sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O dilema do "Mundo Árabe"


"Revoluções no Mundo Árabe"


Professor Nazareno*


O mundo árabe está em polvorosa. Do Marrocos até a Arábia Saudita há o temor de que haverá fortes conflitos sociais. O povo está muito insatisfeito com os sucessivos governos nestes países. O caos é geral. Na Tunísia, a insurreição popular já derrubou o Governo local. No Egito, há várias manifestações de inquietação por parte da população insatisfeita. O Exército está nas ruas. Os enfrentamentos são diários. O número de mortos e feridos aumenta a cada dia. Os confrontos se sucedem e as manifestações se espalham como rastilho de pólvora. Desde as revoltas populares do Leste Europeu no final da década de oitenta e a conseqüente extinção da Guerra Fria, o mundo nunca tinha visto nada igual. Massas ensandecidas saem às ruas com um único objetivo: derrubar as ditaduras e tentar instalar democracias. A população, insatisfeita, enfrenta o poder e clama por liberdade. Por causa do petróleo, muitos países estão atentos e preocupados.

A situação é pior no Egito. O povo tem demonstrado muita insatisfação com o atual presidente do país Hosni Mubarak. Em vez de governar a nação com seriedade, ele é acusado de ficar brincando na internet. O "Blog do Mubarak" traz diariamente mensagens virtuais que dão a tônica do seu infantil Governo. Dizem que ele está há trinta anos no poder, porém muitos juram que esta situação de caos total faz muito mais tempo. Mubarak cercou-se de muitos assessores impopulares, incompetentes e corruptos que sempre "mamaram nas tetas" do Estado. O Egito poderia ser uma nação muito mais próspera do que é, mas as roubalheiras e trambicagens dos sucessivos Governos devastaram esta nação árabe do norte da África. Dinheiro não falta. A produtividade nunca foi interrompida, os egípcios trabalham feito burros, mas a pobreza campeia. A patifaria na política tem transformado os egípcios num povo faminto e sofredor.

O Dr. Abdul Azim Wazir é o prefeito do Cairo, a capital do país. Ex-sindicalista e sempre ligado às massas é considerado hoje como um verdadeiro imbecil. É acusado de trair suas origens e todos afirmam que quando deixar a prefeitura da capital será um homem rico. Fala-se, dentre outras coisas, que ele não repassa corretamente o dinheiro dos servidores da cidade para o Instituto de Previdência do Município. Gosta muito de viajar para o exterior e por isso já conhece vários países da Europa. Dizem que seus assessores diretos são os amigos mais chegados da época dos sindicatos. Sua administração na capital do Egito é um desastre total. Embora seja uma cidade "meia boca", o Cairo tem muitas construções ainda inacabadas. Ninguém sabe o que se faz com tanto dinheiro que entra diariamente nos cofres públicos. Nem prestígio político o infeliz tem, já que não conseguiu emplacar o seu candidato nas últimas eleições.

A bagunça é tão grande no Egito que o atual presidente da Assembléia Nacional Popular, Ahmad Fathi Sorour, tomou posse com o propósito de moralizar aquela casa de leis. "A ANP e os seus membros nunca fizeram nada em benefício do povo egípcio", acusam muitos manifestantes. Outros mais exaltados vão mais além: "noventa por cento dos parlamentares da ANP são cínicos, desonestos e corruptos", dizem. "Se a ANP não existisse que falta faria aos egípcios?", perguntam. O pior é que as propagandas veiculadas por aquela "casa da mãe Joana", pagas com o suado dinheiro dos impostos, afirmam cinicamente que o povo do país só reelegeu muitos dos atuais deputados por causa do "grande trabalho" prestado por eles. No Judiciário egípcio a situação também não é das melhores. Farouk Soultan, presidente deste poder, foi à televisão pedir desculpas pela morosidade no andamento de processos e também pelos altos salários que o Estado paga a muitos de seus integrantes. Uma infâmia, um escândalo nacional.

O Cairo, cortada pelo rio Nilo, é uma cidade destroçada. Na Avenida Al-Arabyia, que dá acesso ao centro comercial, existem carcaças de vários viadutos inacabados. Uma simples chuva de verão que a cidade vira um mar de lama e imundices. A água contaminada invade as residências. Restos de animais mortos enfeitam a paisagem urbana. A fedentina é geral. O símbolo do país, a "Praça das Três Pirâmides", embora adorado pelo povo, é feio e sem sentido e o Prefeito gastou doze milhões de libras egípcias só para reformá-la. Desde a morte do ex-presidente Anwar- el.-Sadat que o país ficou praticamente sem cultura própria. Tenta-se copiar a cultura de outros lugares, mas nada dá certo. A educação está sucateada e os professores totalmente desprestigiados. A Universidade Federal Egípcia, a UFE em Português, é uma porcaria e foi acusada de não saber nem organizar um simples concurso vestibular. Na área da saúde o transtorno também é visível. No maior hospital público da cidade, o Hospital Profeta Maomé, que mais se parece um açougue, os pacientes estavam esparramados pelo chão sem atendimentos e foi preciso que uma emissora de televisão da Europa, dizem que paga com o dinheiro dos próprios egípcios, denunciasse o fato ao mundo para que o escândalo fosse parcialmente resolvido. Por tudo isso, o Egito precisa da ajuda dos brasileiros. Vamos fazer uma corrente para ajudar os nossos irmãos árabes. Alguém sabe o endereço ou o telefone da embaixada egípcia em Brasília?


*O Professor Nazareno leciona em Porto Velho.

9 comentários:

Anônimo disse...

Que tal enviar alguns politicos brasileiros para ajudarem na transição e organização de um novo governo.
Poderiam mandar o Maluf, Sarney, Collor de Mello,Osvaldo Piana, Ivo Cassol ou quem sabe ressucitar o Hidelbrando lá do Acre. Seria uma jogada de mestre!!!

Anônimo disse...

Politicos brasileiros no Egito, viraria filme em Hoolyood:
"As Múmias e O Massacre da Serra Eletrica", com Hidelbrando Pascoal.

"Os donos do poder", com Sarney

"O Impechemat dde Mubarak", com Fernando Collor... e outros que fazem de nossa politica coisa de cinema!

Fudêncio disse...

ÓTIMA COMPARAÇÃO!!!! PARABÉNS PELO ARTIGO!!!

Ivanilson Frazão Tolentin disse...

Esse texto está me lembrando uma cidade, que é capital de um estado de um país sul americano. Esse estado faz fronteira com um país onde o presidente é um descendente de índios. Mais uma dica: nessa capital estão construindo umas usinas hidréletricas.

Edgard Alves Feitosa disse...

Faltou, em seu comentário, um aspecto importante da questão: DURANTE TODO O TEMPO EM QUE O EGITO FOI GOVERNADO SEJA POR ANUAR SADAT E DEPOIS MUBARAK, FORAM SEMPRE APOIADOS E SUSTENTADOS PELOS ESTADOS UNIDOS. OU SEJA, TODAS AS DITADURAS DESTE MUNDO SEMPRE FORAM APOIADAS PELOS ESTADOS UNIDOS; NO BRASIL; NO CHILE; NA ARGENTINA; NO EGITO; NA JORDÃNIA ETC. POR QUE OS ESTADOS UNIDOS SEMPRE DEVEM ESTAR ENVOLVIDOS COM DITADURAS??? Engraçado é que agora chamam Mubarak de ditador.

Josemar Freire Botelho disse...

Meu caro Edgard Alves, este texto do professor Nazareno mais uma vez é uma ironia das grossas.Não tem nada a ver com o Egito e sim com Rondônia e Porto Velho. Faça uma releitura do texto e perceberá as críticas nas entre-linhas. A CIDADE NÃO É O CAIRO E SIM, PORTO VELHO. O país em questão, tenho certeza que é o Estado de Rondôniae suas autoridades e não o Egito.Texto muito bom, professor. Como sempre trabalhando a cabeça do seus leitores. Parabéns.

Daniela disse...

Professor parabens, o artigo está otimo! você e suas ironias, pena que o prefeito e o governador do "egito" não se importam. pois por enquanto um viaja para a italia e o outro tem o antigo governo para culpar. só quem chupa o dedo somos nós pobres cidadãos "Egipcios".

Jonie Torres da Silva disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Essa foi ironia foi muito boa

Virgulino Ferreira disse...

Droga!!! Descubri que sou ingênuo. Li o texto todo pensando no Egito. Só na segunda leitura que percebi que esse Egito tá mais perto do que pensei.