quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Rondônia, o Primeiro Mundo é aqui



Rondônia, o Primeiro Mundo é aqui


Professor Nazareno*
           

Não sou filho de Rondônia, disso muita gente sabe. Mesmo assim, tenho muito orgulho de viver neste lugar abençoado por Deus. Sempre bem governado e administrado por políticos extremamente competentes e probos, este Estado vem ultimamente se destacando no mundo inteiro por obra de suas autoridades. Reconhecido em todos os continentes como sendo “o pedaço de Brasil que dá certo”, esta bela e jovem unidade da Federação é manchete em todas as mídias internacionais. Do influente The Times de Londres aos jornais dos Estados Unidos e do Japão não se fala de outra coisa. Rondônia é a manchete do momento e já desbancou até as coberturas sobre a crise na União Europeia ou a escolha do novo líder chinês. Porto Velho agora pode ser comparada a Milão, Londres ou Paris. “Botamos o Primeiro Mundo no chinelo.”
E os motivos desta bonança são muitos. A começar pela Educação. A prestigiada universidade de Harvard nos Estados Unidos está na iminência de fechar vários convênios de intercâmbio com as escolas rondonienses. As nossas experiências nesta área farão os norte-americanos mudarem totalmente o seu atrasado conceito de fazer educação. O MIT, Instituto de Tecnologia de Massachusetts, vai aprender com as escolas Barão do Solimões, Manaus, João Bento da Costa, Carmela Dutra, Escola Rio Branco, dentre outras, como se faz educação de verdade, já que nesta área superamos qualquer país do mundo. Claro que os americanos estão muito eufóricos com esta possibilidade uma vez que não é todo dia que têm a oportunidade de enriquecer o seu currículo.  Porto Velho – Massachusetts, a ponte aérea do momento.
Mas a bonança e o reconhecimento internacionais de Rondônia e de sua capital não se limitam somente à área educacional. A Unesco, órgão das Nações Unidas na área da Educação, Ciência e Cultura está interessadíssima em transformar a Estrada de Ferro Madeira Mamoré em Patrimônio Cultural da Humanidade. Dizem até que o secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, pode nos fazer uma visitinha de surpresa só para averiguar esta possibilidade. Conservada e muito bem cuidada pelos habitantes locais durante todos estes anos, “a mãe de Rondônia”, a exemplo da Torre Eiffel, do Taj Mahal ou da Estátua da Liberdade, será de agora em diante parada obrigatória para os turistas do mundo inteiro. Suas locomotivas históricas e quase todas ainda funcionando, os trilhos, a limpeza, tudo isto emocionará os seus milhões de visitantes.
Porém, a tacada de mestre rondoniana veio da área do esporte: seremos uma das sub-sedes da Copa do Mundo de 2014. E quem nos garantiu isto foi o todo poderoso Emanoel Nery, secretário da SECEL de Rondônia. Cotado para assumir o COI, Comitê Olímpico Internacional após o fim do Governo Confúcio, este respeitadíssimo homem público, enfim, coloca Rondônia no mapa do futebol mundial. Com um dos mais modernos estádios de futebol do mundo, a “Arena Aluizão”, clubes de futebol de primeira grandeza e uma organização de fazer inveja à UEFA ou à CONCACAF, o Governo da Cooperação já está alocando recursos para esta área com o objetivo de participarmos da maior competição mundial de futebol. Várias seleções mundiais já devem ter demonstrado interesse para que seus atletas treinem e suas luxuosas delegações se hospedem por aqui, já que infraestrutura não nos falta em absolutamente nada. Marcas famosas como Gucci, Louis Vuitton, Calvin Klein, YSL, Benetton, devem patrocinar tudo isto. Nem o pai-de-santo Raimundinho de Oxossi previu tanta felicidade para Rondônia. Com tanta bonança assim, riqueza e prosperidade, nunca entendi por que o Príncipe William e sua esposa Kate Middleton não escolheram Rondônia e Porto Velho para passar sua lua de mel.




*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Pontes e viadutos na Amazônia




Pontes e viadutos na Amazônia



Professor Nazareno*


A Amazônia é cortada por uma infinidade de grandes rios, furos, paranás, lagos, igapós, pântanos e igarapés, por isso tem uma necessidade muito grande de ter pontes, viadutos ou mesmo passarelas para superar os seus obstáculos naturais. O problema é que os políticos da região, aliados à burrice crônica de uma população acostumada a não cobrar os seus direitos, não conseguem ou não querem determinar quais são as reais prioridades para a construção destes empreendimentos tão vitais para o progresso amazônico. De Pimenta Bueno, no interior de Rondônia, passando pela capital deste Estado e até em Manaus, a metrópole da região, o que se observa é um festival de desperdícios do dinheiro público com a construção de verdadeiras inutilidades, enormes elefantes-brancos que em absolutamente nada vão ajudar a desenvolver a atrasada região, apenas vão encher, em alguns casos, os bolsos de políticos corruptos.
Em Manaus foi gasta a assombrosa quantia de um bilhão e 100 milhões de reais, ou  seja, quase 600 milhões de dólares no câmbio atual, para construir uma ponte sobre o rio Negro e que ligará a capital amazonense ao simpático vilarejo de Cacau Pirera que tem menos de 3 mil pessoas e pertence ao município de Iranduba. Contados um a um, os habitantes do outro lado do rio não ultrapassam as 100 mil almas e por isso teriam que trabalhar umas três eternidades e umas duzentas gerações para pagar todo o dinheiro investido naquela inútil obra. Manacapuru, distante mais de 100 quilômetros de Manaus e Novo Airão, perdida nos confins amazônicos, além de Iranduba e da vilazinha de Cacau Pirera, do ponto de vista do capitalismo, não justificavam tanto desperdício de dinheiro público. Além do mais, a ponte não tirou Manaus do secular isolamento nacional uma vez que a solução para isso deveria ser pela BR - 319.
Porém, os manauaras adoram esta “benfeitoria” e fazem até questão de mostrá-la aos quatro ventos como sendo algo que trará, não se sabe como, desenvolvimento e riquezas para a sua cidade. Nem se perguntam quanto custou a sua construção. Já em Rondônia, os absurdos e a farra com o dinheiro público são até maiores do que no Amazonas: dos desnecessários viadutos de Pimenta Bueno até a novela dos intermináveis viadutos da capital Porto Velho, que já viraram chacota nacional em programa de televisão, o que se vê é uma homenagem ao absurdo. Os seis viadutos e passagens de nível da capital de Rondônia só serviram até agora para derrotar o PT local nas últimas eleições municipais. Pior mesmo é a ponte sobre o rio Madeira, a que liga o nada a coisa alguma. Trezentos milhões de reais jogados literalmente na água caudalosa do rio fazem desta obra uma homenagem à estupidez humana. Mas o senso comum a aplaude.
Sem a estrada pronta, essa obra é um dos maiores exemplos de desperdício no país. Mas por estar ao lado de uma vitrine de 500 mil admiradores, os políticos deixaram de construir pontes bem mais importantes do ponto de vista estratégico como a de Guajará-Mirim ou mesmo a outra que tiraria o Acre do isolamento. A ponte de Porto Velho além de subsidiar a farinha de mandioca produzida no projeto Joana d’Arc servirá também para muitos incautos levarem suas famílias para tecer loas “a capacidade dos nossos políticos” e fazer fotos. Mesmo com ela, a ligação entre Porto Velho e Manaus sempre dependerá da balsa do Careiro e num Estado que já dá sinais de falência, gastar uma fortuna sem necessidade é fazer-nos de trouxas. Falaram até que ela seria entregue antes do prazo e dentro do orçamento. Duvido: o Brasil não é Primeiro Mundo e a empresa que fizer isto jamais ganhará qualquer licitação. Obras públicas neste país geralmente se confundem com desperdício, roubalheira, superfaturamento, desvios de verba e enganação do público, que paga e aplaude “a generosidade e o trabalho” de suas autoridades.



*É Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Roberto Sobrinho, muito superior a JK



Roberto Sobrinho, muito superior a JK


Professor Nazareno*


O Governo de Juscelino Kubistchek, no final da década de 1950, entrou para a História política do Brasil porque como nenhum outro mandatário brasileiro ele soube aliar com muita habilidade e competência o progresso e o desenvolvimento com ideais democráticos e um faro incrível para superar crises. JK constrói Brasília, contorna momentos difíceis no país no auge da Guerra Fria, conclui brilhantemente o mandato e o seu irretocável e muito elogiado Plano de Metas, que propunha 50 anos de desenvolvimento em apenas 05, transforma a sua gestão em um dos marcos econômicos da nossa História recente. Enfim, o governo JK foi um exercício de democracia. Porém, isto não só já faz parte do passado como também acaba de ser superado em pleno interior da Amazônia por outro político de igual perfil.
Trata-se de Roberto Eduardo Sobrinho do Partido dos Trabalhadores, o glorioso PT do ex-presidente Lula e de Dilma Rousseff. Sobrinho superou JK em tudo. Administrando uma das cidades mais limpas e higiênicas do Brasil, talvez até do mundo, este paulista de pouco mais de 50 anos, formado em Psicologia, colocou a capital dos rondonienses nos trilhos. Como um estrategista de primeira grandeza, tino e visão política invejáveis para um jovem como ele, o Prefeito de Porto Velho, entre os anos de 2005 e 2012, inovou na arte de administrar. Em todos os aspectos, mudou e para sempre a cara da capital dos rondonienses. Construiu escolas, recuperou e asfaltou ruas, valorizou os funcionários públicos municipais, arborizou a cidade, devolveu-nos o orgulho de se morar numa cidade como esta.
Só em saneamento básico, Sobrinho superou a marca dos 200% de realizações em sua administração. Saltamos de um por cento no início dos “anos dourados” da administração do PT em Porto Velho para os quase 3% de esgotos atualmente. Em nenhum outro lugar do mundo se viu tamanha competência e números tão grandiosos. No asfaltamento de ruas, mais outro recorde para a atual administração. Conforme previa o orçamento destinado à cidade pelo PAC, Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal, e em parceria com a Prefeitura Municipal, a nossa capital tem hoje perto de 100% de água tratada e amplas redes de esgotos. Para a alegria do povo interiorano, Roberto Sobrinho até ajudou a emancipar distritos, como o de Extrema próximo à divisa com o Acre.
Por tudo isto, não há nada mais justo do que veicular propagandas, pagas com o nosso dinheiro, em fins de administração, mostrando o azar de não termos votado no PT e na candidata Fátima Cleide para continuar com os trabalhos iniciados agora. Por obra e graça de Roberto Sobrinho, o futuro Prefeito Mauro Nazif não terá dificuldade nenhuma para administrar Porto Velho nem para concluir as obras que, por absoluta falta de tempo, não deu para terminá-las nestes dois mandatos. Dos cofres da Prefeitura, Dr. Mauro herdará uma fortuna em reais e certamente fará um excelente trabalho. Roberto Sobrinho é o responsável por desenvolver oitenta anos em apenas oito superando assim em 60% a marca de JK. Eu me sinto um idiota, um pulha, um imbecil, um estúpido por não ter acreditado nesta administração e ter votado em outro candidato. Jamais me perdoarei por isto.




*É Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

"Carraspana no Tonhão"



“Carraspana no Tonhão”


Professor Nazareno*


O dia 02 de novembro é o dedicado aos mortos. Os outros dias do ano devem ser dedicados aos vivos. Como de costume fui ao “Cemitério dos Pobres” acender velas para os mortos que não tenho aqui. Reverencio apenas a finada Ceron. Porto Velho tem 04 cemitérios: o de Santo Antônio, conhecido pela alcunha de “Tonhão” e falado como sendo o reduto dos pobres daqui, o dos Inocentes no centro da cidade, e dois outros bem mais suntuosos e requintados: um na entrada leste da nossa capital, saída para Cuiabá, o Jardim da Saudade e outro na saída sul, sentido Acre, do lado oposto à Universidade Federal de Rondônia, a Unir. Este, mais vivo e ativo do que a sua vizinha de frente.
Enterrar e depois acender velas para os seus mortos é uma tradição milenar entre os cristãos. Outros povos e religiões costumam queimar (ou cremar) os seus mortos e guardar as cinzas como lembrança. Este costume não daria certo entre os cristãos, pois conheço muita gente que depois de queimada não daria uma única colher de cinzas. Mal terminaria o ritual e um simples vento faria desaparecer o sujeito no ar. Deve ser por isso que o costume de velar os mortos é ensinado de geração a geração entre nós. E mesmo depois de inventada a lâmpada elétrica, os simplórios mantêm a tola tradição.
Vi de tudo lá pelas bandas do “Tonhão”. Resolvi comer uma bela e suculenta feijoada que estavam vendendo nas proximidades das tumbas. Havia também moqueca de peixe, sucos, guaranás, cervejas e toda a sorte de iguarias. Um comércio de compra e venda que os cristãos católicos permitem e acham até normal. Tudo por ali era alegria, felicidade, festa, risos e para falar a verdade não vi quase ninguém chorando pelos seus mortos. Fiquei impressionado com algumas luxuosas tumbas e percebi que o capitalismo rompeu a barreira da morte também. Morrer sempre dá lucro a alguém.
Porém o mais impressionante foi observar que o consórcio que está construindo a Hidrelétrica de Santo Antônio insiste em dizer para o público que acende velas que o cemitério não será alagado quando a barragem estiver pronta. Pode até não ser alagado, mas a proximidade com tanto volume de água fará certamente aquele “canto santo” sofrer as conseqüências como assoreamento e talvez até inundação das covas mais profundas. O que faz uma igrejinha perdida no meio de tanto concreto? É o capitalismo de novo agindo, só que profanando, com nossa permissão, os nossos lugares sagrados.
De todos os mortos daquele lugar, no entanto, o que mais nos causa dor e tristeza é o rio Madeira. Dilacerado em suas entranhas, sangrando até a morte, agonizando ante o espetáculo ambicioso e doentio do bicho homem e covardemente abandonado pelos seus filhos, o outrora rio das Madeiras é o morto mais famoso dali e deveria ter recebido velas e orações neste Dia de Finados. Embora hoje ele ria diante dos precatórios do Sintero/TRT/OAB e da transposição que nunca chegarão, está agonizando e suas águas já estão paradas entre Porto Velho e São Carlos. Dizem que agora ele nasce do Santo Antônio para baixo. Talvez seja por isso que a morte de um dos nossos maiores símbolos tenha sido tramada num lugar tão pouco comum: um cemitério. Acho que ele agradeceria as velas e as preces, mesmo em meio a goladas de cachaça, cervejas geladas, comércio intenso, congestionamentos horrorosos e festejos. Muitos festejos.



*É professor em Porto Velho.