sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Estudar para quê mesmo?



Estudar para quê mesmo?

Professor Nazareno*

            O Brasil tem um dos piores sistemas de educação do mundo. As escolas públicas principalmente estão em “petição de miséria” já há muito tempo. Ao contrário do que se pensa a situação também não é nada animadora nas escolas particulares. Nossas universidades estão entre as piores do planeta e praticamente não formam bons profissionais afinados com a demanda do mercado de trabalho. Nunca ganhamos um Prêmio Nobel ou um Oscar e nunca nos destacamos em nada quando o assunto é conhecimento ou educação de qualidade. Nossas escolas têm apenas meio turno diário de aulas enquanto nos países civilizados há quase um século que se trabalha em escolas com turno integral. Porém, investir em educação de qualidade no nosso país pode não ser um bom negócio tendo em vista a mentalidade de atraso já incutida entre todos nós.
            De fato, o maciço investimento em educação de qualidade e na consequente boa formação dos nossos alunos pode mudar radicalmente em médio prazo todos os conceitos da pré-histórica mentalidade da sociedade brasileira. Com intelectuais, cientistas e pessoas com conhecimento de mundo entrando anualmente “aos montes” no mercado de trabalho muitos conceitos arraigados em nossas atrasadas mentes mudariam significativamente. Carnaval, por exemplo, não existiria. Pelo menos da maneira fanática, apolítica e irresponsável como é hoje. Dificilmente se veriam intelectuais, homens cultos e PHD’s vestidos de mulheres e se drogando no meio das ruas. A mídia mudaria o foco e passaria a divulgar conhecimentos e responsavelmente cuidaria da boa formação de todos os brasileiros. Diferente do que faz hoje quando só visa ao dinheiro.
            Embora no Brasil o Estado seja laico, os conceitos religiosos também teriam profundas mudanças na nova sociedade. Como na Holanda, Japão, Suécia, Noruega e outras nações desenvolvidas, a maioria dos cidadãos não seria escravizada facilmente por falsos profetas e outros picaretas da religião em troca do vil metal. Como vender terrenos no céu, indulgências e outras lorotas a pessoas cultas e com vasto conhecimento da realidade? Num país cujos cidadãos tivessem excelente leitura de mundo a tendência seria o desaparecimento total de todas as religiões e do proselitismo religioso. Além do mais, na hora de votar e escolher seus representantes, os novos eleitores seriam muito mais conscientes e criteriosos. Votar no PT, no Lula, em Mauro Nazif e em outras tranqueiras seria quase impossível com votantes mais esclarecidos.
            O futebol seria visto apenas como mais um esporte e jamais como paixão avassaladora, tosca e alienante. Mas como muitos brasileiros comuns são acomodados e conservadores, essas mudanças por meio de uma educação continuada, inclusiva e de boa qualidade jamais seriam implantadas em nosso país. Mudar para quê se está tudo caminhando “dentro da normalidade”? Ter uma religião, acreditar em Deus, se drogar no carnaval, votar a cada dois anos nos mesmos políticos ladrões, torcer por um time de futebol dentre outras sandices absurdas são coisas muito boas, por isso passar algumas dificuldades não é nada, já que a grande maioria necessitada da população deste país se sente feliz desse jeito. Seguindo esta lógica maldita, não há sentido em estudar, adquirir conhecimentos, buscar leitura de mundo e se aperfeiçoar. O problema é que alguém pagará pelo erro alheio. Sem boa educação, caminha-se para esse caos onde já estamos.




*É Professor em Porto Velho.

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