segunda-feira, 31 de maio de 2010

Existem políticos honestos?


O perfil de um bom candidato


Professor Nazareno*


As eleições se aproximam. Mais de 130 milhões de eleitores brasileiros devem ir às urnas em dois turnos para cumprir com mais esta obrigação que lhes é imposta. Embora obrigatório, o voto faz parte de qualquer regime democrático. E não é diferente na nossa jovem democracia. É a nossa única chance de mudar os destinos desta sociedade que tanto criticamos. É a hora de depositar as nossas esperanças num país melhor, num Estado melhor, num mundo melhor. É como num jogo de xadrez: se as jogadas forem bem feitas, colhem-se bons resultados. Caso contrário, sofreremos por mais quatro anos nas mãos dos maus representantes escolhidos democraticamente por nós.

Existe uma crença generalizada por parte da população brasileira de que não há políticos bons e honestos no país. Fala-se que todos são ladrões e interesseiros. Ledo engano, já que toda unanimidade pode ser burra. Embora pouquíssimos deles estejam efetivamente dispostos a fazer um bom trabalho em benefício da população que o elegeu, é possível sim, encontrar “essa agulha no palheiro”. Se nem Jesus Cristo agradou a todos, como poderiam simples mortais conseguir este feito? No entanto, é bom que se fale sobre o nível de “leitura de mundo” da maioria desse eleitorado. Infelizmente talvez nem vinte por cento seja consciente e tenha critérios corretos para fazer esta tão importante escolha.

O ex-presidente Figueiredo foi criticado quando disse que o brasileiro não sabia votar. Embora estivesse à frente de uma feroz ditadura militar, ele estava correto. Mesmo que nós tivéssemos a sabedoria de votar consciente, poderíamos enfrentar problemas. Se o Brasil tivesse pelo menos 80% de eleitores conscientes ainda assim estaríamos correndo riscos. Na França, país rico e desenvolvido de Primeiro Mundo, ninguém é obrigado a votar, mas nas últimas eleições quase noventa por cento dos franceses foram às urnas que elegeram o atual presidente Sarkozy. Na Inglaterra foram quase oitenta por cento dos súditos da rainha que foram às cabines de votação nas últimas eleições. Ainda assim, lá existem problemas. Muitos. Imagine-se com uma maioria de eleitores “estúpidos”.

Político honesto é aquele que não respondeu nem responde a nenhum processo na Justiça ou que não foi citado em nenhuma operação da Polícia Federal. Isso é só o começo. Além do mais, todo cidadão eleito deveria trabalhar para beneficiar toda a população. Deveria criar leis sérias, administrar corretamente o dinheiro dos impostos e interceder junto aos outros poderes para resolver os problemas mais imediatos dos eleitores. Seria uma espécie de ponte, de intermediário, de fiador entre o Estado, as instituições e o cidadão comum. Em Rondônia e no Brasil talvez haja políticos com este perfil, porém dificilmente será eleito já que o cidadão comum não consegue entender seus objetivos. Seria uma exceção em vez de regra numa sociedade decadente como a nossa.

Sendo assim, nada vai mudar nas próximas eleições. A minoria de eleitores conscientes será sempre refém da maioria burra e alienada. As coisas vão continuar como dantes. Mesmo criticados, os políticos colocam seus mandatos à disposição da população a cada quatro anos e não têm culpa se são reeleitos. Ruim com eles? Seria muito pior sem. Afinal de contas quem nos governaria? Como seriam escolhidos os nossos representantes? É preciso investir na melhoria do nosso eleitorado tornando-o mais consciente, “abrindo os seus olhos”, dando-lhe mais consciência crítica por meio de uma educação de qualidade, pois eleitor consciente é um dos itens sagrados de uma verdadeira democracia. E a nossa parece que desconhece isto. O nosso político é ruim, mas o povo é pior.


*Professor Nazareno leciona em Porto Velho (profnazareno@hotmail.com)


sábado, 29 de maio de 2010

Os viadutos de Porto Velho saem ou não saem?


Viadutos também Abandonados (?)


Professor Nazareno*


O Prefeito de Porto Velho Roberto Sobrinho acaba de anunciar mais um mega-pacote de obras para melhorar o aspecto da cidade, como se isto fosse possível, e uma campanha de conscientização dos moradores, para trabalhar junto com a Prefeitura para o embelezamento da Capital. “Cidade mais limpa para você, mais limpa para todos – Trabalho integrado, melhoria por todo lado.” É o slogan pomposamente anunciado pelo chefe do Executivo Municipal. Estamos já no início do verão amazônico, período em que os prefeitos de Rondônia dizem poder trabalhar mais. Essa operação englobará toda a infra-estrutura da cidade com obras “pra todo lado”, anunciaram ainda os holofotes municipais. Sobre a conclusão dos viadutos da BR - 364, iniciados há mais de um ano, nenhuma linha, nenhum comentário. E isto já está se tornando preocupante.

Ultimamente o número de operários que estavam trabalhando nas obras, entrada da Avenida Jatuarana, Trevo do Roque, e na saída para a Bolívia no Trevo da Campos Sales está diminuindo a olhos vistos. Um frio no pé da barriga começa a ser sentido por todos nós, pagadores de impostos e vítimas destas construções. Até quando vamos nos submeter aos constantes e absurdos desvios? Sobrinho é talvez o Prefeito com o maior número de obras inacabadas do Brasil. A nossa capital está revirada. Os incômodos se espalham por todos os lados. Da Zona Norte, com a famigerada ligação do bairro Nacional à Avenida Farquar, até a Zona Sul passando pelo centro, contornando e seguindo pela agora inesquecível Vieira Caúla, o que se vê são as empresas contratadas pela Prefeitura simplesmente abandonando as obras, a exemplo da Uni – Engenharia.

Em matéria de viadutos inacabados o nosso Estado está se tornando expert, pois já temos os de Pimenta Bueno abandonados há quase seis anos sem que haja nenhuma promessa para a conclusão daquele “elefante branco”. Nem neste ano eleitoral. A irresponsabilidade das autoridades rondonienses é tanta que antes de concluir uma obra, outras já são anunciadas. A ponte sobre o rio Madeira, por exemplo, já vai iniciar sem que a BR – 319 tenha sequer indício de ser asfaltada até Manaus. Talvez só no final do próximo ano saia qualquer decisão sobre isto. Ligará literalmente o nada a coisa alguma. O único trabalho concluído e ainda assim “aos trancos e barrancos” foi a duplicação da BR - 364 entre o Candeias e a Unir. Uma obra atípica, já que fez o contorno da cidade por dentro da própria cidade mesmo. Coisa de rondoniense.

Como se pode observar, em matéria de urbanismo os rondonienses também são um fracasso. Ao duplicar uma rodovia federal, isolaram bairros inteiros, a exemplo do São João Batista e do Tucumanzal e quase não terminavam a obra que fora paralisada várias vezes por “falta de verba”. Teve até torcida organizada (moradores dos próprios bairros citados) para não ser concluída e terminou fora do prazo como de costume. Estas obras faraônicas não têm nenhuma necessidade uma vez que para se resolver os problemas do trânsito é preciso investir na qualidade dos transportes coletivos. Sobrinho e as outras autoridades deveriam saber disto, mas o povo ficou encantado como se nunca tivesse visto “pontes no meio da cidade”, matutos que somos. Um alerta: se estes viadutos não forem concluídos onde vamos abrigar os desempregados do “pós-usinas”? Como vamos dizer aos nossos compatriotas do sul do país que somos um lugar desenvolvido? Onde a “gentalha” vai tirar fotos para colocar nos orkuts da vida?


*Leciona na Escola João Bento em Porto Velho (profnazareno@hotmail.com)


sábado, 22 de maio de 2010

Viva a Padroeira de Porto Velho!


Porto Velho tem Padroeira?


Professor Nazareno*


O Brasil, por ser um país com maioria de cristãos católicos em sua população, sempre pautou a vida diária de suas localidades baseada no calendário oriundo da própria Santa Sé. Praticamente todo e qualquer pequeno lugarejo deste país e até mesmo as grandes metrópoles têm um santo padroeiro e as suas igrejas principais ou catedrais homenageiam esse santo e o adotam geralmente como o patrono do lugar. Em Calama, por exemplo, São João Batista é homenageado com oito ou dez dias de festas anualmente todo mês de junho. A principal igreja daquela comunidade ribeirinha recebe o nome de São João Batista. No Rio de Janeiro temos a Catedral de São Sebastião e todo vinte de janeiro sem nenhuma exceção é dia santo na cidade. Há muitas comemorações e festejos na “cidade das Olimpíadas”.

Em Porto Velho, para não fugir à tradição, já que grande parte da população se diz católica, temos também o dia do nosso padroeiro. Na verdade, padroeira: Nossa Senhora Auxiliadora. Vinte e quatro de maio é destinado à nossa maior benfeitora. Só que não há um único dia de homenagens festivas à santa. Não existe nada de festa neste nem em outro dia. O nome da catedral da capital de Rondônia também não combina, a exemplo de tantas outras localidades do Brasil afora, com o nome de sua padroeira. Catedral do Sagrado Coração de Jesus é o nome do nosso maior templo católico. Provavelmente o bispo amazonense Dom João Irineu Joffily deve ter determinado esta esquisitice aos rondonienses quando em 1917 lançou a pedra fundamental para a construção, dez anos depois, da nossa principal casa de orações.

Ainda assim, os habitantes locais adoram festas. Como tem santo padroeiro sem arraial ou festejos, eles inventaram um arraial sem santo para compensar a bizarrice. É o Flor do Maracujá, evento tão importante para as autoridades que “entra ano e sai ano” e ainda está sem local definido para a sua realização. Muitos nativos eufóricos chegam até a dizer que se trata da “maior expressão da cultura local” ou “o maior arraial do Norte do Brasil”. Tolices. É um amontoado de gente mal vestida comendo “gororoba” a preço de ouro em meio a esgotos catinguentos e a céu aberto. É um espetáculo deprimente e horrendo ver aquelas pessoas espremidas num ambiente poeirento que sufoca qualquer cristão com coragem suficiente para participar daquilo. Este ano ainda teremos por lá os políticos à cata de votos.

Temos também várias outras atrações vindas principalmente da Bahia para animar os porto-velhenses. Ivete Sangalo, por exemplo, esteve por aqui recentemente, levou muitos mil reais da economia local e ensandeceu uma multidão entusiasmada e calculada em mais de vinte mil foliões. Alegria contagiante que contrasta absurdamente com as dez ou quinze almas que estavam em frente ao João Paulo Segundo na Avenida Campos Sales, zona sul da cidade, implorando uma assinatura para a construção de um novo hospital de pronto socorro para a capital. Para os próximos dias está prevista a apresentação da Banda Calipso com Joelma, Chimbinha e companhia nos palcos locais. Mais dinheiro saindo do nosso Estado em vez de ajudar a aquecer a economia daqui. O Brasil está começando a gostar de Rondônia.

Uma bonita, organizada e divulgada festa do santo padroeiro não só colocaria a capital de Rondônia na rota do turismo católico do mundo como faria com que grande parte desse dinheiro que abastece e enriquece as celebridades “do Axé” e de tantos outros lugares ficasse por aqui mesmo. Agindo assim, só aumenta o festival de coisas estranhas que parecem existir apenas em terras de Rondon: futebol com spray de pimenta, estádio ultra-moderno para 42 mil torcedores numa cidade onde praticamente não há times de futebol, ponte suntuosa sem estradas, ginásio de esportes que só serve para exposições e alojamento, políticos sanguessugas fazendo campanha eleitoral, compra de votos a cem reais, falta de água e saneamento básico numa cidade amazônica e produção de energia elétrica para beneficiar os habitantes que ainda confundem isto aqui com Roraima, além disso, ainda temos “santo sem arraial” e “arraial sem santo”.


*Leciona na escola João Bento em Porto Velho (profnazareno@hotmail.com)


quarta-feira, 12 de maio de 2010

O João Paulo Segundo ainda é "um açougue"


“Comadre Safira estava no João Paulo II”


Professor Nazareno*


Poucos rondonienses conhecem a Comadre Safira. Eu conheço. Ela tem uns 70 anos e nasceu na Ilha de Assunção no rio Madeira. Além de negra, é rondoniense nata e tem um trabalho prestado a esta terra muito maior do que qualquer Governador, autoridade de Estado ou político. Seu nome completo é Maria Safira de Paula Pimenta. Parteira experiente, já fez segundo as suas contas, muito mais de 300 partos. E ainda continua fazendo. Além do mais é uma “médica” pediatra, ortopedista, ginecologista, e todos os “istas” que se imaginem. Mora no bairro São Francisco em Calama numa casinha simples, de tábuas e coberta de palhas e cuja cozinha ainda tem piso de paxiúba, sem banheiro, água encanada, ou qualquer conforto que nós conhecemos e veneramos. Porém, muitos ainda dependem de seus honrosos trabalhos.

Com problemas circulatórios, ela adoeceu. Perna esquerda inchada, dificuldades para andar, teve que se deslocar até Humaitá no Amazonas. Quiseram-lhe amputar a perna. Teimosa, não deixou. Na sua mente ainda restava Porto Velho. Ainda restava o Hospital João Paulo Segundo. Incrível, mas ela confiava no nosso único hospital de pronto socorro. Minha comadre viu poucos hospitais em sua vida... Internada naquele moquifo durante 16 dias, fui visitá-la. Vi o que sabia, mas não acreditava que pudesse existir nem nos países em guerra. Contei 18 “leitos” esparramados pelo chão sujo daquilo que insistem em chamar de hospital. Não vi pessoas, mas rebotalhos, restos de gente que há muito perderam sua essência, sua dignidade, suas esperanças. Não vi ninguém de posses, só habitantes da periferia. E todos eleitores da Dilma, Cassol, Serra...

Mas tive tempo de dizer para a minha comadre que os rondonienses vão construir um estádio de futebol em Porto Velho com o pomposo nome de Terceiro Milênio e se descrito em números, os dados de mais esta obra faraônica serão os seguintes: capacidade para 40 mil pessoas, sendo 5.000 para autoridades, imprensa e pessoas com deficiência; camarotes com 1.000 lugares; sala para a imprensa com 200 lugares, “Business Seats” com 1.100 lugares, Tribuna de Honra com 100 lugares; Camarotes vips com 1.500 cadeiras; “Business Seats” (Vip) com 220 lugares. Além da estrutura que atende modalidades desportivas, outros ambientes serão construídos para receber diversos eventos. Ela não sabe o que é nada isso. Poucos rondonienses sabem. Nem os mais letrados. É tudo em inglês. Talvez só os nossos moto-taxistas saibam.

Disse a ela acreditar que não haja dinheiro público envolvido nesta aventura tresloucada. Só dinheiro vadio, aquele que os donos não têm pena de gastar. De fato, construir estádio de futebol numa terra onde não há futebol é o mesmo que instalar fábrica de geladeira no Pólo Norte. Será que Genus e Shallon levarão 40 mil idiotas para lá? Depois da ponte sem estrada, só faltava essa lorota para encantar os rondonienses. De coisas que não funcionam já temos o Ginásio de Esportes (?) Cláudio Coutinho que só serve mesmo para shows, alojamentos e exposições de flores. Ainda bem que ela não perguntou por que faltava tanta energia na “cidade das hidrelétricas”. Não saberia responder e muito menos por que estão fazendo este “oba-oba” com o dinheiro do PAC. Será que é por que somos otários mesmo já que acreditamos em tudo?

Antes de me despedir disse-lhe que este ano tem eleições e que já vi muitos políticos sanguessugas rondonienses fazendo campanha nas “barbas da Justiça” e tendo até apoio da mídia. Ela me disse que em Calama tem muitas sanguessugas também. Ela melhorou e quando a vi novamente, estava no barco a caminho de sua humilde terra. Não entendeu que é imoral e indecente construir besteiras com o dinheiro público e ainda me perguntou aos gritos para quê serviriam as sanguessugas. Disse-lhe, também gritando, que só depois das eleições é que o povo iria saber, pois sentiria na carne a conseqüência do voto. O barco “Caçote” sumiu entre a floresta e as águas barrentas do Madeira. Minha comadre está feliz, pois parece que fez algumas amigas lá no João Paulo Segundo: se não me engano, seriam a esposa de um desembargador, a filha de um juiz aposentado da capital, e uma parenta de um ex-governador, todas também internadas lá.


*Leciona na escola João Bento da Costa em Porto Velho.


quarta-feira, 5 de maio de 2010

Rondônia e a sua "Arena de Futebol"


“Futebol de Primeiro Mundo”


Professor Nazareno*


Diversas vezes alguns internautas fazem comentários sobre meus textos e pedem que eu escreva algo bom sobre Rondônia. Só que agora parece que a coisa é mesmo pra valer. O Grupo Empresarial Infinity Empreendimentos S.A. anunciou esta semana a construção de um grande complexo esportivo em Porto Velho. Trata-se do Estádio e Centro de Eventos “Terceiro Milênio” que deverá ser inaugurado daqui a três anos. “O complexo esportivo e cultural é uma obra inovadora que vai atrair turistas de várias partes do Brasil e até do exterior”, afirmou o arquiteto responsável pela obra. “Embora esse complexo seja concebido para sediar jogos da Copa do Mundo de 2014, sua estrutura terá condições de abrigar diversos eventos”, informou.

Não estou bêbado nem sou idiota. Sediar jogos da Copa de 2014 mesmo sem a capital de Rondônia ter sido escolhida como sede da competição é um engodo. Não só estão enganando os rondonienses como também estão subestimando a sua capacidade de raciocínio. Uma executiva desse grupo empresarial foi mais além ao afirmar que o “Terceiro Milênio” será um dos poucos estádios cobertos do mundo, um importante quesito para ser palco para as partidas da competição comandada pela Fifa. “Trata-se de um projeto de alta tecnologia”, resumiu ela. A mega-construção terá entre outras tecnologias de ponta, cobertura completa para captação de raios solares e toda uma infra-estrutura para usar a água das chuvas que será prontamente armazenada.

Embora desbanque os principais estádios de futebol do mundo, esta mentira não levou em consideração que em Porto Velho não existe futebol. Genus, Shallon, Moto Clube e Cruzeiro são os esquadrões da capital. Clássico por aqui leva 20 ou 30 “gatos pingados” para o Aluizão, a nossa principal arena. Dia de domingo é sagrado para ir aos bares da cidade torcer pelos times do Sul maravilha. Talvez esses empresários ficaram encantados com o nosso “futebol com spray de pimenta” ou com a capacidade de Loló para administrar clubes de futebol. O que se espera é que este “oba-oba” não tenha dinheiro público envolvido. O Hospital João Paulo Segundo, por exemplo, continua com gente esparramada pelo chão. Problemas na cidade não faltam.

A idiotice e a falta de leitura de mundo da nossa população são tantas que numa simples matéria sobre futebol em qualquer site de notícias, 200 ou 300 comentários são postados imediatamente. Dez vezes mais do que o público do Aluízio Ferreira em dia de clássico. Política, saúde ou educação são itens praticamente ignorados pelo nosso público torcedor. Outro problema sério sobre esta fictícia empreitada é o nome que se escolheria para o projeto: em vez de Terceiro Milênio, “O Lolozão” soaria mais familiar e combinaria com as breguices desta cidade sem futebol situada em pleno país do futebol. Quanto a atrair turistas do exterior é admitir que Guayaramerin seja o centro do mundo, uma espécie de Europa para os rondonienses.

Torço para que tudo isto seja verdade. Rondônia precisa de obras faraônicas para se fazer conhecida no restante do Brasil e do mundo já que por aqui não se projetaram quase nenhuma com a fartura do dinheiro das usinas. Ou então há de se concordar com um internauta, Heverton Carmo, que escreveu num comentário em um site local sobre o fato: “Blá, Blá, Blá, inovadora... fora de tempo... O cruzeirinho tendo que ganhar uniforme do Cruzeiro de BH, jogadores tratados pior que albergados, campeonatos regionais que começam e terminam fora do calendário nacional... balela... A cidade precisa de infra-estrutura urbana primeiro... será que alguma competição internacional virá para pisar em nossos esgotos a céu aberto? Como será a imagem de tal obra ao lado de palafitas miseráveis?” Alguém ainda acredita em duendes?


*O professor Nazareno leciona em Porto Velho.


Leia com atenção estas 41 frases e reflita bem


1- Viver no Rio é uma merda; mas é bom. Viver em New York é bom, mas é uma merda. (Tom Jobim).

2 - Por ocasião da inauguração da Ponte Rio - Niterói, pediram a opinião do Max Nunes. Resposta: Por um lado, é muito bom; por outro lado, é Niterói. (Max Nunes)

3 - Quando estamos fora, o Brasil dói na alma; quando estamos dentro, dói na pele.(Stanislaw Ponte Preta).

4 - A Academia Brasileira de Letras se compõe de 39 membros e um morto rotativo. (Millôr Fernandes)

5 - Brasil? Fraude explica. (Carlito Maia).

6 - Pior do que o fim do mundo, para mim é o fim do mês.(Zeca Baleiro).

7 - Quem se mata de trabalhar merece mesmo morrer. (Millôr Fernandes).

8 - Acho o Brasil infecto. Não tem atmosfera mental; não tem literatura; não tem arte; tem apenas uns políticos muito vagabundos. (Carlos Drummond de Andrade)

9 - Como se algum político, com exceção de meia dúzia de três ou quatro,
representasse alguém, a não ser a si mesmo, a família e aderentes.(João Ubaldo Ribeiro)

10 - Democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim. (Millôr Fernandes)

11 - No Brasil, quem tem ética parece anormal. (Mário Covas)

12 - A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal. (Raul Seixas)

13 - Não é triste mudar de idéias; triste é não ter idéias para mudar.(Barão de Itararé)

14 - Ninguém morre, as pessoas despertam do sonho da vida. (Raul Seixas)

15 - Comecei uma dieta: cortei a bebida e as comidas pesadas e em quatorze dias perdi duas semanas. (Tim Maia).

16 - A minha vontade é forte, mas a minha disposição de obedecer-lhe é fraca.(Carlos Drummond de Andrade).

17 - O sol nasce para todos, a sombra pra quem é mais esperto. (Stanislaw Ponte Preta).

18 - Nada nos humilha mais do que a coragem alheia. (Nelson Rodrigues).

19 - Celulites não são apenas celulites, elas querem dizer... "Eu sou gostosa". Só que em Braille! (Rita Cadilac - ex-chacrete)

20 - De nada adianta ter barriga de tanquinho, se a torneira for pequena... (Reinaldo Gianechini)

21 - Fumo maconha, mas não trago, quem traz é um amigo meu. (Marcelo Anthony)

22- O que te engorda não é o que você come entre o Natal e o Ano Novo, mas o que você come entre o Ano Novo e o Natal ! (Hebe Camargo)

23- Se o horário oficial é o de Brasília, por que a gente tem que trabalhar na segunda e na sexta-feira ? (Marta Suplicy)

24- Para seu marido não acordar com a macaca... Depile-se! (Vera Fischer)

25- O homem é um ser tão dependente, que até pra ser corno, precisa da ajuda da mulher. Pra ser viúvo, também... (Dercy Gonçalves)

26 - Por maior que seja o buraco em que você se encontra, pense que, por enquanto, ainda não há terra em cima. (Yasser Arafat)

27 - Cabelo ruim é igual a bandido... Ou tá preso, ou tá armado! (Belo)

28- Preguiçoso é o dono da sauna, que vive do suor dos outros. (Príncipe Charles)

29- Não me considere o chefe; considere-me apenas um colega de trabalho que tem sempre razão... (George Bush)

30- Malandro é o pato, que já nasce com os dedos colados pra não usar aliança.(Zeca Pagodinho)

31- Mulher gorda é que nem Ferrari... Quando sobe na balança, vai de zero a cem em um segundo. (Rubinho)

32- Se um dia, a vida lhe der as costas... Passe a mão na bunda dela! (Nelson Rodrigues)

33- Os psiquiatras dizem que uma em cada quatro pessoas tem alguma deficiência mental... Fique de olho em três de seus amigos. Se eles parecerem normais, o retardado é você. (Palloci)

34- Se homossexualismo fosse normal... Deus teria criado Adão e Ivo. (Roberta Close Ivo)

35- Todo mundo tem cliente. Só traficante e analista de sistemas é que tem usuário. (Bill Gates)

36- Mulher de amigo meu é igual a muro alto... Sei que é perigoso, mas eu trepo.(Antonio Fagundes)

37- Casamento começa em motel, e termina em pensão! (Daniel Filho - tem 4)

38- Seja legal com seus filhos. São eles que vão escolher seu asilo. (Desconhecido)

39- Antigamente o homossexualismo era proibido no Brasil. Depois, passou a ser tolerado. Hoje é aceito como coisa normal... Eu vou-me embora, antes que se torne obrigatório! (Diego, jogador do Santos, que só "embichou" em Portugal)

40- Ex-namorada é igual a Mc Donalds: a gente sabe que não deve, mas acaba comendo de vez em quando!(Ronaldinho - sobre quase todas ex-namoradas)

41- Passar a mulher pra trás é fácil, difícil é passar adiante! (Eduardo Suplicy)


Pulseiras do sexo


Pulseiras do sexo: uma brincadeira nada ‘cool’


Valdemar Netto*


Pulseiras de silicone com castigos sexuais embutidos são o que está causando esse alvoroço entre a população brasileira. Antes elas eram apenas adereços e agora, devido a uma parcela de jovens, ela se tornou símbolo de uma brincadeira de gosto muito duvidoso.

Cada cor representa uma prenda na qual a garota que estiver usando essas pulseiras será obrigada a pagar. Mas para isso o garoto deverá quebra-la e aí então receber sua “recompensa”. Por exemplo, a azul significa sexo oral praticado pela menina, a preta, sexo total e a rosa, quando quebrada, obriga a quem estiver usando-a mostrar os seios e etc. Há quem diga que esse é o resultado da erotização precoce na qual as crianças e os jovens são submetidos, seja pelas mídias visual e sonora, bem como aquela oriunda do acesso irrestrito à internet.

Acredita-se que o grande problema nessa “brincadeira” é que para participar dela basta usar tais pulseiras. Há casos de meninas que só souberam das prendas quando tiveram as pulseiras arrebentadas por garotos que, por sua vez, sabiam das regras desse jogo. Nesse caso a proibição do uso delas é o mais recomendado. Isso evita que mais pessoas alienadas a esse jogo sejam vítimas dele.

Outro ponto positivo dessa proibição é que com ela a população como um todo tomou ciência dos riscos que correm aqueles que tiverem usando esse adorno. A divulgação do acontecido com a garota de 13 anos em Londrina (PR) – estuprada por outros quatro garotos que arrebentaram a pulseira que ela usava – serviu para esse esclarecimento, bem como para a ação da força pública no combate a essas pulseirinhas. Proibi-las é a tentativa de evitar as consequências maléficas desse jogo.

Dessa forma, a proibição das chamadas pulseirinhas do sexo é a solução mais adequada. Pois além de evitar novos episódios trágicos, como foi o da garota de Londrina, deixa a população em alerta em relação aos riscos camuflados no que outrora foi apenas uma pulseira de silicone colorida.


* Ex-aluno do colégio João Bento da Costa.


sábado, 1 de maio de 2010

Agora só falta a VEJA publicar algo sobre Rondônia


Revista IstoÉ elogia Rondônia


Professor Nazareno*


Em recente reportagem sobre a construção da usina hidrelétrica de Santo Antônio, próxima a Porto Velho, a revista IstoÉ rasgou elogios ao Estado de Rondônia e aos rondonienses de um modo geral. Alguns nativos mal agradecidos chegaram a propor um risível boicote à publicação. Antes, há aproximadamente um ano, a repórter Eliane Brum da revista Época, já havia disparado suas baterias em direção ao nosso Estado e em especial à cidade de Porto Velho. Por dizer o óbvio e ululante, ou seja, aquilo que todos vêem, a observadora jornalista foi massacrada pela mídia eletrônica e escrita da cidade e teve até “arroubos nacionalistas” de meia dúzia de jecas e beiradeiros que saíram em defesa de seu torrão natal como se aqui fosse a filial de um paraíso qualquer.

Desta vez o repórter Alan Rodrigues foi extremamente educado ao não citar absolutamente nada sobre os incontáveis problemas que a capital de Rondônia e os rondonienses sofrem dia a dia. Parece até que a respeitada revista nem sequer passou pela nossa cidade. Praticamente direto do canteiro de obras de Santo Antônio, ele escreveu que antes dessas construções, o povo daqui vivia de extrativismo mineral e da floresta. Sim! E quem não conhece os ciclos da borracha dessa região que, por sinal, localiza-se em plena floresta amazônica? Só há verdades nestas palavras. Ele só se esqueceu de dizer que o povo daqui também vivia “mamando nas tetas” do Estado e por isso, Rondônia tinha talvez a maior concentração de barnabés por metro quadrado.

Falou também que no ano dois mil o Estado tinha quase sessenta por cento de analfabetos funcionais. Esse é sem dúvida um erro grotesco da revista. Sem dados confiáveis, o percentual nessa área é muito superior aos 80 por cento. Tenho a absoluta certeza. Basta observar os comentários que aparecem publicados nos sites locais de informação. É um assassinato atrás do outro à Língua Portuguesa. Parece até que os rondonienses nunca freqüentaram uma sala de aula ou os professores de Redação e de Português locais são uns picaretas. Ele não viu que aqui sujeitos semi-analfabetos se metem a jornalistas sem entender “bulhufas”. Nem a gramática dominam. A carência de recursos humanos nessa área é tanta que um site local admitiu publicamente o fato.

Alan Rodrigues, no entanto, não teria elogiado tanto Rondônia se tivesse dado umas voltinhas pela cidade que o hospedou. Teria matéria de sobra para publicação durante uns dez anos. Falaria do nosso futebol, da capacidade empreendedora de Loló, o dono do Cruzeiro. Também mostraria ao Brasil como legislar com seriedade, denodo e competência dentro de uma Assembléia Legislativa. Ensinaria como ser preso por acusação de desvio de 200 milhões de reais, continuar sendo autoridade do município e ainda conceder entrevistas à emissora de televisão local ensinando ética ao povo. Falaria da burrice dos “rondonenses” em produzir energia para os outros sem se importar com o meio ambiente ou dos viadutos e pontes para abrigar os desempregados "pós-usinas".

Por isso entende-se que esta revista é tendenciosa e não publica as verdades evidentes. Num comentário patético, um internauta propôs um boicote à IstoÉ como se meia dúzia de beiradeiros e matutos lessem revista de circulação nacional. Devemos agradecer ao repórter por ele não ter publicado as nossas mazelas. Porto Velho é um buraco quente, sim. Uma currutela desorganizada e Rondônia um grotão, um “Cuité do Noca” que sempre quis viver à custa da União. Ele nada falou sobre a PEC eleitoreira e atemporal, pois o restante do Brasil podia não gostar. Enfim, aplaudindo a revista reconheceríamos que estamos a anos-luz de distância de outros centros urbanos do país e que medidas urgentes deveriam ser implantadas neste Estado para que pudéssemos pelo menos ter esperanças de dias melhores para as futuras gerações de rondonienses.


Leciona na Escola João Bento da Costa em Porto Velho.