sábado, 13 de março de 2010

As "maravilhas" do Nordeste brasileiro


“Orgulho de Ser Nordestino”


Professor Nazareno*


A criação de slogans falsos e mentirosos para enganar a população é uma prática comum no Brasil. A Ditadura Militar criou vários mantras que se popularizaram. “Brasil, ame-o ou deixe-o”, ou “Este é um país que vai prá frente!” Em Rondônia também existem muitos ditados que, de certa forma, tentam imitar o absurdo: “sou daqui e exijo respeito”, diz, por exemplo, a frase da Assembléia Legislativa. Será que ser respeitado é “devolver” o dinheiro do povo? Porém um dos ditados mais incomuns e patéticos apareceu no Nordeste do Brasil. Sem observar a dura realidade da região, alguns imbecis insistem em ressaltar o orgulho de se ter nascido naquele lugar.

O Nordeste brasileiro é uma região com área territorial menor do que o estado do Amazonas e tem uma população de quase 60 milhões de pessoas. Se esses dados geográficos fossem no mundo rico e desenvolvido, tudo bem. No Brasil é sinônimo de muitos problemas. Vejamos: os quatro estados mais pobres do país e com menor Índice de Desenvolvimento Humano são do Nordeste: Alagoas, Paraíba, Maranhão e Piauí. Os índices econômicos da região são pífios, sempre foram. O analfabetismo é alto, e a concentração de renda, o câncer do país, é a maior dentre todas as regiões. O seu maior produto de exportação sempre foi a mão de obra barata e de qualidade duvidosa.

As capitais da região se auto-intitulam como oásis do turismo mundial, mas são apenas seqüelas associadas à exploração de seres humanos. Recife pode até ser a “Veneza brasileira”, mas é a capital mais violenta do país. Natal e Fortaleza disputam ferrenhamente o título de capital do turismo sexual. Uma voltinha nos calçadões da Aldeota ou mesmo nas brancas areias da Ponta Negra é um convite que pode quase sempre terminar dentro de um motel. João Pessoa, na Paraíba, não é onde o sol nasce primeiro. Nunca foi. Dependendo da posição da terra, é o norte do Espírito Santo que recebe os primeiros raios solares. Uma mentira secular em que todos os paraibanos sempre acreditaram.

Os estados nordestinos sempre tiveram só duas cidades: a capital e o resto. Por isso a política do lugar é conhecida no mundo inteiro como a “Meca do clientelismo”. O coronelismo sempre foi uma marca registrada de lá. A “indústria da seca” é uma realidade tipicamente nordestina. Sarney, Collor, ACM dentre tantos outros são e foram exemplos de líderes regionais sabidamente copiados pelo resto do Brasil. Nem na Literatura há grandes destaques. Como indicar alguém como Jorge Amado ou mesmo José Lins do Rego para algum Nobel? Um se dizia comunista, mas apoiava ACM na Bahia, o outro jamais escreveu algo além da realidade dos engenhos de cana.

Na religião o Nordeste é um caso à parte. De Antônio Conselheiro, nos confins da Bahia, até Roldão Mangueira e seus “Borboletas Azuis” passando pelo cearense Padre Cícero ou o pernambucano São Severino dos Ramos e até Frei Damião, os nordestinos sempre “botaram fé” nos seus escolhidos. E, alheios ao tempo e à realidade, nunca deixaram de associar os fenômenos climáticos aos desígnios de Deus. Por tudo isto, não seria correto associar o slogan do título à realidade sem nenhuma reflexão mais detalhada. É possível até sentir orgulho de ser de algum lugar. Mesmo que este lugar esteja apenas associado a simples vendedores de rede espalhados pelo mundo afora. Mas aí a História teria que ser mudada.


*É professor em Porto Velho.


5 comentários:

Unknown disse...

Eita porra.

João de Souza Régis disse...

Opinião é coisa pessoal. Estatistica não reflete a realidade. Generalizar é imbecilidade. Minhas frustrações com a vida não vale para os outros.

Antônio de Souza Alencar disse...

Professor infelismente tudo o que o senhor escreveu é verdade so que ao não colocar as coisas boas da região o senhor erra feio pois passa uma ideia de que lá só tem coisas que não prestam. O nordeste ou qualquer outro lugar do mundo tem coisa boas e coisas ruins e o senhor sabe muito bem disto pois nasceu lá. Apesar de ler todos os seus textos eu gostaria de saber quando o senhor vai escrever algum falando bem de alguma coisa. Mais e bom que continue escrevendo assim mesmo quem sabe abre os olhos de muita gente. Mais repito que se o senhor fosse escrever sobre as coisas boas do Nordeste ou de Rondônia, o senhor teria muito mais assuntos para os seus leitores.E eles não ficaraim com raiva do que o senhor escreve. A verdade é sempre a verdade e dói em muita gente mas não se faça de cego: no Nordeste tem muitas coisas que lembram qualquer paraíso. Porque lembrar só do que não presta? Pense nisso e continue escrevendo por enquanto sou seu leitor. Obrigado.

Eron Bezerra disse...

Eu sei que quase tudo isso que vc falou pode ser verdade,mas a expressão \'Orgulho de ser nordestino\'trata e se refere a questão da alma do povo nordestino, do homem sertanejo trabalhador, honesto, religioso,direito,digno,corajoso, disposto, guerreiro...Não se refere as características da região e sim as virtudes do povo do nordeste, agora; se orgulhar do lugar que nasceu e se orgulhar de ser de lá é só mais uma virtude de homens e mulheres destemidos do nordeste. Um forte abraço de um cabra macho!

Leal Rodrigues disse...

Tem de ser nordestino, “caba macho”! Pra caçar na caatinga um barbatão! Amansar burro “brabo” e alazão Só com sela, sem brida ou barbicacho. Degustar “buchada” lá no tacho, Criar bom cachorro perdigueiro Encangar boi de carro, ser carreiro Com arado a terra revolver! Tem de ser nordestino pra saber Dar valor ao nordeste brasileiro...
Ter orgulho de ser “Caba da Peste”!/ Ser vaqueiro, na pista campeão/ Na faixa, estender o boi no chão/ Encarar qualquer um que lhe conteste,/ Cultuar sertão e o agreste/ Cultivar o costume hospitaleiro/ De tarde, no batente do terreiro,/ Ver o sol no poente se esconder!/ Tem de ser nordestino pra saber/ Dar valor ao nordeste brasileiro...