A
COP 30 aqui em Porto Velho?
Professor
Nazareno*
A
COP 30, a Conferência anual do clima da ONU, está sendo realizada em Belém do
Pará. Na reta final dos debates, esse encontro tem dado o que falar. E o motivo
não é só por conta do clima. Muito antes das discussões começarem, Belém foi
notícia negativa no mundo inteiro por causa dos altos preços cobrados pelos
hotéis paraenses. Várias delegações internacionais ameaçaram boicotar o
encontro por causa do valor abusivo das hospedagens. “Um roubo, um desrespeito,
um acinte, uma total falta de lógica e de ética”, disse um diplomata
estrangeiro, que completou: “se pelo menos tivessem qualidade essas
acomodações...”. Agora, o atual chanceler alemão Friedrich Merz fez
declarações pouco amistosas sobre Belém. “É muito bom estarmos de
volta ao nosso belo país”, disse ele. “E todos nós estamos
muito felizes em ter saído daquele lugar”, finalizou o mandatário.
As
palavras podem até ter sido duras, principalmente quando vindas de um líder
mundial. Ele se comportou como um Bolsonaro em sua melhor fase. Só que a
Alemanha é hoje a terceira maior potência econômica do mundo e doa muitos dólares
à Amazônia. Acusado de xenofobia, de falta de educação, colonialismo e de outros
adjetivos pouco publicáveis, Merz infelizmente não mentiu. A cidade de
Belém é uma desgraça só! Governada há mais de meio século pela família
Barbalho, aliada de Lula e do PT, o lugar é um dos piores do Brasil em
saneamento básico e em água tratada. Está à frente de Porto Velho, a pior
dentre todas elas. Belém é a 22ª capital do país em IDH. Assim como Porto
Velho, a capital dos paraenses é também um esgoto a céu aberto. Caos:
com quase 1,5 milhão de habitantes, ela tem cerca de 56 por cento de sua
população vivendo em favelas.
Por
terem se hospedado em Belém, Friedrich Merz e os alemães “pegaram foi
um boi com chifre e tudo”. Já pensou se a COP 30 tivesse sido
realizada em Porto Velho? Dessas duas capitais, não se sabe qual delas tem mais
ratos, urubus e sujeiras expostas nas suas ruas. Belém e Porto Velho são irmãs
gêmeas quando o assunto é sujeira, lixo, lodo e caos urbano. Ficar irritado com
as desastrosas palavras do chanceler alemão terá sido em vão se mudanças não
forem feitas em Belém. O incômodo não está na frase dita pelo chanceler. Está no
que ela representa para Belém e para o Brasil. Conheço Berlim muito bem e sei que
é uma injustiça tentar comparar as duas cidades. Já comparar Berlim com Porto
Velho nem pensar. Já pensou se Merz e sua delegação se hospedassem em um barco
no rio Madeira e tivessem que subir aquele barranco sujo, escorregadio e
imundo?
Acho
que os paraenses foram conscientes e não ofereceram tacacá e
outras iguarias ao líder alemão. Sabe-se que estas coisas são feitas com água
pouco tratada, igual à que a maioria dos porto-velhenses bebe aqui: metade
é água, a outra metade é bosta. Os alemães foram muito exigentes e até
mal-educados, mas foram verdadeiros. Só que são verdades que não se deviam
dizer. O povo do Pará é um povo bom, ordeiro, simpático, acolhedor e pacífico e
não tem nenhuma culpa pelas mazelas que suas autoridades lhes impõem. Assim
como em Porto Velho. O povo daqui é também um povo receptivo, bom, cordial. Mas
a capital dos rondonienses nunca sediará nada se continuar sendo essa “currutela
fedida” que sempre foi. E o cidadão daqui também quase não tem
culpa. Por que as autoridades nada fazem para melhorar suas cidades? Belém pode
ter ficado de fora da Copa de 2014 por isso. A verdade dói, mas precisa ser
encarada como um ensinamento!
*Foi Professor em Porto
Velho.

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