quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quem quer ser professor no Brasil?


O Estado também é contra a Educação


Professor Nazareno*


O Governo do Estado de Rondônia publica edital de um concurso público para contratar médicos em várias especialidades com carga horária de 40 horas semanais. O salário inicial é de mais de seis mil reais podendo chegar ao patamar de quase 10 mil reais por mês, anuncia eufórico o Secretário de Saúde Milton Moreira. Tudo normal se este mesmo Governo não estivesse “correndo da sala para a cozinha” com uma greve deflagrada pelos trabalhadores em educação estaduais há quase um mês que imploram melhorias nos seus parcos salários. Hoje Rondônia não paga mais do que mil e quinhentos reais em média aos seus professores. Há estados que pagam ainda menos do que isso. Uma miséria.

Triste ironia: em nosso Estado, um médico vale quase sete vezes mais do que um professor. Esta absurda realidade é observada também no país inteiro. Por isso a profissão do Magistério está em franca extinção. A de médico, em franca ascensão. Ambas as profissões, assim como outras tantas, são muito importantes para qualquer sociedade. Não devia existir esta discriminação horrorosa e bancada por quem tem a obrigação de zelar pela igualdade. A Medicina não é mais importante do que profissão nenhuma. O médico não salva vidas de ninguém. Se for competente, consegue apenas adiar a morte de seus pacientes. Os de Rondônia, nem isso. TAM e Gol sempre foram os melhores médicos daqui.

E o pior de tudo isso é que os alunos de Medicina que estão sendo formados na Unir, a Universidade Federal de Rondônia, em sua grande maioria, já são prepotentes e arrogantes. Quase todos os universitários de outros cursos daquela instituição conhecem as dependências onde funciona o curso de Medicina como “O Monte Olimpo”. Afirmam que a maior parte dos alunos desse curso é assim mesmo. E eles já deram várias mostras de como serão quando formados. Houve até denúncias de perseguições a alunos que entraram via judicial no curso e que sofreram todo tipo de perseguição pelos nossos futuros médicos. Se for verdade, dá para entender o porquê desse terrorismo antecipado lá na Unir. Seria "mal de médico"?

É sabido também que salários altos não resolvem problemas em nenhum setor da sociedade. Melhora apenas a vida dos profissionais beneficiados. A saúde em Rondônia, por exemplo, está um caos e sempre esteve. Veja-se o caso escabroso do Hospital João Paulo Segundo. Será que aquele absurdo foi resolvido? E a saúde municipal anda bem? O Secretário de Saúde da Prefeitura, Williames Pimentel está em cana. Foi pego numa das operações da Polícia Federal. Quantas mortes ocorreram com a epidemia de dengue em nossa cidade? O Estado está preparado para enfrentar a gripe suína que se aproxima? Como é o atendimento nas policlínicas do município? E no interior do Estado, como está a Saúde?

Coitados dos professores. Se tiverem que fazer uma greve anual para receber a migalha de 4,5% de aumento, levarão 45 anos em média para terem seus salários equiparados ao dos colegas médicos. Se for professor da Prefeitura de Porto Velho, o tempo quase que dobrará. Isso se o salário dos médicos for congelado durante todo este tempo. Ou seja, professor no Brasil nunca vai ganhar igual a um médico. Em Rondônia, pior ainda. Há muitos países onde existe quase uma equiparação entre quem dá aulas e quem cuida da saúde da população. Nas nações onde a educação é valorizada há uma preocupação do Estado em valorizar todos os profissionais de forma igualitária. Lá sim, “educação em primeiro lugar”.

Quem já viu uma greve de médicos? Quem já viu os profissionais de branco apanhando e sendo “cacetados” pela polícia no meio da rua? Qual o Estado que humilha ou humilhou seus médicos? Essa profissão tem tanta deferência que mesmo sem ter defendido tese de doutorado o sujeito é chamado de doutor. O Estado e os governantes deveriam ver isto, mas fazem vistas grossas. A sociedade se cala diante destes absurdos. Só que todos indistintamente já passaram ou passarão pelas mãos do professor, é o que diz o ditado popular. E ninguém assume publicamente ser contra a Educação, mas nas suas ações o primeiro a “ferrar” o professor é o próprio Estado ao lhe pagar salário de gari. Uma pena.



*Leciona na Escola João Bento em Porto Velho

5 comentários:

Sérgio Tavares disse...

concordo plenamente!

Valdemar Neto disse...

Cacetete, spray de pimenta e baixos salários; combinação "MADE IN" Ivo Cassol. Realmente muito triste.

Horácio Adiabado disse...

O problema é que na maioria das escolas publicas o ENSINO é de baixa qualidade.Não porque os salários são baixos,mas por estarem despreparados.
Se a educação publica desse resultados duvido se não despertaria interesse na sociedade.Porém esse outro fator,que é a sociedade, também precisa ser motivado a isso.Essa geração já está perdida.Basta apenas esperar para que a próxima amenize o caos que estamos sofrendo.

Jakeline Sá disse...

"quanto pior forem as aulas, piores sairão os alunos. Isso se é o que deseja a maioria dos governantes. Qualquer discurso barato, foi do intelectual(analfabeto funcional) um potencial ELEITOR...." precisamos valorizar os mestres, e isso precisa começar dentro das familias, mas, só vai acontecer quando a escola deixar de ser deposito de meninos(as), as familias precisam entender o verdadeiro papelo dos professores"
BOA PROFESSOR!!!!

GAZETA JBC disse...

Jakeline diz: "faz do intelectual"