segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Quem quer entrar na Universidade?


O SISU ‘haddadiano’


Valdemar Neto*


O novo Sistema de Seleção Unificada (SISU) prometia ser uma dádiva para os estudantes. Mas ao longo do tempo, e das etapas ou chamadas, essa dádiva se transformou em um presente grego. Isso porque as falhas nesse sistema se tornaram constantes.

Muito discutida, ás vezes elogiada e ás vezes criticada, a mutabilidade da escolha do curso tendo como base a pontuação obtida no ENEM 2009 se revelou ineficaz. Pois os alunos acabam se inscrevendo em cursos onde a sua respectiva nota se "encaixa"; quase uma escolha forçada. O resultado disso foi que das mais de 47 mil vagas oferecidas sobram ainda, na segunda chamada, mais da metade desse valor. Um recorde de desistência.

Outro fator que explica tanta desistência é o fato de que muito dos selecionados moram longe das universidades “desejadas” e, na maioria dos casos, não têm como se encaminhar até essas instituições de ensino. Mas por que, então, tais alunos se inscreveram nessas instituições sabendo que não podiam chegar até lá para efetuar a matrícula? A resposta é simples: para aumentar a coleção de aprovações.

Num mundo cada vez mais mesquinho dizer que foi aprovado em dezenas de universidades aumenta o ego e faz crescer o tom de “superioridade” desses alunos - algo bem narcisista, não? De maneira geral, a existência desse fato evidencia as falhas do SISU e além do mais coloca em xeque o caráter (des) humano para com o próximo.

Outro problema do SISU é que aqueles que se inscreveram na primeira etapa e desistiram das vagas para a qual foram selecionados poderão se inscrever novamente. É fácil prever que o que aconteceu na primeira etapa se repetirá de novo na segunda. Com isso, inúmeras vagas ficarão ociosas á espera da etapa suplementar; faraônico e repleto de falhas, essa é a realidade do SISU ‘haddadiano’.


*Ex-aluno do Colégio João Bento da Costa em Porto Velho.


2 comentários:

Karla disse...

Gosto muito dos comentários do Waldemar Neto, e agora gostei do texto; parabéns.

Thiêgo Maia disse...

ótimo texto. Meus parabéns.