sábado, 28 de dezembro de 2019

Sem retrospectiva em 2019

Sem retrospectiva em 2019

Professor Nazareno*

            Sentados na suja, imunda e fedorenta Jônatas Pedrosa, reconhecidamente a única praça de Porto Velho, e tomando uma cervejinha gelada com açaí e bombom de cupuaçu, estavam Papai Noel, ainda com ressaca do tenebroso Natal que passou aqui, o Satanás e o ex-presidente Lula. Conversavam animados sobre Rondônia, Porto Velho e sua gente. Falavam também sobre o ano que está se encerrando e as perspectivas para o ano vindouro. Papai Noel dizia que 2019 foi o melhor ano para o Estado e para a cidade, enquanto o Beiçudo discordava totalmente e Lula colocava “panos quentes” dizendo que o Estado é o futuro do mundo. “Nunca na História deste país, houve um lugar tão promissor quanto Rondônia”, dizia o petista. E continuava: “aqui tem Banda do Vai Quem Quer, tem hidrelétricas, tem a fumaça das queimadas e muita lama no inverno”.
            O Diabo disse que isto não é sinônimo de progresso e que a única coisa boa que existe nestas distantes terras é o “açougue” João Paulo Segundo. “Se não fosse um lugar bom, as autoridades daqui já tinham construído outro mais moderno”, filosofou o Pé Rachado. Foi quando, depois de um gole, o Velho Noel interveio dizendo que em 2019 construíram um moderníssimo “Fórum” no centro da cidade e o atual governador, inclusive, já assinou a licitação para construir um lindo Centro de Convenções. É o Cidade Cultural. O Capeta disse que não havia necessidade, pois “aqui não há cultura nenhuma”. Foi quando o “Sapo Barbudo” tossiu e explicou: “bobagem, farão uma reforma no estádio Aluízio Ferreira e aqui não há futebol”. “Em terra de gente idiota, dá-se apenas ‘pão e circo’ enquanto o povão mais pobre morre sem nada”, completou.
Em 2019, Porto Velho e Rondônia não tiveram Saúde, saneamento básico, água tratada, Educação de qualidade, mobilidade urbana e nada foi feito”, diziam os três amigos às gargalhadas. Ficou só na promessa mesmo a construção de um novo “açougue” João Paulo Segundo. Só vendo: ficará para 2020. “Aquilo ali é um campo de extermínio de pobres, pois ninguém nunca viu um rico se internar lá”. “Enquanto tiver matando só os miseráveis, se empurra tudo com a barriga”, disse o Chifrudo. “Mas a verba não já teria sido doada pelo TCE?”, indagou Lula. Por outro lado, “se não fosse a França e o Macron, teríamos acabado com todas as florestas daqui”, afirmou o Tinhoso. Papai Noel acredita que sendo no verão a fumaça não atrapalha seus voos com  trenó. “Preparem-se: com a BR-319 não sobrará uma só árvore em pé”, acredita Lula.
Papai Noel acha que em Rondônia (e em todo o Brasil também) tem muitas pessoas despolitizadas metidas a intelectuais. Sem diplomas e sem conhecimento nenhum, esses sujeitos inundam as redes sociais com postagens tolas só para mentir e confundir os mais incautos. “Mais estúpidos ainda são os cidadãos que comentam as postagens das redes sociais e dos textos”, disse o Anhangá. Fato: é mesmo um festival de burrice e erros de gramática que se vê. Porto Velho terá eleições e tudo continuará do mesmo jeito, acreditam os três amigos. “Em 2019, Rondônia começou lascada e terminou quebrada, sem perspectiva nenhuma”. O Coisa Ruim disse que o rondoniense é feito hiena: come carne podre e ri da própria desgraça. Já o Santa Claus acha que não houve retrospectiva nenhuma em 2019 por que tudo se repetirá em 2020. Aí o Lula teve uma ideia: “na reinauguração do Aluizão deviam trazer o Framengo para jogar aqui”.




*É Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

A “salvação” nacional


A “salvação” nacional

Professor Nazareno*

            Já ouvi várias pessoas falarem que o Brasil não tem mais jeito. É um país cujos habitantes na sua maioria estão acostumadas ao jeitinho e que, de um modo geral, quase todos só pensam em si mesmos. Empatia por aqui é apenas consigo mesmo ou com seus amigos e familiares. Falar mal dos políticos há tempos virou um (péssimo) hábito nacional. “Como pode um país como o nosso nos últimos cinquenta anos figurar entre as dez maiores economias do mundo e ter uma qualidade de vida tão pífia?”, é a reclamação mais comum. Dizem à boca larga que os governos aqui só são formados para dar privilégios a poucos. É possível, sim, discordar um pouco dessa mentalidade. A classe política pode resolver grande parte dos nossos problemas. Basta que eles se unam pelo bem da nação. Petistas, bolsonaristas e tucanos, por exemplo, poderiam selar a paz.
            A paz e também o bem estar de todos. Sejam ricos ou pobres. Os petistas, liderados por Lula poderiam gerenciar o Pré-Sal, por exemplo. A Petrobras e outras grandes empresas nacionais seriam gerenciadas pela esquerda. A relação do novo governo com os congressistas também ficaria a cargo dos políticos “barbudos”. Nenhum político neste país entende mais de Petrobras e das relações do Executivo com o Legislativo do que esse pessoal da esquerda. O PT se quisesse poderia criar também o “Ministério das Delações Premiadas”. Palocci ministro de novo? Os movimentos sociais como MST, MTST, CIMI, dentre muitos outros, seriam gerenciados e monitorados, óbvio, pelos esquerdistas. Lula voltaria para a cadeia apenas para agradar ao “juiz-promotor” Sérgio Moro, que seria mandado para o Supremo como ministro.
            Os tucanos liderados por Aécio Neves, Geraldo Alckmin, FHC e José Serra também participariam do novo governo de salvação nacional e seriam reesposáveis pela construção de metrôs e paradas de ônibus urbanos nas principais metrópoles do país. Todas as grandes cidades teriam sofisticados sistemas de mobilidade urbana. Viadutos, rotatórias e anéis viários seriam criados. E tudo gerenciado pelos políticos do PSDB. Até a suja e fedorenta Porto Velho, a capital de Roraima, poderia ter o seu sistema de “underground”. O prefeito Hildon Chaves, por exemplo, é deste partido e inovou na criação de modernas paradas de ônibus urbanos nesta capital. Os tucanos são muito bons também para gerir funcionários públicos. Quando governaram o país deram muitos aumentos e criaram sistemas de produção jamais vistos. Um ministério só para isso.
            Os bolsonaristas, óbvio, participariam do novo governo e seriam liderados pelos filhos do atual presidente do país. Eles ficariam encarregados dos avanços sociais na nação e também das relações internacionais. Negros, artistas, mulheres, homossexuais, quilombolas e todos os LGBTT’s seriam estratégicos na formação de novas células sociais. Os evangélicos e outros religiosos cristãos teriam espaço garantido também. Seria criado o “Ministério do Pé de Goiaba” e também o “Ministério do Amor aos Estados Unidos”. O Brasil seria outro muito melhor e também muito diferente do atual. Lula, Dilma, Aécio, Temer, FHC, Marco Feliciano e Bolsonaro de mãos dadas pelo progresso do país e pela autodeterminação de seu povo. No novo governo, qualquer operação policial seria liderada e conduzida pela Polícia Civil de Rondônia. Só uma pequena dúvida: qual dos novos grupos políticos ficaria com o Ministério da Economia?




*É Professor em Porto Velho.

domingo, 22 de dezembro de 2019

As vergonhas do Brasil


As vergonhas do Brasil

Professor Nazareno*

            Flamengo e Bolsonaro atualmente são as duas maiores vergonhas do Brasil. Não só as vergonhas, mas de certa forma as atuais desgraças deste país desafortunado. As únicas coisas que unem esses “dois terríveis perfis” é a decepção, a infâmia, o desencanto. Ambos começaram o ano em alta, mas com o passar dos meses foram mostrando o seu verdadeiro valor: nada. O Flamengo virou uma mania nacional. Só que era tudo falso. Jogando contra Goiás, C.S.A, Bangu, Volta Redonda, EMELEC do Equador, San José da Bolívia, dentre outros times de menor expressão, ganhou o campeonato carioca, o campeonato brasileiro e a Taça Libertadores da América. “É o melhor time do mundo”, diziam os abestados. Mas quando enfrentou um time europeu de verdade, patinou e só não foi goleado pelo Liverpool por pura sorte. Um fiasco só.
            Já o arremedo de presidente, neste ano de 2019, só deu desgosto aos seus seguidores. A eles e ao Brasil inteiro. Toda vez que abria a boca, o festival de sandices acanhava a todos. Envergonhados, hoje muitos “Bolsomínios” não têm onde esconder a cara de tanta vergonha. Paladino da moral e dos bons costumes, o “Mito” termina o ano tendo um de seus filhos enrolado até o pescoço em maracutaias no Rio de Janeiro. “Rachadinhas” e outras denúncias de quando ainda era deputado estadual vieram à tona e jogaram no lixo a reputação de um governo que se dizia imune à corrupção. Já o outro filho do Bolsonaro, o vereador Carlos, se vê às voltas com acusações tenebrosas sobre o assassinato da também vereadora Marielle Franco. Assim, Flamengo e Bolsonaro são dois desastres que findam 2019 no lodo, no lixo, no limbo. Antes, eles nem existissem.
            Como se não bastasse o festival de incompetência e despudor, um dos senadores de Rondônia e ex-governador do Estado disse que se o Flamengo ganhasse o título mundial de clubes, o país melhoraria sensivelmente a sua caótica situação. Só podia ser de Rondônia mesmo para falar uma estupidez dessas. Vergonha alheia. Ainda bem que perdeu fazendo assim justiça ao bom futebol. O Flamengo é um time sem vergonha de um país sem vergonha que não reconhece o seu lugarzinho. Dizem que ganhou muitos milhões de dólares este ano, mas sequer pagou a indenização aos familiares de seus garotos mortos no Ninho do Urubu. O Flamengo não joga nada, seus jogadores estão em fim de carreira, seu técnico é fraco, como provou na final do Mundial de Clubes, e seus melhores jogadores são um fiasco se comparados aos atletas dos times da Europa.
            Mas o Brasil tem muitas outras vergonhas, claro. Existe vergonha maior do que ter o Estado de Rondônia e sua podre e imunda capital, Porto Velho? Qualquer país civilizado e desenvolvido que tivesse essas desgraças como parte integrante de seu território seria um fracasso vergonhoso. Outro vexame, além do Bolsonaro e seus filhos, é o Lula, a Dilma, o PT e também os filhos do Lula, o Zé Dirceu, Zé Genoíno e o Fabrício Queiroz. O Brasil é uma desgraça mesmo, pois tem até torcedores para cada uma dessas tragédias. E como “desgraça pouca é meio de vida”, o Brasil também tem o Flamengo. Um time “meia boca”, sem nenhum futuro e que tenta passar a imagem de ser uma grande equipe de futebol como os bons times da Europa. Pior: muitos acham que o presidente do país é um estadista como o Winston Churchill, o De Gaulle ou o Willy Brant, quando ele apenas é o “Bozo”, uma espécie de Zé Ninguém, um Flamengo.



*É Professor em Porto Velho.

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Cartinhas ao Velho Noel


Cartinhas ao Velho Noel

Professor Nazareno*

            Este ano de 2019 os rondonienses bateram todos os recordes de cartas enviadas ao Papai Noel. As coisas de novo não andam muito boas, talvez por isso os pedidos tenham aumentado tanto. Por aqui, os Correios quase não dão conta de tantas missivas endereçadas à praga do Noel. Um conhecido meu que faz parte da comissão criada para abrir essas correspondências me confidenciou algumas delas. O garotinho João Otário, de Porto Velho, pediu a ele um quilo de carne de primeira. “Não aguento mais comer tanto ovo na minha casa, Papai Noel”, escreveu o jovem. “Na nossa morada todos nós somos cristãos, direitistas, defensores da família e votamos no Bolsonaro e no Coronel Marcos Rocha”, continuou a infeliz criança porto-velhense. “Por isso não é justo que não tenha mais dinheiro para comprar algo a que todos já estávamos acostumados”.
            Outra cartinha chamou muito a atenção pela sinceridade da remetente. Priscila Babaca, de Ariquemes, pediu ao Santa Claus que levasse pelo menos uns dois “gatos” que eles têm em casa. “Por causa desses bichos, a Energisa cortou a luz daqui e nos multou”, reconheceu a pobre e triste garota. “Parece que depois que os políticos de Rondônia presentearam essa empresa, o sossego de muita gente acabou”. Já o Antônio Simplório Beiradeiro, também de Porto Velho, pediu ao Noel algo mais complexo. Ele diz que quer de presente um “novo açougue” para a cidade, pois o atual está muito obsoleto e os políticos e autoridades só vivem dizendo que vão construir outro, pois o dinheiro o TCE já disponibilizou, só que ainda não há local nem data definida. “Parece até que prometem isso só para poder licitar outros prédios suntuosos e desnecessários”.
            Marcos Demente, de Alvorada do Oeste, foi mais compreensivo com o “mau” velhinho: “Papai Noel, gostaria que o senhor e o seu marido não permitissem a construção da estrada BR-319, que liga Rondônia ao Amazonas, pois esta rodovia decretará o fim da nossa Amazônia para sempre”, pediu o esclarecido missivista. Outra criança que concordou com o Marcos foi o Joaquim Destrambelhado de Vilhena. Para ele “as queimadas aumentarão muito e os conflitos pela posse de terra trarão muitas brigas, confusões e assassinatos de pessoas do campo. Vai virar uma guerra aquilo ali”, acredita ele. Já a cartinha do Edmilson Aloprado, de Mirante da Serra, pede ao “pedófilo velhinho” que, se possível, interceda junto ao Governo Federal para que o atual presidente do país não fale tantas bobagens. “Ele devia usar somente a boca”, diz.
Vinícius Aluado escreveu uma cartinha que surpreendeu pelo tom político. Ele pede que o “Pai Natal” interceda junto ao atual prefeito de Porto Velho, Dr. Hildon Chaves, para que o mesmo não se candidate à reeleição no próximo ano. “Ele quer continuar nos administrando, mas não para de viajar ao estrangeiro”, disse o garoto. E continuou seu raciocínio: “ele não beijou, não acariciou e muito menos cuidou da cidade, que continua sendo uma currutela imunda, fedida, podre, fedorenta, cheia de carniça e nojenta”. Pior: “demonstrou que não sabe escolher direito o seu vice-prefeito”, concluiu. Em suas cartas, o Fernando Insano e o Thiago Desvairado, ambos de Nova Mutum, também concordaram com o Vinícius. Sérgio Leso e Marcos Lelé, de Jaru, também demonstraram conhecimentos políticos em suas cartas. Pedem ao “infame velhinho” que dê mais juízo e inteligência ao povo de Rondônia. Feliz Natal uma porra!




*É Professor em Porto Velho.

sábado, 14 de dezembro de 2019

O “outro” Jesus Cristo


O “outro” Jesus Cristo

Professor Nazareno*

O filme de comédia “A Primeira Tentação de Cristo” apresentado pela Netflix e o grupo Porta dos Fundos acendeu a fúria de muitos cristãos católicos e principalmente evangélicos. O especial de Natal deste ano mostra um Cristo homossexual e com muitas dúvidas se realmente queria pregar a palavra de Deus. O filme também sugere um triângulo amoroso entre Deus, José e Maria e mostra os apóstolos como devassos e consumidores de drogas. Líderes religiosos e políticos foram à guerra para censurar a ficção e logo encamparam campanhas públicas para boicotar a Netflix e punir os autores/atores da obra. Não sou cristão e também não sigo nenhuma religião, mas provavelmente não verei este filme, pois a única coisa que me interessa sobre Jesus é a sua Filosofia, suas pregações. Não quero saber se ele foi gay ou qualquer outra coisa.
Aliás, o ódio desses “puritanos” sobre o filme é exatamente este. Para a maioria deles, Jesus Cristo não pode ter sido um homossexual, como se esta orientação sexual fosse um castigo a ser evitado. Os homossexuais são seres humanos dotados de muitas qualidades, dentre elas a inteligência, caráter, a boa personalidade e acima de tudo eles são humanos como poucos. Mas em nossa hipócrita sociedade, eles são perseguidos, discriminados, vandalizados, espancados, brutalizados e mortos como se criminosos fossem. Como verdadeiros Cristos, os homossexuais de hoje são vítimas da ignorância e da bestialidade. A literatura nos ensina que pelo menos dez por cento dos indivíduos em cada espécie animal pratica alguma forma de homossexualidade. Qual o problema se Jesus Cristo tivesse sido um homossexual? O que mudaria na sua Filosofia para nós?
Em toda a minha vida eu nunca ouvi falar de uma só namorada de Jesus. Nunca ouvi falar do relacionamento dele com mulher nenhuma. E sempre soube que ele andava rodeado de outros homens. Nas festas, nas pregações, no deserto, na vida cotidiana, não há relatos dele interagindo sexualmente com o outro sexo. É claro que ele pode ter sido sim um homossexual ou até mesmo assexual. Não precisava um filme sugerir que ele era isso ou aquilo. Nada sobre a vida particular dele ou de qualquer outra pessoa devia interessar a nós. A grandeza de Jesus está na sua Filosofia ímpar. Na pregação do amor ao próximo, no perdão aos inimigos, inclusive aos homossexuais e LGBTT’s. Sua vida íntima só a ele interessava. Infelizmente muitos se revoltaram contra o filme só por este fato. Ser homossexual não é crime, não é pecado e devia ser aceito sem problemas.
Em vez de se preocupar com bobagens e filmes, as pessoas deviam se interessar mais pela sua vida cotidiana. Por que há tantas injustiças em nosso país, por exemplo? Por que há tanta pobreza e fome numa nação que é a segunda maior produtora de alimentos do mundo? Por que somente os ricos daqui têm privilégios enquanto os pobres são muitas vezes injustiçados e perseguidos pelo Estado? Por que temos tanta desigualdade social e tanta corrupção? Não me incomodaria o fato de Jesus ter sido gay, mas que tivesse sido a pessoa que foi: dedicada a combater as injustiças dos homens. Dia 25 próximo, vamos celebrar o nascimento de um refugiado pobre que foi perseguido, torturado e morto por pregar igualdade, justiça social e amor. Ter sido homossexual é o de menos. Ainda assim, muitos homossexuais votaram no Bolsonaro, mesmo sabendo da homofobia do “Mito” e de sua ojeriza pelos gays. Estavam errados?




*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

O nosso AI-5 de cada dia


O nosso AI-5 de cada dia

Professor Nazareno*

O dia 13 de dezembro de 1968 entrou em definitivo para a História do Brasil como o dia da infâmia. O dia da covardia. O dia em que os golpistas militares e civis, que vergonhosamente solaparam a nossa frágil democracia, “desceram ainda mais o porrete” no pouco que restava de liberdades. Editava-se o AI-5. Foram quase dez anos de vigência com governos de exceção e hoje, 51 anos depois, ainda vivemos sob os resquícios de uma das mais truculentas e assassinas ditaduras da América Latina. Vergonha: Argentina e Chile já prestaram devidamente contas com o seu passado de terror, sangue, torturas e opressões. No final de 2018, no entanto, mais de 57 milhões de eleitores, que não viveram aqueles tempos, de livre e espontânea vontade jogaram irresponsavelmente o país de novo na iminência de repetir o triste e sombrio passado.
Muitas das atuais autoridades de hoje, como o Ministro Paulo Guedes da Economia e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, sem nenhum acanhamento, fazem questão de ameaçar publicamente os brasileiros e a nossa “ainda” frágil democracia com a volta do pesadelo. Porém a grande pergunta que se faz é se realmente, depois de mais de meio século, nos livramos deste monstrengo que prendeu opositores, fechou o Congresso Nacional, cassou mandatos, confiscou bens privados, torturou cidadãos, reforçou a censura, perseguiu pais de família, exilou brasileiros, interveio em Estados, demitiu servidores públicos, proibiu habeas corpus e deu poderes totais ao presidente de plantão. O atual governo foi eleito democraticamente, mas muitos de seus integrantes ainda têm mentalidade golpista e flertam com a volta daqueles “tempos de chumbo”.
A grande verdade é que nunca nos livramos do temido Ato Institucional. Todos os dias ele faz questão de aparecer ali bem na nossa cara. Se gostássemos tanto assim de democracia e de soberania popular não teríamos colocado no Planalto a turma que hoje ocupa aquele palácio. Bolsonaro já disse que é a favor da tortura e que a ditadura militar deveria ter matado pelos menos umas 30 mil pessoas. O nosso AI-5 de hoje continua sendo o mesmo de 1968 e por vezes até pior. A nossa monstruosa desigualdade social, a segunda maior do mundo, é um exemplo claro disso. A falta de Educação de qualidade tendo as piores escolas do planeta, a pobreza sem fim dos mais de 15 milhões de famintos, a falta de saneamento básico, de mobilidade urbana e a absurda violência nas cidades são prova de que nunca nos livramos da estupidez, do atraso, da arbitrariedade.
O AI-5 da morte de índios, do desmatamento sem controle na Amazônia, da pobreza social, da fome, dos assassinatos no campo, do precário sistema penitenciário com suas mortes nos presídios, das injustiças e torturas de pobres e dos desassistidos pelo governo. O AI-5 está presente todos os dias entre nós com a corrupção e o desvio de dinheiro público sem que os governantes façam nada para amenizar a dolorosa situação em que se vive. Em Rondônia vivemos o AI-5 do “açougue” João Paulo II, da Energisa e das fracassadas e risíveis operações da Polícia Civil do Estado. A censura sempre esteve presente, com ou sem Ato Institucional, quando “Assembleias” e outras instituições vergonhosamente compram a mídia para calá-la e assim esconder os escândalos de seus membros. O AI-5 da “Vaza Jato”, da morte de Marielle Franco, das milícias, do Queiroz, dos filhos do Lula e do Bolsonaro. No Brasil, o AI-5 nunca acaba.




*É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Assaltados na Noruega


Assaltados na Noruega

Professor Nazareno*

            A ONU divulgou o resultado do IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, em pelo menos 189 países do mundo em 2018. Noruega, Suíça, Irlanda e Alemanha encabeçam a lista de melhores lugares para se viver. Acesso à Educação de qualidade, saúde, segurança pública, longevidade, renda per capita e mobilidade urbana dentre alguns outros fatores influenciam no relatório divulgado. Nenhuma novidade o país escandinavo continuar por vários anos consecutivos no topo da lista. O Brasil, apesar de figurar entre as dez maiores economias do mundo, caiu mais uma posição: tem o IDH na 79ª posição. Mas a Noruega, mesmo sendo uma excelente nação, tem a sua capital, Oslo, como uma cidade muito problemática. Não conheço este país, mas já ouvi pessoas falarem que foram assaltadas e que a qualidade de vida por lá “deixa muito a desejar”.
            Com pouco mais de meio milhão de habitantes, a cidade é uma porcaria só. Uma espécie de “filial do inferno”. Tem menos de dois por cento de saneamento básico e apenas 25% de água tratada, apesar de se situar próxima a um dos maiores rios do mundo. Somente as ruas principais são asfaltadas e quando chove a nojeira se esparrama contaminando pessoas. Um igarapé fedorento e totalmente contaminado corta vários bairros da cidade. No verão, poeira e fumaça incomodam a todos. Quando às vezes dá um ventinho, a brisa com o mau cheiro é sentida longe. Mas parece que a população adora conviver com essa imundície. O povo da Noruega parece descender de porcos ou de outros animais ainda mais imundos. A rodoviária da cidade, por exemplo, é uma pocilga sem nenhum asseio. Seus sujos e entupidos vasos já viraram marca registrada.
            Como pode uma cidade ser considerada uma das melhores do mundo se os seus alunos da zona rural não têm acesso à educação e à escola por falta de transporte escolar? Pior: as autoridades norueguesas não fizeram absolutamente nada para resolver este seríssimo problema que já se arrasta por vários anos consecutivos. O prefeito da cidade viaja muito. Desde que assumiu a prefeitura, ele já viajou para vários países do mundo. Europa, Ásia e Estados Unidos são seu destino. O vice-prefeito de Oslo é acusado de ser um corrupto de carteirinha e dificilmente assume o cargo quando o titular viaja. Oslo não tem praças nem áreas verdes e agora também não tem transporte coletivo. A decoração natalina na cidade, que há três anos não era feita, está uma desgraça e não tem nada bonito. Mas o povo norueguês adorou e só vive fazendo selfie.
            As passagens aéreas para Oslo são muito raras e por isso caríssimas. Poucos noruegueses querem visitar a sua insólita e imunda capital. Oslo, claro, tem um Poder Legislativo. É um poder corrompido e imoral que geralmente compra a mídia local com  migalhas” para que as falcatruas não sejam divulgadas. Mesmo assim, várias vezes e por anos a fio, escândalos de roubo e outras sacanagens já foram divulgadas entre os noruegueses. Muitos são roubados, mas são felizes. Por isso, uma doença muito comum entre esses cidadãos escandinavos é a “Síndrome de Estocolmo”. Não se sabe se é por causa da proximidade com a Suécia ou se é por que essas pessoas são idiotas mesmo. Em Oslo há um hospital público que se parece um “açougue”, mas em vez de reformá-lo, vão construir um “Centro de Convenções” e melhorar o “estádio”. Acredito que para esta Oslo eu nunca irei. Como a Noruega tem um IDH tão alto? Muito estranho, não?




*É Professor em Porto Velho.

sábado, 7 de dezembro de 2019

Sejamos ateus e alcoólatras!


Sejamos ateus e alcoólatras!

Por Professor Nazareno*

Para muitas pessoas, o fato de alguém não acreditar em Deus ou simplesmente ingerir bebidas alcoólicas pode ser visto como defeitos imperdoáveis do ser humano. Mas pode ser engano se levarmos em consideração algumas circunstâncias envolvendo essas duas ações tão comuns a nós mortais. Esses dois adjetivos podem ser “do bem” desde que vistos, digamos, por outro lado mais otimista. “Encher a cara” e “tomar umas e outras” não pode ser pecado, já que o primeiro milagre atribuído a Jesus Cristo foi exatamente o de, numa festa na Galileia, transformar a água em vinho. E se era vinho mesmo, como muitas pessoas acreditam e fazem questão de divulgar, devia ter álcool, pois sem essa “santa” substância não seria vinho e sim, apenas suco de uva. Embora alguns evangelistas como Mateus, Marcos e Lucas tenham sempre negado isso.
O álcool não pode ser assim tão prejudicial ao nosso organismo como muitos ainda pensam. Sob o ponto de vista da lógica, leis secas nem deveriam existir. Pessoas sóbrias já cometeram mais imbecilidades e tolices do que muitos bêbados: à exceção talvez do russo Boris Yeltsin, que outro chefe de Estado declarou guerra a outro país quando estava bêbado? Todos estavam perfeitamente sóbrios. E quando Harry Truman, ex-presidente dos Estados Unidos, ordenou o bombardeio atômico ao Japão já derrotado durante a Segunda Guerra Mundial, certamente não estava bêbado também. Talvez se tivesse tomado uns “drinques” antes, o massacre desnecessário de civis inocentes em Hiroxima e Nagasaki tivesse sido evitado. Eu, por exemplo, não consigo produzir textos depois de tomar umas cervejas. Sempre estou sóbrio quando escrevo. Alguém acredita?
Em relação ao ateísmo, é incrível a coincidência, mas dos cinco países em que há o maior número de ateus em suas populações encontram-se a Suécia, a Dinamarca, a Noruega e o Japão. São nações que dispensam qualquer comentário em relação ao nível cultural, qualidade de vida, paz, progresso e desenvolvimento de suas sociedades. Já na outra ponta da lista, a dos países “mais religiosos” do mundo, está o Egito (que há pouco esteve envolvido numa guerra civil), Bangladesh, Indonésia, Serra Leoa e República do Congo (ex-Zaire). Enfim, quanto mais religiosos forem os habitantes de um país, mais pobre ele tende a ser. E quem diz isso é uma pesquisa feita pelo Instituto Gallup em 114 países e que foi divulgada recentemente. De certa maneira, segundo o Gallup, a religião leva ao preconceito, à intolerância, às disputas, à fome, à guerra...
Se ateísmo e alcoolismo forem qualidades negativas, o que leva um político, cristão e abstêmio por opção, a “meter a mão” no dinheiro público? Em Rondônia, seguindo-se este raciocínio totalmente equivocado, os muitos e incontáveis ladrões do Erário deviam ser todos ateus e alcoólatras e os prédios das Câmaras de Vereadores e da Assembleia Legislativa seriam lugares “quase santos” e alvo de romarias e procissões. No PT, será que há algum militante que gosta de ir à igreja e depois voltar para casa e ficar pensando em como ajudar os outros? Depois da liberdade do Lula, conheço muitos petistas que encheram a cara e fizeram churrasco com “a cara carne do povo”. Decididamente o álcool é bom, já que fornece calorias para o nosso organismo enquanto não ter uma religião nos livra de problemas como o dízimo e da vontade de ir para o céu depois da morte. Lá deve ser muito ruim, pois é para onde vão os políticos: petistas, bolsonaristas, deputados, senadores, presidentes, prefeitos e vereadores. Amem, irmão?


*É Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Rondônia despedaçada de novo


Rondônia despedaçada de novo


Professor Nazareno*

            Rondônia de novo chega às manchetes nacionais. E o motivo é o de sempre: corrupção, roubalheira, maracutaias, conchavos, ladroagem, coisas mal feitas. E mais uma vez é a Assembleia Legislativa do Estado a responsável pelo massacre da imagem desta ínfima, distante e combalida unidade da Federação. O jovem Estado é uma espécie de “cu do mundo”, com todo o respeito ao esfíncter anal. É o suprassumo da merda. Um lugar “sem eira nem beira” distante de tudo e de todos. Neste final do ano de 2019, a Polícia Federal e o Ministério Público do Estado deflagraram a Operação Feldberg com várias prisões visando desarticular organizações criminosas que têm a participação de servidores públicos na prática da “rachadinha”, em irregularidades na eleição do atual presidente da ALE/RO, além de outras falcatruas em operações com gado na Idaron.
            Num momento crucial como este para o desenvolvimento da região, uma operação desta coloca outra vez o nome de Rondônia no limbo. Difícil levar a sério um Estado cujo Poder Legislativo é uma brincadeira, um faz-de-conta. Como renegociar a dívida do Beron em termos mais vantajosos para Rondônia, por exemplo? Como dar prosseguimento ao processo de transposição e mandar mais funcionários públicos estaduais para o quadro federal? Qual a credibilidade, qual o exemplo de uma Assembleia Legislativa que abre uma CPI para apurar as irregularidades da concessionária de energia elétrica, a Energisa? A Assembleia fiscaliza a Energisa e quem fiscaliza a Assembleia? Como pedir ao Governo Federal que crie vagas na única universidade pública do Estado só para os alunos nascidos aqui se nos falta ética?
            Essa gente só pode estar de brincadeira com Rondônia. Não é possível que tenhamos voltado mais uma vez para o lodo, para o lixo, para o esgoto. Não é aceitável que continuemos sendo a “latrina do Brasil”. Operações policiais já viraram rotina nesta terra de pouca lei, nesta terra que nunca é levada a sério. Mas infelizmente Rondônia não é mesmo um lugar sério. Recentemente o governador do Estado, coronel Marcos Rocha, assinou a papelada para construir um tal de Centro de Convenções. Mais de 12,8 milhões de reais é a quantia destinada para este fim, além de reformas no “Estádio” Aluízio Ferreira de Porto Velho. E ainda dizem que é um sonho para a população rondoniense. E o “açougue” João Paulo II continua a ser o pesadelo? Onde será construído o novo hospital de pronto-socorro da capital? Ou não precisa mais?
            Os órgãos que destinam as verbas para construir estes elefantes brancos não poderiam ver a situação do velho “açougue” desta capital? Eles não são informados das nossas necessidades mais urgentes? Dirão que cada verba tem seu fim, seu objetivo, sua função. Mas este Estado não tem mais prioridades? O ser humano, principalmente o pobre, parece que não é prioridade para os políticos nem para os governantes. “Centro de Convenções Cidade Cultural” num lugar que nem cultura tem. Reforma no Estádio de futebol numa cidade que também nem futebol tem. A não ser que Genus e Rondoniense sejam times de futebol. “Isso vai nos deixar aptos para jogos oficiais”, dizem. Enquanto isso, os pobres continuam sendo massacrados e mortos diariamente no precário e vergonhoso sistema público de saúde deste falido Estado. Já há medidas para evitar as queimadas no próximo verão? Os políticos destroem Rondônia. E todos riem.




*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

“Governo do Ovo”


Governo do Ovo

Professor Nazareno*

            O Brasil tem 519 anos. Destes, pelo menos 13 anos o nosso país foi governado pela esquerda, entre 2003 e 2016. Uma triste memória que não devia voltar nunca mais. Mas nos outros 506 anos, a elite, os ricos e poderosos sempre se revezaram no poder como se o país fosse uma monarquia ou uma espécie de dinastia onde o poder durante séculos passou de geração a geração para os mesmos sujeitos que defendiam sempre os mesmos interesses. Hoje, para felicidade geral da nação é a extrema-direita que manda no lugar. Nestes poucos mais de dez meses governando, a alegria e a satisfação do povo não têm mais limites. Em pouco tempo, os preços dispararam. Há dois ou três anos, o preço da botija de gás era 40 e saltou para quase 90 reais. O litro de gasolina era 2,40 e hoje é quase cinco reais. O quilo de carne disparou. E o dólar já chegou aos 4,27 reais.
            Tudo mais caro e mais difícil, mesmo assim o povo anda feliz como pinto no lixo. O presidente carinhosamente chamado de “Mito” governa de maneira diferente e muito eficaz. Mesmo sem nunca ter ganhado um prêmio Nobel ou qualquer outra condecoração importante, os intelectuais que apoiam o novo governo já reformularam muitas teorias aceitas mundialmente. Muitos ensinamentos reconhecidos e comprovados já foram colocados em xeque para a alegria geral. O Nazismo, por exemplo, foi um movimento de esquerda, a terra é plana, a escravidão foi muito boa para os negros e o Rock leva ao aborto e ao satanismo, ensinam os novos mandatários do país. O povão delira com tanta teoria nova sendo discutida nos grupos de redes sociais. Até a Polícia Militar já entrou no novo pensamento. Paraisópolis em São Paulo é só uma amostra.
            Esbanjando felicidade e regalo, o povo mais pobre, de forma espontânea, até já abriu mão de consumir carne vermelha e deposita no ovo a sua mais nova fonte de proteínas. “Não há governo melhor do que este” é o consenso geral. Um governante que transformou o Natal em Páscoa não existe no mundo. Em todas as áreas o que se vê é a eficiência de um governo que representa o seu eleitor em tudo. As relações diplomáticas com os Estados Unidos é um claro exemplo dessa nova tomada de rumo do Brasil. Apesar de serem “amigos íntimos”, os presidentes Bolsonaro e Trump podem divergir em alguns assuntos. E o nosso presidente sempre vai levar a melhor, pois não tem medo de “peitar” a maior potência econômica e militar da atualidade. Afinal de contas quem não se lembra do nacionalista mantra “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”?
            O “Governo do Ovo” tem se destacado também na política. Se suas propostas não forem aprovadas e seguidas à risca pelos governados, há a possibilidade de se decretar medidas autoritárias e discricionárias. Líderes do mundo inteiro têm aplaudido e feito elogios às ações do novo governo do Brasil. Aqui se aumentam as exportações de commodities desvalorizando a moeda nacional. Expediente que agrada em cheio às grandes potências econômicas do mundo. Além do mais, o incentivo à expansão agropecuária em detrimento do meio ambiente vai ao encontro do que pensam os governantes do mundo civilizado. Devido a sua aguçada visão de mundo e amplos conhecimentos, o nosso “Mito” ainda está convicto de que os países têm amigos e inimigos e não interesses. Venezuela, Argentina e Cuba são inimigos, claro. Já Estados Unidos e China são amigos. Crença bolsonárica: comendo ovo o povo fica mais calmo.




*É Professor em Porto Velho.

sábado, 30 de novembro de 2019

Natal Porto “sem” Luz


Natal Porto “sem” Luz


Professor Nazareno*

               
               É dezembro. Cidades cristãs espalhadas pelo mundo inteiro começam a ser decoradas e iluminadas para as comemorações do Natal, o “nascimento” de Jesus Cristo. Paris, a Cidade Luz, está um deslumbre. A capital da França exala romantismo em cada praça, rua e avenida. Neve, odor dos melhores perfumes e vinhos caros dão o toque final. Viena na Áustria tem uma das mais belas decorações natalinas de todos os tempos. Os lindos jardins do Palácio de Schönbrunn dispensam quaisquer comentários. Luzes, enfeites, bom gosto. Milão é um convite para quem gosta de apreciar as coisas boas e bonitas da vida. Este ano os italianos capricharam. Até em Gramado e Canela na Serra Gaúcha é impossível não se encantar com tanta beleza, brilho e lindos enfeites nas decorações. O mundo civilizado não poupa esforços para encantar os seus visitantes.
               Enquanto isso, Porto Velho por incrível que pareça também se prepara para as festas de Natal. Uma cidade totalmente sem vida e sem luz quer aparecer. A suja, fedida, escura, poeirenta e enlameada “capital dos estupros” quer dizer ao mundo que também comemora a vinda de Cristo. E no pior estilo, diga-se. Há três anos que esse arremedo de cidade, essa currutela fedida da Amazônia não comemora o seu Natal. Em vez de neve, alegria e charme teremos só lama, violência e muitos pinguços bêbados no meio das fedidas e emporcalhadas ruas. Mas 2019 é o último Natal antes das eleições do próximo ano. Por isso, a atual administração da cidade, “que não dorme no ponto”, quer impressionar beiradeiros e matutos com algumas lâmpadas velhas colocadas em alguns lugares. Espaço Alternativo e Avenida Jorge Teixeira (BR-319) foram os escolhidos.
               Pior lugar para colocar aquelas luzinhas que piscam não há em Porto Velho. Bem no meio da referida Avenida há uma vala enorme, ainda aberta e cheia de água de esgotos podres, ratos e tapurus que exalam um fedor totalmente oposto ao que acontece na charmosa Paris ou na encantadora Viena. E se chover durante a noite de Natal, coisa que não é difícil, o vexame estará completo. É melhor nem ir ver aquela coisa brega e cafona. Além do mais, ali não existe decoração bonita e muito menos que tenha bom gosto. Apenas foram espalhadas de forma aleatória luzes coloridas sem nenhum significado. É uma presepada “sem-pé-nem-cabeça” que representa muito bem a triste e sinistra Porto Velho. Muito melhor do que esta cafonice, a decoração de pneus, aqueles “cocôs de monstro” do Mauro Nazif, fizeram mais sucesso. Difícil saber o que é pior.
                O Espaço Alternativo, obra eleitoreira e superfaturada que levou um deputado federal para a cadeia, é um lugar lúgubre, patético e sem banheiros. É a rua que dá acesso ao acanhado aeroporto da cidade. Lá tem uma espécie de montanha russa do atraso, um trambolho inútil e sem sentido que só serviu até agora para eleger políticos ruins. Mas estive lá para ver a chegada de um tal Papai Noel e assistir a uma “cantata”. Mas de cara fui logo roubado. É que matutos e cantatas não combinam. Aos domingos e feriados, servem ali churrasco e outras gororobas para quem tem coragem de ir “se divertir”. Em vez de usar estas lâmpadas inúteis, deviam gastar dinheiro com lâmpadas de verdade para iluminar esta cidade que é escura feito breu. Eu, de novo, vou passar o Natal em Porto Velho. Em casa. Espero que a Energisa não deixe faltar energia. E as autoridades da capital, onde vão passar as festas natalinas? Na neve ou na lama mesmo?




*É Professor em Porto Velho.