segunda-feira, 31 de maio de 2010

Existem políticos honestos?


O perfil de um bom candidato


Professor Nazareno*


As eleições se aproximam. Mais de 130 milhões de eleitores brasileiros devem ir às urnas em dois turnos para cumprir com mais esta obrigação que lhes é imposta. Embora obrigatório, o voto faz parte de qualquer regime democrático. E não é diferente na nossa jovem democracia. É a nossa única chance de mudar os destinos desta sociedade que tanto criticamos. É a hora de depositar as nossas esperanças num país melhor, num Estado melhor, num mundo melhor. É como num jogo de xadrez: se as jogadas forem bem feitas, colhem-se bons resultados. Caso contrário, sofreremos por mais quatro anos nas mãos dos maus representantes escolhidos democraticamente por nós.

Existe uma crença generalizada por parte da população brasileira de que não há políticos bons e honestos no país. Fala-se que todos são ladrões e interesseiros. Ledo engano, já que toda unanimidade pode ser burra. Embora pouquíssimos deles estejam efetivamente dispostos a fazer um bom trabalho em benefício da população que o elegeu, é possível sim, encontrar “essa agulha no palheiro”. Se nem Jesus Cristo agradou a todos, como poderiam simples mortais conseguir este feito? No entanto, é bom que se fale sobre o nível de “leitura de mundo” da maioria desse eleitorado. Infelizmente talvez nem vinte por cento seja consciente e tenha critérios corretos para fazer esta tão importante escolha.

O ex-presidente Figueiredo foi criticado quando disse que o brasileiro não sabia votar. Embora estivesse à frente de uma feroz ditadura militar, ele estava correto. Mesmo que nós tivéssemos a sabedoria de votar consciente, poderíamos enfrentar problemas. Se o Brasil tivesse pelo menos 80% de eleitores conscientes ainda assim estaríamos correndo riscos. Na França, país rico e desenvolvido de Primeiro Mundo, ninguém é obrigado a votar, mas nas últimas eleições quase noventa por cento dos franceses foram às urnas que elegeram o atual presidente Sarkozy. Na Inglaterra foram quase oitenta por cento dos súditos da rainha que foram às cabines de votação nas últimas eleições. Ainda assim, lá existem problemas. Muitos. Imagine-se com uma maioria de eleitores “estúpidos”.

Político honesto é aquele que não respondeu nem responde a nenhum processo na Justiça ou que não foi citado em nenhuma operação da Polícia Federal. Isso é só o começo. Além do mais, todo cidadão eleito deveria trabalhar para beneficiar toda a população. Deveria criar leis sérias, administrar corretamente o dinheiro dos impostos e interceder junto aos outros poderes para resolver os problemas mais imediatos dos eleitores. Seria uma espécie de ponte, de intermediário, de fiador entre o Estado, as instituições e o cidadão comum. Em Rondônia e no Brasil talvez haja políticos com este perfil, porém dificilmente será eleito já que o cidadão comum não consegue entender seus objetivos. Seria uma exceção em vez de regra numa sociedade decadente como a nossa.

Sendo assim, nada vai mudar nas próximas eleições. A minoria de eleitores conscientes será sempre refém da maioria burra e alienada. As coisas vão continuar como dantes. Mesmo criticados, os políticos colocam seus mandatos à disposição da população a cada quatro anos e não têm culpa se são reeleitos. Ruim com eles? Seria muito pior sem. Afinal de contas quem nos governaria? Como seriam escolhidos os nossos representantes? É preciso investir na melhoria do nosso eleitorado tornando-o mais consciente, “abrindo os seus olhos”, dando-lhe mais consciência crítica por meio de uma educação de qualidade, pois eleitor consciente é um dos itens sagrados de uma verdadeira democracia. E a nossa parece que desconhece isto. O nosso político é ruim, mas o povo é pior.


*Professor Nazareno leciona em Porto Velho (profnazareno@hotmail.com)


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