quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

O Brasil ainda cria ratos

O Brasil ainda cria ratos

 

Professor Nazareno*

 

Foi no distante ano de 1904 que Oswaldo Cruz, o sanitarista brasileiro de reconhecimento internacional, declarou guerra à peste bubônica, uma doença infecciosa transmitida pela picada de pulgas infectadas por ratos. O raciocínio de então era o governo pagar às pessoas para caçar e entregar ratos para serem mortos. De início, a campanha deslanchou: muita gerente caçava ratos para vendê-los. O negócio prosperou e logo apareceram os intermediários que compravam esses roedores por um preço menor e os revendiam ao Estado. Com os ratos mortos, a doença logo diminuiu e o negócio de caçar roedores entrou em decadência. Mas por pouco tempo. Alguns espertalhões revolveram criar ratos em casa só para continuar vendendo-os e assim o já lucrativo “negócio” não entrava em falência. Essa prática, que sempre existiu na nossa sociedade, é vista até hoje.

De Pedro Álvares Cabral até o terceiro mandato de Lula, ou seja, de 1500 até 2024, o negócio de se criar ratos sempre fez parte da rotina da maioria de nossos cidadãos. Na mídia, na política, nos negócios, na Igreja, no governo, nas universidades, escolas, hospitais, Forças Armadas e em quase todos os setores da nossa sociedade o importante “é levar vantagem em tudo”. Golpe sempre foi a palavra mais em voga em nosso país. Aqui sempre se roubou de tudo: de casca de ferida a grandes quantias em dinheiro. Criar ratos é uma triste especialidade da maioria dos brasileiros. Sejam eles pobres, médios ou ricos. Porém, é na política que mais se observa esta prática antiética e abominável. Talvez seja por isso que não existe no Brasil uma definição clara do que seja direita nem do que seja esquerda. No nosso país nunca existiu uma ideologia nem na política nem em nada.

O que sempre existiu e existe por aqui é a ideologia de se dar bem e de se ganhar dinheiro a qualquer custo. Sem nenhuma ética e nem amor pelo próximo, o ideal é passar a perna nos outros. Sem nenhuma ideologia nem vergonha na cara, a maioria dos nossos políticos geralmente se elegem para roubar e desviar o dinheiro e a riqueza que os pobres contribuintes produzem. Uma vez eleito, o sujeito logo se alia ao Poder Executivo para ter mais “empatia” com as verbas e a distribuição dos recursos do Estado para o seu bolso. Governadores, prefeitos e até mesmo o presidente da República quase não têm oposição. Conheço um lugar em que os 21 vereadores da cidade, apesar de serem de alguns partidos diferentes, todos eles aderiram ao prefeito em todas as usas decisões. Ouvi de um vereador: “ser da oposição não dá dinheiro nem prestígio”. Criar ratos é o nosso destino.

Durante a pandemia do Coronavírus em pleno século XXI, por exemplo, os bolsonaristas, exímios criadores de roedores, negaram a eficácia das vacinas e também prescreviam remédios ineficazes para combater o vírus. Já muitos dos atuais petistas, com ou sem pandemia, são quase todos eles conhecidos como sendo os próprios ratos. Bolsonaristas e petistas são tudo farinha do mesmo saco, ou seja, ratos de uma mesma ratoeira. Nessa grande caverna de ratos sujos e camundongos ladrões quem sempre mandou em tudo e em todos foi a elite reacionária. Porto Velho não tem porto rampeado no rio Madeira, não tem infraestrutura de cidade, não tem mais voos no seu acanhado aeroporto, não tem nada além de sujeira e muitas imundícies. Mas os ratos, quer dizer, os políticos estão sempre em alta no lugar. E Rondônia é a latrina do Brasil: um lugar de ratazanas imprestáveis. Só falta Porto Velho, Rondônia e o Brasil passarem a criar pulgas.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

 

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Casamento do ano em Porto Velho

Casamento do ano em Porto Velho: um resgate de valores em tempos de descrença
Jovens casais optam por tradição e compromisso, desafiando ideias "modernas"

Casamento do ano em Porto Velho: um resgate de valores em tempos de descrença

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Drones na famosa banda

Drones na famosa banda

 

Professor Nazareno*

 

            Faltam poucos dias para a “explosão da cultura” em Porto Velho, Roraima. Todo sábado de Carnaval à tarde, religiosamente, a Banda do Vai Quem Quer desfila pelas sujas e imundas ruas da capital da seboseira. Desde o já longínquo ano de 1980, essa espécie de agremiação carnavalesca já tem um encontro marcado com os foliões. Mais de 150 mil pessoas em números atualizados devem desfilar. Essa quantidade de gente é quase metade de toda a população da “capital das sentinelas avançadas”. O delírio toma conta dos “bobos da corte”. Extasiados, alegres, eufóricos, com a cabeça cheia de cachaça barata e vinho de baixa qualidade, eles esquecem por um momento suas miseráveis vidas para se lançarem à brincadeira momesca. Este ano, no entanto, a BVQQ se modernizou e vai levar drones à avenida no intuito de contar os foliões e assim lhes dar mais segurança.           

    Não se sabe em outros lugares mais civilizados, mas em Porto Velho quando vários pinguços correm bêbados atrás de um carro de som tocando músicas carnavalescas isso se chama estranhamente de cultura. Outra coisa: a Banda do Vai Quem Quer não suja as ruas da cidade. Ela só emporcalha ainda mais o que já é sórdido e nojento. No domingo pela manhã, após o desfile, muitas toneladas de sujeira podem ser vistas nas ruas por onde os brincantes passaram. É só imundície “adornando” o que já era promíscuo e seboso. O chão fica repleto de garrafas de bebidas vazias, de preservativos usados, cacos de vidro, muito papel molhado, sacos de plástico, restos de bebidas escorrendo e toda sorte de lodo e carniça. Não se vê por ali nenhuma caçamba para a recolha da podridão produzida pela famosa banda e por seus adeptos. E a prefeitura manda limpar depois as fezes e os dejetos.

Mas mesmo que tivessem essas lixeiras onde se coloca o lixo para não sujarem tanto as ruas, de pouco elas adiantariam, pois a educação da maioria dos brincantes é coisa rara em Porto Velho. Aqui, muitos moradores não têm educação suficiente para conservar sua própria cidade. Esses drones deveriam fiscalizar todas as pessoas que estão ali na avenida. Todo lixo devia ser colocado no lixo e não jogado no meio da rua. Infelizmente, o pensamento da maioria é “se não tiver nada de lixo pelo meio das ruas, os garis ficarão desempregados”. Por isso, “é muito importante sujar tudo para os órgãos públicos limparem depois”.  Há no Espaço Alternativo uma “caixa” instalada para recolher o lixo já selecionado. Se essa ideia for realmente aprovada, em breve deveríamos ter várias dessas espalhadas pelas ruas para tentar mudar o visual carnicento da porca e suja cidade.

Apesar de ser uma festa dantesca, o Carnaval porto-velhense tem o dom de “unir” num mesmo ambiente os governantes e os governados. Une também a Casa Grande e a Senzala, que se confraternizam como se Porto Velho e Rondônia fossem um paraíso com coelhinhos saltitantes e borboletas azuis. Com menos de três por cento de saneamento básico e apenas uns 30 por cento de água encanada, a cidade deveria ter mais ideias para tentar resolver esse caos, já que nenhum prefeito em mais de cem anos nunca conseguiu tal proeza. Como de costume, eu não vou à Banda do Vai Quem Quer. A dengue está se alastrando como nunca em nossa cidade e a Covid-19 voltou a dar as caras. As infecções já aumentam como se fosse uma nova pandemia. Aqui não há o que se comemorar. Por isso, é bem melhor evitar que a desgraça piore ainda mais. A banda se moderniza, mas a mentalidade continua a mesma. Custava conscientizar os seus foliões a não sujarem tanto?

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.