A Secessão no Fim do Mundo
Professor Nazareno*
O Plebiscito marcado para o final deste mês de fevereiro e que tem como objetivo principal emancipar a Vila de Extrema, fronteira com a Bolívia e divisa com o Acre, é grosso modo uma aberração nos meios políticos não só de Rondônia, mas também do Brasil e abre caminho para outras localidades seguirem os mesmos passos. As particularidades desta votação, a que todo eleitor de Porto Velho está obrigado a comparecer, expõem ao resto do país e talvez até ao exterior a nossa maneira absurda e bizarra de fazer política e de tratar a coisa pública.
Único lugar do mundo onde os políticos devolvem dinheiro, com mais esta esquisitice o nosso Estado passa de vez a fazer parte do anedotário político nacional. Enquanto na maioria dos estados brasileiros “as meias e cuecas” são recheadas de reais e dólares, Rondônia e os rondonienses ensinam outros meios bem menos dolorosos de se iniciar nesta arte. É sabido por todos que os moradores das localidades situadas na Ponta do Abunã há muito tempo foram abandonados pelo poder público, mas desmembrar e diminuir o território para se livrar do “abacaxi” só se vê por aqui mesmo.
Minas Gerais, por exemplo, não abre mão do Triângulo Mineiro assim como país nenhum do mundo quer ceder um milímetro sequer do seu território. Muitas e incontáveis guerras já houve mundo afora por causa de disputas territoriais. Aqui, a bisonha classe política até já se manifestou favorável à debandada da vilazinha perdida naqueles cafundós. Se Roberto Sobrinho fosse presidente de um país sério e agisse dessa forma entreguista, seria sumariamente fuzilado por crime de lesa-pátria, mas o “psicólogo do bigodinho” jamais vai ser Presidente de coisa alguma. Ainda bem.
Sobrinho, ao incentivar a secessão de Extrema admite publicamente a sua falta de competência para administrar a totalidade de um território para o qual foi escolhido para governar e ainda joga, com esta sua atitude mesquinha, nas costas do eleitorado a responsabilidade da escolha. Além do mais, aumenta as despesas absurdas esquecendo-se de que no Brasil, além do Presidente e do Vice-Presidente da República, existem 27 Governadores, 27 Vice-Governadores, 81 Senadores, 513 Deputados Federais, 1059 Deputados Estaduais, 5.561 Prefeitos, 5.561 Vice-Prefeitos e 60.320 vereadores.
Será que ele é cego para não perceber que são muitos os parasitas sendo sustentados com o suado dinheiro dos impostos? A não ser que a sua lógica seja a mesma dos seus pares: quanto mais políticos, mais dinheiro será devolvido aos cofres públicos. “A necessidade da criação do município é tamanha que já contamos com a participação de 21 partidos políticos nessa campanha, sem contar que a Assembléia Legislativa e a Prefeitura de Porto Velho estão nos apoiando, além de movimentos religiosos que estão engajados”, observou Aparecido Bispo, um líder local e, claro, pró-emancipação.
A Vila de Extrema já pertenceu ao Acre, mas foi transferida para Rondônia. A população, porém, não concorda, já que a localidade fica mais próxima de Rio Branco,
*Leciona na Escola João Bento da Costa.
13 comentários:
Noto sempre eu seus textos, Professor, a necessidade assombrosa de expor assuntos triviais com imensurável conotação polemicista. Apesar de já ter demonstrado por vezes conhecimentos de sua tal sempre falada em salas de aula "leitura de mundo", mostra ao mesmo tempo o despeito de alguns fatos históricos simplesmente para que haja o ensejo necessário para a exposição de seus ideais paradoxais. A história de formação dos EUA, maior potência mundial nos dias de hoje ocorreu por uma secessão dos ingleses aos puritanos, que foram EXPULSOS de sua terra de origem. Quando os ingleses reinvindicaram sua antiga colônia, aí sim, houve guerra, antes disso nem um leve tom de agressividade. Prosseguindo na formação dos EUA. O estado da Louisiana fora vendido pelos franceses aos EUA, quando os comedores de croissant pensaram que não havia o que colher das tais terras pantanosas. Anos depois só se via progresso por essas bandas nas mãos dos norte-americanos. Então, não dá para critícar o Sobrinho por sua decisão em relação a Extrema e tampouco o povo porto-velhense pela rápida aceitação desta decisão. Nunca se vira utilidade para a tal região. Sem retorno financeiro algum, apenas prejuízos. Durante décadas a fio nenhum governador do estado de Rondônia ou prefeito de Porto Velho jamais encontraram utilidade para a região de Extrema, e isso não significa que eles são de todo inúteis.
Ei "um Aluno do JBC", você deve tirar DEZ com o Nazareno, neh? Como são poucos os alunos que tiram essa nota você vai ser facilmente identificado. Você escreve muito bem, porém não tem coragem de assumir sua opinião frente à um público. Ai, ai...você tem todo o potencial pra ser um grande homem mas lhe falta o essencial: coragem pra defender "às claras" seu ponto de vista. Realmente é uma pena.
Sou sensato até o ponto em que não prejudico a minha razão. Mas, o que muito espanta é que use um sermão direcionado a mim do qual nem mesmo você confia ou utiliza da mensagem incutida nele. Ou ao usar o anônimato para expor sua opinião você está agindo "às claras", meu caro?
Uso o seu jogo sujo, meu caro. Para você sentir como é "debater" com alguém que você nem vê, nem sabe ao menos o nome verdadeiro. Nessa situação eu sou o sujo e você o mal lavado, ok? Ou você quer ser o sujo? O mal lavado? Ah deixo a escolha pra você.
PS: vai pra USP cara você escreve bem pra caralho! Te invejo nesse ponto.
Oras, em momento algum quis iniciar um debate e recorrer a "artifícios sujos" para embasá-lo e pô-lo ao meu favor. Quanto a isso estou ao revés na situação. Apenas enxerguei nesse texto do Prof. Nazareno a oportunidade perfeita para comunicar não somente a ele, mas, também aos demais postantes (como você) que um assunto de natureza tão vã como o contido em seu texto, não tem a necessidade em ser especulado nessas proporções. Não há nada de singular nessa situação. E para agir sem recalque e hipocrisia, com extrema sinceridade, devo confessar que não esperava que fosse bem aceito o meu comentário. Aliás, tampouco aguardava o mínimo de relevância. Deves perceber que não faço isso de todo mal ao nosso querido Major Vidigal das salas de aula. Sou um Leonardo qualquer.
P.S.: Sou ainda cursante do "Terceirão". Isto fora uma tentativa de saciar-te da ânsia pela minha identidade.
Pois é meu caro professor. o senhor vive dizendo que rondonia é o ...do mundo, é a periferia maldita do capitalismo, então não pode mesmo os nossos politicos terem atitudes dos cidadãos de lá. os nossos politicos são um bando de interesseiro que não perdem oportunidade para explorar ainda mais o povo.Todos até o nosso prefeito são politicos de terceira categoria. Parabéns pelo texto. Desta vez gostei. Parabéns
Alguém tira o teclado da mão desse cara! Professor Nazareno mais uma vez querendo chamar a atenção falando besteira. Porto Velho tem tamanho descomunal para um município. É apenas um grande agregador de distritos que, em algum momento, virão a ser municípios. Rondônia é um estado jovem. Várias cidades ainda possuem dezenas de vilarejos agregados que, algum dia, crescerão ao ponto de virarem municípios. Não há porque ser bairrista quanto ao território de Porto Velho. Pensar no progresso de vez em quando é bom "professor".
meu caro professor bem se vê que vc tem uma "VISÃO" ampla da politica do brasil, porém percebe-se também que a não tem a minima visão do que é viver em um lugar onde falta quase tudo, portanto é muito mais facil criticar a classe politica do que admitir que em toda a região da Ponta do Abunã existem pessoas que necessitam de um minimo de condições de vida para sobreviver,e a distãncia até Porto é de 330 a 360 km como é que vamos cobrar os nossos direitos? Portanto professor ao invés de ficar criticando a classe politica por que não vem junto e nos ajude, nos dê esta oportunidade de dirigir os nossos destinos assim como vcs fazem ai na capital vamos todos votar SIM nº55
Pela primeira vez concordo plenamente com o Nazareno. Esse Plebiscito é uma piada porque, ao que tudo indica, somente compareceremos às urnas para atender uma praxe. Já decidiram essa droga! Já foi, já era. Um Plebiscito sério debateria com antecedência os argumentos favoráveis e contrários ao assunto. Alguém lembra como isso foi feito em 1993? Pois é. A todo momento surgem notícias sobre partidos políticos favoráveis a emancipação. Claro! É mais um novo munícipio, mais uma mina de ouro que se apresenta para a felicidade de muitos aproveitadores. Eu vou votar NÃO, porque não estou totalmente a par da situação mas desconfio das unanimidades, especialmente na política. Mas gostaria mesmo é de não ir. Mas sou obrigado a participar. E viva a democracia brasileira!
Desta vez também concordo com o Professor, além da incapacidade administrativa da Prefeitura de Porto Velho, devo lembrar aos senhores internautas de que a emancipação de Jacy-Paraná significará doar os royalties de JIRAU, quer dizer nós ficamos com o abacaxi social e Jacy-Paraná será uma nova Candeias. Além de que os tramas políticos não tem caráter em analisar a viabilidade econômica de uma cidade, ou seja será mais um corte do Fundo de PArticipação do Munícipios - FPM, que o governo federal repassa os municípios. Assim como imensa quantidade de muncípios no Brasil que não tem a infraestrutura mínima para ser chamada de cidade.Que essa seja a último desmembramento de Porto Velho.
O engraçado prof.nazareno é q o povo te critica mas vem sempre aqui no seu blog.O que será que eles buscam aqui se não gostam do que escreves?Acho que eles não encontram por aí textos como os seus para darem alfinetadas,por isso vem aqui em busca de emoção.Amo o que escreves,pois me faz parar e pensar nas coisas q acontecem por aqui.vc é sensacional! gde abraço
Texto muito bom, tem coerência como o senhor mesmo diz e ataca as autoridades daqui que deviam adiministrar melhor a cidade e o estado. Parabéns professor pelos seus maravilhosos textos. não deixe de escrever o senhor cria uma conciencia crítica na cabeça das muitas pessoas desinformadas. Se todos os jornalista daqui fosse como senhor nós teriamos outra cidade bem melhor para morar. Continue escrevendo que vai ter sempre quem leia embora diga que não.
Uma questão de ponto de vista, apenas. Pode ser uma perda para o nosso estado. Mas temos um governo que não se preocupa em tentar ajudar essas pessoas, e é claro que isso é mais uma demonstração da incapacidade do prefeito. Mas são pessoas que precisam, e não podem ficar esperando até que um "zé ninguém" vá fazer algo por eles, estão lutando para que suas vidas melhorem, necessitam e merecem.
Acho muito bacana o que o senhor escreve, e até o apoiaria se eu soubesse que se mesmo que Extrema continuasse a pertencer a Rondônia, fosse melhorar a situação deles, mas como sei que irá continuar do mesmo jeito, eu acredito e quero que lutem por sua liberdade, já que ninguém merece ter que esperar por algo que não vai acontecer.
É o que eu acho . :)
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