terça-feira, 27 de abril de 2010

Rondônia, uma terra sem futuro nenhum!


Porto Velho e Rondônia poderiam mudar, sim!


Professor Nazareno*


A minha produção de textos tem, ultimamente, direcionado suas baterias para o gravíssimo problema da falta de infra-estrutura existente em Porto Velho e de um modo geral em todo o nosso Estado. São deficiências verificadas em praticamente todas as áreas. Numa primeira observação, a impressão que se tem é que as coisas por aqui são feitas “aos trancos e barrancos”, quase sem nenhum planejamento específico. A questão é tão séria que numa hipotética comparação da nossa capital com qualquer outra cidade de mesmo porte no Brasil, perderíamos feio. Mesmo que fôssemos colocar lado a lado Porto Velho com capitais bem maiores e mais populosas e que na prática deveriam ter mais problemas, levaríamos a pior em qualquer item que fosse comparado.

É claro que esta verdade constrange a maioria dos que aqui nasceram e vivem. Parecem ser cegos ou não conhecem a realidade de outros lugares. Curitiba, capital do Paraná, por exemplo, é uma cidade de quase dois milhões de habitantes e muitas coisas por lá funcionam bem melhor do que aqui. E não adianta tentar arrumar desculpas dizendo que “a cidade das araucárias” é muito mais velha do que Porto Velho. Vejamos a questão dos transportes coletivos. Por que numa região metropolitana de quase quatro milhões de indivíduos essa atividade funciona quase que perfeitamente e aqui, numa cidade cinco vezes menor é uma catástrofe? Na área da saúde pública, estamos a anos-luz de distância dos curitibanos. Covardia falar de educação e saneamento básico. Mais derrotas para os rondonienses.

Claro que políticos sem-vergonha, fichas-sujas, sanguessugas e mensaleiros e também uma justiça lenta, elitista e leniente além de uma grande parcela de eleitores idiotas e acomodados são uma constante nas duas cidades. Mas não há como negar que os nossos irmãos do Sul têm uma qualidade de vida infinitamente melhor do que nós do Norte. Essa realidade não é apenas com a capital paranaense, mas praticamente com qualquer cidade do centro-sul do país. Formamos uma sociedade nova e por isso temos ainda muitos problemas, dizem os desinformados. Mas se a nossa formação é recente por que não copiamos somente as coisas boas que existem fora daqui? Por que importamos os defeitos e as coisas que não deram certo lá fora? Burrice ou falta de competência mesmo?

Poucos lugares do mundo têm a chance de mudar esta realidade como a nossa cidade, o nosso Estado. Com as hidrelétricas e todas as obras do PAC poderíamos apostar no nosso futuro. Investir em educação de qualidade, por exemplo. Abrir novas e boas universidades e contratar professores, mestres, doutores, cientistas e Phd’s seria uma forma segura de se investir no nosso amanhã. Muitos países fizeram isso e deu certo. Temos 12 milhões de cabeças de gado. Já conseguimos exportar nossa carne para o mundo inteiro. Cursos superiores na área de laticínios, frigoríficos, couros e tanantes além de infinitos outros setores da agropecuária poderiam ser explorados para poder dar emprego aos nossos jovens. Quem investe em educação tem retorno garantido, é fato.

Ao contrário disso, estamos apenas investindo em obras faraônicas que mal resolverão os problemas do presente. A não ser que estes viadutos, pontes e passarelas sirvam para abrigar os muitos desempregados do pós-usinas. Rondônia caminha para o abismo. Nossos políticos nada fazem. Insistem em dar mais prejuízos à União com uma PEC eleitoreira e atemporal. Faltam projetos sérios para encarar a nova realidade. Amar um lugar é querer mudar a dura e absurda realidade em que ele se encontra. É permitir melhorar o IDH e a qualidade dos serviços públicos que são prestados. Porto Velho e Rondônia necessitam de fortes investimentos em todas as áreas. Dinheiro para isso dizem que existe, só que insistimos em jogá-lo fora desperdiçando com bobagens. E o povo ainda aplaude.


*Leciona na Escola João Bento em Porto Velho.


8 comentários:

Anônimo disse...

Uma inauguração desse porte em terras tupiniquins(VIADUTO), será uma fato cinematográfico!!!! quem será o primeiro a passar no viaduto? quantas fotos serão tiradas pra rechear os orkuts e blogs....? enquanto isso nos bastidores,,, criam se cargos e cargos comissionados!!!!

Horácio Adiabado disse...

Quem será o primeiro a se atirar lá de cima?Quem será o primeiro a fazer moradia no local?

Os Ovinis explicam.

Joice Brandão disse...

Eu vou tirar foto!!!

Vou por no orkut!

Vou ser famosa!
Cidadã de cidade grande!

Valdemar Neto disse...

Texto incrível! Tomara que com ele os "rondonienses com orgulho" vejam o que está acontecendo. Estamos afundando cada vez mais num poço sem fim. Haverá saída? Sim! Quando o povo rondoniense tiver participação efetiva nas decisões do seu próprio estado essa realidade poderia mudar. Enquanto isso não acontecer vamos continuar sofrendo e fingindo que não sabemos o porquê disso tudo.

Marcus Rezende disse...

Professor, filio-me, sem medo de errar, ao seu posicionamento. Estão "vendendo" Rondônia ao Brasil como o novo eldorado, a nova terra de oportunidades. E ela é! porém, esquecem de dizer que é uma criança que cresce desordenadamente. Nós, moradores de Porto Velho, já sofríamos com a aludida falta de infraestrutura. Não tínhamos, para os que aqui já estavam, água, esgotamento sanitário, saúde, educação, segurança pública, ou seja, tudo incipiente e precário. Tínhamos, sim, um trânsito caótico, dos mais violentos do país. Agora, com o "boom" que vivemos, estamos num beco, mas tem saída, entendo. Caro professor, além das usinas, que já nos trouxeram discussões acaloradas, agora temos a abertura para o pacífico; a ponte nova e por aí vai. Para além disso, Porto Velho receberá um Esquadrão de Helicópteros, da Aeronáutica, e receberá a 13ª Região Militar, do Exército. Isso significa que virão milhares de militares novos e seus familiares. É passada a hora de nossos governantes pararem para pensar Rondônia e, principalmente, Porto Velho, pelo fato de ser a capital e para essa convergem todos os sonhos com o novo eldorado. Ninguém vem do Sul ou Sudeste e imagina se radicar em, digamos, Chupinguaia, sem nenhum viés pejorativo. Quem sai de sua terra natal, busca a capital do novo local, por esta oferecer, pensam, melhores condições do que os demais municípios. Ora, a TV, os jornais impressos e eletrônicos têm alardeado os problemas na segurança, a falta de leitos hospitalares e o déficit educacional. Querem que seja diferente? sem pensar a cidade será impossível. Tenho vontade de montar um grupo e começar a discutir esses problemas de nossa cidade e de nosso estado, pessoas comuns, como eu e o senhor e chamar órgãos Sociedade Civil Organizada, como Igreja, OAB, MP, dentre outros. Chega da visão extrativista! passamos pelo diamante, pelo ouro, pela madeira e, agora, extraem os recursos em sua forma mais bruta: DINHEIRO VIVO. Vêm aqui se locupletar e somem, sem deixar rastros e sem se lembrarem do mal que nos fazem. Não sou daqui, mas exijo respeito! talvez, mas do que os próprios filhos da terra, como minha esposa é. Quero uma cidade melhor para meus filhos e para minha velhice. Abraços e parabéns! Marco Rezende - 8401-2979

Juniel Silva Lima disse...

Moro aqui a exatos 22 anos e "nunk na historia desse municipio" vi tamanha falta de capacidade de um governante, não sei se municipal ou estadual ou ainda federal, pois todos falam que são obras suas. Muitas obras começadas e terminadas de fato, mas desfeitas para por manilhas, por encanação da caerd, dentre outros motivos. Fico a me perguntar: Ninguém planeja nada nessa administração? Tipo: Seguir as etapas e deixar o asfalto por último? Gasta-se dois tantos do que se gastaria e ainda as ruas ficam cheias de remendos horríveis o que atrapalha a vida dos motoristas e pedestres. Meu Deus!!! Quem não sabe é ignorante, quem sabe e continua a fazer errado é BURRO mesmo!!!! Coitado dos burrinhos são criaturas tão dóceis e fazem seus trabalhos direitinho.

Antônio de Souza Alencar disse...

Texto muito bom de novo meu caro professor. Estava até sentindo falta de ler o senhor novamente. Pura verdade o que esta escrito. Ninguém quer investir no futuro de lugar nenhum só no seu bolso mesmo. Seus criticos deviam ler estas palavras que o senhor escreveu. Podem até gostar disso aqui, mais tem que ter futuro garantido para todos. parabéns

Ivanilson Frazão Tolentin disse...

Professor Nazareno, esse texto não está à altura dos outros que o senhor já produziu. Mas, devo dizer, que, como sempre, é uma boa oportunidade de lermos algo feito em Rondônia e estampado para todos terem acesso, que sai da mediocridade comum da mídia regional. O senhor é um oásis nesse deserto cultural e de idéias que é a mídia rondoniense. Voltando ao texto, digo apenas que esse assunto é como aquele velho filme que nós vimos várias vezes e já sabemos o final. Ou seja, depois desses ciclos de crescimento, resta para a população local, os problemas sociais e estruturais de sempre. Digo ciclo de desenvolvimentos, pois nos anteriores e como nesse das usinas, não ocorreu uma discussão séria sobre o que virá depois e o que é possível se planejar para diminuir os problemas e garantir o crescimento justo e constante das condições de vida de nossa população. Enfim, temos que parar de sermos imediatistas e olharmos além de nossos narizes e egoísmo