terça-feira, 27 de abril de 2010

Rondônia, uma terra sem futuro nenhum!


Porto Velho e Rondônia poderiam mudar, sim!


Professor Nazareno*


A minha produção de textos tem, ultimamente, direcionado suas baterias para o gravíssimo problema da falta de infra-estrutura existente em Porto Velho e de um modo geral em todo o nosso Estado. São deficiências verificadas em praticamente todas as áreas. Numa primeira observação, a impressão que se tem é que as coisas por aqui são feitas “aos trancos e barrancos”, quase sem nenhum planejamento específico. A questão é tão séria que numa hipotética comparação da nossa capital com qualquer outra cidade de mesmo porte no Brasil, perderíamos feio. Mesmo que fôssemos colocar lado a lado Porto Velho com capitais bem maiores e mais populosas e que na prática deveriam ter mais problemas, levaríamos a pior em qualquer item que fosse comparado.

É claro que esta verdade constrange a maioria dos que aqui nasceram e vivem. Parecem ser cegos ou não conhecem a realidade de outros lugares. Curitiba, capital do Paraná, por exemplo, é uma cidade de quase dois milhões de habitantes e muitas coisas por lá funcionam bem melhor do que aqui. E não adianta tentar arrumar desculpas dizendo que “a cidade das araucárias” é muito mais velha do que Porto Velho. Vejamos a questão dos transportes coletivos. Por que numa região metropolitana de quase quatro milhões de indivíduos essa atividade funciona quase que perfeitamente e aqui, numa cidade cinco vezes menor é uma catástrofe? Na área da saúde pública, estamos a anos-luz de distância dos curitibanos. Covardia falar de educação e saneamento básico. Mais derrotas para os rondonienses.

Claro que políticos sem-vergonha, fichas-sujas, sanguessugas e mensaleiros e também uma justiça lenta, elitista e leniente além de uma grande parcela de eleitores idiotas e acomodados são uma constante nas duas cidades. Mas não há como negar que os nossos irmãos do Sul têm uma qualidade de vida infinitamente melhor do que nós do Norte. Essa realidade não é apenas com a capital paranaense, mas praticamente com qualquer cidade do centro-sul do país. Formamos uma sociedade nova e por isso temos ainda muitos problemas, dizem os desinformados. Mas se a nossa formação é recente por que não copiamos somente as coisas boas que existem fora daqui? Por que importamos os defeitos e as coisas que não deram certo lá fora? Burrice ou falta de competência mesmo?

Poucos lugares do mundo têm a chance de mudar esta realidade como a nossa cidade, o nosso Estado. Com as hidrelétricas e todas as obras do PAC poderíamos apostar no nosso futuro. Investir em educação de qualidade, por exemplo. Abrir novas e boas universidades e contratar professores, mestres, doutores, cientistas e Phd’s seria uma forma segura de se investir no nosso amanhã. Muitos países fizeram isso e deu certo. Temos 12 milhões de cabeças de gado. Já conseguimos exportar nossa carne para o mundo inteiro. Cursos superiores na área de laticínios, frigoríficos, couros e tanantes além de infinitos outros setores da agropecuária poderiam ser explorados para poder dar emprego aos nossos jovens. Quem investe em educação tem retorno garantido, é fato.

Ao contrário disso, estamos apenas investindo em obras faraônicas que mal resolverão os problemas do presente. A não ser que estes viadutos, pontes e passarelas sirvam para abrigar os muitos desempregados do pós-usinas. Rondônia caminha para o abismo. Nossos políticos nada fazem. Insistem em dar mais prejuízos à União com uma PEC eleitoreira e atemporal. Faltam projetos sérios para encarar a nova realidade. Amar um lugar é querer mudar a dura e absurda realidade em que ele se encontra. É permitir melhorar o IDH e a qualidade dos serviços públicos que são prestados. Porto Velho e Rondônia necessitam de fortes investimentos em todas as áreas. Dinheiro para isso dizem que existe, só que insistimos em jogá-lo fora desperdiçando com bobagens. E o povo ainda aplaude.


*Leciona na Escola João Bento em Porto Velho.


quarta-feira, 21 de abril de 2010

I Simulado do JBC - 2010: Um sucesso!



Clique nas fotos para aumentar a resolução:

O primeiro vestibular simulado da Escola E.F.M.Prof. João Bento da Costa mantida pela Secretaria Estadual de Educação Rondônia foi um sucesso. Com cem questões do tipo ENEM, mais de 420 alunos do Projeto Terceirão desta escola, incluindo todos aqueles matriculados nos turnos da manhã e da tarde, não mediram esforços para em pleno feriado de 21 de abril, se deslocarem até as dependências deste estabelecimento de ensino para participar desta atividade pedagógica. Às oito horas em ponto, foi iniciada a prova que tem também validade para a pontuação do primeiro bimestre. Infelizmente vários alunos chegaram atrasados e não foi permitida a entrada deles para participar do simulado, “como num vestibular de verdade”, informou o diretor da escola, Professor Suamy Lacerda. Os professores do projeto Terceirão se revezaram para fazer a aplicação do teste que transcorreu sem nenhum incidente. Foram cinco horas de prova. Três minutos para cada questão.
Mesmo com os obstáculos e transtornos que acontecem naturalmente num dia de feriado, como atraso e diminuição da oferta de transportes coletivos, por exemplo, a grande totalidade dos alunos compreendeu os esforços da escola para o sucesso de todos, não só no ENEM, mas também na prova do Vestibular da Unir. Com mais de 150 alunos aprovados só no último vestibular da Unir, o Colégio João Bento da Costa vem desenvolvendo atividades complementares no sentido de dar mais oportunidades a todos os alunos que procuraram a instituição para se preparar para a universidade. Este foi um dos motivos por que o Projeto Terceirão desta escola não quis participar da última greve deflagrada pelos professores da rede estadual de ensino. “Não que este movimento não tenha sido justo, mas não podíamos prejudicar os nossos alunos”, declarou o professor José do Nazareno. O professor Tadeu, um dos coordenadores e criadores deste projeto na escola pública, foi mais longe: “precisamos direcionar o nosso foco no aluno, que é o produto final do nosso trabalho”. “Todo o nosso esforço tem como meta principal o sucesso dos estudantes”, finalizou o professor de História.
Somente para este ano letivo de 2010 estão previstos pelo menos mais 04 simulados como este, informou a Direção. E todos deverão ser aplicados em dias de feriado para não prejudicar as atividades docentes da escola. O professor Nazareno brincou: “o Brasil é o país do amanhã, isto é, se amanhã não for feriado”. Todos os alunos e praticamente a comunidade inteira da Escola JBC sabem da responsabilidade que se tem quando se quer atingir uma meta. Por isto a colaboração e o empenho de todos são visíveis. E para este ano letivo de 2010 as metas são ainda mais ambiciosas: “ultrapassar a marca de 150 alunos da escola pública aprovados numa universidade federal”, concluiu o diretor da escola, professor Suamy Lacerda em tom de profecia. “Muito bom que todas as escolas públicas de Porto Velho e também do Brasil procurassem se espelhar no nosso trabalho. Todos ganhariam”, disse o educador. “Os alunos e a sociedade em geral”. Suamy ainda informou que foram 17 mil cópias financiadas pelo PROAFI, recurso destinado para a manutenção de ações escolares.
Para muitos alunos, esta experiência é muito valiosa uma vez que para a maioria é a primeira vez na vida escolar que isto acontece na prática. “O estudo aqui é muito puxado e quem não tiver boa vontade e disposição para estudar, pode desistir antes de vir para o João Bento”, afirmaram alguns alunos antes de iniciar as provas. É um fato a dedicação e o compromisso dos professores do Projeto. “Num dia de feriado como este 21 de abril, eles estão aqui para dar a todos nós o que muitos não tiveram”, afirmavam ainda alguns dos participantes. Era visível a satisfação dos alunos que participaram deste primeiro vestibular simulado. Há, de fato, muita expectativa e esperança para que todas consigam a sua tão sonhada vaga na universidade pública.













domingo, 18 de abril de 2010

Você confia em propagandas? CUIDADO!


O Poder da Propaganda Enganosa


Professor Nazareno*


O Código de Defesa do Consumidor proíbe expressamente as modalidades de propagandas enganosas e abusivas. Propaganda enganosa é crime e sujeita o infrator a uma pena de detenção de três meses a um ano e multa (a mentira já começa aqui, pois ninguém nunca foi preso por isso). Incorre na mesma pena o agenciador ou criador da mesma. Diz-se nas linhas do referido Código que se deve distinguir a propaganda enganosa da abusiva. Esta é mais grave, pois induz o consumidor a se comportar de forma prejudicial. São propagandas que incitam à violência, desrespeitam valores ambientais, exploram o medo do consumidor ou se aproveita da deficiência de julgamento ou inexperiência das crianças. A mídia parece nem questionar isso, apenas veicula qualquer imagem.

Diariamente vemos essas mentiras serem veiculadas sem nenhum critério. E o pior é que se tem observado que cada vez mais os políticos se aproveitam desse poder e não medem esforços para turbinar suas campanhas eleitorais. Difícil ter um Governo que não crie slogans, geralmente falsos e hipócritas, para enganar os trouxas por este Brasil afora. Em Porto Velho, Roberto Sobrinho diz que a cidade é de todos, embora só ele e sua trupe a administrem, e mal. Cassol, ex-governador, passou sete longos anos mandando e desmandando em Rondônia como se fosse o seu feudo e ainda fazia com que os incautos acreditassem que “Trabalho e Respeito” era a máxima que tinha que ser seguida por todos. Saiu foi aplaudido.

Tudo mentira. Tudo lorota. Tudo conversa fiada. A própria Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia também criou a sua frase de efeito para enganar os otários. “Sou daqui e exijo respeito”. Como se legislar sobre “defecar em rodoviárias” e induzir o povo a acreditar que havia mesmo dinheiro sendo devolvido ao Executivo fossem coisas verdadeiras. Desde quando enganar a fé pública é respeitoso? Por não ter capacidade de compreender fatos, nem leitura de mundo apurada, o povo é o grande culpado de isto acontecer freqüentemente. Alguém no Brasil, por exemplo, já questionou qualquer tipo de propaganda na área política? Todos sempre engolimos a seco estas mentiras travestidas de verdades.

A propaganda enganosa é incrível e geralmente convence a todos. Depois dos lamentáveis e desastrados episódios de “spray de pimenta” a COE, com o nosso dinheiro, veiculou nos principais sites e na mídia local, propagandas mostrando o “lado romântico, fraterno e humano” da corporação. Antes de aumentar os preços nos garrafões de água mineral em Rondônia, as empresas do ramo fizeram circular na mídia uma matéria, mentirosa, claro, dando conta de que a água consumida aqui é a mais pura e limpa do mundo. Se a propaganda é a alma do negócio, como entender que em Porto Velho se compra material de construção numa casa com nome de Agroboi? E a loja Romera é de Roma ou romaria?

A Ditadura Militar dizia que “este é um país que vai pra frente!” embora o Brasil caminhasse a passos largos para trás. As hidrelétricas do Madeira juram que o progresso é realidade por aqui, mas não dão um pio sobre os empregos apenas temporários, a energia que vai para fora do Estado e os incontáveis desastres ao nosso ambiente. Nunca falaram da ressaca pós-usinas. Nós próprios acreditamos que Rondônia seja um lugar bom para se viver e que os seus símbolos representam o que há de mais belo e encantador no mundo. E o município de Extrema, mentira maior do que esta? Se aqui é o céu como dizem as propagandas, nada mais a fazer. Basta sentar, se acomodar como um legítimo beiradeiro e apreciar o Éden, o eldorado em que nos fizeram acreditar. “Me engana que eu gosto.”


*Leciona em Porto Velho na Escola João Bento da Costa.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A Desigualdade Social é uma praga entre nós!


Brasil: desigualdade fabricada


Professor Nazareno*


O Brasil sempre foi apontado, nas últimas três décadas, como uma das maiores potências econômicas do mundo. Tem um Produto Interno Bruto alto, mas a qualidade de vida de sua população é baixa, mesmo tendo um IDH considerado bom entre os emergentes. Quando se fala em desigualdade social ou qualidade dos serviços públicos prestados pelo Estado brasileiro, a situação fica crítica mesmo sendo uma das nações com as mais altas taxas de impostos do mundo. De um modo geral os nossos serviços públicos são comparados aos do Sudão, Haiti ou Papua Nova Guiné, países miseráveis e que estão na maioria dos casos, envolvidos em guerras, revoltas ou mesmo são vítimas das intempéries da natureza.

Criamos uma sociedade absurda nestes cinco séculos de existência em que permeia uma das maiores desigualdades sociais do mundo. Embora rico, somos um país injusto. E não adianta jogar a culpa destas mazelas sociais para os políticos ou governantes apenas. Todos nós, indistintamente, temos a nossa parcela de culpa. A desigualdade parece estar no nosso DNA. Faz parte da nossa cultura. Não temos, muitos, problemas de preconceito ou aversão aos nossos semelhantes. Dizemos orgulhosamente que somos a mistura das três grandes raças que formam todos os seres humanos. Falamos a mesma língua, professamos praticamente a mesma fé, mas dividimos as nossas cidades em bairros de rico e bairros de pobres.

A nossa imensa desigualdade social nos condena a ver e julgar as pessoas de acordo com o seu bolso, com a sua renda. A Justiça é deveras injusta. A polícia trata os cidadãos, quase sempre, de acordo com o contracheque. A mídia, elitista, corrobora para que este fosso sempre aumente. O recente caso da Operação Hygeia da Polícia Federal é um clássico exemplo deste estado de coisas. O Secretário de Saúde de Porto Velho, Willames Pimentel, acusado pelo desvio de 200 milhões de reais quando era funcionário da Funasa, foi preso durante apenas cinco dias. Saiu de cadeia dando entrevista coletiva e segundo se observou, vários funcionários da referida secretaria municipal ovacionaram-no “de braços abertos”.

Se ele for inocente neste caso, o erro estaria no MPF e na Polícia Federal, óbvio. Na China, todos sabem qual seria o seu destino, sendo culpado. Mas se fosse um pobretão qualquer, a própria polícia já teria “enchido ele de porradas”. Os programas policiais da vida, que estão calados até agora, já teriam feito entrevistas “com o meliante”. Se culpada, esta quadrilha foi a responsável direta pela morte de quase uma centena de pessoas infectadas só pela dengue. Com o emprego de apenas dez por cento deste montante, Rondônia não teria registrado um único caso da doença. Isso sem falar em hepatite, malária, dentre outras enfermidades. Indiretamente muitas pessoas morreram pela falta destes recursos. E ninguém vê.

Parte da mídia, aquela interessada pelo dinheiro apenas, encobre os fatos, censura as notícias, interdita blogs e divulga as suas “meias verdades”. Num ano eleitoral como este cada um tem a sua fonte para publicar as suas versões. O eleitor, de pouca ou nenhuma leitura, fica confuso e não sabe quem está mentindo. Se recorrer “aos comandos policiais” poderá entender que o Brasil é assim mesmo e que a humanidade toda está dividida em apenas dois tipos de pessoas: pobres e ricos. E os pobres devem pagar por todos os seus erros enquanto os ricos dão entrevistas após saírem da cadeia. E o dinheiro desviado onde foi parar? Se não foi abduzido, pagará bons advogados, financiará uma candidatura ou garantirá uma boa vida num paraíso fiscal qualquer. E ainda sobrará muita grana. É o Brasil.


*Leciona em Porto Velho na escola João Bento da Costa.


terça-feira, 13 de abril de 2010

...E a COE fez uma coisa boa...dá para acreditar?


As lições da C.O.E.


Professor Nazareno*


A COE é a Companhia de Operações Especiais, um dos ferozes tentáculos da Polícia Militar do Estado de Rondônia. Como uma espécie de polícia de elite, ela é especializada em ações que exigem um maior preparo de seus integrantes. Temida por grande parte da população porto-velhense, esta companhia tem um retrospecto nada abonador em termos de respeito aos direitos humanos. Conhecida por sua truculência e brutalidade foi responsável entre outros absurdos pelo massacre de Corumbiara, fato que enlameou ainda mais o nome de Rondônia no Brasil e no mundo inteiro quando há 25 anos, numa questão fundiária resolvida de forma amadora, irresponsável e inconseqüente, 12 pessoas foram sumariamente mortas entre elas crianças e também alguns integrantes da própria corporação.

Neste ano eleitoral de 2010, a COE volta aos noticiários, só que agora de uma maneira bizarra e totalmente inusitada: por três vezes consecutivas ela entra em ação usando a sua mais poderosa arma: spray de pimenta. Primeiro foi num pacato jogo do campeonato rondoniense de futebol quando usou o produto nos jogadores do Genus. Não deu outra, manchetes nos principais sites de notícias da Europa e na mídia do mundo inteiro. Depois, na tentativa de invasão do palácio Presidente Vargas em Porto Velho quando professores em greve tentavam entrar na sede do Executivo estadual. E mais recente, pela terceira vez a COE usa a “arma apimentada” para conter a fúria de parlamentares locais numa tentativa de reintegração de posse de um terreno na periferia da capital.

Por ser acostumada a dissolver motins à base da porrada e do cacete muitas vezes sem levar em consideração a questão dos direitos humanos, acredita-se que no quartel da companhia todos os integrantes são deficientes físicos: faltam-lhes cérebro e coração e sobram músculos e que por isso o “Teleton”, programa conhecido da televisão brasileira, devia atuar fortemente lá pelas bandas do Jardim Eldorado. Porém não há como negar que a atuação da soldadesca desta corporação no terceiro episódio principalmente, não tenha servido para alguma coisa. Além de ser um belo espetáculo ver políticos apanhando da polícia, o fato desencadeou uma espécie de fúria nos integrantes dos Poderes Legislativos Municipal e Estadual. E por isso, resolveram mostrar serviços à população.

Enquanto os vereadores se reuniam para debater sobre a delicadíssima questão fundiária do município e também a atuação da própria COE no episódio, o Poder Legislativo estadual, na pessoa do Deputado Alexandre Brito, solicita do Comando Geral da Polícia Militar, que proceda com urgência novas instruções aos responsáveis pelo uso deste equipamento, visando não se criar mais tumultos, revolta e até mesmo comprometer a saúde das vítimas do referido produto. Ou seja, “quando a pimenta arde nos nossos olhos”, providências são tomadas com a maior brevidade possível. Gostaria que os filhos destes deputados fossem estudar nas escolas públicas do Estado ou então eles tivessem que se submeter, como a maioria da população o faz, ao precário sistema de saúde bancado pelo Estado.

Dessa forma, providências seriam tomadas para resolver os problemas gravíssimos nestas áreas. A educação seria mais valorizada e as filas para receber atendimento médico talvez nem existissem. Já pensou um deputado ou outra autoridade qualquer deste Estado numa enorme fila de um Posto de Saúde para receber uma senha e ser atendido três ou quatro dias depois? Ou então mendigando uma vaga numa escola pública da periferia onde o lixo, a sujeira e a falta de segurança são fatos comuns? Por tudo isto devemos compreender que a ação da COE veio em boa hora e que Deus faça com que os “sprays de pimenta” não se acabem tão cedo. Mesmo sem saber, por absoluta falta de cérebro para isso, a PM e a sua truculência podem ter trazido benefícios para toda a população.



*O Professor Nazareno leciona em Porto Velho.


sábado, 10 de abril de 2010

Brasil: a justiça dos ricos e poderosos


Justiça caolha e desumana


Professor Nazareno*


Existe uma piada bastante conhecida afirmando que um brasileiro zomba de um boliviano porque o país vizinho tem um Ministério da Marinha e não tem mar. “Isso é um verdadeiro absurdo!”, protesta o nosso compatriota. O boliviano calmamente responde que isso é normal, pois no Brasil existe um Ministério da Justiça. Brincadeiras à parte, a resposta do boliviano foi um tapa com luva de pelica. No Brasil deve existir justiça que justifique um ministério, mas são cada vez maiores “as injustiças” que acontecem. A começar pelo Judiciário. É o único dos três poderes constituídos da Nação que não precisa de voto nem de eleições para escolher os seus dirigentes e mandatários. Advogado formado só é advogado depois do Exame da Ordem. E ainda são doutores, pode? Democracia rota, essa.

Por isso é cada vez mais popular outra piada, essa dentro dos próprios tribunais e entre os meios jurídicos, afirmando que de cada dez juízes no Brasil, sete acreditam que são Deus e os outros três têm certeza. Lógico que não se pretende aqui desmerecer a importância do Poder Judiciário para uma sociedade democrática, que tem como um dos seus pressupostos básicos a harmonia e a independência entre os três poderes. O problema é que ao se observar a atuação do Judiciário brasileiro, cada vez mais estamos propensos a dar razão ao boliviano da primeira piada. As decisões judiciais, de um modo geral, têm privilegiado aos mais endinheirados da nossa sociedade em detrimento dos menos favorecidos.

Veja-se a desapropriação acontecida recentemente no chamado bairro Roberto Sobrinho em Porto Velho. Havia uma ordem de reintegração de posse e as 400 famílias que estavam morando lá deviam sair imediatamente e abandonar suas casas e pertences. A ordem judicial tinha que ser cumprida e para isso a Polícia Militar do Estado de Rondônia por meio da temida COE foi acionada. Qualquer magistrado daqui sabe que este braço da nossa PM é de uma brutalidade desmesurada. Sempre costuma medir forças com quem não as tem e é detentora de um retrospecto vastíssimo em matéria de truculência. No quartel da COE parece não existir cérebros, só músculos. Estratégia em gestão de conflitos, nem pensar. Ali é tudo na força bruta mesmo. Direitos humanos? Só se for em Corumbiara...

É simples e cômodo assinar uma ordem, um papel, num gabinete com ar condicionado e sob um salário europeu. Nas democracias é praxe fazer-se cumprir uma ordem judicial. Mas o direito à propriedade é maior do que o direito à dignidade, o direito à vida? Os magistrados podem até estar certos ao interpretar a lei. Mas o que é a lei diante de mulheres e crianças chorando e implorando para não terem seus parcos pertences destroçados por aquele ato de puro vandalismo? A lei é uma letra fria num pedaço de papel. E quem faz a lei? De um modo geral, os políticos (logo eles) via Legislativo. Pessoas, mesmo as mais pobres, são emoções, sentimentos, esperanças, vidas. Por que as deixaram criar raízes naquele lugar para só depois agir dessa maneira? Falta de humanidade ou mesmo indiferença?

A justiça que expulsa pessoas pobres de suas casas aos açoites é a mesma que permite, grosso modo, a participação nas próximas eleições de sanguessugas, mensaleiros e de toda a sorte de candidato “ficha-suja”. Parece ser apenas a justiça dos ricos e privilegiados. No entanto, neste episódio ficou algo de bom: a ação desastrada, intempestiva e mal conduzida da COE sequer respeitou os políticos que apareceram por lá “à cata de votos” num ano eleitoral. Sobrou “porrada” para todo mundo. E político levando tiro da polícia, correndo sob bombas de gás de pimenta (a nossa PM está ficando exímia nesse tipo de arma), levando cacetadas nas costas é uma cena impagável. Algo imperdível e gostoso de ver mesmo nas democracias onde vez ou outra os poderes constituídos também se estranham.


*O professor Nazareno leciona na escola João Bento em Porto Velho.


quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quem quer ser professor no Brasil?


O Estado também é contra a Educação


Professor Nazareno*


O Governo do Estado de Rondônia publica edital de um concurso público para contratar médicos em várias especialidades com carga horária de 40 horas semanais. O salário inicial é de mais de seis mil reais podendo chegar ao patamar de quase 10 mil reais por mês, anuncia eufórico o Secretário de Saúde Milton Moreira. Tudo normal se este mesmo Governo não estivesse “correndo da sala para a cozinha” com uma greve deflagrada pelos trabalhadores em educação estaduais há quase um mês que imploram melhorias nos seus parcos salários. Hoje Rondônia não paga mais do que mil e quinhentos reais em média aos seus professores. Há estados que pagam ainda menos do que isso. Uma miséria.

Triste ironia: em nosso Estado, um médico vale quase sete vezes mais do que um professor. Esta absurda realidade é observada também no país inteiro. Por isso a profissão do Magistério está em franca extinção. A de médico, em franca ascensão. Ambas as profissões, assim como outras tantas, são muito importantes para qualquer sociedade. Não devia existir esta discriminação horrorosa e bancada por quem tem a obrigação de zelar pela igualdade. A Medicina não é mais importante do que profissão nenhuma. O médico não salva vidas de ninguém. Se for competente, consegue apenas adiar a morte de seus pacientes. Os de Rondônia, nem isso. TAM e Gol sempre foram os melhores médicos daqui.

E o pior de tudo isso é que os alunos de Medicina que estão sendo formados na Unir, a Universidade Federal de Rondônia, em sua grande maioria, já são prepotentes e arrogantes. Quase todos os universitários de outros cursos daquela instituição conhecem as dependências onde funciona o curso de Medicina como “O Monte Olimpo”. Afirmam que a maior parte dos alunos desse curso é assim mesmo. E eles já deram várias mostras de como serão quando formados. Houve até denúncias de perseguições a alunos que entraram via judicial no curso e que sofreram todo tipo de perseguição pelos nossos futuros médicos. Se for verdade, dá para entender o porquê desse terrorismo antecipado lá na Unir. Seria "mal de médico"?

É sabido também que salários altos não resolvem problemas em nenhum setor da sociedade. Melhora apenas a vida dos profissionais beneficiados. A saúde em Rondônia, por exemplo, está um caos e sempre esteve. Veja-se o caso escabroso do Hospital João Paulo Segundo. Será que aquele absurdo foi resolvido? E a saúde municipal anda bem? O Secretário de Saúde da Prefeitura, Williames Pimentel está em cana. Foi pego numa das operações da Polícia Federal. Quantas mortes ocorreram com a epidemia de dengue em nossa cidade? O Estado está preparado para enfrentar a gripe suína que se aproxima? Como é o atendimento nas policlínicas do município? E no interior do Estado, como está a Saúde?

Coitados dos professores. Se tiverem que fazer uma greve anual para receber a migalha de 4,5% de aumento, levarão 45 anos em média para terem seus salários equiparados ao dos colegas médicos. Se for professor da Prefeitura de Porto Velho, o tempo quase que dobrará. Isso se o salário dos médicos for congelado durante todo este tempo. Ou seja, professor no Brasil nunca vai ganhar igual a um médico. Em Rondônia, pior ainda. Há muitos países onde existe quase uma equiparação entre quem dá aulas e quem cuida da saúde da população. Nas nações onde a educação é valorizada há uma preocupação do Estado em valorizar todos os profissionais de forma igualitária. Lá sim, “educação em primeiro lugar”.

Quem já viu uma greve de médicos? Quem já viu os profissionais de branco apanhando e sendo “cacetados” pela polícia no meio da rua? Qual o Estado que humilha ou humilhou seus médicos? Essa profissão tem tanta deferência que mesmo sem ter defendido tese de doutorado o sujeito é chamado de doutor. O Estado e os governantes deveriam ver isto, mas fazem vistas grossas. A sociedade se cala diante destes absurdos. Só que todos indistintamente já passaram ou passarão pelas mãos do professor, é o que diz o ditado popular. E ninguém assume publicamente ser contra a Educação, mas nas suas ações o primeiro a “ferrar” o professor é o próprio Estado ao lhe pagar salário de gari. Uma pena.



*Leciona na Escola João Bento em Porto Velho

terça-feira, 6 de abril de 2010

Contatos Imediatos de Terceiro Grau em Rondônia?


OVNI’S nos céus de Rondônia!


Professor Nazareno*


Essa não é a primeira vez que Objetos Voadores Não Identificados buscam fazer contatos com Rondônia e os rondonienses. Há menos de dois anos, na localidade de Surpresa, município de Nova Mamoré, vários moradores juram que viram “discos voadores” rondando aquela localidade. E agora desta vez, foram fotografados vários pontos de luz voando nos céus de Guajará Mirim. O site rondoniaovivo divulgou em primeira mão o acontecido. Antes eu não acreditava na existência de tais objetos, mas diante dos fatos tenho que “dar a mão à palmatória” e admitir publicamente que seres de outros planetas podem estar realmente querendo fazer contato conosco. E os motivos são muitos.

Vamos imaginar que os habitantes destes fictícios planetas distantes tenham em sua sociedade um Poder Legislativo, uma espécie de Assembléia Legislativa como a nossa. Com estes contatos eles poderiam incrementar ainda mais a função do legislativo deles. Indicaríamos o nosso Deputado Estadual Jesualdo Pires para fazer os contatos imediatos. Os visitantes extraterrestres aprenderiam, por exemplo, como legislar sobre “defecar em terminais rodoviários” ou então “como devolver dinheiro do povo ao Poder Executivo” mesmo que houvesse inúmeras obras para serem feitas em suas cidades. Eles só não poderiam ser filmados...

Roberto Sobrinho, o Prefeito da capital, poderia também receber os visitantes. Não por se parecer com um E.T. com aquele bigodinho, mas principalmente por que inovou na administração da cidade. Sem buracos nas ruas, sem valas transbordando de sujeira e tapurus, Porto Velho seria copiada imediatamente pelos administradores e autoridades de outras galáxias. Sobrinho poderia também mostrar o maior cabedal de obras inacabadas da história porto-velhense. Falaria da ponte sem estrada e das Hidrelétricas que devastam o nosso meio ambiente e geram energia apenas para fora do Estado. E o nosso futebol com spray de pimenta e jogadores morrendo de fome? Meu Deus, eles ficariam loucos.

O ex-governador Ivo Cassol também faria um grande favor a Rondônia e ao povo daqui se quisesse dar as boas vindas aos viajantes do espaço. E nem precisava tirar o chapéu. Com pose de estadista de Primeiro Mundo, mostraria como não investir quase nada na educação ou na saúde e ainda assim deixar o governo com altos índices de popularidade. Diria aos “homenzinhos verdes” que criar milhares de cargos comissionados e andar com um batalhão de seguranças pagos pelo erário é uma das lições do bom administrador. Talvez alguns deles, curiosos, quisessem saber como comprar votos a cem reais e não ser cassado pelo TSE. Ou então como “cacetar” professores em greve e ainda ser aplaudido.

Como se pode ver, se seres de outros mundos nos visitassem não teríamos nenhum problema. Nós mesmos poderíamos até mostrar para eles “as três caixas d’água” e diríamos que elas só são adoradas pela população de Porto Velho porque representam a beleza. Eles iriam acreditar. Extraterrestre é bicho besta, parece até com rondoniense. Mostraríamos também o nosso porto, aquele barranco fedorento que dá nome à cidade. Inventávamos uma desculpa qualquer se eles reclamassem de alguma coisa. Por isso, devemos todos nós dar as boas vindas aos seres de outros mundos que querem fazer contanto conosco. Torçamos para que eles venham. Já pensou se eles aparecem aqui na época do “Arraial Flor do Maracujá”?


*O professor Nazareno leciona em Porto Velho.


domingo, 4 de abril de 2010

A verdadeira "História Política" de Rondônia


Rondônia, Terra de Poucos Governadores!


Professor Nazareno*


Todos os estados brasileiros têm entre os seus milhões de cidadãos vários deles que já foram ou são governadores. Do Próprio Estado ou de outras unidades da Federação. Rondônia é quase uma exceção a essa regra. Criado em dezembro de 1981 e não no ano seguinte como há muito tempo se comemorava por aqui, o nosso jovem Estado já teve exatos nove governadores entre interinos e titulares. E quase todos os chefes do Executivo local são de fora: Rio Grande do Sul, Paraíba, São Paulo, Goiás, Paraná e Santa Catarina, são os lugares até agora que “emprestaram” alguns de seus cidadãos para serem nossos governantes.

A incrível seqüência de governadores ruins em nosso Estado começou com Jorge Teixeira de Oliveira, o Teixeirão. Com nome de estádio de futebol, esse gaúcho foi um preposto da Ditadura Militar em Rondônia. Nunca recebeu um único voto em toda a sua vida. Por ser aparentado do ex-ministro do Interior, Mário Andreazza e com a missão de transformar o então Território Federal em Estado, Brasília deu-lhe além de muito poder, dinheiro aos montes. Com tantas benesses assim, dizem as más línguas que qualquer administrador de fundo de quintal teria feito muito mais do que ele. Numa despedida patética, deixou Rondônia sob vaias.

No início da Nova República em 1985, Sarney apeou-lhe do cargo. E não por ser apenas um Coronel. Mesmo que fosse General ele teria saído. Eram os novos (e maus) tempos. E parece que o Coronel não deixou boas lembranças por aqui. Até a Avenida que levava seu nome foi transformada em BR na atual administração municipal. Coube a ele, no entanto, indicar para governar o Estado durante exatos 42 dias, a advogada paraibana Janilene Melo. Dizem que foi nesse período que houve a maior “enxurrada de paraíbas desempregados” vindos para ocupar cargos públicos em Rondônia. Foi a primeira mulher a governar um Estado. Apenas isso.

Ângelo Angelim, outro preposto, só que da oposição, assume também de forma biônica como o terceiro governador do Estado. Com nome de dupla caipira, esse professor paulista só governou por causa de sua ínfima votação para deputado estadual e de sua conhecida incompetência para administrar algo. Professor nunca administrou nada mesmo. Assume um mandato tampão à espera do titular Jerônimo Santana, o Bengala. O mais catinguento de todos, Jerônimo terminou sua desastrada administração sitiado, junto com o seu Secretário da Fazenda, fugindo dos servidores públicos que estavam há três meses com os salários atrasados.

Por causa da morte de Olavo Pires, metralhado em plena via pública, é finalmente eleito após o segundo turno, Oswaldo Piana, o primeiro e único até hoje governador nascido em Rondônia. Sua administração foi também mais outro desastre. Achatou os salários do funcionalismo e pintou de cor-de-rosa o Palácio Presidente Vargas. Foi em seu mandato que a sede do Executivo rondoniense virou “a casinha da Barbie”. Depois dele, Valdir Raupp, de sotaque caipira e hoje Senador, governou o Estado, porém o seu maior feito foi a falência do Beron, uma instituição que todos acreditavam ser um Banco. Pagamos até hoje por isso.

José Bianco sucede a Raupp e de início demite dez mil servidores públicos estaduais. Foi apedrejado por professores na sede social do Sintero e usava como primeira-dama a esposa do então Vice-governador. Entrega o cargo a Ivo Cassol, o que recebeu flores dos educadores. Acusado de comprar votos a cem reais, Cassol se livra de cassação certa pelo TSE e entrega o poder a seu vice João Cahulla que inicia os trabalhos com o palácio quase ocupado por grevistas num sururu daqueles. Este ano elegeremos o décimo governador de Rondônia. Todo cuidado é pouco, pois “na pisada que vai” o Saci-Pererê, o Jeca Tatu, o Boitatá ou qualquer outra assombração vai querer mandar nos rondonienses. Vamos acertar dessa vez?


*O professor Nazareno leciona em Porto Velho.