia. Só
que em tempos de internet e de transmissões reais feitas por qualquer pessoa, é
impossível negar o óbvio. Os bombardeios, a carnificina e os constantes ataques
às cidades de outras partes da Ucrânia, inclusive à capital Kiev, desmentem o
líder dos russos. Por isso, o governo Putin junto à Duma, o parlamento local, criaram
às pressas leis proibindo o uso das palavras guerra e invasão em toda a mídia.
E 15 anos de prisão para quem desobedecer.
No Brasil de hoje não existe censura
real, mas a vontade de cercear os meios de comunicação e consequentemente toda
a opinião pública é uma constante no atual governo de Jair Bolsonaro. Dizem por
exemplo, que entre 1964 e 1985 não houve ditadura militar no nosso país. Tese,
aliás, corroborada outro dia pelo cantor caipira Zezé de Camargo. “O que houve no Brasil foi apenas um militarismo
vigiado”, disse o artista depois de se autoconsiderar um sujeito
politizado. Não se pode negar os fatos. A História não perdoa. Por isso se diz
que ela, a História, só se repete como farsa e depois como tragédia. Zezé de
Camargo e também outros artistas e até algumas pessoas esclarecidas ignoraram o
golpe dado em João Goulart, a proibição de eleições diretas, o exílio, as
cassações políticas, a censura e o DOI-CODI com a tortura aos oposicionistas.
O governo de Vladimir Putin na
Rússia, em termos de conquistas sociais e de respeito aos direitos humanos, talvez
seja bem pior do que o do “Bozo” no
Brasil. Aqui, apesar da cantilena dos negacionistas, vivemos por enquanto uma
democracia nem que seja de aparência e não estamos, ainda, em guerra contra ninguém.
Diferente da Rússia, no Brasil a mídia publica o que quer apesar dos protestos
tanto do presidente do país quanto de alguns de seus fanáticos seguidores. A
censura até que existe, mas é bem disfarçada e baseia-se na corrupção: o
prefeito, o deputado ou o governador paga uma “comissão” por fora para os sites e outros órgãos falarem bem dele.
Fazem isso, por que falta de ética não é crime. Então, tenta-se apagar ou negar
a própria História apesar das evidências. Assim, por aqui “nunca houve ditadura militar, nem censura, nem tortura”.
Deve ser por isso que dias antes da
guerra estourar, Bolsonaro se confraternizou com Vladimir Putin, fez fotos com
ele e lhe prestou solidariedade apesar de que toda a opinião pública mundial
estivesse no caminho oposto. As televisões ocidentais, onde não há censura
explícita, mostram cenas horrorosas e chocantes com civis ucranianos inocentes
sendo massacrados pela carnificina da invasão russa com velhos, mulheres e
crianças aos prantos fugindo dos ataques. E como “contra fatos não há argumentos”, vamos mentir e dizer pelo Brasil
afora que no atual governo de Jair Bolsonaro nunca houve corrupção, nem
conchavos políticos com o Centrão e muito menos rachadinhas. Diremos também que
Vladimir Putin é um líder humanitário, bom e sensível e que Jair Bolsonaro é um
“santo”. Os trouxas e imbecis
bolsomínions acreditarão na lorota e cada um de nós não fará inimigos. Por
enquanto. Será que vão publicar este texto na mídia?
*Foi
Professor em Porto Velho.