domingo, 16 de novembro de 2025

Rondônia? Só com passaporte!

Rondônia? Só com passaporte!

 

Professor Nazareno*

 

            O artigo 1° da Constituição Federal de 1988 diz que o Brasil é uma República Federativa formada pela união indissolúvel dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Porém, ultimamente, têm-se observado certas opiniões contra este dispositivo constitucional. Algumas autoridades de Santa Catarina (Saint Kataraina, em Inglês) têm-se insurgido contra a lei maior do país e proclamado publicamente que não seria todo e qualquer brasileiro a ter direito de entrar naquela “próspera e desenvolvida” unidade da federação. Muitas autoridades da extrema-direita principalmente já falam abertamente que o Brasil tinha que ser divido entre Norte e Sul. As áreas mais quentes e tropicais do novo país ficariam politicamente mais à esquerda enquanto o “Sul Maravilha” tenderia a ser um reduto só da direita e da extrema-direita reacionárias. Brasil do Norte e o do Sul.

            E eis que essa patológica sanha de uma absurda secessão nacional chega às terras de Rondon. Estado híbrido politicamente, confuso na sua formação social e composto por mais de 90 por cento de pessoas pobres e miseráveis, Rondônia não sabe ainda a que parte do “novo país” pertenceria com esta fictícia divisão nacional. Apesar da extrema-miséria da maioria de seu povo, a confusa, longe e distante unidade da federação tem grande parte de sua miserável população militando politicamente nos quadros da extrema-direita conservadora. Pobres de direita, muitos se orgulham! Em Porto Velho, a suja e fedorenta capital estadual, já há discussões sobre a permanência e a sobrevivência dos muitos pobres que tiveram a suprema infelicidade de escolheram lugar tão ermo para viver. A “limpeza e o higienismo social” infelizmente já fazem parte de muitos debates políticos.

            A ironia desta aberração social é que se conseguirem expulsar todos os pobres de Porto Velho, a cidade simplesmente se acabará. Sobrariam pouquíssimos habitantes por aqui. E mesmo no Estado inteiro de Rondônia, quase não há pessoas ricas e abastadas para serem poupadas desta “solução final”. Expulsar os pobres de uma determinada região ou proibir-lhes de ir aonde quiserem é uma patologia social só vista durante o Nazismo quando Hitler e a sua camarilha instituíram as perseguições contra os judeus e a outras minorias. A perseguição sistemática e o assassinato de aproximadamente seis milhões de judeus pelo Estado nazista alemão e por seus colaboradores durante a Segunda Guerra Mundial ficou historicamente conhecida como Holocausto. Se viver em Porto Velho e em Rondônia já era difícil em tempos normais, imagine-se com Hitler renascido.

            Rondônia precisa de sérias políticas públicas de inclusão social para resolver ou amenizar os seus problemas mais urgentes. Porto Velho, nem se fala! Na pior capital do Brasil para se viver falta tudo de que uma verdadeira e organizada cidade precisa. É muito difícil para um povo qualquer viver num lugar sem esgotos, sem água tratada e sem saneamento básico. A falta de uma boa mobilidade urbana assim como a violência social muitas vezes são frutos de pensamentos reacionários, conservadores e maldosos que propõem apenas o extermínio ou a expulsão de pessoas e não a busca de resoluções viáveis para abrandar e diminuir as suas necessidades. Pertencendo ao Norte ou ao Sul, o Estado Karipuna necessita de soluções que não sejam a solução final. Num país ainda indivisível, onde reina o Estado democrático de direito e as instituições ainda funcionam, seria bom que investigações fossem iniciadas para coibir tais absurdos. É duro ser pobre!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

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