O
Brasil ainda cria ratos
Professor
Nazareno*
Foi no distante
ano de 1904 que Oswaldo Cruz, o sanitarista brasileiro de reconhecimento
internacional, declarou guerra à peste bubônica, uma doença infecciosa
transmitida pela picada de pulgas infectadas por ratos. O raciocínio de então era
o governo pagar às pessoas para caçar e entregar ratos para serem mortos. De
início, a campanha deslanchou: muita gerente caçava ratos para vendê-los. O negócio
prosperou e logo apareceram os intermediários que compravam esses roedores por
um preço menor e os revendiam ao Estado. Com os ratos mortos, a doença logo
diminuiu e o negócio de caçar roedores entrou em decadência. Mas por pouco
tempo. Alguns espertalhões revolveram criar ratos em casa só para continuar
vendendo-os e assim o já lucrativo “negócio” não entrava em falência.
Essa prática, que sempre existiu na nossa sociedade, é vista até hoje.
De Pedro Álvares Cabral
até o terceiro mandato de Lula, ou seja, de 1500 até 2024, o negócio de se criar
ratos sempre fez parte da rotina da maioria de nossos cidadãos. Na mídia, na
política, nos negócios, na Igreja, no governo, nas universidades, escolas,
hospitais, Forças Armadas e em quase todos os setores da nossa sociedade o
importante “é levar vantagem em tudo”. Golpe sempre foi a palavra mais
em voga em nosso país. Aqui sempre se roubou de tudo: de casca de ferida a
grandes quantias em dinheiro. Criar ratos é uma triste especialidade da maioria
dos brasileiros. Sejam eles pobres, médios ou ricos. Porém, é na política que
mais se observa esta prática antiética e abominável. Talvez seja por isso que não
existe no Brasil uma definição clara do que seja direita nem do que seja
esquerda. No nosso país nunca existiu uma ideologia nem na política nem em
nada.
O que sempre
existiu e existe por aqui é a ideologia de se dar bem e de se ganhar dinheiro a
qualquer custo. Sem nenhuma ética e nem amor pelo próximo, o ideal é passar a
perna nos outros. Sem nenhuma ideologia nem vergonha na cara, a maioria dos nossos
políticos geralmente se elegem para roubar e desviar o dinheiro e a riqueza que
os pobres contribuintes produzem. Uma vez eleito, o sujeito logo se alia ao
Poder Executivo para ter mais “empatia” com as verbas e a distribuição
dos recursos do Estado para o seu bolso. Governadores, prefeitos e até mesmo o
presidente da República quase não têm oposição. Conheço um lugar em que os 21
vereadores da cidade, apesar de serem de alguns partidos diferentes, todos eles
aderiram ao prefeito em todas as usas decisões. Ouvi de um vereador: “ser da
oposição não dá dinheiro nem prestígio”. Criar ratos é o nosso destino.
Durante a pandemia
do Coronavírus em pleno século XXI, por exemplo, os bolsonaristas, exímios
criadores de roedores, negaram a eficácia das vacinas e também prescreviam
remédios ineficazes para combater o vírus. Já muitos dos atuais petistas, com ou
sem pandemia, são quase todos eles conhecidos como sendo os próprios ratos. Bolsonaristas
e petistas são tudo farinha do mesmo saco, ou seja, ratos de uma mesma
ratoeira. Nessa grande caverna de ratos sujos e camundongos ladrões quem sempre
mandou em tudo e em todos foi a elite reacionária. Porto Velho não tem porto
rampeado no rio Madeira, não tem infraestrutura de cidade, não tem mais voos no
seu acanhado aeroporto, não tem nada além de sujeira e muitas imundícies. Mas
os ratos, quer dizer, os políticos estão sempre em alta no lugar. E Rondônia é
a latrina do Brasil: um lugar de ratazanas imprestáveis. Só falta Porto Velho,
Rondônia e o Brasil passarem a criar pulgas.
*Foi Professor em Porto
Velho.