Passeata Gay:
Falta de Consciência Política?
Professor
Nazareno*
Com o objetivo de promover o lançamento da 9ª Parada do
orgulho LGBT de Porto Velho, que foi realizada no domingo, 28 de agosto de 2011,
com o tema religioso: “Amai-vos uns aos
outros, nós temos direitos”, o Grupo Gay de Rondônia, GGR, concedeu
entrevista coletiva, envolveu a mídia falada e escrita, citou autoridades,
criou sensacionalismo estéreo, convocou para reunir, reuniu para convocar, fez
e aconteceu na fixa e equivocada idéia de produzir algo de extremamente útil
aos seus seguidores e participantes. Não se pode discutir o direito de quem
quer que seja de fazer reuniões, passeatas ou desfiles. Além de ser legal é
perfeitamente aceitável pelo fato de vivermos em uma democracia. Os homossexuais
são importantes para qualquer sociedade e toda e qualquer forma de intolerância
ou discriminação deve ser repelida, repudiada e combatida ferozmente para
evitar tantos crimes contra gays como vemos pela mídia.
No entanto, estes desfiles têm, em alguns casos,
despertado a reação da sociedade mais conservadora. A Marcha para Jesus pode
ser um exemplo. Anualmente religiosos dizem que colocam muitos milhões de
seguidores nas ruas do Brasil. Todas estas manifestações são importantes, mas
infelizmente focam na direção errada uma vez que desviam a atenção dos
problemas que realmente deveriam ser enfrentados pela sociedade civil
organizada. Viver uma vida de orientação sexual diferenciada ou adorar a Cristo
não resolve os gargalos que fazem do nosso país uma das sociedades mais
atrasadas e injustas do mundo. Com efeito, em nenhuma destas manifestações se observa
qualquer tipo de panfletagem política ou de conscientização dos participantes
sobre os reais problemas que tanto nos afligem diariamente. Os homossexuais são
muito mais importantes do que passeatas gays. Os Evangélicos também são mais
superiores do que marchas criadas com o objetivo apenas de contrapor idéias diferentes.
Guerra, não.
Por isso, colocar 100 mil pessoas ou mais nas ruas de
Porto Velho apenas para dizer que se aceita o que é diferente é um desperdício.
Assim como cinco milhões nas ruas de São Paulo. E tantos outros milhões em
outras cidades deste país. Essas pessoas "de orientação sexual diferenciada" e os religiosos deviam
"emprestar" apenas 10%
deste contingente para sair às ruas da nossa cidade reivindicando melhorias no
Hospital João Paulo Segundo, mais ética na política ou uma educação pública de
qualidade, por exemplo. Teriam tais atos, talvez, muito mais praticidade e
consciência política do que fazer passeatas que muitas vezes afrontam esta
mesma sociedade vítima deste Estado incompetente e inoperante. Por ser “lésbico” assumido, estive na
passeata do orgulho gay e não vi nada que a diferenciasse de um simples
carnaval (mais um) fora de época. Um homossexual deve sentir orgulho do que é
como qualquer pessoa o faria, mas sentir orgulho de uma passeata barulhenta e
sem sentido é pura tolice, falta do que fazer.
Além do mais, estes mesmos desfiles são vistos por muitos
como pura e simples apologia às drogas e outros tipos de entorpecentes. Havia
muitas pessoas, como sempre, embriagadas, seminuas e se drogando em plena via
pública dando um péssimo exemplo aos jovens e crianças. Os nossos problemas são
muito maiores e de uma dimensão muito superior do que tolos desfiles
carnavalescos em tom de oba-oba. Discriminação e homofobia são crimes e devem
ser encarados e punidos como tal. Já há legislação pertinente para isso sem
precisar de passeatas que sujam as ruas e mostram o verdadeiro caráter dos
gays, lésbicas e afins: falta-lhes, na maioria dos casos, visão crítica, participação
política e acima de tudo demonstram ter uma mentalidade baseada na premissa de
que tudo é festa, tudo é manchete, tudo é brincadeira, tudo é purpurina. Já os religiosos,
que também sujam as ruas e tentam mostrar a sua supremacia, deviam perceber que
o simples fato de adorar a Cristo já é em si uma grande superioridade.
Gays, lésbicas e religiosos unidos com o restante da
população para exigir e reivindicar os seus mais elementares direitos e a sua
cidadania é o que falta a Rondônia e ao restante do Brasil. O mundo é muito
mais cruel do que "purpurinas e
desfiles". Se todas as pessoas que se dizem discriminadas e
perseguidas no Brasil e no mundo tivessem que fazer desfiles e passeatas,
teríamos que permitir ou assistir às mulheres, os negros, os hemofílicos, os
pobres, e mais um montão de pessoas se organizando para tão somente sujar as já
imundas ruas deste país e desta cidade. Porém se estas pessoas usassem seu poder
de persuasão e de organizar passeatas para cobrar um Estado competente em suas
vidas, o país mudaria. Outro dia, um internauta escreveu um comentário
resumindo a ópera: “Isso não passa de
pretexto para fazer carnaval. Dia do orgulho o quê? desde quando ser heterossexual,
homo ou bi é motivo de orgulho? Devemos nos orgulhar, sim, de sermos cidadãos
sérios, honestos, responsáveis e cientes de nossos direitos e deveres. Respeito
não se exige, se conquista e há maneiras bem mais louváveis, éticas e aceitáveis
de conquistá-lo”. Pelo visto, a discussão está só começando.
*É Professor em Porto Velho.
13 comentários:
Achei o texto lamentável, de profundo mau gosto. Realmente o editor é quem está completamente perdido e equivocado quanto a sua colocação. Fazer esta junção entre o povo evangélico, gays, lésbicas, etc., é uma fronta, querer justificar responsabilidades e embaralhar objetivos é de um mau gosto e uma insensatez tremenda. Já pensou um movimento evangélico, como uma marcha, querendo discutir políticas públicas? é sem noção. O objetivo das marchas é a união na fé, na crença, divulgar, difundir, compartilhar a união em uma mesma direção. Se tivesse o mínimo de coerência, deveria então pedir que os carnavais fora de época, os shows, etc também divulgassem. Quando à contribuição para sociedade, do povo evangélico, existe sim e muito, tanto nas igrejas quanto na associações (as que são sérias), quanto no meio do povo político, fazem em muito, tanto com iniciativas quanto com ações políticas, divulgando, discutindo, participando, algo que parece ser desconhecido deste cidadão. Vivemos em sociedade, é claro, mas devemos respeitar as diferenças e, para isso, aqueles que são diferentes, em foco os homossexuais, devem sim criar mecanismos para que a sociedade que os discriminam passam a admirá-los e a respeitá-los ainda mais. Não é simplesmente uma lei que vai fazer gostarmos de determinadas pessoas. Gostamos daquelas pessoas que admiramos, que nos fazem bem, que tem uma história de sucesso, de superação, de conquista, para olharmos para aquela pessoa e dize: "gostaria de conseguir o que ela conseguiu" ou "gostaria de ter a inteligência", ou algo assim, e então divulgarem concretamente o que querem, o que esperam, porque estão fazendo o movimento, qual a finalidade, o objetivo.
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Tenho que concordar com a Nazareno. O dia que a passeata for um ato político e consciente eu participarei, mas enquanto for um carnaval à base de bebidas, drogas etc. me recuso a tal feito. Vou me reservar o direitio de não continuar meu comentário pois estou envergonhado ou envergonhada, como preferirem, de minha classe.
Comentário retirado do site www.rondoniaovivo.com.br
Isso ta mais pra: "CARNAGAY", carnaval+passeata gay, concordo com o professor em gênero, número e grau, Nazareno do Coopeduc para prefeito!!!
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Concordo em gênero,número e grau!!!! excelente colocação professor, parabéns!
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concordo, a festa é divertida, a familia pvh vai e se diverte, vendo cada figura, mas função politica, muito muito pouca, gosto de ver as fotos, mas nao vou na parada pelo fato que é mais um carnaval, mas eu nao gosto de carnaval =/
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"Amai vos uns aos outros".Em que sentido? parafraseando um verso conhecido por muitas sociedades na Antiguidade, inclusive os Hebreus (História), poderiamos sim dar ênfase a Moral e a Ética, maior legado deixado por esse povo. A parada gay, na minha opinião, foi uma tremenda reunião de HIPOCRISIA! Sem ofender os que compartilham a sua ORIENTAÇÃO sexual, a sociedade, vai as ruas para tentar esconder o preconceito sofrido por estas pessoas quase que diariamente. Olhares com indiferenças, preconceitos, xenofobicos e homofobicos fazem de nossa sociedade uma verdadeira sacanagem escondida as vezes por trás da religiosidade.
Ninguém é melhor do que ninguém por ser Evangelico, Católico, Islamico, Budista ou qualquer outra religião ou pela falta dela. O direito de ir e vir tanto de religiosos ou não tem de ser respeitados. E o AMAR O OUTRO, aí já é coisa mais díficil...
Sugiro ao professor que leia o julgamento do Supremo Tribunal Federal na íntegra e verá que quase todos os Ministros mencionam a importância da Parada pela questão da visibilidade. Outra sugestão de leitura é que procure dados sobre a Batalha de Stonewaal, com certeza compreenderá melhor por que está é a melhor forma de se manifestar, que aliás já garantiu direitos. Quanto aos protestos por melhores hospitais, acredito que seria mais nobre que aqueles que já gozam de plenos direitos pudessem gastar seu tempo com isso, ao invés de se mobilizarem para barrar direitos alheios aos seus e que em nada vai refletir em suas vidas.
Comentário retirado do site www.rondoniadinamica.com.br
eu só me orgulho é de NAO SER GAY!!!!! e nao é so as ruas que ficam sujas...
caro professor, a expressão midia, que é usada largamente como sinônimo de imprensa é na verdade um grande equivoco por quem a usa. e, não sei se vocé teve a intenção de fazer uma paródia com odorico paraguassu, sobre a imprensa escrita, falada e televisada, expressão que o personagem utilizava. mas, isso ficava bonito no personagem, não em um texto que tem a intenção de ser critico. por isso,seria bom suprimir a expressão midia falada e escrita simplesmente por imprensa.
Comentário retirado do site www.rondoniaovivo.com.br
ao Alexander Fleming,
você não pode descriminar uma pessoa por sua orientação sexual, só se colocando no lugar de uma pessoa do tipo pra saber como os homosexuais se sentem quanto a isso. Ninguém é o que quer ser...
Mais uma vez,parabéns!
De desfiles e passeatas, movimentos e paradas, a “Banda do Vai quem Quer” é melhor: Pelo menos faz sentido, se propõe a carnaval e é carnaval. E reinvidica muito mais.
Comentário retirado do Blogdogonzalez
RALPHE AMORIM
Pura falta de respeito e muita sacanagem da ''presidente''!
A parada Lésbica de porto velho nunca vai passar disso,porque a pessoa resposável pelo evento se quer apoia a classe,o apoio dela é apenas para as pessoas da classe dela,mais enfim....Aqui se faz,aqui se paga!
Comentário retirado do site www.rondonoticias.com.br
ALUIZIO VIDAL - VICE PRES. DO CONSELHO DE PASTORES DE PORTO VELHO
Concordância
Concordo com a essência do artigo. A Marcha Para Jesus esse ano teve o tema Trânsito Livre para a Família e iniciou proposta que está sendo desenvolvida nas igrejas de que os cristãos tenham um comportamento colaborativo no trânsito caótico de Porto Velho.
Além disso, saiu limpando o caminho por onde passou a marcha, numa pedagógica ação de respeito à comunidade e ao meio ambiente.
É pouco demais, mas espero ser o começo de uma postura mais cidadã e comprometida com o bem da cidade.
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