Rondônia?
Só com passaporte!
Professor
Nazareno*
O
artigo 1° da Constituição Federal de 1988 diz que o Brasil é uma República
Federativa formada pela união indissolúvel dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal. Porém, ultimamente, têm-se observado certas
opiniões contra este dispositivo constitucional. Algumas autoridades de Santa
Catarina (Saint Kataraina, em Inglês) têm-se insurgido contra a lei maior do
país e proclamado publicamente que não seria todo e qualquer brasileiro a ter
direito de entrar naquela “próspera e desenvolvida” unidade da
federação. Muitas autoridades da extrema-direita principalmente já falam
abertamente que o Brasil tinha que ser divido entre Norte e Sul. As áreas mais
quentes e tropicais do novo país ficariam politicamente mais à esquerda
enquanto o “Sul Maravilha” tenderia a ser um reduto só da
direita e da extrema-direita reacionárias. Brasil do Norte e o do Sul.
E
eis que essa patológica sanha de uma absurda secessão nacional chega às terras
de Rondon. Estado híbrido politicamente, confuso na sua formação social e
composto por mais de 90 por cento de pessoas pobres e miseráveis, Rondônia não
sabe ainda a que parte do “novo país” pertenceria com esta
fictícia divisão nacional. Apesar da extrema-miséria da maioria de seu povo, a
confusa, longe e distante unidade da federação tem grande parte de sua
miserável população militando politicamente nos quadros da extrema-direita
conservadora. Pobres de direita, muitos se orgulham! Em Porto
Velho, a suja e fedorenta capital estadual, já há discussões sobre a
permanência e a sobrevivência dos muitos pobres que tiveram a suprema
infelicidade de escolheram lugar tão ermo para viver. A “limpeza e o higienismo social” infelizmente já fazem parte de muitos debates
políticos.
A
ironia desta aberração social é que se conseguirem expulsar todos os pobres de
Porto Velho, a cidade simplesmente se acabará. Sobrariam pouquíssimos
habitantes por aqui. E mesmo no Estado inteiro de Rondônia, quase não há
pessoas ricas e abastadas para serem poupadas desta “solução final”.
Expulsar os pobres de uma determinada região ou proibir-lhes de ir aonde
quiserem é uma patologia social só vista durante o Nazismo quando Hitler e a sua
camarilha instituíram as perseguições contra os judeus e a outras minorias.
A
perseguição sistemática e o assassinato de aproximadamente seis milhões de
judeus pelo Estado nazista alemão e por seus colaboradores durante a Segunda
Guerra Mundial ficou historicamente conhecida como Holocausto. Se viver em Porto Velho e em Rondônia já era
difícil em tempos normais, imagine-se com Hitler renascido.
Rondônia precisa de sérias
políticas públicas de inclusão social para resolver ou amenizar os seus problemas
mais urgentes. Porto Velho, nem se fala! Na pior capital do Brasil para se
viver falta tudo de que uma verdadeira e organizada cidade precisa. É muito
difícil para um povo qualquer viver num lugar sem esgotos, sem água tratada e
sem saneamento básico. A falta de uma boa mobilidade urbana assim como a
violência social muitas vezes são frutos de pensamentos reacionários,
conservadores e maldosos que propõem apenas o extermínio ou a expulsão de
pessoas e não a busca de resoluções viáveis para abrandar e diminuir as suas
necessidades. Pertencendo ao Norte ou ao Sul, o Estado Karipuna necessita de
soluções que não sejam a solução final. Num país ainda
indivisível, onde reina o Estado democrático de direito e as instituições ainda
funcionam, seria bom que investigações fossem iniciadas para coibir tais
absurdos. É duro ser pobre!
*Foi Professor em Porto Velho.

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