O estudo da história nos permite compreender todo o processo de formação da atual sociedade em todos os seus aspectos, seja tratando a respeito da coletividade ou do indivíduo em si, olhar para trás possibilita estabelecer uma comparação entre o passado e o presente, e especular quanto ao futuro. Quando estudado as origens históricas do estado de Rondônia é possível entender a razão pela qual sua população, em significante porcentagem, aceita calada sem reagir de forma alguma a tudo aquilo que lhe é imposto, a população nativa consentiu com a imposição cultural, que é a razão de todas as riquezas naturais, seja o meio ambiente ou a cultura local, estarem destinadas à extinção; a atual sociedade permite que governantes defraudem descaradamente os cofres públicos e escapem ilesos; acredita veemente que todos os projetos do governo federal visam exclusivamente o desenvolvimento e integração do estado com a nação. Todavia tais acontecimentos não são exclusividades dos habitantes locais, é uma característica nacional aceitar tais acontecimentos, entretanto um fato em especial chama a atenção: a revolta local quando uma pessoa resolve quebrar o voto de silêncio. José de Nazareno (professor Naza) decidiu desabafar sobre tamanha inércia por parte dos rondonienses, falando acerca dos fatos mencionados acima e outras situações freqüentes no estado, e postou em seu blog um artigo sobre seu posicionamento acerca da plena aceitação dos chamados cidadãos perante tais abusos, porém de modo diferente dos outros acontecimentos, passou a ser tratado como um antiético, sem valores morais.A definição de ética vem do grego da palavra ethos que quer dizer caráter, ética é fruto de todos os valores culturais e morais adquiridos, o modo como cada sociedade surgiu e evoluiu com o passar do tempo auxilia na definição de ética que ela aceitará. O que é de difícil compreensão é que fatores motivam tamanha indignação, pois uma sociedade inerte perante corrupção, imposições culturais, destruição de patrimônios históricos pode alimentar tanto ódio contra uma pessoa que tenta abrir os olhos de uma sociedade hipócrita e suscitar uma atitude contra tamanhos abusos. Um evento histórico ocorrido durante a Revolução Francesa se assimila a tal acontecimento nos dias atuais, um grupo de trabalhadores franceses revoltados contra a nobreza da época resolve praticar um massacre, todavia em razão do medo do poder dela, resolve pratica-lo contra quem não tem poder suficiente para reagir: gatos. Tal ato ficou conhecido como o grande massacre de gatos na Rua Saint – Séverin, seria esse o sentimento da população ao tentar encontrar um bode expiratório para amenizar a frustração ao ver toda a sua impotência? Ou uma confirmação do que diz Heródoto: “A massa inepta é obtusa e prepotente; nisso nada lhe compara. (...), mas o povo não tem sequer a possibilidade de saber o que faz. Como poderia sabê-lo, se nunca aprendeu nada de bom e de útil, se não conhece nada disso, mas arrasta indistintamente o que encontra no seu caminho?”, teria então Nazareno entrado na frente do povo, por isso deveria ele ser tido como o vilão da historia? Seria essa uma prova de que todo o argumento defendido pelos sofistas no século 4 A.C. de que nem todos são capazes de suportar a verdade, e precisam de subterfúgios e mentiras para suportar a realidade? Até que ponto a sociedade chegará para calar a voz daqueles que ainda acreditam que pode haver uma solução?
Não sou arrogante a ponto de dizer ser dono da verdade, venho apenas tentar defender um direito garantido pela Constituição Federal que vigora no país atualmente, sou apenas um ex-aluno do professor Nazareno, não escrevo com a intenção de defendê-lo cegamente, todavia não posso simplesmente ignorar todo o censo crítico, que ele e os demais professores que trabalham na instituição particular de ensino na qual ele ministra suas aulas, tentam criar em seus alunos. Sou mais um dos poucos que juntamente com o professor Carlos Moreira, que tem tido participação ativa na defesa do artigo publicado, ainda acreditam nessa sociedade, não que ela alcançará a perfeição, tal utopia jamais se concretizará, mas buscamos a formação de uma população ciente de seu papel para a formação de uma sociedade mais justa do que a atual. Deixo aqui meu apoio ao prof° Nazareno, não é hora de desistir ainda, a voz não deve se calar, a luta deve continuar.
Para muita gente que não sabe, DNIT significa Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. É um órgão do Governo Federal ligado ao Ministério dos Transportes e tem atuação em todas as unidades da Federação. No Estado de Rondônia (e Acre) tem como superintendente o senhor José Ribamar da Cruz Oliveira e é um órgão responsável pela manutenção e conservação das esburacadas rodovias federais nos dois estados. Em Porto Velho, por exemplo, está ligado à duplicação da BR - 364 no trecho que vai do Candeias até a Unir, saída para Rio Branco, quase, no quilômetro 12, próximo à Vila Princesa, o lixão da nossa capital. E como o prefeito paulista Roberto Sobrinho presenteou o Governo Federal com duas das mais importantes avenidas da cidade, em tese, o DNIT também deve se intrometer nos destinos das avenidas Jorge Teixeira e Imigrantes, localizadas em pleno centro da cidade. Perigo maior ainda.Porém a atuação deste órgão em nossa cidade não tem sido das melhores. Talvez imitando o tradicional “jeito PT de governar”, o DNIT até agora só se meteu em trapalhadas homéricas quando tentou mostrar serviço aos cidadãos de Porto Velho. Os sábios deste órgão 'azucrinaram' a vida dos estudantes da FARO quando impuseram um retorno absurdo na entrada desta faculdade particular. Quase quatro quilômetros a mais os alunos têm de fazer quando se dirigem do centro da cidade até a escola. Os motoristas que trafegam na avenida rio Madeira com destino à Zona Sul da cidade tiveram a sua rotina transformada em um inferno, pois foram impedidos de cruzar a BR e 'ganharam' do órgão um acréscimo de uns três quilômetros. Se não quiserem, têm a opção de entrar na rodovia pelo congestionado Trevo do Roque: mais uns cinco quilômetros. Haja gasto de combustível e tempo.A empresa, de nome bisonho, responsável pela duplicação da rodovia no trecho acima citado, a CAMTER, quase não conclui a obra. Ano passado, depois de vários trechos inacabados e duas pontes ligando o nada a coisa alguma, e finalmente com a intermediação de alguns políticos, a obra foi retomada. Óbvio que faltaram verbas, fora a desculpa de então para tanto tempo de paralisação. Desta vez para a conclusão seria preciso fazer algumas passarelas. E era exatamente nesta obra, as passarelas, onde residia o maior perigo. Uma foi construída na cidade do Candeias e as outras duas já no perímetro urbano da capital: uma em frente à FARO e a outra entre os bairros Tucumanzal e São João Batista na saída sul da nossa capital. Não deu outra: enquanto esta passarela está toda torta, aquela desabou matando um operário. Resultado: as três obras da CAMTER foram demolidas como se o dinheiro público desse em árvores.Além do mais, os técnicos do DNIT e da CAMTER certamente isolaram o bairro São João Batista como se lá não morassem cidadãos que pagam impostos. Imagine-se um morador do citado bairro que tem um carro, e precise, numa emergência, ir ao Hospital João Paulo Segundo ou para a Unir. Terá que voltar ao Trevo do Roque, contorná-lo e seguir viagem, passando, de novo, ao lado do seu bairro e pegando o Trevo da Campos Sales. Um outro absurdo, pois serão quase cinco quilômetros a mais que será obrigado a fazer. Nenhum comentário se o mesmo cidadão precisar ir, de carro, ao vizinho bairro Tucumanzal. “São bairros de pessoas pobres e sem nenhum recurso”, devem ter pensado os autores desta façanha inacreditável: em pleno século vinte e um isolar cidadãos, humildes que sejam, ou criar dificuldades para a sua locomoção. Nada anormal, pois na cidade de Roberto Sobrinho os retornos das ruas são quase inexistentes e talvez por isso entre os dois trevos o DNIT não deu ao cidadão esta possibilidade.Em Minas Gerais, o ano passado, um representante regional do DNIT foi preso por causa de uma estrada mal conservada entre Uberlândia e Patrocínio. Se esta moda pegasse por aqui, crimes de responsabilidades certamente seriam banalidades e qualquer órgão ligado ao Estado teria mais zelo e cuidado com a coisa pública. Da Presidência da República até a mais humilde repartição deste país o lema deveria ser trabalhar para facilitar a vida do cidadão que paga a maior carga tributária do mundo e com ela sustenta a máquina pública. Esta mesma máquina que em Porto Velho cria dificuldades de locomoção para motoristas e pedestres. E que ninguém se iluda: essa maldita estrutura que construiu 'as passarelas descartáveis' poderá também construir os complexos de viadutos que a classe política já está anunciando. Quantas mortes, e privações, ainda serão necessárias para que a população reaja e compreenda que o objetivo de qualquer obra bancada com o dinheiro público deve ser para o benefício de quem paga a conta?
não temos o “costume” da liberdade ou da liberdade de expressão. ao primeiro riscar do cheiro de pólvora linchamos o monstro q ousou se “expressar”. não há crime maior. dizer o q pensa, o q sente, o q deseja, o q vê, o q imagina, principalmente quando discorda do q acreditamos ou vivemos, só pode ser um crime, e o infeliz q ousou dizer algo contra nossa maneira de ser e de estar, um criminoso. isso não passa de fascismo, mas está inclusive na lei: podemos ser processados por “apologia ao crime”: esse é um crime q ninguém nota. por uma coisa muito simples: uma lei fascista num mundo fascista não pode ser entendida como fascista. quando o regionalismo, o localismo, os nacionalismos se juntam, se articulam pra manter um fascismo legislativo, judiciário, governamental, local ou nacional, um fascismo dos costumes, entramos num momento perigoso, ou nunca saímos desse momento sempre a ponto de linchar alguém, ou de silenciar por todos os meios legais, amigos, passionais, administrativos, afetuosos, e violentos, traumáticos, tortuosos. escrever sobre sua cidade, seu bairro, seu estado, seu país, escrever qualquer coisa, deve e pode ser suportado enquanto idéia, opinião, perspectiva, sem q o criminoso seja destroçado, expulso, violentado, massacrado. basta q respondamos as suas palavras, suas opiniões, sem tocar no seu salário, na sua vida, no seu corpo, na sua paz, nas suas relações vitais. mas não conseguimos conter o ódio carniceiro diante da diferença, diante do outro q se expressa, estranhamente, como outro. e todos são democratas! imagine se todos se considerassem do partido nacional socialista: toda a diferença iria, depois dos campos de extermínio, pros campos do esquecimento. e todos muito felizes ficariam bebendo sua cerveja bem gelada, coçando o bucho e conversando sobre “futebol e mulher”, contando piadas sempre preconceituosas e uns rindo com os outros como cordeiros perversos, vendo lá longe a fumaça dos crematórios. e há sempre de tempos em tempos alguém q diz o q pensa, mesmo q seja infantil ou primitivo, seja inofensivo: quanto mais inofensivo mais ofensivo se torna: quem escreveu sendo inofensivo mostra q é fraco: chama os carniceiros de plantão, as milícias do bom pensar, os guardiões dos bons costumes, os servidores da lei. não se sabe bem porq, mas de repente alguém diz o q pensa, escreve, canta, grita, delira, poetiza, goza o q pensa. e o mundinho vem abaixo. a democracia vem abaixo. e vemos quão pouco suportamos a diferença q se mantém diferente, o diferente q diz o q pensa. vemos até onde vai nossa democracia criada e mantida nas portas dos governos, nos sensos comuns, nos capachismos, nas vergonhas de fugir das manadas, se mantém na plena e dura burrice em suportar a diferença. seja cantar uma letra de música idiota de algum estado ou da-nação conforme deseja, seja atacar o horror de uma cidade, de um estado, do país; seja atacar uma matilha de ratazanas q dilapidam uma universidade; seja criar um movimento artístico maior q o universo minúsculo de minhocas histéricas. só podemos cantar o de sempre, só podemos ser igual aos outros, só podemos viver a vida de todos. a resposta à diferença é sempre estridente, sádica, cheia de frases feitas, imagens feitas, gestos feitos, pré-feitos, onde todos podem beber sem se embriagar, onde a verdade fica a disposição da anta, do burro, do jegue, do animal de plantão (não confundir com o “animal de platão”). e o pobre diabo é escorraçado sem a piedade dos religiosos, q os religiosos gritam q possuem às toneladas, q os democratas gritam q possuem o tempo inteiro, q a “população em geral” se orgulha o tempo inteiro, enquanto alguém não se põe a ser diferente, dizer a diferença. e o medo à diferença é simples e elementar: a diferença faz aparecer a mesmidade, a falsa igualdade, a mentirosa fraternidade, a amarga mentira da amizade, do amor, do carinho, da cumplicidade, do companheirismo: a diferença além de mostrar q o “rei ta nu”, mostra q a “população em geral” e a “intelectualidade local” não passa de uma massa fascista, perigosa, burra, doente e ressentida. se não fosse o diferente, o estranho, o contra, jamais saberíamos quem é um crápula, um nazista, um covarde, um regionalista estéril, um nacionalista de carteirinha com saudade das ditaduras. pra isso temos q reconhecer a função do diferente: expõe o quanto são pulhas as massas midiáticas, os batráquios metidos a artista, os jabutis travestidos de intelectuais, as ratazanas universitárias, as antas vestidas de professores. esse diferente pode ser alguns q conhecemos muito bem, alguns de nós, ou o último, o “professor nazareno”. tanto faz a quantidade da diferença, a questão está na quantidade da igualdade. na força desproporcional entre o diferente e as matilhas, os cardumes, as manadas nazi-fascistas sobre o in-feliz da vez. mas o infeliz da vez é sempre mais alguém, sempre outro q escapa ao campo de força da rocha irremovível da mediocridade.
*o autor publicou também os livros Babel, Wyk, Górgonas e Senhor Krauze.
quarta-feira, 1 de abril de 2009
O grito abafado pelo fim da monotonia ideológica
Jéssica de Souza*
gecika42@hotmail.com
Houve umpo em que revelar algo não condizente com o de costume era mortal. Existiam as perseguições (verdadeiras caças as bruxas), os contrapostos, e é claro, o castigo ao “louco sem escrúpulos”. Em pleno século XXI vivemos de maneira inacreditável. A ciência com seu desenvolvimento vem causando ‘’espantos saudáveis’’ e mesmo assim, pessoas continuam com seus pensamentos alienados e pacatos desobedecendo a simples regra de sempre- evoluir. José Nazareno, recentemente, recebeu intensas críticas ao escrever um artigo revelando a atual situação do estado de Rondônia, que encontra-se sob o governo de gente estúpida e incapaz de exercer sua verdadeira função na íntegra. E a capital, por sua vez, vê o agravo da calamidade existente, quase irreversível. Os verdadeiros leitores, ao deparar-se com o texto souberam, de fato, interpretar o exposto por Nazareno que, de maneira brilhante, descreveu a sujeira existente no estado. Porém, surgiram críticas absurdas de várias partes (fala-se de Brasil, logo, língua grande não falta.). A carapuça serviu a muitos, indignados com as ‘’árduas ‘’palavras do jornalista ao retratar a realidade, e como um verdadeiro ‘tapa na cara’ incomodou. Então, pergunta-se: A partir de que momento um artigo pode incomodar tanto? Com muita clareza, é fácil de responder. Quando a situação existe, é lógica, grave e está encoberta pelo véu da arrogância. Voltaire dizia: “Posso não concordar com o que você tenha dito, porém, lutarei até o fim pelo direito de dizê-lo”. Essa deveria ser uma espécie de resposta por parte dos críticos, que pelo contrário, insistem em lançar suas pedras sem, de fato, disponibilizarem de argumentos sensatos capazes de explicar suas opiniões. Parecem ter esquecido da repressão sofrida com o AI5(fim da liberdade de expressão), ou preferem voltar à idade média e não enfrentar a realidade de frente (bem mais cômodo!) e é claro pegar as tochas da hipocrisia e partir para o suposto ataque ao direito de expressão do autor. A educação, ou a ausência dela, é a grande culpada por essa robotização de pensamentos, já que alguns alunos (verdadeiros rebeldes sem causa alguma), capachos, insistem em atirar por todos os lados palavras de ofensa que nem ao menos sabem o que significa na prática, exercendo sua bela liberdade de “berrar”. Portanto, é necessário acabar com o medo de pensar, incrementando com complexidade e audácia, principalmente, o intelecto que resta na sociedade medrosa e pobre de cultura. Apoiar e respeitosamente aceitar criticas, que se observadas pelo ângulo exato (se é que existe um), serão construtivas, no intuito de amenizar o caos burguês que afeta a todos, antes que tudo desabe sobre nossas cabeças, sem metáforas, pois “nos deram espelhos e vimos um mundo doente. Tentei chorar e não consegui”.
Porto Velho, capital de Rondônia, recebe as famílias de trabalhadores das usinas do Rio Madeira com aluguéis exorbitantes, sistema de saúde precário e uma coleção de problemas de infra-estrutura. Os funcionários que chegam a Porto Velho para trabalhar na construção das usinas enfrentam falta de infra-estrutura e aluguéis mais caros do que os de São Paulo As famílias dos trabalhadores das polêmicas usinas do Rio Madeira começam a desembarcar em Porto Velho, capital de Rondônia. Encontram uma cidade com aluguéis mais elevados que São Paulo, sistema de saúde precário, rede escolar deficiente, calçadas esburacadas, saneamento básico quase inexistente e lixo para todo o lado. Com a perspectiva de anos de trabalho por lá, os maridos tem de se esforçar para que a mulher não faça as malas e pegue um avião de volta enquanto ele está no trabalho. São funcionários das empresas dos consórcios que constroem as usinas de Santo Antonio e Jirau e não têm escolha, é “vai ou vai”. “Meu marido não me contava a verdade quando falava comigo por telefone”, conta Andrea Rocha Izac, de 37 anos, três filhos. “O bicho é muito mais feio do que eu pensava. Acho que meu marido tinha medo que, se contasse como era, eu não viesse. E ainda nem sei se vou conseguir ficar!”
Nos primeiros anos, na fase de estudos de viabilidade, os homens vinham sozinhos. Desde o final do ano passado, começaram a chegar as famílias. Os problemas de Porto Velho, que sempre foram muitos, multiplicaram-se, acentuados por uma voracidade do setor imobiliário, especialmente, e do comércio em geral. O preço do aluguel de imóveis em Porto Velho triplicaram e hoje tornou-se um dos mais altos do Brasil. “Eles olham pra nós e não enxergam pessoas. Vêem uma notinha de dólar”, desabafa Andrea. “Como vou me sentir bem num lugar que me recebe assim?” Andrea e o marido, o engenheiro agrônomo Marco Antonio Izac, 39 anos, que trabalha para uma das empresas do consórcio há 17, deixaram uma casa própria de 140 metros quadrados, com três quartos, dois deles suítes, num condomínio fechado de uma área nobre de Cuiabá, no Mato Grosso, a 500 metros de um parque. Conseguiram alugá-la por R$ 1500. Em Porto Velho, o melhor que encontraram foi uma casa menor, distante da área central e das partes mais nobres, também num condomínio fechado, mas cercado de água empoçada há semanas, por R$ 1800. Insatisfeitos, eles procuram outro imóvel, mas apartamentos bem localizados, cujo aluguel valia R$ 1 mil há um ano, hoje custam R$ 2.500. Negociação é uma palavra riscada na cartilha dos agentes imobiliários de Porto Velho. Não precisam dela. Toda semana tem alguém desesperado batendo na porta em busca de casa para morar. As usinas hidrelétricas do rio Madeira, vitrines do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), custarão cerca de R$ 20 bilhões O choque da família Izac aumentou ainda mais depois que o caçula dos três filhos adoeceu. Antonio Jorge, de seis anos, pegou dengue, provavelmente porque a água empoçada ao redor do condomínio é um criadouro de mosquitos. Mas só conseguiu atendimento no quarto hospital – e isso com plano de saúde. A filha mais velha, de 15 anos, está com problemas de adaptação à escola e à cidade. Procuraram uma psicóloga. Depois de esperarem horas pela consulta, foram embora sem que a profissional conveniada tivesse aparecido. Para quem só pode contar com o SUS, a situação já começa a virar caso de polícia. Na edição dominical do jornal O Estadão, de Porto Velho, a manchete era: “Médicos ameaçados de morte nos postos de saúde da capital”. A causa: demora no atendimento.
A educação, para quem pode pagar, é cara. Para quem não pode, há risco de ficar sem. Com três filhos na escola, a família Izac desembolsa, em Porto Velho, 40% a mais no valor das mensalidades em uma escola privada. “É tudo muito feio, muito sujo e muito caro. Eu preciso dizer aos meus filhos que vai dar tudo certo, mas minha vontade é só dormir”, diz Andrea. “Quando meu caçula adoeceu e foi aquele descaso, quase fiz as malas e fui embora.”
As mulheres recém-chegadas encontram-se na casa de Andrea para trocar informações e desencantos. “Conto os dias para ir embora”, diz a dona da casa. “Acho que quando cansar de contar, acostumo.” Ela tem pela frente uma perspectiva de pelo menos sete anos na capital de Rondônia. Animada mesmo, só Odila Pereira. Aos 55 anos, dois filhos adolescentes, Porto Velho é a sétima cidade em que ela desembarca com o marido. Já morou com bebê pequeno em hotel, já passou por todo tipo de perrengue. “A mulher é a pessoa principal nessas mudanças, nós temos de ser o esteio psicológico para o marido, que tem um desafio novo no trabalho, e para os filhos, que estão deixando cidade e amigos”, ensina Odila às mais jovens. “Não é fácil, mas a gente tem de ser forte. Pra mim o que importa é estar com a minha família, mesmo que seja difícil. E é.”
Porto Velho é uma cidade que tem a história tatuada na geografia urbana. Quase não há árvores nas ruas esburacadas, mesmo no centro, o que torna o calor ainda mais opressor. A floresta desmatada é um eco também ali. Diferente de outras capitais amazônicas, quase não se veem índios. Praças e espaços públicos são escassos, as calçadas são desiguais e pontuadas por lixo. A atmosfera é pesada e triste. Não parece um lugar para pessoas. Ou pelo menos para exercer a cidadania. Assemelha-se a uma cidade de passagem. Como definiu um companheiro de viagem, Claudiney Ferreira, “Porto Velho é uma cidade que não é daqui”.
Políticos, empresários e até jornalistas festejam o que está sendo chamado de “crescimento chinês em Rondônia”, que estaria assim imune à crise econômica mundial. Caras e controversas, as usinas hidrelétricas do rio Madeira, vitrines do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), custarão cerca de R$ 20 bilhões, com a previsão de injeções polpudas na economia de Rondônia pelo menos até 2013. Mas se a elite empresarial e política de Rondônia aprecia comparar o crescimento com os melhores índices da China, é bom também que perceba as semelhanças com as piores mazelas. Acostumados a seguir as grandes obras de suas empresas, os trabalhadores mais especializados, que não são substituíveis por mão de obra local, estão assustados com Porto Velho. “Já fiz todos os cálculos”, diz o engenheiro civil Ângelo Leal, 41 anos, coordenador de equipe, em Furnas, uma das empresas que constrói a usina de Santo Antonio. “Se tiver de me mudar para cá com a minha esposa, o custo de vida vai aumentar 40% e a qualidade vai diminuir muito.” Uma casa equivalente ao sobrado que vive em Goiânia e cujo aluguel custa R$ 550, em Porto Velho ele só encontra por R$ 1300. O casal gasta, na capital goiana, R$ 500 mensais em gêneros de primeira necessidade. Segundo a pesquisa de Ângelo, em Porto Velho serão R$ 150 a mais, com qualidade pior. “Sem contar que apenas 20% da água de Porto Velho é tratada e há apenas 3% de esgoto sanitário”, afirma. “Estou aqui há quatro anos, indo e vindo, e me sinto trabalhando em outro país.”
A vida piorou também para quem já vivia em Porto Velho. A estimativa é de que hoje exista um déficit de 2 mil vagas escolares na rede pública. O atendimento nos hospitais chega a dois dias de espera, cirurgias estão sendo adiadas por meses. Na hora de renovar os aluguéis, moradores descobrem que o proprietário quer três vezes mais, apostando nos recém-chegados. O jeito é pagar o mesmo por um lugar três vezes pior e ainda mais periférico. Outra leva de gente vai chegando dos cantos empobrecidos em busca de um cantinho na mais recente das grandes obras amazônicas. O desfecho dessa migração a história já mostrou. Mas com alma de migrantes, que já andaram um bom trecho do país, os que chegaram há anos e os que alcançam hoje a borda de Rondônia, comungam de uma esperança que já virou ilusão em empreendimentos anteriores: a de que a vida vá melhorar com um posto de serviço nas obras de Santo Antonio e Jirau. Ou em algum dos milhares de empregos indiretos prometidos. Sem outra alternativa a não ser buscar, nessa migração eles vão carregando o Brasil nos pés.
Roland Barthes afirma que a expressão “ideologia dominante” é, na verdade, um pleonasmo, porque a ideologia nada mais é do que a idéia enquanto ela domina. E propõe, como substituto do conceito, “ideologia arrogante”, ou seja, aquela que, além de dominar, dá a si mesma o poder de dogma, e anula qualquer chance de contestação. É essa arrogância, mãe e fruto da burrice, que está sendo usada contra o artigo de José do Nazareno, “Em Rondônia é assim mesmo...”, publicado em seu blog. Não apenas contra o artigo, mas (o que é mais grave, porque cheira a fascismo) contra o próprio autor do texto.Algumas questões devem ser levantadas: 1) por que um texto “me ofende”? Porque me identifico com o que ele ataca? Porque a “carapuça serviu”, o espelho revelou a verdade e o reflexo monstruoso sou eu? 2) O que fazer ao discordar de uma opinião? Negar-lhe o direito de ser opinião ou responder a ela no seu contexto de arena? Porque não responder à crítica com uma crítica, a um texto com outro texto, e não com uma perseguição de colméia (poderia dizer alcatéia, manada, cardume, máquina tribal) que propõe apenas o silenciamento? 3) Por que não entender a função de um texto opinativo como algo que exaspera, que irrita a pele do tédio e chama pra briga? Por que negar a um intelectual sua posição de contracorrente, de contra-pêlo, nem que seja “só pra exercitar?” Não lemos nada, não ouvimos nada, desde Lima Barreto (“Eu escrevo como quem morde”) até Caetano (“caminhando contra o vento / sem lenço sem documento”)? E o número de questões poderia continuar em infinita teia.Eu teria, de minha parte, apenas uma contestação a fazer ao texto em questão: ele deve ir mais fundo, e abarcar o que alguns ainda chamam de “brasil”, senão de “mundo ocidental”.
Nazareno acertou mais longe do que imagina. A moral torta e falsa desse talibã em que vivemos impede não apenas nosso olhar, mas nossa voz. Esse fundamentalismo de terceira que parece querer engolfar a chance de um mundo livre é o mesmo que retira livros do Vestibular da Federal de Rondônia, proíbe Darwin em escolas de São Paulo e ensina como adolescentes devem censurar aqueles que deveriam lhes servir de modelo de coragem intelectual e visão crítica.Conquistamos a muito custo e há pouco tempo a liberdade de expressão nesta periferia do capitalismo. Reações fascistas e retrógradas como essa acenam com uma realidade de perseguição e obscurantismo medieval, e funcionam como prova de choque para os que ainda ousam pensar. Não é com ameaças ou mugidos que se combate uma idéia. É com outra idéia. Não é à base de processos e fogueiras que se estabelece um diálogo: é com a outra voz, o outro lado, o outro texto. Quem não se identificou com o cenário patético do artigo, parabéns. Quem viu ali seu retrato falado e escrito, que rebata com artigos, criem blogs, provem o contrário, mas garantam ao outro a sua voz, a sua liberdade de golpe, o seu espaço no ringue. Não se movam como bando, covardemente empoleirados na moral e na hipocrisia. O horror deve ser enfrentado na realidade do presente, na carnadura do real. Até quando vão fazer plásticas no cadáver, maquiagem no monstro?Sei, porque Nelson Rodrigues me ensinou, que a burrice é imortal. Mas talvez ela não seja invencível. Quem sabe possamos, com o martelo da ironia e as facas da inteligência, pelo menos arranhar sua arrogância. Sua estúpida, coletiva e tapada arrogância.
O Brasil decididamente não é bom de guerra. Nem nunca foi. Das poucas de que participamos, as lembranças não são muito boas. A partir da segunda metade do século dezenove, estivemos na Guerra do Paraguai, praticamente a última em que houve mobilização direta e efetiva de nossas tropas e da qual participamos com uma aliança com outros países vizinhos (Argentina e Uruguai) e já no século passado, participamos de outras duas quase que por acaso: a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Aventuras que em nenhum dos casos trouxeram, de fato, ganhos reais ou motivos de orgulho para a nossa nação. Na Guerra do Paraguai a História parece que não foi contada de maneira correta. A figura central deste episódio foi o Duque de Caxias, Luís Alves de Lima e Silva, que hoje é o Patrono do nosso Exército. O que a História não conta é que o mesmo teria participado de um verdadeiro genocídio e fora um verdadeiro algoz participando do assassinato cruel de quase 90 por cento de toda a população masculina adulta do país vizinho. Esta guerra foi um episódio típico de como o Brasil serviu de ‘cupincha’ para os interesses do capitalismo britânico. E, para variar, lá estavam os brasileiros defendendo os interesses alheios. Na Segunda Guerra Mundial, a História também mente de forma acintosa. Embora estivesse sendo comandado por uma ditadura de direita (o Estado novo getulista), o Brasil acabou participando da guerra, junto aos Aliados (junto às nações democráticas). O motivo foi que em Fevereiro de 1942, submarinos supostamente alemães (há quem jure que eram norte-americanos) iniciaram o torpedeamento de embarcações brasileiras no oceano Atlântico. Em apenas cinco dias, seis navios foram a pique. O detalhe é que Getúlio, o ditador de plantão, via o Nazismo com bons olhos (o filme Olga, é exemplo disto). E praticamente entrou forçado neste conflito mundial. Desta vez para agradar aos Estados Unidos. O que não dá para entender é por que o Alto Comando de Hitler estaria incomodado com meia dúzia de ‘macacos e jecas’ se podia contar futuramente com o apoio deles em troca de umas poucas moedas? O detalhe é que as tropas brasileiras chegaram à Itália após o 06 de junho de 1944 quando as aliados já haviam desembarcado em solo europeu na costa da Normandia e começavam a impor revezes contra Hitler e sua camarilha. Então o que diabos os soldados brasileiros foram fazer na Europa se as coisas já estavam praticamente resolvidas? Ou seja, a participação tupiniquim na Segunda Guerra Mundial teve resultados nulos para a História. Entre Setembro de 1944 e Maio de 1945, mais de 25 mil soldados e oficiais brasileiros combateram na Itália. Tais confrontos resultaram em 456 mortos e uns três mil feridos. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) capturou muitos soldados inimigos, oitenta canhões, 1.500 viaturas e quatro mil cavalos, saindo vitoriosa em oito batalhas. Tudo em vão, pois a História não mudaria o seu curso, como ficou provado mais tarde. Mas em troca do apoio brasileiro, Franklin Roosevelt, Presidente dos Estados Unidos, financiou a construção de uma gigantesca siderúrgica, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), e desde então os americanos fincaram as garras em nossa economia para nunca mais sair daqui. Como se pode vê, não somos muito bons de brigas nem de guerras. As nossas Forças Armadas não conseguem nem guarnecer as nossas vulneráveis fronteiras, que mais se parecem um queijo suíço, uma vez que drogas e armas entram e saem “a bel prazer” sem que nada seja feito. Recentemente, são os traficantes de drogas e bandidos comuns que estão levando de dentro dos nossos quartéis as armas que em tese serviriam para defender a sociedade brasileira que paga a maior carga de impostos do mundo. Se no plano interno a Segurança Nacional virou caso de polícia não é difícil imaginar a galhofa que seríamos se fôssemos comparados com as potências de verdade como os EUA, a Ex-URSS, França, Itália e Inglaterra...
(Texto também publicado no site www.rondoniaovivo.com.br)
*É professor na Escola João Bento da Costa em Porto Velho (profnazareno@hotmail.com)
Claro que Rondônia não é o fim do mundo. Mas tem coisas que lembram. Se um turista desavisado tivesse a coragem de andar por este pedaço de Brasil necessitaria entender algumas peculiaridades locais. Qual a localidade deste imenso país que não tem a sua festa do santo padroeiro? Porto Velho tem o santo padroeiro (santa, Nossa Senhora Auxiliadora cujo dia é 24 de maio), mas não tem a festa, não é incrível? Festa mesmo só a Flor do Maracujá que é realizada em junho sem homenagear absolutamente a ninguém. Nem maracujá se produz neste solo provinciano... Mas os absurdos não param por aí. A nossa Semana Santa é comemorada no final de maio ou mesmo em junho sem maiores explicações e com direito até a espetáculos ao ar livre e gordo patrocínio do PT. Neste pedaço de Brasil, prostituta se apaixona pelo cliente, traficante de droga se vicia e professor de História tem religião. Se brincar, professor de Português não saberá escrever um texto e ainda terá problemas com a gramática normativa...
De futebol, o porto-velhense gosta. Mas só torce pelos times do sul do país. Genus (sem acento mesmo) e Shallon são alguns representantes da capital no torneio estadual da modalidade. Quem não se sentiria ridículo torcendo por equipes com estes nomes esquisitos? Mas não tem problemas, o futebol de Porto Velho assim como seus “esquadrões” são totalmente descartáveis: só duram um ano aproximadamente e por isto não precisam de torcida nem de torcedores. No próximo campeonato existirão outras equipes com outros nomes não menos estranhos que representarão qualquer quitanda ou taberna da capital. E os habitantes locais, feito cururus, ainda têm o topete de torcer pelos times dos sul do país... Eles próprios são os primeiros a ‘avacalhar’ o falido futebol local. Coitados: vivem de um passado que nem glória tem. Moto Clube, Ferroviário, Flamengo, Botafogo, Ipiranga, etc.etc. Quanta criatividade...
No lado cultural o festival de bizarrices chega até a ser folclórico. Sem dominar uma única palavra do Inglês, grande parte dos comerciantes locais exagera no S’ (apóstrofe) e em muitos casos chegam até a nomear seus estabelecimentos no próprio idioma de Shakespeare. Há até uma linha de ônibus com o pomposo nome de Presidente Roosevelt mesmo que não exista nenhuma rua, praça ou bairro com este nome. Durma-se com um absurdo destes. A sigla do Estado é Ro. Assim consta em todos os mapas, compêndios, livros e Atlas. Mas a Companhia de Água e Esgotos do estado que não consegue abastecer seus clientes com água, tem o nome Caerd. Insinuando que a sigla do estado é Rd. Com a única universidade pública local, a Unir, acontece a mesmíssima coisa. Pior é a Fundação Rio-Mar, ligada à Unir. Ou seja, Fundação Rio – Madeira. Por que “Mar”? Será que os sábios desta (a) fundação acham que a sigla de Madeira é mar? Rio-Mar é um apelido do rio Amazonas e este nome poderia muito bem figurar em alguma instituição lá no nosso vizinho estado.
Políticos ladrões e corruptos é o que não falta por aqui (por isso acreditar-se que também seja parte integrante do Brasil). Quase os cem por cento dos rondonienses foram favoráveis às construções das hidrelétricas na calha do rio Madeira. Nem se preocuparam com os desastres ambientais que poderiam ser causados. Talvez seja por isto que quase não exista rondoniense nativo defensor do meio ambiente. Os poucos que defendem, são de fora. E nem ligaram para o fato de que a energia gerada não ficará por aqui, entusiasmados e ludibriados que estão pelo pseudo-desenvolvimento que prometeram. Cara de um rondoniense dentro de um Shopping Center é a coisa mais fantástica do mundo, mesmo caindo forro de gesso em suas cabeças, os caipiras locais ficam rindo como hienas comendo carniça. “- Maninha, comadre, pega o Jacques Cleiderson aí em cima e cuidado para a perninha dele não enganchar”, diz a madame porto-velhense na enorme fila que foi feita para andar de escada rolante. Rondoniense parece mesmo é gostar de miçangas, espelhos e quinquilharias... E gosta também de dar os melhores empregos para os que vêm de fora.
Com apenas meia dúzia de vôos para dentro do próprio Brasil, o aeroporto local tem o pomposo nome de Internacional. Os jornais escritos daqui são os melhores do mundo, pois têm o dom da premonição. Circulam todos os sábados à tarde com as notícias já da segunda-feira. O módulo hora-aula nas escolas públicas é de um hora (único no país) e os deputados estaduais legislam em cima do calendário letivo do Estado como se não tivessem nada mais a fazer. E parece que não têm mesmo. Por pura incompetência e falta de projetos, devolveram nos últimos dois anos a bagatela de 60 milhões de reais para o Executivo estadual. Dinheiro que poderia ter sido empregado na área da saúde, saneamento básico ou outra área qualquer. Para grande parte dos rondonienses, desenvolvimento são passarelas que caem e matam gente, shoppings centers que desabam o forro, edifícios mal estruturados e hidrelétricas que provocam desastres ambientais e têm pesadas multas do Ministério do Trabalho em seus canteiros de obras. E o que é pior: muitos beiradeiros locais não querem que ninguém fale nada disto. Pobre Rondônia...
* É professor na escola João Bento da Costa em Porto Velho
Há pouco mais de dois anos, a classe política de Rondônia e as autoridades em geral anunciavam a construção das duas hidrelétricas na bacia do rio Madeira, bem como a possibilidade da chegada do gás do Urucu ao nosso Estado e começava desde então um verdadeiro frenesi na cidade de Porto Velho. A construção de dois shoppings foi anunciada, reestruturação de ruas e avenidas, investimentos em obras de infra-estrutura, redes de água e saneamento básico, duplicação da rodovia BR 364 entre o Candeias e a Unir e várias outras medidas de grande impacto foram prometidas na época. A cidade começa a se encher de edifícios num processo inédito de verticalização. O Governo Federal começaria a despejar dinheiro por estas bandas. Eram as obras do PAC, Programa de Aceleração do Crescimento. No entanto, mal começaram algumas das anunciadas obras, eis que o fiasco tomou conta de todos. A incredulidade é geral. Não seriam mais dois shoppings, apenas um. O Porto Madeira seria construído depois. A extensão da rodovia federal que corta a cidade seria contemplada com várias passarelas e cogita-se até a construção de alguns viadutos. Até agora apenas 03 passarelas estão sendo construídas só que uma caiu matando um jovem trabalhador de 26 anos e as outras duas estão escoradas podendo desabar a qualquer momento. O edifício Aquarius no bairro Nova Porto Velho teve a sua estrutura comprometida e está interditado pela Defesa Civil. Na véspera da visita do Presidente da República a Rondônia, foi a vez de parte do teto de gesso do Portovelho Shopping desabar e ferir 03 pessoas. Um escândalo maior se estivesse lotado pelos seus habituais jovens freqüentadores. Com relação às duas hidrelétricas do rio Madeira, uma, a de Santo Antônio que teve suas obras inciadas há uns cinco meses, provocou um dos maiores desastres ambientais de que se tem notícia por aqui provocando uma grande mortandade de peixes. A segunda hidrelétrica, a do Jirau, teve recentemente sua construção embargada e pode ter que enfrentar os tribunais se quiser ter seu canteiro de obras novamente funcionando. Como se poder ver, o que seria uma grande contribuição do nosso Estado pobre para o restante do país está virando um grande pesadelo e como se não bastasse o fato de que nenhuma energia produzida ficará por aqui, os grandes centros do país estão mandando para cá mão de obra sucateada, de péssima qualidade e obsoleta. Ou então como explicar todos estes fiascos? A propósito de tudo isto, observe-se o que escreveu um internauta num site de notícias de Porto Velho: “onde estão os órgãos responsáveis pela fiscalização? O Ministério Público, a Justiça? Onde está o CREA? O que está acontecendo com a Engenharia Civil em Rondônia? Será que o CREA só sabe fiscalizar carros alegóricos de escolas de samba e pequenas obras realizadas pelos menos favorecidos? Se alguém, pobre certamente, tentar levantar um muro ou fazer uma varanda na sua casa, lá está o CREA para aplicar uma multa e fazer valer a lei. Será que esses engenheiros foram formados naquelas faculdades de fundo de quintal? Está parecendo um complô. Parece que todos os picaretas resolveram vir fazer estágios em obras de Porto Velho. Não é possível que eles achem que aqui é terra sem lei, onde forasteiros chegam para fazer o que entenderem”. Todo mundo sabe que em Rondônia existem políticos ladrões, mensaleiros, sanguessugas, governador que pode ser cassado a qualquer momento, senador acusado de comprar votos a cem reais, prefeito com o maior número de obras inacabadas do Brasil, avenidas da cidade doadas ao Governo Federal e aeroporto internacional que não faz absolutamente nenhum vôo para lugar algum fora do país. O que certamente nenhum rondoniense por aqui sabia é que desenvolvimento é sinônimo de prédio residencial que trinca sua estrutura, passarelas que matam em vez de salvar vidas, shopping center que aterroriza seus freqüentadores e hidrelétricas que mais se parecem piadas retiradas dos livros de humor negro. É, se desenvolvimento é tudo isto que estamos presenciando por aqui, é melhor ficar no limbo da História e se contentar em ser pobre mesmo.
*É professor em Porto Velho (Texto também publicado em www.rondoniaovivo.com.br)
Há aproximadamente 150 anos, um certo cientista inglês chamado Charles Darwin punha uma grande pedra no caminho da igreja: a publicação do livro "A Teoria das Espécies", baseado em anos de estudos sobre o tema e em uma volta ao mundo feita para pesquisas, realizada pelo mesmo. Darwin mostrava em sua obra a evolução de todos os seres vivos através do processo de seleção natural e de maior adaptação ao meio ambiente. Através de um ponto de vista em que todos seres vivos descendem de algo primitivo e único, Darwin sugere que o homem desça de seu pedestal - um tradicional dogma cristão - quando diz: Não há diferenças fundamentais entre o homem e os animais".
Do outro lado desse poderoso cabo-de-guerra, entra a religião e algo que inflama até o mais pacato dos povos - a fé. Acusando Darwin de heresia, a Igreja nunca deixou de se sentir ameaçada e ofendida por suas teorias, pregando que o Criacionismo nunca precisou da ajuda da evolução, por sempre ter sido perfeito: "Nunca fomos macacos", proclama o catolicismo. "Darwin matou Deus", concluem outros.
A questão é complexa, apresentando excelentes argumentos de ambos os lados. A Igrejas chama a atenção para a perfeição da natureza e dos seres, chamados por eles "milagre da vida", cuja criação só poderia ter sido obra de Algo muito superior. Além disso, traz as questões supernaturais e milagres que a ciência anda a muitos quilômetros de desvendar. Entretanto, o Criacionismo deixa largas lacunas, que a ciência não hesita em tentar preencher: segundo estudos bíblicos, a Terra teria sido criada em 23 de outubro de 4004 a.C., contra as 6,5 bilhões de velinhas que a Terra já teria apagado de acordo com os darwinistas... Embora o número apontado pelos últimos não seja suficiente para derrubar a versão da Igreja, foi encontrado no final de 2002, no México, um crânio humano com cerca de 13 mil anos de idade, cerca de 7 mil anos mais velho que a criação do planeta pela concepção criacionista.
Esse duelo dos titãs (com o perdão do paganismo, criacionistas...) Darwinismo e Criacionismo ainda acompanhará a humanidade por muitas e muitas gerações - se as condições geo-sociais assim permitirem - porque por mais avançada que as ciências tecnológica e arqueológica sejam, sempre haverá dentro da natureza humana um respeito e necessidade por um Criador. Se até mesmo Charles Darwin, o "homem que matou Deus", entrou em depressão ao perceber o xeque-mate que seus estudos deram na fé e Nele, o que diremos de nós, reles mortais criados ou evoluídos?
Ana Caroline Moreno, 2º ano "A", Colégio Classe A.
Fosse no Brasil o caso protagonizado por Paula Oliveira, na estação ferroviária da cidade suíça de Dübendorf, onde, segundo ela, teria sido atacada por "skinheads", os desdobramentos poderiam ser outros. Imediatamente a polícia prenderia pessoas com as características indicadas, gerando violentas reações populares pela ensurdecedora repercussão da imprensa. Os suspeitos seriam de pronto reconhecidos para o gáudio do juiz justiceiro de plantão que, "ad cautelam", decretaria prisão preventiva "para garantir a ordem pública e assegurar a aplicação da lei penal..." O MP fecharia questão, desembargadores e ministros manteriam as prisões premidos pelo clamor midiático. Após, mudaria o foco para o movimento "skinhead", a intolerância, a violência, a vítima, a "perda da dupla gravidez" a arrancar lágrimas da massa ignara em clássico exemplo de paranoia coletiva...
O defensor seria hostilizado até pelos seus próprios filhos: "como é que o senhor aceitou uma causa como esta?" Parlapatões em rede nacional: " quem defende bandidos, bandido é!" "Tinha que ter pena de morte e prisão perpétua no Brasil!" "A defesa ataca a vítima e diz que os acusados são inocentes; que a gravidez seria uma farsa e que os ferimentos decorreram de autolesão!" Em quadro por demais conhecido: a "vítima" dando entrevistas nos meios de comunicação enquanto os acusados monstrificados, ficariam expostos a linchamentos fora e dentro das prisões...
São calamidades artificiais que os maus desencadeiam. Uma pessoa má ou doentia, incorre em autoacusação falsa, caluniosa denunciação por "delação premiada", etc. Um mau delegado de polícia, desprezando normas técnicas, pede prisões com ampla cobertura da mídia. A parte interessada, morbidamente, reconhece os suspeitos presos ("carecas e jovens") que lhe apresentam... Com indução de maus peritos, maus acusadores, juízes e referendum dos tribunais, estaria "coroada a obra..."
Bastaria um bom na cadeia de erros! Um bom jornalista levantaria várias possibilidades, entre elas as que foram elencadas na Suíça. Bons peritos, bons policiais, como aqueles que estão de parabéns pelo verdadeiro show de ciência aplicada, previamente buscando provas sobre a existência do fato declarado. Um bom assessor do nosso governo teria recomendado a ultimação das investigações para pronunciamento oficial. O desgaste não foi maior, por ser aquele governo comedido. O periódico Neue Zürcher Zeitung, ironizou o presidente Lula e afirmou que a mídia brasileira "regularmente publica notícias de fatos totalmente inventados, acusações que já destruíram a vida de outras pessoas".
Com um bom advogado, o Judiciário suiço poderá acolher teses defensivas, entre elas, na pior das hipóteses, de Paula ter agido sob domínio de "sideração emotiva(1), recentemente admitida pela psicopatologia forense americana, baseada em profundos trabalhos de psicologia, como uma nova entidade nosológica. Trata-se da autoindução do agente que inicia com uma sugestão, quase subliminar e a prossecução, desenvolvimento e ação dá-se por inércia a retirar-lhe a plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato e de conduzir-se de acordo com esse entendimento." Nesta teoria, Paula, por várias razões de ordem sentimental seria levada a simular gravidez e argumentos para justificar a "perda".
Nossa solidariedade e respeito ao pai de Paula Oliveira, que foi prudente em afirmar: "Em qualquer circunstância, minha filha é vítima (...) ou de graves distúrbios psicológicos, ou da agressão..."
Portanto, fosse no Brasil, dentro da nossa hipótese da "sideração emotiva" do agente, talvez chegasse o dia em que os personagens do exemplo seriam libertados. Além dos azares da injustiça da jurisdição penal, poderiam experimentar dos não raros juízes injusticeiros da civil, indenizações miseráveis pagas em precatórios esbulhatórios...
Com razão o STF quando prestigou, recentemente, a regra da prisão apenas com trânsito em julgado!
Nota (1)Termos de laudo médico nº 148/95, subscrito pelos psiquiatras Tito Moreira Salles e Ivan Pinto Arantes, do Complexo Médico Penal do Paraná, citado In Psychiatry on line Brazil, em precedentes de desclassificação para homicídio não intencional, em caso que trabalhamos na defesa.
Elias Mattar Assad é ex-presidente da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas, eliasmattarassad@yahoo.com.br
O professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Weber Figueiredo, deu uma última aula para seus ex-alunos, em 13 de agosto de 2002. Diante de uma platéia de formandos, acompanhados de seus pais, o professor paraninfo da turma discursou sobre o Brasil. Leia o que disse o Prof. Weber Figueiredo.
Ilustríssimos Colegas da Mesa, Senhor Presidente, meus queridos alunos, Senhoras e Senhores.Para mim é um privilégio ter sido escolhido paraninfo desta turma. Esta é como se fôra a última aula do curso. O último encontro, que já deixa saudades. Um momento festivo, mas também de reflexão.
Se eu fosse escolhido paraninfo de uma turma de direito, talvez eu falasse a importância do advogado que defende a justiça e não apenas o réu. Se eu fosse escolhido paraninfo de uma turma de medicina, talvez eu falasse da importância do médico que coloca o amor ao próximo acima dos seus lucros profissionais. Mas, como sou paraninfo de uma turma de engenheiros, vou falar da importância do engenheiro para o desenvolvimento do Brasil.
Para começar, vamos falar de bananas e do doce de banana, que eu vou chamar de bananada especial, inventada (ou projetada) pela nossa vovozinha lá em casa, depois que várias receitas prontas não deram certo. É isso mesmo. Para entendermos a importância do engenheiro vamos falar de bananas, bananadas e vovó.
A banana é um recurso natural, que não sofreu nenhuma transformação. A bananada é = a banana + outros ingredientes + a energia térmica fornecida pelo fogão + o trabalho da vovó... e + o conhecimento, ou tecnologia da vovó.
A bananada é um produto pronto, que eu vou chamar de riqueza. E a vovó? Bem, a vovó é a dona do conhecimento, uma espécie de engenheira da culinária.
Agora, vamos supor que a banana e a bananada sejam vendidas. Um quilo de banana custa um real. Já um quilo da bananada custa cinco reais. Por que essa diferença de preços?
Porque quando nós colhemos um cacho de bananas na bananeira, criamos apenas um emprego: o de colhedor de bananas. Agora, quando a vovó, ou a indústria, faz a bananada, ela cria empregos na indústria do açúcar, da cana-de-açúcar, do gás de cozinha, na indústria de fogões, de panelas, de colheres e até na de embalagens, porque tudo isto é necessário para se fabricar a bananada.
Resumindo, 1kg de bananada é mais caro do que 1kg de banana porque a bananada é igual banana mais tecnologia agregada, e a sua fabricação criou mais empregos do que simplesmente colher o cacho de bananas da bananeira.
Agora vamos falar de outro exemplo que acontece no dia-a-dia no comércio mundial de mercadorias. Em média: 1kg de soja custa US$ 0,10 (dez centavos de dólar), 1kg de automóvel custa US$ 10, isto é, 100 vezes mais, 1kg de aparelho eletrônico custa US$ 100, 1kg de avião custa US$1.000 (10mil quilos de soja) e 1kg de satélite custa US$ 50.000. Vejam, quanto mais tecnologia agregada tem um produto, maior é o seu preço, mais empregos foram gerados na sua fabricação.
Os países ricos sabem disso muito bem. Eles investem na pesquisa científica e tecnológica. Por exemplo: eles nos vendem uma placa de computador que pesa 100g por US$ 250. Para pagarmos esta plaquinha eletrônica, o Brasil precisa exportar 20 toneladas de minério de ferro. A fabricação de placas de computador criou milhares de bons empregos lá no estrangeiro, enquanto que a extração do minério de ferro, cria pouquíssimos e péssimos empregos aqui no Brasil.
O Japão é pobre em recursos naturais, mas é um país rico. O Brasil é rico em energia e recursos naturais, mas é um país pobre. Os países ricos, são ricos materialmente porque eles produzem riquezas. Riqueza vem de rico. Pobreza vem de pobre. País pobre é aquele que não consegue produzir riquezas para o seu povo. Se conseguisse, não seria pobre, seria país rico.
Gostaria de deixar bem claro três coisas: 1º) quando me refiro à palavra riqueza, não estou me referindo a jóias nem a supérfluos. Estou me referindo àqueles bens necessários para que o ser humano viva com um mínimo de dignidade e conforto; 2º) não estou defendendo o consumismo materialista como uma forma de vida, muito pelo contrário; 3º) e acho abominável aqueles que colocam os valores das riquezas materiais acima dos valores da riqueza interior do ser humano.
Existem nações que são ricas, mas que agem de forma extremamente pobre e desumana em relação a outros povos.
Creio que agora posso falar do ponto principal. Para que o nosso Brasil torne-se um País rico, com o seu povo vivendo com dignidade, temos que produzir mais riquezas. Para tal, precisamos de conhecimento, ou tecnologia já que temos abundância de recursos naturais e energia. E quem desenvolve tecnologias são os cientistas e os engenheiros, como estes jovens que estão se formando hoje. Infelizmente, o Brasil é muito dependente da tecnologia externa. Quando fabricamos bens com alta tecnologia, fazemos apenas a parte final da produção.
Por exemplo: o Brasil produz 5 milhões de televisores por ano e nenhum brasileiro projeta televisor. O miolo da TV, do telefone celular e de todos os aparelhos eletrônicos, é todo importado. Somos meros montadores de kits eletrônicos. Casos semelhantes também acontecem na indústria mecânica, de remédios e, incrível, até na de alimentos. O Brasil entra com a mão-de-obra barata e os recursos naturais. Os projetos, a tecnologia, o chamado pulo do gato, ficam no estrangeiro, com os verdadeiros donos do negócio. Resta ao Brasil lidar com as chamadas caixas pretas.
É importante compreendermos que os donos dos projetos tecnológicos são os donos das decisões econômicas, são os donos do dinheiro, são os donos das riquezas do mundo.
Assim como as águas dos rios correm para o mar, as riquezas do mundo correm em direção aos países detentores das tecnologias avançadas. A dependência científica e tecnológica acarretou para nós brasileiros a dependência econômica, política e cultural. Não podemos admitir a continuação da situação esdrúxula, onde 70% do PIB brasileiro é controlado por não residentes. Ninguém pode progredir entregando o seu talão de cheques e a chave de sua casa para o vizinho fazer o que bem entender.
Eu tenho a convicção que desenvolvimento científico e tecnológico aqui no Brasil garantirá aos brasileiros a soberania das decisões econômicas, políticas e culturais. Garantirá trocas mais justas no comércio exterior. Garantirá a criação de mais e melhores empregos.
E, se toda a produção de riquezas for bem distribuída, teremos a erradicação dos graves problemas sociais. O curso de engenharia da UERJ, com todas as suas possíveis deficiências, visa a formar engenheiros capazes de desenvolver tecnologias. É o chamado engenheiro de concepção, ou engenheiro de projetos.
Infelizmente, o mercado nacionalizado nem sempre aproveita todo este potencial científico dos nossos engenheiros. Nós, professores, não podemos nos curvar às deformações do mercado. Temos que continuar formando engenheiros com conhecimentos iguais aos melhores do mundo.
Eu posso garantir a todos os presentes, principalmente aos pais, que qualquer um destes formandos é tão ou mais inteligente do que qualquer engenheiro americano, japonês ou alemão. Os meus trinta anos de magistério, lecionando desde o antigo ginásio até a universidade, me dá autoridade para afirmar que o brasileiro não é inferior a ninguém, pelo contrário, dizem até que somos muito mais criativos do que os habitantes do chamado primeiro mundo.
O que me revolta, como professor cidadão, é ver que as decisões políticas tomadas por pessoas despreparadas ou corruptas, são responsáveis pela queima e destruição de inteligências brasileiras que poderiam, com o conhecimento apropriado, transformar o nosso Brasil num país florescente, próspero e socialmente justo.
Acredito que o mundo ideal seja aquele totalmente globalizado, mas uma globalização que inclua a democratização das decisões e a distribuição justa do trabalho e das riquezas. Infelizmente, isto ainda está longe de acontecer, até por limitações físicas da própria natureza. Assim, quem pensa que a solução para os nossos problemas virá lá de fora, está muito enganado.
O dia que um presidente da República, em vez de ficar passeando como um dândi pelos palácios do primeiro mundo, resolver liderar um autêntico projeto de desenvolvimento nacional, certamente o Brasil vai precisar, em todas as áreas, de pessoas bem preparadas.
Só assim seremos capazes de caminhar com autonomia e tomar decisões que beneficiem verdadeiramente a sociedade brasileira. Será a construção de um Brasil realmente moderno, mais justo, inserido de forma soberana na economia mundial e não como um reles fornecedor de recursos naturais e mão-de-obra aviltada.
Quando isto ocorrer, e eu espero que seja em breve, o nosso País poderá aproveitar de forma muito mais eficaz a inteligência e o preparo intelectual dos brasileiros e, em particular, de todos vocês, meus queridos alunos, porque vocês já foram testados e aprovados.
Finalmente, gostaria de parabenizar a todos os pais pela contribuição positiva que deram à nossa sociedade possibilitando a formação dos seus filhos no curso de engenharia da UERJ. A alegria dos senhores, também é a nossa alegria. Muito Obrigado."
Autoria: Prof. Weber Figueiredo.
Slide criado por: “Murmures”, por Richard Clayderman
ABAFA - Supostos partidários de Raupp e Donadon compram todas as revistas Isto É da capital Uma grande operação “abafa” foi engendrada por supostos partidários do Senador Valdir Raupp e do deputado Natan Donadon, ambos do PMDB neste Carnaval. A operação diz respeito a uma matéria publicada pela revista Isto É. A maioria da bancas de revista de Porto Velho, logo na manhã de domingo receberam as visitas de enviados, que sem nenhum pudor, compraram todos os exemplares do semanário. Leia abaixo o que os simpatizantes de Raupp e Donadon não querem que chegue ao conhecimento da população. OS FICHAS - SUJAS DO CONGRESSO - REVISTA ISTOÉ
45 no banco dos réus
Sete senadores e 38 deputados respondem a processos no STF por crimes que vão de falsidade ideológica a sequestro e representam 7,5% do Congresso Nacional Está nas mãos dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) o destino dos mandatos de 45 dos 594 parlamentares do Congresso Nacional. Eles são os chamados "fichas-sujas" do Parlamento. Levantamento realizado no STF pela reportagem de ISTOÉ revela que pesam contra eles crimes variados como sequestros, homicídios, formação de quadrilha e, lógico, corrupção. Para quem acredita que "todo político é ladrão", pode parecer pouco que 7,5% dos integrantes do Congresso estejam a ponto de perder o mandato. Mas eles não respondem por meras suspeitas, acusações de adversários políticos ou investigações preliminares - atendem ao último estágio da Justiça. Os 45 parlamentares citados nas próximas páginas estão juridicamente no banco dos réus porque a Procuradoria-Geral da República encontrou, nos diversos casos que analisou, elementos suficientes para acusá-los. E um ministro da suprema corte do Brasil entendeu que nos processos havia um número necessário de provas para que eles sejam finalmente julgados. Isso significa que, a partir de agora, estes sete senadores e 38 deputados têm duas opções. Na melhor das hipóteses, eles poderão ser inocentados pelos votos dos 11 ministros - e foi exatamente isso que aconteceu na tarde da quarta-feira 18 com o deputado Sérgio Moraes do PTB do Rio Grande do Sul. Moraes respondia por crime de responsabilidade em três processos. Quando foi prefeito de Caxias do Sul, ele proibiu os guardas de trânsito de multar os carros da prefeitura. Logo ele, que preside a Comissão de Ética da Câmara. Na pior das hipóteses, eles serão condenados e assim, com base no que determina a Constituição, perderão imediatamente seus mandatos. Só que o STF nunca condenou um parlamentar. Em 2004, manteve, por exemplo, a sentença que cassou os mandatos do senador João Capiberibe e de sua mulher, a deputada Janete Capiberibe, ambos do PSB do Amapá. Mas eles, na verdade, foram condenados por compra de votos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Quem chegou mais perto de ser o primeiro parlamentar cassado por decisão originária do Supremo foi o ex-senador Ronaldo Cunha Lima (PSDBPB), processado pela tentativa de homicídio do ex-governador Tarcísio Burity. Mas, em outubro de 2007, ele renunciou na hora em que seu caso ia a julgamento. Perdeu o chamado foro privilegiado (parlamentares só são julgados pelo STF, mesmo em crimes comuns) e o processo voltou às instâncias inferiores, na Paraíba. O foro privilegiado é apontado por muitos juristas como o maior estímulo à impunidade dos políticos. "Isso é uma excrescência brasileira, que não existe na maioria das democracias", diz o ministro Joaquim Barbosa, do STF. "Nos EUA, o presidente Bill Clinton foi indiciado e respondeu diante de um juiz de primeira instância", compara. Como no sistema brasileiro o rito processual favorece o réu, resta naturalmente uma terceira via. É a chamada prescrição do caso, quando o processo se encerra pela demora em ser julgado. Graças ao uso de recursos protelatórios, os parlamentares poderão manter o mandato e voltar à condição de inocentes sem terem ido a julgamento. Essa tem sido a estratégia adotada, por exemplo, por muitos dos réus do mensalão. O levantamento de ISTOÉ mostra que os 45 réus do Congresso respondem por 31 crimes eleitorais, 38 crimes de responsabilidade, 12 crimes contra o sistema financeiro, 104 peculatos, 16 crimes contra a ordem tributária, 18 contra a fé pública, 13 por formação de quadrilha, 11 crimes ambientais e um sequestro. Além disso, constam 20 casos protegidos por segredo de Justiça (quase sempre questões relativas à família e a menores). Nas eleições do ano passado, o TSE foi pressionado por alguns juízes para apresentar o que eles chamavam de "lista dos políticos fichas-sujas" para informar ao eleitor quem eram os candidatos processados nas várias instâncias da Justiça. O TSE negou a divulgação na época, mas pretende iniciar na próxima semana um levantamento destes nomes. "É o TSE saindo da letargia, do faz-de-conta", diz o ministro Joaquim Barbosa. A compilação dos processos produziu curiosidades surpreendentes. Para começar, fica claro que hoje o Senado, com 8,6% de seus integrantes colocados na condição de réu, é uma Casa em piores lençóis que a Câmara, que tem 7,4% de réus. Entre os partidos, o campeão é o Partido Progressista (PP), que tem 20% de seus 39 deputados respondendo a processos no STF. Ou seja, em cada cinco, um tem ficha-suja. O PP tem em sua bancada um campeão - o deputado Neudo Campos (RR) - que responde a nove ações e ainda aguarda o resultado de outros dez inquéritos que poderão também se transformar em processos. Campos será julgado por formação de quadrilha, peculato e corrupção eleitoral, entre outros crimes. Procurado para se manifestar sobre as acusações, Campos está de férias, segundo sua assessoria. Seu desempenho no STF deixou para trás o correligionário mais conhecido, Paulo Maluf (SP), réu em três ações, que tratam de crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. "Tive mais de 150 ações contra mim", diz Maluf. "Sou um campeão de processos, mas sou também um campeão de absolvições." O vice-campeão na lista dos fichas sujas é o Partido da República (PR), do deputado Clodovil Hernandes (SP), que figura em quatro processos por crime ambiental. Dos 42 deputados da bancada do PR, sete (16%) são réus no Supremo. Clodovil é representante da Frente Ambientalista da Câmara e diz que foi um "boi de piranha" do Ministério Público de Ubatuba, onde foi acusado de agredir a natureza. "Tenho mais de duas mil plantas catalogadas em casa. Mesmo que eu tivesse invadido área verde, não prejudiquei a natureza", diz Clodovil. "Gasto de R$ 5 mil a R$ 6 mil por mês na floricultura, tenho uma horta grande, tenho 90 galinhas que põem ovos todos os dias, não tem sentido eu ser julgado." Partido dos atuais presidentes do Senado e da Câmara, o PMDB tem 11 integrantes na condição de réu. É o quarto mais processado na Câmara e segundo no Senado. No topo da sua lista está o deputado Jader Barbalho (PA), que responde por crimes que vão de falsidade ideológica à formação de quadrilha, em quatro processos.
"Foro especial é concebido deliberadamente para assegurar a impunidade a certas classes de pessoas" - Joaquim Barbosa, ministro do STF
Muitos casos que ganharam notoriedade pública não constam deste levantamento porque eles ainda cumprem etapas preliminares no STF. Nesta situação vivem atualmente 127 parlamentares, cujos processos não evoluíram a ponto de os ministros concluírem que existem indícios fortes o suficiente para transformá-los em réus. É o caso do deputado Antônio Palocci (PT-SP), investigado em dois inquéritos. Um que apura supostas irregularidades em licitações quando foi prefeito de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e outro que investiga a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Entre as legendas fichas-sujas, o PT está em sétimo lugar. Da bancada de 78 deputados, quatro respondem a ações penais (5%). Nenhum dos 12 senadores petistas está sendo processado. Na corrida contra seu principal adversário, o PSDB leva a melhor. Um de seus 13 senadores é réu e Eduardo Azeredo (MG) foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República na investigação do mensalão mineiro. Para virar réu, falta apenas o STF acatar a denúncia. Na Câmara, porém, o único tucano processado é Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES), ex-prefeito de Vitória, que responde por crime contra o patrimônio.
Sete senadores e 38 deputados respondem a processos no STF por crimes que vão de falsidade ideológica a sequestro e representam 7,5% do Congresso Nacional
O levantamento de ISTOÉ na contabilidade processual da suprema corte mostra que, na atual legislatura, dos 513 deputados federais e 81 senadores, um em cada cinco parlamentares está envolvido com algum tipo de investigação criminal ou administrativa. Uma das alternativas para cortar este mal pela raiz está na proposta de se proibir a candidatura de pessoas condenadas por tribunais estaduais. Se a regra já estivesse em vigor em 2006, Maluf, por exemplo, não poderia ter disputado a eleição que o levou ao Congresso, garantindo o foro privilegiado. "Defendo emenda constitucional proibindo candidatura dos políticos condenados em segunda instância", diz o presidente da Câmara, Michel Temer. Segundo a ONG Transparência Brasil, que fiscaliz-a o comportamento ético dos homens públicos, a situação é pior quando se focaliza os parlamentares mais influentes. Entre as chamadas "cabeças" do Congresso, um em cada três líderes de bancada está sob investigação. "A política brasileira está sendo dominada por meliantes", afirma Cláudio Weber Abramo, coordenador da ONG. Para ele, o número de processos envolvendo políticos em todo o País passa de mil, se forem consideradas todas as instâncias da Justiça. Os levantamentos de ISTOÉ e da Transparência Brasil são preocupantes, mas também desmentem a máxima popular de que "todo político é ladrão". Na realidade, os fichas-sujas não são nem a maioria. Isso pode ter a ver tanto com a alvissareira hipótese de que há muitos fichas-limpas na política quanto com a possibilidade, bem real, de que nem todos os fichas-sujas foram descobertos. O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, agiu com rapidez. Na quinta-feira 19, negou recurso do ex-governador da Paraíba Cássio Cunha Lima (PSDB). Cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral na terça-feira 17, ele recorria ao STF pedindo para continuar no cargo até que todas as suas apelações estivessem julgadas. Mello nem entrou no mérito da questão e decidiu que a competência para julgar o ex-governador paraibano era unicamente do TSE. Assim, sinalizou que esse deverá ser o mesmo destino dos outros quatro recursos que Cunha Lima planeja mandar ao Supremo. Ele foi acusado de ter comprado votos a partir da distribuição de cheques à população em um programa social. "Houve largo e franco abuso de poder econômico", decidiu o ministro Eros Grau, relator do processo. "Não há dúvida da vinculação do governador com a distribuição do dinheiro", completou. Cunha Lima perdeu. Saiu do governo. Na quartafeira 18, tomou posse como novo governador da Paraíba o segundo colocado nas eleições de 2006, o peemedebista José Maranhão. A saída de Cunha Lima, no entanto, não significa que a Paraíba esteja respirando ares de estabilidade política. Assim como ele, o atual governador também será julgado brevemente no TSE acusado pela compra de votos. Ao decidir empossar Maranhão, a Justiça fez va ler o que está escrito na lei, mas a decisão não deixa de ser polêmica. Nos maiores colégios eleitorais, existe o segundo turno das eleições para que o vencedor seja aquele escolhido pela maioria dos eleitores. No caso da Paraíba, Maranhão não obteve o voto da maioria. Ou seja, a mesma Justiça que determinou o "perdeu saiu" para Cunha Lima, impôs o "perdeu entrou" para Maranhão.
NA FILA
Governadores que serão julgados pelo TSE
1-JACKSON LAGO (PDT-MA) - Abuso de poder econômico, abuso de poder político e compra de voto. 2-LUIZ HENRIQUE (PMDB-SC) - Abuso de poder econômico, abuso de poder político, abuso de autoridade e uso indevido de meio de comunicação. 3- IVO CASSOL (sem partido-RO) - Abuso de poder econômico. 4- JOSÉ DE ANCHIETA JÚNIOR (PSDB-RR) - Abuso de poder econômico, abuso de poder político, abuso de autoridade e compra de voto. 5-MARCELO DÉDA (PT-SE) - Abuso de poder econômico, abuso de poder político e abuso de autoridade 6-MARCELO MIRANDA (PMDB-TO) - Abuso de poder político, abuso de autoridade, uso indevido de meio de comunicação e compra de voto. 7-WALDEZ GÓES (PDT-AP) - Abuso de poder econômico, abuso de poder político, abuso de autoridade e uso indevido de meio de comunicação.
Não fui à banda-do-vai-quem-quer. Não queria ir mesmo, apesar do trocadilho. Já que todos os anos ela vai estar desfilando pelas ruas de Porto Velho, haverá um ano em que posso querer ir. Mas para participar do Carnaval tenho que me convencer primeiro de que tipo de festa é este tal de Carnaval. Não seria uma festa imoral, que corrompe os já falidos valores morais da família, onde homem se veste de mulher, mulher se veste de homem e todos, para o bem comum, se drogam escancaradamente no meio da rua e bem na frente de todos, e diga-se também, com a conivência das mais altas autoridades? Pode até parecer exagero, mas quem observa as fotos do desfile da “Banda do Manelão” ou de qualquer outro bloco, troça, banda ou sabe-se lá o quê por este país afora não se sentirá surpreso ao ver um amigo, conhecido ou mesmo um familiar, embriagado ou drogado, feliz da vida, pulando e cantando como se a vida, o mundo, se resumisse apenas àquele momento. Ledo engano: os dias de Carnaval, pelo menos no Brasil, têm servido para anestesiar a dura realidade com a qual somos obrigados a conviver diariamente. A partir da quarta-feira de cinzas, os noticiários serão inundados com cenas de violência e aberração e muitos ainda vão ter coragem de reclamar. E Carnaval às vezes é bom por isso mesmo: apesar de aumentar consideravelmente a violência, o consumo de drogas, o número de acidentes fatais nas esburacadas rodovias do país ninguém tem tempo para se lembrar disto. E nem poderia mesmo, pois o traficante está também festejando os dias de Momo juntinho ali da platéia. Nada mais democrático: consumidor e fornecedor brincando e ainda tendo as benesses de ter a polícia por perto para dar segurança a todos. Aumento no número de vítimas de acidentes de carro? Bobagem. São os efeitos colaterais da festa, devem pensar os mais otimistas foliões. Além do mais para quê falar dos efeitos da crise internacional numa hora dessas? Guerra ao terror? Agressão ao meio ambiente? Volta da inflação? Corrupção na política? Educação pública de qualidade? Escândalo da compra de votos? Cassação de governadores? Terceiro mandato para Lula? As obras inacabadas do prefeito Roberto Sobrinho? Tenha-se a santa paciência. Haverá tempo para tudo. Depois dos dias de folia, claro. Parafraseando o personagem Caco Antibes do programa 'Sai de Baixo' da Rede Globo: “...Carnaval é a dança de acasalamento dos pobres...”. No nosso caso, também de muitos ricos (mas pobres de espírito) que estão na folia... Carnaval é uma festa tão democrática e absurda que a grande maioria dos políticos (os corruptos e os poucos que não são) estão entrosados ali, pulando no meio da gentalha como se esta ação grotesca fosse parte do seu 'honroso trabalho'. Político não devia participar de Carnaval pois na nossa política é Carnaval o ano inteiro. O maior Carnaval do mundo, o maior bloco carnavalesco do Planeta. Claro, Carnaval deste jeito só se tem no Brasil mesmo. Talvez por isso, o mundo se acostumou a ter uma única imagem do nosso país e de quebra não querer copiá-la como fez com o futebol: a imagem de pessoas (mulheres, certamente) semi-nuas, drogadas na maioria das vezes, rebolando pelas ruas como se a vida, o mundo, a realidade se resumissem a esta sacanagem anual.
Texto também publicado no site de notícias www.rondoniaovivo.com.br