Porto Velho, a Morada do Belzebu
Professor Nazareno*
Há uns dois meses correu a notícia em
toda a cidade de que o “Coisa Ruim”, durante uma noite de festa, teria
aparecido em uma das muitas boates bregas de Porto Velho. Ele teria dado as caras
numa das mais famosas dessas casas de show e que fica situada na Zona Sul da
Capital. De início eu não acreditei em tamanha sandice e achei que se tratava
apenas de alucinações de evangélicos fanáticos já que em nossa cidade eles
formam um contingente bastante grande. A lorota dava conta de que “o
Chifrudo” teria dançado a noite toda, estava impecavelmente vestido de
branco e usava chapéu. Uma jovem ao perceber chifres e rabo e,
conseqüentemente, desconfiar da aparência estranha do seu cavalheiro, desmaiou
e só acordou muito tempo depois em um hospital da cidade. Se esteve no João
Paulo Segundo, a moça teve sua dúvida esclarecida: tratava-se mesmo do Inferno
e da morada de “Satanás”.
Primeiramente se “o Cão”
quisesse fazer uma visitinha a Porto Velho certamente se sentiria em casa: o
calor abrasivo e abafado sempre superior a quarenta graus na sombra deixaria
qualquer visitante do Inferno muito bem à vontade em nossa cidade. O odor de
enxofre que exala das nossas fedorentas ruas além do lixo e da sujeira
espalhados pelos quatro cantos da cidade não deixam qualquer dúvida com qual
lugar devemos ser comparados. Animais mortos, podres e muita carniça já fazem
parte da nossa paisagem há tempos. Já pensou se “o Diabo” quisesse fazer
uma visitinha aos nossos políticos? Começaria parabenizando Roberto Sobrinho, o
nosso Prefeito com cara de estadista de Primeiro Mundo, pelas incontáveis obras
inacabadas da cidade administrada pelo PT. “Isso só pode ser coisa minha!”,
“Isso só pode ser coisa minha!”, certamente diria “o Tinhoso” ao
observar o trânsito maluco de uma cidade de menos de 400 mil habitantes. E os
viadutos inacabados? “Que coisa maravilhosa, que senso de competência. Nem
no Inferno se vêem coisas assim. Parabéns”!
Claro que “o filho de Satã”
ficaria encantado se pudesse ter visto o Arraial Flor do Maracujá funcionando. Poeira,
catinga de fezes e carestia. Ele se sentiria em casa, de novo. Quem sabe até
que não lhe mostrariam fotos do “maior arraial sem santo” do norte do
país? Curioso, “Lúcifer” elogiaria os católicos da cidade por não
fazerem uma festa do santo padroeiro. “Dentre as capitais do país, esta é a
única que não perde tempo com estas tolices”, diria “o mandatário-mor”
do Inferno. Óbvio que ele reconheceria a sensatez da Justiça local ao doar uma
rua inteira para o carnaval fora de época da cidade. “Esse negócio de
impedir o direito de ir e vir das pessoas que pagam seus impostos em dia e não
podem se deslocar ao aeroporto, ao Hospital de Base e a outras áreas vitais da
cidade em benefício de uns poucos sortudos donos de blocos carnavalescos é uma
experiência que está dando certo no Inferno. Lá, isso também é chamado de
cultura!”, diria “o pé-de-pato”. Além do mais, com o barulho
infernal, o uso em público de tudo o que é tipo de droga e a irresponsável
lotação dos precários hospitais da cidade, onde se buscariam tantas almas
penadas para povoar a morada do “Demônio”?
Com certeza que como lembrança de Porto
Velho, as nossas autoridades dariam bombom de castanha e de cupuaçu ao “Capiroto”,
já que fazem isto com todo mundo que nos visita. Presentearam até a nossa
Presidente com estas iguarias esquisitas que não servem nem para alimentar quem
mora no “mundo das trevas”. O “Zé
Pilintra” ficaria muito alegre se viesse mesmo visitar Porto Velho. Dizem
até que já mandou “uma diaba” visitar uma boate no bairro 04 de Janeiro.
E devemos torcer para que ele venha, já que a escassez de turistas nestas
terras distantes é muito comum. Ele teria muito a aprender com a nossa gente.
Dançaria toadas (um tipo de música muito apreciada no Inferno) montaria em um
boi de pano, dançaria quadrilha, visitaria o Presídio Urso Branco, a Assembléia
Legislativa, o canteiro de obra das usinas do Madeira, algumas escolas públicas
da capital e outras repartições do Governo do Estado. Além do mais, “o Capeta”
aprenderia a governar as almas penadas usando apenas um simples Blog e para
delírio de muita gente daqui, poderia até pleitear uma candidatura à Prefeitura
do município de Porto Velho no próximo ano. Partidos políticos e autoridades
com o seu perfil é o que não nos faltam. Alguém se arrisca a ser cabo eleitoral
do “Chifrudo Malvado”?
*É Professor em Porto Velho.
2 comentários:
Camarada, vc ainda esqueçeu de citar a visitinha na Igreja onde o Tranca Rua, faz a festa e dar espetaculo de segunda a segunda!!!!!!
"Estava ruim lá no Nordeste, profissão de boia-fria não era isso que queria eu fui embora para Porto Velho. Minha cidade era sol e vento e minha vida era passear no lombo de um jumento". Cidade desgraçada é essa Porto Velho, ao invés de acolher um povo culto, acolhe as "farinhas do mesmo saco". Para uma cidade fedida a enxofre e lixo como essa e que recebe até pobres nordestinos em busca de uma vida melhor, receber Lúcifer não é nenhum absurdo.
Postar um comentário