segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Você foi à Parada do Orgulho Gay?



Passeata Gay: Falta de Consciência Política?


Professor Nazareno*

           
            Com o objetivo de promover o lançamento da 9ª Parada do orgulho LGBT de Porto Velho, que foi realizada no domingo, 28 de agosto de 2011, com o tema religioso: “Amai-vos uns aos outros, nós temos direitos”, o Grupo Gay de Rondônia, GGR, concedeu entrevista coletiva, envolveu a mídia falada e escrita, citou autoridades, criou sensacionalismo estéreo, convocou para reunir, reuniu para convocar, fez e aconteceu na fixa e equivocada idéia de produzir algo de extremamente útil aos seus seguidores e participantes. Não se pode discutir o direito de quem quer que seja de fazer reuniões, passeatas ou desfiles. Além de ser legal é perfeitamente aceitável pelo fato de vivermos em uma democracia. Os homossexuais são importantes para qualquer sociedade e toda e qualquer forma de intolerância ou discriminação deve ser repelida, repudiada e combatida ferozmente para evitar tantos crimes contra gays como vemos pela mídia.
            No entanto, estes desfiles têm, em alguns casos, despertado a reação da sociedade mais conservadora. A Marcha para Jesus pode ser um exemplo. Anualmente religiosos dizem que colocam muitos milhões de seguidores nas ruas do Brasil. Todas estas manifestações são importantes, mas infelizmente focam na direção errada uma vez que desviam a atenção dos problemas que realmente deveriam ser enfrentados pela sociedade civil organizada. Viver uma vida de orientação sexual diferenciada ou adorar a Cristo não resolve os gargalos que fazem do nosso país uma das sociedades mais atrasadas e injustas do mundo. Com efeito, em nenhuma destas manifestações se observa qualquer tipo de panfletagem política ou de conscientização dos participantes sobre os reais problemas que tanto nos afligem diariamente. Os homossexuais são muito mais importantes do que passeatas gays. Os Evangélicos também são mais superiores do que marchas criadas com o objetivo apenas de contrapor idéias diferentes. Guerra, não.
            Por isso, colocar 100 mil pessoas ou mais nas ruas de Porto Velho apenas para dizer que se aceita o que é diferente é um desperdício. Assim como cinco milhões nas ruas de São Paulo. E tantos outros milhões em outras cidades deste país. Essas pessoas "de orientação sexual diferenciada" e os religiosos deviam "emprestar" apenas 10% deste contingente para sair às ruas da nossa cidade reivindicando melhorias no Hospital João Paulo Segundo, mais ética na política ou uma educação pública de qualidade, por exemplo. Teriam tais atos, talvez, muito mais praticidade e consciência política do que fazer passeatas que muitas vezes afrontam esta mesma sociedade vítima deste Estado incompetente e inoperante. Por ser “lésbico” assumido, estive na passeata do orgulho gay e não vi nada que a diferenciasse de um simples carnaval (mais um) fora de época. Um homossexual deve sentir orgulho do que é como qualquer pessoa o faria, mas sentir orgulho de uma passeata barulhenta e sem sentido é pura tolice, falta do que fazer.
            Além do mais, estes mesmos desfiles são vistos por muitos como pura e simples apologia às drogas e outros tipos de entorpecentes. Havia muitas pessoas, como sempre, embriagadas, seminuas e se drogando em plena via pública dando um péssimo exemplo aos jovens e crianças. Os nossos problemas são muito maiores e de uma dimensão muito superior do que tolos desfiles carnavalescos em tom de oba-oba. Discriminação e homofobia são crimes e devem ser encarados e punidos como tal. Já há legislação pertinente para isso sem precisar de passeatas que sujam as ruas e mostram o verdadeiro caráter dos gays, lésbicas e afins: falta-lhes, na maioria dos casos, visão crítica, participação política e acima de tudo demonstram ter uma mentalidade baseada na premissa de que tudo é festa, tudo é manchete, tudo é brincadeira, tudo é purpurina. Já os religiosos, que também sujam as ruas e tentam mostrar a sua supremacia, deviam perceber que o simples fato de adorar a Cristo já é em si uma grande superioridade.
            Gays, lésbicas e religiosos unidos com o restante da população para exigir e reivindicar os seus mais elementares direitos e a sua cidadania é o que falta a Rondônia e ao restante do Brasil. O mundo é muito mais cruel do que "purpurinas e desfiles". Se todas as pessoas que se dizem discriminadas e perseguidas no Brasil e no mundo tivessem que fazer desfiles e passeatas, teríamos que permitir ou assistir às mulheres, os negros, os hemofílicos, os pobres, e mais um montão de pessoas se organizando para tão somente sujar as já imundas ruas deste país e desta cidade. Porém se estas pessoas usassem seu poder de persuasão e de organizar passeatas para cobrar um Estado competente em suas vidas, o país mudaria. Outro dia, um internauta escreveu um comentário resumindo a ópera: “Isso não passa de pretexto para fazer carnaval. Dia do orgulho o quê? desde quando ser heterossexual, homo ou bi é motivo de orgulho? Devemos nos orgulhar, sim, de sermos cidadãos sérios, honestos, responsáveis e cientes de nossos direitos e deveres. Respeito não se exige, se conquista e há maneiras bem mais louváveis, éticas e aceitáveis de conquistá-lo”. Pelo visto, a discussão está só começando.






*É Professor em Porto Velho.

13 comentários:

Alexander Fleming disse...

Achei o texto lamentável, de profundo mau gosto. Realmente o editor é quem está completamente perdido e equivocado quanto a sua colocação. Fazer esta junção entre o povo evangélico, gays, lésbicas, etc., é uma fronta, querer justificar responsabilidades e embaralhar objetivos é de um mau gosto e uma insensatez tremenda. Já pensou um movimento evangélico, como uma marcha, querendo discutir políticas públicas? é sem noção. O objetivo das marchas é a união na fé, na crença, divulgar, difundir, compartilhar a união em uma mesma direção. Se tivesse o mínimo de coerência, deveria então pedir que os carnavais fora de época, os shows, etc também divulgassem. Quando à contribuição para sociedade, do povo evangélico, existe sim e muito, tanto nas igrejas quanto na associações (as que são sérias), quanto no meio do povo político, fazem em muito, tanto com iniciativas quanto com ações políticas, divulgando, discutindo, participando, algo que parece ser desconhecido deste cidadão. Vivemos em sociedade, é claro, mas devemos respeitar as diferenças e, para isso, aqueles que são diferentes, em foco os homossexuais, devem sim criar mecanismos para que a sociedade que os discriminam passam a admirá-los e a respeitá-los ainda mais. Não é simplesmente uma lei que vai fazer gostarmos de determinadas pessoas. Gostamos daquelas pessoas que admiramos, que nos fazem bem, que tem uma história de sucesso, de superação, de conquista, para olharmos para aquela pessoa e dize: "gostaria de conseguir o que ela conseguiu" ou "gostaria de ter a inteligência", ou algo assim, e então divulgarem concretamente o que querem, o que esperam, porque estão fazendo o movimento, qual a finalidade, o objetivo.

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JOSI disse...

Tenho que concordar com a Nazareno. O dia que a passeata for um ato político e consciente eu participarei, mas enquanto for um carnaval à base de bebidas, drogas etc. me recuso a tal feito. Vou me reservar o direitio de não continuar meu comentário pois estou envergonhado ou envergonhada, como preferirem, de minha classe.

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Fudêncio disse...

Isso ta mais pra: "CARNAGAY", carnaval+passeata gay, concordo com o professor em gênero, número e grau, Nazareno do Coopeduc para prefeito!!!

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Valéria Rodrigues disse...

Concordo em gênero,número e grau!!!! excelente colocação professor, parabéns!

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André Guedes disse...

concordo, a festa é divertida, a familia pvh vai e se diverte, vendo cada figura, mas função politica, muito muito pouca, gosto de ver as fotos, mas nao vou na parada pelo fato que é mais um carnaval, mas eu nao gosto de carnaval =/

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SÔNIA SANTOS disse...

"Amai vos uns aos outros".Em que sentido? parafraseando um verso conhecido por muitas sociedades na Antiguidade, inclusive os Hebreus (História), poderiamos sim dar ênfase a Moral e a Ética, maior legado deixado por esse povo. A parada gay, na minha opinião, foi uma tremenda reunião de HIPOCRISIA! Sem ofender os que compartilham a sua ORIENTAÇÃO sexual, a sociedade, vai as ruas para tentar esconder o preconceito sofrido por estas pessoas quase que diariamente. Olhares com indiferenças, preconceitos, xenofobicos e homofobicos fazem de nossa sociedade uma verdadeira sacanagem escondida as vezes por trás da religiosidade.
Ninguém é melhor do que ninguém por ser Evangelico, Católico, Islamico, Budista ou qualquer outra religião ou pela falta dela. O direito de ir e vir tanto de religiosos ou não tem de ser respeitados. E o AMAR O OUTRO, aí já é coisa mais díficil...

Vili Beck disse...

Sugiro ao professor que leia o julgamento do Supremo Tribunal Federal na íntegra e verá que quase todos os Ministros mencionam a importância da Parada pela questão da visibilidade. Outra sugestão de leitura é que procure dados sobre a Batalha de Stonewaal, com certeza compreenderá melhor por que está é a melhor forma de se manifestar, que aliás já garantiu direitos. Quanto aos protestos por melhores hospitais, acredito que seria mais nobre que aqueles que já gozam de plenos direitos pudessem gastar seu tempo com isso, ao invés de se mobilizarem para barrar direitos alheios aos seus e que em nada vai refletir em suas vidas.

Comentário retirado do site www.rondoniadinamica.com.br

Samuel disse...

eu só me orgulho é de NAO SER GAY!!!!! e nao é so as ruas que ficam sujas...

Raimundo N. B. Silva disse...

caro professor, a expressão midia, que é usada largamente como sinônimo de imprensa é na verdade um grande equivoco por quem a usa. e, não sei se vocé teve a intenção de fazer uma paródia com odorico paraguassu, sobre a imprensa escrita, falada e televisada, expressão que o personagem utilizava. mas, isso ficava bonito no personagem, não em um texto que tem a intenção de ser critico. por isso,seria bom suprimir a expressão midia falada e escrita simplesmente por imprensa.


Comentário retirado do site www.rondoniaovivo.com.br

Anônimo disse...

ao Alexander Fleming,
você não pode descriminar uma pessoa por sua orientação sexual, só se colocando no lugar de uma pessoa do tipo pra saber como os homosexuais se sentem quanto a isso. Ninguém é o que quer ser...

Luiz Albuquerque disse...

Mais uma vez,parabéns!
De desfiles e passeatas, movimentos e paradas, a “Banda do Vai quem Quer” é melhor: Pelo menos faz sentido, se propõe a carnaval e é carnaval. E reinvidica muito mais.

Comentário retirado do Blogdogonzalez

Ralphe Amorim disse...

RALPHE AMORIM

Pura falta de respeito e muita sacanagem da ''presidente''!

A parada Lésbica de porto velho nunca vai passar disso,porque a pessoa resposável pelo evento se quer apoia a classe,o apoio dela é apenas para as pessoas da classe dela,mais enfim....Aqui se faz,aqui se paga!

Comentário retirado do site www.rondonoticias.com.br

Aluízio Vidal disse...

ALUIZIO VIDAL - VICE PRES. DO CONSELHO DE PASTORES DE PORTO VELHO

Concordância

Concordo com a essência do artigo. A Marcha Para Jesus esse ano teve o tema Trânsito Livre para a Família e iniciou proposta que está sendo desenvolvida nas igrejas de que os cristãos tenham um comportamento colaborativo no trânsito caótico de Porto Velho.
Além disso, saiu limpando o caminho por onde passou a marcha, numa pedagógica ação de respeito à comunidade e ao meio ambiente.
É pouco demais, mas espero ser o começo de uma postura mais cidadã e comprometida com o bem da cidade.