segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Você foi à Parada do Orgulho Gay?



Passeata Gay: Falta de Consciência Política?


Professor Nazareno*

           
            Com o objetivo de promover o lançamento da 9ª Parada do orgulho LGBT de Porto Velho, que foi realizada no domingo, 28 de agosto de 2011, com o tema religioso: “Amai-vos uns aos outros, nós temos direitos”, o Grupo Gay de Rondônia, GGR, concedeu entrevista coletiva, envolveu a mídia falada e escrita, citou autoridades, criou sensacionalismo estéreo, convocou para reunir, reuniu para convocar, fez e aconteceu na fixa e equivocada idéia de produzir algo de extremamente útil aos seus seguidores e participantes. Não se pode discutir o direito de quem quer que seja de fazer reuniões, passeatas ou desfiles. Além de ser legal é perfeitamente aceitável pelo fato de vivermos em uma democracia. Os homossexuais são importantes para qualquer sociedade e toda e qualquer forma de intolerância ou discriminação deve ser repelida, repudiada e combatida ferozmente para evitar tantos crimes contra gays como vemos pela mídia.
            No entanto, estes desfiles têm, em alguns casos, despertado a reação da sociedade mais conservadora. A Marcha para Jesus pode ser um exemplo. Anualmente religiosos dizem que colocam muitos milhões de seguidores nas ruas do Brasil. Todas estas manifestações são importantes, mas infelizmente focam na direção errada uma vez que desviam a atenção dos problemas que realmente deveriam ser enfrentados pela sociedade civil organizada. Viver uma vida de orientação sexual diferenciada ou adorar a Cristo não resolve os gargalos que fazem do nosso país uma das sociedades mais atrasadas e injustas do mundo. Com efeito, em nenhuma destas manifestações se observa qualquer tipo de panfletagem política ou de conscientização dos participantes sobre os reais problemas que tanto nos afligem diariamente. Os homossexuais são muito mais importantes do que passeatas gays. Os Evangélicos também são mais superiores do que marchas criadas com o objetivo apenas de contrapor idéias diferentes. Guerra, não.
            Por isso, colocar 100 mil pessoas ou mais nas ruas de Porto Velho apenas para dizer que se aceita o que é diferente é um desperdício. Assim como cinco milhões nas ruas de São Paulo. E tantos outros milhões em outras cidades deste país. Essas pessoas "de orientação sexual diferenciada" e os religiosos deviam "emprestar" apenas 10% deste contingente para sair às ruas da nossa cidade reivindicando melhorias no Hospital João Paulo Segundo, mais ética na política ou uma educação pública de qualidade, por exemplo. Teriam tais atos, talvez, muito mais praticidade e consciência política do que fazer passeatas que muitas vezes afrontam esta mesma sociedade vítima deste Estado incompetente e inoperante. Por ser “lésbico” assumido, estive na passeata do orgulho gay e não vi nada que a diferenciasse de um simples carnaval (mais um) fora de época. Um homossexual deve sentir orgulho do que é como qualquer pessoa o faria, mas sentir orgulho de uma passeata barulhenta e sem sentido é pura tolice, falta do que fazer.
            Além do mais, estes mesmos desfiles são vistos por muitos como pura e simples apologia às drogas e outros tipos de entorpecentes. Havia muitas pessoas, como sempre, embriagadas, seminuas e se drogando em plena via pública dando um péssimo exemplo aos jovens e crianças. Os nossos problemas são muito maiores e de uma dimensão muito superior do que tolos desfiles carnavalescos em tom de oba-oba. Discriminação e homofobia são crimes e devem ser encarados e punidos como tal. Já há legislação pertinente para isso sem precisar de passeatas que sujam as ruas e mostram o verdadeiro caráter dos gays, lésbicas e afins: falta-lhes, na maioria dos casos, visão crítica, participação política e acima de tudo demonstram ter uma mentalidade baseada na premissa de que tudo é festa, tudo é manchete, tudo é brincadeira, tudo é purpurina. Já os religiosos, que também sujam as ruas e tentam mostrar a sua supremacia, deviam perceber que o simples fato de adorar a Cristo já é em si uma grande superioridade.
            Gays, lésbicas e religiosos unidos com o restante da população para exigir e reivindicar os seus mais elementares direitos e a sua cidadania é o que falta a Rondônia e ao restante do Brasil. O mundo é muito mais cruel do que "purpurinas e desfiles". Se todas as pessoas que se dizem discriminadas e perseguidas no Brasil e no mundo tivessem que fazer desfiles e passeatas, teríamos que permitir ou assistir às mulheres, os negros, os hemofílicos, os pobres, e mais um montão de pessoas se organizando para tão somente sujar as já imundas ruas deste país e desta cidade. Porém se estas pessoas usassem seu poder de persuasão e de organizar passeatas para cobrar um Estado competente em suas vidas, o país mudaria. Outro dia, um internauta escreveu um comentário resumindo a ópera: “Isso não passa de pretexto para fazer carnaval. Dia do orgulho o quê? desde quando ser heterossexual, homo ou bi é motivo de orgulho? Devemos nos orgulhar, sim, de sermos cidadãos sérios, honestos, responsáveis e cientes de nossos direitos e deveres. Respeito não se exige, se conquista e há maneiras bem mais louváveis, éticas e aceitáveis de conquistá-lo”. Pelo visto, a discussão está só começando.






*É Professor em Porto Velho.

domingo, 28 de agosto de 2011

Querem acabar com o Projeto Terceirão do JBC


PROJETO TERCEIRÃO DO JBC NA MIRA DE INVEJOSOS


Professora Soniamar Salin*


Que o Projeto Terceirão  desenvolvido na Escola João Bento da Costa causa inveja a muitas pessoas isso é fato, porém até a presente data ainda não se observava de forma clara e objetiva o quanto o sucesso de alunos e  professores que trabalham no projeto causava/incomodava os demais professores da própria escola.

O ex-Diretor Suamy sempre deixava claro que o Projeto desenvolvido pela Escola começava na 1ª série do Ensino Médio e,  a equipe que trabalha na 3ª série/ensino Médio sempre concordou com isto  juntamente com a atual Direção Prof. Francisco e Professora Elizabete, pois a aprovação de inúmeros alunos para as Universidades vem de uma base bem trabalhada nas primeiras e segundas séries do Ensino Médio, porém Educadores que atuam na 3ª série do Projeto Terceirão vêm sentindo-se desestabilizados neste ano de 2011 devido a denúncias infundadas de um colega Professor ao Ministério Público e ao Conselho de Educação.

O projeto para quem não tem conhecimento vem sendo desenvolvido há 10 (dez) anos. Iniciou no ano de 2001,  numa perspectiva de escola inclusiva oferecendo oportunidades aos alunos de diferentes condições sócio-econômicas, culturais, capacidades e interesses. José de Arimatéia Dantas, Walfredo Tadeu Vieira da Silva e José do Nazareno Silva foram os idealizadores, partindo da premissa da formação inadequada de alunos da escola pública que concluem o Ensino Médio e não conseguiam ingressar em uma Universidade Federal pela falta de conhecimentos suficientes em igualdade de condição com os outros jovens de classe média que estudavam em instituições privadas da cidade, os quais são mais preparados para enfrentar um vestibular. Realizando um trabalho de boa qualidade na escola pública, os jovens de baixa renda teriam mais chances de ingressarem na universidade, pois estariam habilitados a enfrentar os novos desafios do século XXI o qual está sendo chamado de século do conhecimento, com mais saberes aliados à competência tornando-se indispensável para a vida cidadã e para o mundo do trabalho, ou seja, o projeto surgiu pela iniciativa dos próprios professores que foram lotados na Escola visando dar condições à comunidade carente ao ingresso nas Universidades via vestibular, Prouni e SISU recebendo total apoio do ex-Diretor Suamy (na época da implantação), da SEDUC e da comunidade que viu aí a chance de seus filhos não pararem seus estudos ao final do Ensino Médio, tanto é, que hoje a Escola conta com alunos dos 4 cantos da cidade que buscam vagas ali em busca de uma boa preparação para o vestibular.

Até o ano de 2010 o Projeto da forma como foi e é trabalhado (com simulados freqüentes, aulas aos sábados, aulões, palestras em parcerias com terceiros, aulas extras no horário contrário) só fez aumentar o número de alunos preparados da escola pública aprovados nas Universidades Federais (em 2010 além da UNIR, também na UFAC, UFMT, PUC, UFRJ, IFC, UFRGS, UFAM,UFPA entre outras), bem como nas faculdades Particulares através do PROUNI e, isso é fato e não se questiona, pois basta pegar os resultados e verificar e, não havia até então questionamentos infundados como os que vêm ocorrendo neste ano. Todo esse resultado positivo do Projeto Terceirão da referida Escola é de conhecimento das autoridades competentes do Estado, bem como do MEC, além de que sempre foi divulgado na imprensa local e, não há autoridade (Secretários, Governador, Vereadores, Prefeito) que não tenha conhecimento, por isso é inadmissível que um professor que não se enquadra no projeto pedagógico da Escola venha querer denegrir a imagem e os resultados obtidos no projeto. Vale ressaltar aqui que o professor em questão já trabalhou no projeto no início e nunca reclamou por as turmas estarem juntas, pelo fato das turmas terem aulas extras fora do horário e aos sábados, bem como pela compra de material mas embora não reclamasse foi justamente devolvido à SEDUC pela falta de compromisso com os alunos, retornando  ao quadro este ano via REN. Todos sabem que o Governo não disponibiliza material concernente ao conteúdo regional, então pergunta-se: Qual o problema de os alunos precisarem comprar um livro de R$20,00 para suprir a necessidade do aprendizado? Qual o problema de os alunos voltarem em horário contrário para freqüentar aulas-extras com professores contratados pelo Projeto? (Será que ele vai denunciar o Dr. Confúcio por estar querendo implantar a escola integral no Estado?) Qual o problema de todos estarem engajados numa luta comum trabalhando com rifa uma vez ao ano para sanar problemas pertinentes ao projeto, já que os recursos oriundos do MEC têm seu destino próprio? Se isso não incomoda os alunos que participam e os pais destes, por que somente o professor denunciante  se vê "ferido" diante de tais ações? 

Lembramos que no início do ano letivo devido à falta de professores no projeto que amplia a cada ano foram oferecidas as turmas aos professores integrantes do quadro daescola João Bento, mas nenhum se predispôs a trabalhar no 5º tempo e aos sábados e declinaram do convite fazendo com que a Direção buscasse fora pessoas que podiam e queriam trabalhar no projeto, pois acima de tudo exige-se compromisso com a ementa (muitas vezes esquecida pelos nossos professores); exige-se compromisso e responsabilidade com um trabalho direcionado às competências e habilidades do Enem, ou seja, exige-se qualidade na aprendizagem de nossos alunos e, infelizmente os que criticam são justamente àqueles que não têm compromisso com a educação, pois além de chegar atrasado, acabam a aula antes do horário, faltam frequentemente, não participam de reuniões pedagógicas, dos conselhos bimestrais, não participam da reunião com os pais e muito menos participam de atividades desenvolvidas na Escola.

Com relação às aulas ministradas por professores de reforço (aulas extras), as mesmas fazem parte da Proposta do Projeto Terceirão já de conhecimento da SEDUC e dos professores de 1ª a 3ª série/Ensino Médio compromissados com a escola e são ofertadas para que sejam apresentados conteúdos desconhecidos dos alunos (conteúdos não ensinados nos 1º e 2º anos do Ensino Médio) bem como para reforçar conteúdos trabalhados na ementa e que os alunos possuem dificuldades em absorvê-los. Todos sabem que a SEDUC não lota professores apenas para reforço e o que a Escola faz, nada mais é do que tentar sanar os problemas de dificuldade de aprendizagem do aluno e NENHUM aluno jamais foi impedido de freqüentar as aulas por não ter participado da venda da rifa ou de não ter comprado os livros de regionais, pois a escola possui acervo disponível a alunos que não adquiriram os livros. Dificuldades são várias as encontradas no projeto, mas nada tira o mérito dos bons resultados.

Então fica aqui um questionamento: Vale a pena ACABAR com um projeto que tem levado benefícios aos alunos da Escola Pública? Ressaltamos que os Educadores que trabalham na série em questão não precisam da Escola, pois são competentes para trabalhar em qualquer escola do país, quem precisa desses Educadores são os alunos da comunidade que necessitam de um aprendizado de qualidade, pois se tivessem um Ensino Médio de qualidade desde o início não precisariam de aulas de reforço e compra de material regional para suprir suas necessidades, mas sabemos que a falta de professores, a falta de pessoas compromissadas que passam pela vida do aluno em várias escolas sempre deixam lacunas que precisam ser sanadas e o Projeto em questão (disponível no site: www.joaobentodacosta.webs.com) nada mais é que um Projeto simples que visa à aprendizagem com qualidade sanando as dificuldades.

Então, ficam aqui alguns recados:

Ao denunciante: Dê uma boa aula em suas turmas e pare de perseguir os Educadores do Projeto, pois como se sabe, o senhor já foi diretor em uma escola pública e trabalhou com rifas, bem como com aquisição de material, então por que essas denúncias infundadas objetivando apenas criar conflitos na escola?  O JBC não precisa desse tipo de profissional! Leia e Conheça o projeto disponível na escola e no site citado acima. Quem sabe o senhor consegue entendê-lo! Qualquer dúvida é só perguntar...

À Galera do Terceirão: Força e Garra, Galera! Esse tipo de educador não merece sequer ser olhado com desprezo por vocês! Vão em frente!

À Direção da Escola: Pessoas que desestabilizam a escola não merecem fazer parte desse quadro de excelência e competência. Tomar providências se faz necessário, pois o projeto conta com parecer da SEDUC e do MEC e jamais uma ação desenvolvida foi realizada  às escondidas.Pessoas como o denunciante são capazes de influenciar uma equipe inteira levando ao fracasso uma escola que dá certo.


Às Segundas séries/Ensino Médio do JBC: Fiquem alerta, pois o Projeto Terceirão pode acabar, pois nem todos os professores estão disponíveis para  trabalhar de forma gratuita aos sábados, domingos e feriados. Apoio é necessário.

*A Professora Soniamar leciona no Projeto Terceirão do João Bento.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O Nome do Novo Teatro de Rondônia


O Nome do Teatro Estadual

Professor Nazareno*

            O nome do Estado de Rondônia é uma homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, um mato-grossense, como todos sabem. Treze anos após a criação do Território Federal do Guaporé, de terras desmembradas do Estado do Mato Grosso e do Amazonas, e uma justa lembrança do rio e do belo vale que nos separa do território boliviano, resolveram fazer proselitismo com os forâneos, ainda que no início o sertanista não tenha aceitado o fato, dois anos antes de sua morte deixou-se vencer pela idéia. Até hoje, o nome Rondônia só é conhecido praticamente pelos habitantes daqui. Em qualquer outra capital do país é um nome bizarro e prá lá de exótico.
            A cultura de agradar ao que é de fora, muito comum no “comportamento de vira-latas” do brasileiro, segundo o cineasta Glauber Rocha, também é bastante forte entre os rondonienses. A começar pelo nome da maioria das ruas da nossa capital. A principal avenida do centro de Porto Velho se chama Sete de Setembro, isso é fato. Nenhum problema já que nos consideramos brasileiros mesmo. Mas se esperássemos seis dias (13 de Setembro) o nome soaria bem mais familiar para os que viveram a epopéia do antigo Território. Avenida 13 de Setembro seria bem mais realista para os porto-velhenses. Avenidas Jatuarana, Calama e Rio Madeira, esta última rebatizada erroneamente com o nome de Chiquilito Erse, seriam honrosas exceções.
             Já a maioria das outras ruas importantes do centro da capital leva nomes pouco familiares para quem nasceu e vive aqui: Percival Farquar, Campos Sales, Pinheiro Machado, Carlos Gomes, Marechal Deodoro, Almirante Barroso, Duque de Caxias e até a atual Jorge Teixeira, que não pertence mais aos rondonienses, tinha o nome de John Kenedy para homenagear e adular um presidente que nem do Brasil era. Agora esta importante avenida da nossa cidade é uma BR federal por obra do “JK da Amazônia”. O único nome apropriado parece ser o da capital. O porto, que não existe, é velho mesmo: um barranco sujo, fedorento, mal cuidado e cheio de imundícies dá nome à cidade.
            Por isso a construção do teatro pelo Governo do Estado pode estar no centro de uma grande polêmica. Inicialmente o Exército Brasileiro tentou vetar a idéia invadindo o terreno, com tanques e tropas, numa operação patética característica de quem não tinha e nem tem o que fazer. E este teatro deve ter um nome, claro. A prefeitura de Roberto Sobrinho incrivelmente inovou nesta área e batizou de “Banzeiros” o teatro Municipal. Por que não colocar o nome de Ivo Cassol? Ou então o nome (desconhecido para todos) do General da 17ª Brigada de Infantaria e Selva? Guerreiros da cultura, ora. Outros nomes bastante sugestivos seriam Teatro Rafinha Bastos (uma justa homenagem). Marco Prisco, aquele baiano também seria um nome muito bom. Que tal Eliane Brum, a jornalista da Revista Época que disse ser Porto Velho uma cidade imunda? Aviso aos idiotas: o meu nome não serve para batizar absolutamente nada.
            O que não pode acontecer é fazer o que fizeram com o Ginásio de Esportes, que nunca serviu para a prática de esportes, Cláudio Coutinho (que certamente confundia Rondônia com Roraima e nunca veio aqui). Seria óbvio que o nome do novo teatro refletisse um pouco da nossa realidade, do nosso cotidiano, da nossa fauna ou da nossa riquíssima flora. Devemos ficar alerta, pois os rondonienses são um povo estranho quando tentam nomear algo: encenam a Semana Santa em pleno mês de junho contrariando assim o calendário ocidental, além de importar nomes exóticos para os seus festejos e arraiais como o ‘Flor do Cacto’ e o famosíssimo e polêmico ‘Flor do Maracujá’. Há bairros por aqui com três ou quatro nomes. E a linha de ônibus Presidente Roosevelt? Nem rua, nem praça, nem bairro, nem nada. Assim, podem querer nomear o novo teatro homenageando um “Zé Ninguém” ou qualquer idiota sem futuro. Quando o rio Madeira deixar de carregar troncos, mudará de nome também?


*É Professor em Porto Velho – profnazareno@hotmail.com

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Brasil: um país inteiro anestesiado pela ficção



Quem será que matou Norma?


Professor Nazareno*


Algo extremamente importante para os destinos da nação será desvendado hoje no Brasil: finalmente a população brasileira ficará sabendo quem matou a Norma, personagem vivida por Gloria Pires na trama da novela “Insensato Coração” de Gilberto Braga e Ricardo Linhares que é exibida no horário nobre da Rede Globo. Mais de 90 milhões de telespectadores, segundo estimativas globais, estarão à noite em frente à telinha para saber o resultado final da trama. Assim como o assassinato de Salomão Hayalla, personagem da reprisada novela global “O Astro”, e de Odete Roitman, da também global “Vale Tudo”, a morte desta personagem une os brasileiros (idiotas e alienados em sua grande maioria) de norte a sul do país numa espécie de “frenesi nacional” para desvendar os mistérios da ficção. Só ficção mesmo, já que para Literatura há ainda uma grande distância a ser percorrida.
Há um ditado popular muito conhecido e que muitos o atribuem a Platão: “os seres humanos sábios e inteligentes falam sobre idéias e pensamentos, os normais falam sobre coisas e os medíocres falam apenas sobre pessoas”. Se este ditado estiver correto, está explicado o porquê de tanto sucesso que as novelas brasileiras fazem aqui no Brasil. Somos uma nação de pessoas vadias, despolitizadas e medíocres em sua grande maioria. Deixamo-nos anestesiar por tolices sem nenhuma importância cultural, social, política ou histórica apenas com preguiça mental ou medo de discutir os reais problemas que afligem o país. Damos a audiência de que as emissoras tanto precisam para embrutecer a nação e imbecilizar ainda mais o povo com o seu pífio nível de programação diária. Como se já não bastassem os imorais programas policiais, o horário político gratuito e o ridículo BBB ou A Fazenda.
Porém, adivinhar quem matou a Norma seria apenas um jogo de coerência e lógica. Particularmente eu acho que foi o Roberto Sobrinho, Prefeito de Porto Velho.  Afinal ele ajudou na morte do PT de Rondônia e também assassinou a paciência dos motoristas da cidade com suas incontáveis obras inacabadas. Para “executar o serviço” seria a coisa mais fácil do mundo: viajava com qualquer um dos seus secretários para Fortaleza no Ceará, se hospedava no luxuoso hotel da Marquise e de lá, sem a imprensa saber, dava um pulinho até o Projac no Rio de Janeiro e pronto. Além do mais, seria muito bom para nós de Rondônia. O nosso Estado ganharia fama nacional e ficaria muito famoso e conhecido no Brasil inteiro, já que quase ninguém fora daqui sabe que Rondônia existe. Além dele, quem mais poderia pousar de suspeito por ter realizado esta grande tragédia nacional?
Talvez a Assembléia Legislativa do Estado possa abrigar em seus quadros o suposto assassino. Isto porque “esta casa de leis” foi acusada recentemente por parte da mídia local de, na calada da noite e em conluio com o Poder Executivo, ter aprovado a isenção de quase um bilhão de reais em impostos das usinas do Madeira. Claro que isto não é verdade. Já ficou provado que todos os deputados estaduais de Rondônia trabalham em benefício do povo e não fariam tal coisa. Se ela não existisse, Rondônia não seria o que é: um Estado pujante, altamente desenvolvido, com altos índices de IDH e que ruma inexoravelmente para o progresso. Ai de nós, se não fossem esses grandes legisladores que temos. Quando vejo uma propaganda da ALE logo me vem à cabeça o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Por isso, deve-se entender que nenhum deles possa ter matado a Norma. Não faria sentido algum.
Mas se não foi ninguém de Rondônia, quem teria sido então? Talvez um dos muitos Ministros demitidos do Governo da Dilma. Ressentidos, resolveram se vingar do povão. Além do mais, pesam contra eles acusações de envolvimento em casos escabrosos de maracutaias e desvio do dinheiro público. Se for verdade, matar uma pessoa seria então “um café pequeno” para alguns deles. Mas amanhã, o país amanhecerá mais aliviado. Saberemos enfim quem foi o responsável. O país acordará de uma utopia e já na segunda-feira embarcará em outra pior ainda. Sabemos quem matou Norma, Odete Roitman ou Salomão Hayalla e não queremos saber quem nos mata diariamente ao desenvolver em nós a incapacidade de pensar sobre a dura realidade que nos cerca. Para muitos brasileiros babacas, é mais importante saber quem assassinou um personagem da ficção do que quem nos mata diariamente em nossos “açougues-hospitais”.  Por que saber a quantas anda o atendimento no Hospital João Paulo Segundo se posso viver a mesma realidade só que de mentirinha? Quando os viadutos de Porto Velho serão terminados? Quando esta sociedade medíocre e alienada valorizará a educação? Quando os nossos políticos deixarão de roubar o nosso suado dinheiro? Quando, enfim, haverá mais ética na política? Quando seremos chamados de povo em vez de público? Há dois dias morreu Norma, a personagem fictícia da novela, e a partir de hoje continua morrendo um país inteiro mergulhado no faz-de-conta de sua idiota gente.




*É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Que calor, que falta de água!



“Água mole em pedra dura...”


Professor Nazareno*

            Imaginemos duas cidades brasileiras de duas regiões bem diferentes entre si. Porto Velho, capital do Estado de Rondônia, dizem que com aproximadamente 400 mil habitantes, região Norte do país e localizada em plena floresta Amazônica e Cabaceiras quase um vilarejo empoeirado com pouco mais de 4 mil pessoas, na região do Cariri paraibano, uma das regiões mais secas do mundo e sem dúvida a região mais árida do país com um índice pluviométrico baixíssimo. Certamente o que não é comum entre as duas cidades citadas é a abundância de água em uma e a escassez na outra. A miséria com certeza se faz presente nas duas bem como a existência de ruas esburacadas, sujas, fedorentas e sem nenhum planejamento. A presença de políticos picaretas também é muito comum aqui e lá. Só que em ambas, o povo é muito dócil.
            Banhada pelo imponente rio Madeira (já sentenciado de morte), um dos 15 maiores rios do mundo em extensão e o segundo maior do Brasil em volume de água perdendo somente para o rio Amazonas, além de uma infinidade de lagos, furos, igarapés e um dos mais altos índices de chuva do mundo e próxima a outros rios também grandes e caudalosos como o Candeias, Jaci-Paraná e Jamari, a capital de Rondônia sofre há anos com a falta do precioso líquido nas torneiras domésticas. Houve promessas (só promessas mesmo) de água potável para todos na capital com as obras do PAC. Era a esmola que tentaram nos dar em troca das hidrelétricas. A cidadezinha de Cabaceiras tem água potável 24 horas por dia. Lá, aqueles paraibanos não sabem o que é uma bomba para poço nem talvez o significado de artesiano. Sortudos.
            A Cagepa, Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba, abastece diuturnamente os mais de 230 municípios paraibanos com água potável e com pressão suficiente para fazer jorrar as torneiras sem precisar de bombas nem de caixas de água ou cisternas. Enquanto isso a Caerd, a nossa companhia de água (só água mesmo porque não há esgotos por aqui), contenta-se em mandar a cada dois dias um mísero filete do líquido que mal chega às casas dos rondonienses. Sem bomba de captação, adquirida por conta do pobre consumidor, não há abastecimento. Não são poucos os bairros da capital que não são atendidos pela estatal. Poço comum, geralmente cavado ao lado de uma fossa e já contaminado por fezes, ou artesiano é uma rotina para a maioria dos nossos habitantes. Neste verão são muitos os casos de falta de água na cidade.
            Se com tanta água disponível a Caerd (que de tão velha e ultrapassada ainda não atualizou a sigla, pois usa a mesma desde quando isto aqui ainda era território) não consegue abastecer dignamente a população, resta saber para que serve ela, então? Por que os inúmeros governos que por aqui passaram simplesmente não privatizaram o sistema de captação e distribuição de água? Quando será que a nossa população terá água encanada nas suas torneiras sem precisar comprar bombas, cavar poços e fazer cisternas? E a cidade de Porto Velho, uma capital de Estado, quando terá 100% de rede de água e esgotos? Ou será que tudo isso são apenas sonhos distantes? A Sanepar, Companhia de Água e Esgotos do Paraná já pensa, por exemplo, em duplicar a oferta de serviços para seus clientes disponibilizando dois tipos de água: a tratada para consumo humano e a sem tratamento específico para serviços gerais como descargas, lavagens de carros, limpeza de calçadas e outros fins. Como Curitiba é muito limpa gastará pouca água...
     Enquanto as companhias de abastecimento de água de outras unidades da federação já estão em ritmo de Primeiro Mundo, os porto-velhenses, apesar de tanta disponibilidade do produto, lutam desesperadamente para conseguir superar mais um verão sem água. E provavelmente com muita poeira. E não adianta muito apelar para as soluções alternativas. Enquanto por aqui um garrafão de 20 litros de água mineral custa hoje entre 4 e 6 reais a unidade, em Cabaceiras, lá no Cariri seco da Paraíba, está custando cerca de três reais. Dá para entender um absurdo destes? “Mas para uma cidade que produzia maracujás quando era pequena e depois que cresceu inexplicavelmente perdeu esta característica pode-se esperar de tudo.” É, parece que o ditado popular está certo mesmo: “Deus só dá asas a quem não sabe voar...”.




*Leciona em Porto Velho – profnazareno@hotmail.com

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Meu Deus! O Satanás em Porto Velho?



Porto Velho, a Morada do Belzebu



Professor Nazareno*

               

        Há uns dois meses correu a notícia em toda a cidade de que o “Coisa Ruim”, durante uma noite de festa, teria aparecido em uma das muitas boates bregas de Porto Velho. Ele teria dado as caras numa das mais famosas dessas casas de show e que fica situada na Zona Sul da Capital. De início eu não acreditei em tamanha sandice e achei que se tratava apenas de alucinações de evangélicos fanáticos já que em nossa cidade eles formam um contingente bastante grande. A lorota dava conta de que “o Chifrudo” teria dançado a noite toda, estava impecavelmente vestido de branco e usava chapéu. Uma jovem ao perceber chifres e rabo e, conseqüentemente, desconfiar da aparência estranha do seu cavalheiro, desmaiou e só acordou muito tempo depois em um hospital da cidade. Se esteve no João Paulo Segundo, a moça teve sua dúvida esclarecida: tratava-se mesmo do Inferno e da morada de “Satanás”.
        Primeiramente se “o Cão” quisesse fazer uma visitinha a Porto Velho certamente se sentiria em casa: o calor abrasivo e abafado sempre superior a quarenta graus na sombra deixaria qualquer visitante do Inferno muito bem à vontade em nossa cidade. O odor de enxofre que exala das nossas fedorentas ruas além do lixo e da sujeira espalhados pelos quatro cantos da cidade não deixam qualquer dúvida com qual lugar devemos ser comparados. Animais mortos, podres e muita carniça já fazem parte da nossa paisagem há tempos. Já pensou se “o Diabo” quisesse fazer uma visitinha aos nossos políticos? Começaria parabenizando Roberto Sobrinho, o nosso Prefeito com cara de estadista de Primeiro Mundo, pelas incontáveis obras inacabadas da cidade administrada pelo PT. “Isso só pode ser coisa minha!”, “Isso só pode ser coisa minha!”, certamente diria “o Tinhoso” ao observar o trânsito maluco de uma cidade de menos de 400 mil habitantes. E os viadutos inacabados? “Que coisa maravilhosa, que senso de competência. Nem no Inferno se vêem coisas assim. Parabéns”!
       Claro que “o filho de Satã” ficaria encantado se pudesse ter visto o Arraial Flor do Maracujá funcionando. Poeira, catinga de fezes e carestia. Ele se sentiria em casa, de novo. Quem sabe até que não lhe mostrariam fotos do “maior arraial sem santo” do norte do país? Curioso, “Lúcifer” elogiaria os católicos da cidade por não fazerem uma festa do santo padroeiro. “Dentre as capitais do país, esta é a única que não perde tempo com estas tolices”, diria “o mandatário-mor” do Inferno. Óbvio que ele reconheceria a sensatez da Justiça local ao doar uma rua inteira para o carnaval fora de época da cidade. “Esse negócio de impedir o direito de ir e vir das pessoas que pagam seus impostos em dia e não podem se deslocar ao aeroporto, ao Hospital de Base e a outras áreas vitais da cidade em benefício de uns poucos sortudos donos de blocos carnavalescos é uma experiência que está dando certo no Inferno. Lá, isso também é chamado de cultura!”, diria “o pé-de-pato”. Além do mais, com o barulho infernal, o uso em público de tudo o que é tipo de droga e a irresponsável lotação dos precários hospitais da cidade, onde se buscariam tantas almas penadas para povoar a morada do “Demônio”?
        Com certeza que como lembrança de Porto Velho, as nossas autoridades dariam bombom de castanha e de cupuaçu ao “Capiroto”, já que fazem isto com todo mundo que nos visita. Presentearam até a nossa Presidente com estas iguarias esquisitas que não servem nem para alimentar quem mora no “mundo das trevas”.  O “Zé Pilintra” ficaria muito alegre se viesse mesmo visitar Porto Velho. Dizem até que já mandou “uma diaba” visitar uma boate no bairro 04 de Janeiro. E devemos torcer para que ele venha, já que a escassez de turistas nestas terras distantes é muito comum. Ele teria muito a aprender com a nossa gente. Dançaria toadas (um tipo de música muito apreciada no Inferno) montaria em um boi de pano, dançaria quadrilha, visitaria o Presídio Urso Branco, a Assembléia Legislativa, o canteiro de obra das usinas do Madeira, algumas escolas públicas da capital e outras repartições do Governo do Estado. Além do mais, “o Capeta” aprenderia a governar as almas penadas usando apenas um simples Blog e para delírio de muita gente daqui, poderia até pleitear uma candidatura à Prefeitura do município de Porto Velho no próximo ano. Partidos políticos e autoridades com o seu perfil é o que não nos faltam. Alguém se arrisca a ser cabo eleitoral do “Chifrudo Malvado”?




*É Professor em Porto Velho.