sábado, 23 de dezembro de 2017

Infeliz Natal e Ano Novo pior


Infeliz Natal e Ano Novo pior


Professor Nazareno*

            
         A surrada e mentirosa frase “Feliz Natal e Próspero Ano Novo” dita de forma tão natural nos finais de ano apenas mostra a hipocrisia secular em que nós brasileiros vivemos. Não precisa fazer análises profundas dentro da nossa sociedade para observar o quão absurda é essa felicitação. Em quase todos os aspectos da vida nacional o que se vê é um pessimismo sem tamanho. Na política, por exemplo, o festival de roubalheira e corrupção quase não tem fim. Dos quase 600 congressistas que temos, um terço deles está respondendo a processos e também enrolados com a Justiça. Não há um único Estado que não tenha “representantes do povo” sendo investigados. O presidente do Brasil, o golpista Michel Temer, chegou a ser o mais impopular presidente de país no mundo com pífios 3% de aprovação. Perdia até para a margem de erro das pesquisas.
            O ano que ora se encerra foi uma verdadeira calamidade para quase todos os brasileiros. O preço do gás de cozinha bateu recorde por cima de recorde. A gasolina subiu de preço toda semana. A inflação disparou, mas a mídia insistia em dizer que estava diminuindo. O desemprego aumentou, os funcionários públicos foram e ainda estão sendo perseguidos sem tréguas. O trabalho escravo deu as caras. A roubalheira dos políticos continuou dilapidando o Erário. Vários Estados não pagaram o salário aos funcionários. Temer foi liberado duas vezes pela Câmara dos Deputados. Nem Aécio Neves nem Lula foram presos. Gilmar Mendes do STF soltou quase todos os presos sob sua jurisdição. A impunidade aos mais ricos correu solta. O futebol brasileiro praticamente perdeu todas as competições de que participou, exceto a Libertadores.
            Acomodados e acovardados atrás das redes sociais, a maioria dos brasileiros não bateu mais em panelas diante dos escândalos quase diários que apareciam na mídia. Várias lideranças populares foram mortas. A TV Rondônia sempre transmitia o Jornal Nacional com mais de uma hora de atraso.  O porto do Cai N’Água não foi consertado. A extrema direita invadiu as escolas e proibiu uma série de avanços antes conquistados a duras penas. O movimento escola sem partido passou a dar as cartas em vários estabelecimentos de ensino pelo país afora. A ideologia de gênero foi proibida e até livros didáticos foram censurados. Em Rondônia, na maior cara de pau, a direita ameaçou militarizar quase todas as escolas estaduais. E Porto Velho continuou sendo uma das piores cidades do Brasil em IDH, apesar das promessas do novo prefeito.
            Tendo que olhar para cima para ver o fundo do poço, o brasileiro não pode ouvir cinicamente que terá um Ano Novo repleto de coisas boas. Muito menos um feliz Natal. Em 2016 disseram essas mesmas lorotas e 2017 foi esta maldição toda. As perspectivas para o próximo ano, no entanto, não são nada animadoras. Será provavelmente aprovada a draconiana reforma da previdência e quase todos os deputados estaduais, deputados federais, senadores e governadores serão reeleitos. Uma multidão de políticos da pior espécie rumará para Brasília a partir de 2018 para acabar de dilapidar o país. Por mais quatro anos, o Brasil continuará na merda de sempre. As angústias deste ano parecem fichinha diante do que está por vir. A única alegria será ver o Brasil perder de novo a Copa do Mundo. Esperar que Lula, Jair Bolsonaro, Marina Silva, Geraldo Alckmin ou outra desgraça que seja eleita faça algo pela nação é pura ilusão. Há infelicidade pior?




*É Professor em Porto Velho.

Um comentário:

Unknown disse...
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