Por
que Rondônia é da direita?
Professor
Nazareno*
Rondônia,
ou Roubônia para os mais íntimos, é um dos estados mais pobres e
insignificantes da federação. Tem em 2024 pouco mais de 1,5 milhão de
habitantes, ou seja, apenas 0,7 por cento da população total do país. Seu PIB é
também minúsculo e baixíssimo: representa tão somente 0,6% do total nacional.
Esses números ridículos contrastam com a visão otimista de muitos de seus
habitantes. “Somos uma potência na agropecuária com não sei quantas cabeças
de gado”, dizem os ufanistas. “Produzimos muita energia boa e barata que
daria para abastecer o Brasil inteiro”, afirmam outros sonhadores. “Nossos
peixes, nosso café, nossa produção agrícola sustentariam o mundo” acreditam
ainda muitos dos rondonienses e também os vários “rondonienses de coração”.
Rondônia não só é pobre como também só sobrevive hoje por causa do governo
federal.
Porém,
Rondônia é praticamente toda bolsonarista e quase sempre só vota em candidatos
da direita e também da extrema-direita. Nas últimas eleições presidenciais, por
exemplo, o candidato Jair Bolsonaro teve mais de 70% dos votos válidos no
estado enquanto Lula não chegou a 30%. Em Rondônia, assim como em muitos outros
estados do país, existe fome, miséria, desemprego, violência e inúmeros outros
problemas sociais. Só que, nesses outros estados existem parcelas de eleitores
que também optam em votar nas esquerdas. O Nordeste é um exemplo disso. De um
modo geral, o eleitor rondoniense é “coxinha”, é reacionário, é
direitista, é conservador. Embora em muitos casos ele tenha somente a miséria,
a fome, a desesperança e a desgraça para conservar. A NASA tinha era que vir a
Rondônia só para estudar esse comportamento político e social de sua gente.
A
suja e imunda capital do estado é uma pocilga a céu aberto. Sem redes de
esgotos, sem água tratada e também sem saneamento básico, a cidade é
considerada a latrina do Brasil. Porto Velho nunca elegeu um único prefeito
nascido no município. Dos mais de 50 administradores que teve, entre eleitos e
nomeados, todos eles são de fora. E pior: raríssimos deles militavam na
esquerda, com exceção de apenas um, que era do PT. Porto Velho não tem porto
rampeado no rio Madeira. Não tem hospital de pronto-socorro. Não tem qualidade
de vida. Mas parte da classe política, acostumada a surrupiar os poucos
recursos públicos, deita e rola. Recentemente foram descobertas diárias para os
deputados estaduais visitarem o exterior. Mais de 400 mil reais dos pobres
contribuintes foram usados para eles visitarem do Japão à Bolívia. E quase todo
mundo já se esqueceu do fato.
Em
Rondônia, estranhamente, povo e políticos vivem numa eterna e surreal lua de
mel. Nestas longes terras, senador da República, da extrema-direita, claro,
legisla para aumentar ainda mais a destruição e o desmatamento da floresta Amazônica
e é aplaudido por todos. Já alguns deputados federais, todos da extrema-direita
reacionária e heróis desse povão meio acéfalo, fazem Menção de Repúdio a shows
de cantores internacionais lá no Rio de Janeiro e são apoiados pela maioria dessa
incauta população. E todos eles, juntinhos e unidos, exigem a reestruturação da
BR-319, uma estrada antiambiental que decretará em pouco tempo o fim de toda a
Amazônia. A direita está presente em todas os recantos do estado. Se em Porto
Velho a administração municipal tem a seu favor “somente” todos os 21
vereadores da Câmara Municipal, imagine-se nas pequenas cidades do interior.
Será que esses rondonienses são o que chamamos “pobres de direita”?
*Foi Professor em Porto
Velho.
Um comentário:
É. Concordo plenamente companheiro.
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