sexta-feira, 31 de agosto de 2012
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
"Votem em mim, eu sou bacana..."
“Votem
em mim, eu sou bacana...”
Professor Nazareno*
Substituir
a majestosa administração de Roberto Sobrinho à frente da Prefeitura de Porto
Velho é tarefa quase impossível. Disputar o cargo de Prefeito de uma capital
diante da forte, leal, honesta e inteligente lista de concorrentes também não é
fácil. Ainda assim, decidi me candidatar. Só que ainda não vi as minhas
propostas no horário eleitoral gratuito. Por isso, apresentarei minhas ideias
aos meus milhares de e-leitores.
Se eleito for, garanto que lutarei não só pelo fim da aposentadoria para os
ex-governadores de Estado como também criarei uma Justiça que prenda, julgue,
puna, deixe presos todos os ladrões de dinheiro público do nosso município e do
nosso Estado e os faça devolver cada centavo surrupiado do Erário. Serei,
enfim, um incansável batalhador pela emancipação do simpático distrito de
Extrema e transformarei em realidade um sonho antigo dos muitos simplórios moradores
desta localidade que acreditaram e ainda acreditam que o plebiscito realizado
há mais de dois anos pelo TRE de Rondônia era pra valer. Farei convênios com os
governos da Etiópia, Somália, Serra Leoa e Sudão do Sul para mandar imigrantes a
Porto Velho e juntá-los aos haitianos e bolivianos que estão contribuindo para o
nosso progresso e desenvolvimento.
Se
eleito, prometo construir viadutos inacabados em toda avenida e bairro de nossa
cidade, já que o eleitor de Porto Velho parece gostar deste tipo de obras.
Construirei mais duas ou três pontes sobre o estuprado, devastado e assoreado
rio Madeira mesmo que não haja estradas do outro lado da cidade, uma vez que muitos
cidadãos daqui adoram contemplar elefantes brancos que não têm nenhuma
utilidade. A nossa farinha de mandioca será a mais bem subsidiada do mundo. Não
investirei um único centavo na construção de escolas, centros de pesquisas ou
universidades, mas trarei o renomado cientista político Goiabeira Yonger para
dar palpites inúteis sobre a Educação. Inicialmente, administrarei o município
usando um Blog e farei uma administração familiar: minhas irmãs, pai, cunhados,
tios, sobrinhos e filhos se encarregarão desta árdua tarefa. Estabelecerei uma
dobradinha com a Assembleia Legislativa do Estado, a Casa do Povo, para que
seus Deputados Estaduais deem palestras gratuitas aos cidadãos locais para
ensinar-lhes ética e honestidade. Distribuirei programas na mídia para os
políticos daqui. Toda a mídia local será subsidiada. Seremos orgulhosamente a
capital brasileira do político probo e honesto. Que bom!
Além do dia estadual de queimadas, já
proposto anteriormente por mim, criarei também o “Dia da Poeira” e o “Dia
da Lama” para adequar melhor a natureza à nossa simpática e limpa cidade.
Construirei uns três Centros de Compra (em Português mesmo) só para que as
nossas madames possam andar de graça com seus filhos em suas reluzentes escadas
rolantes. Hidrelétricas para beneficiar os outros, terão umas quatro ou cinco
dentro do nosso município durante a minha administração, pois temos que mostrar
ao restante do país o quanto somos bonzinhos. Carnaval haverá uns cinco. Tanto
o tradicional quanto os fora-de-época: aqueles em que se arrecada dinheiro do
folião trouxa e se prorroga a festa para o dia de são nunca. Mandarei
interditar as principais avenidas da cidade só para este fim. Comigo na
Prefeitura, Porto velho será só alegria. Por isso, trarei de volta a importante
cavalgada, a insubstituível Expovel e o tradicionalíssimo arraial Flor do
Maracujá. Mandarei construir uma enorme estátua de um boi na entrada da cidade.
“A Cidade do Boi”. Farei contato com a Igreja Católica para criar a festa da
padroeira da nossa bela e aconchegante capital. Comigo, Porto Velho será uma
cidade diferente. Muito mais bela, limpa, asseada e progressista.
Instituirei a pena de
morte como instrumento de punição aos delinquentes, o apedrejamento público de
malfeitores, a castração de pedófilos e outros maníacos e mandarei também cortar
a mão dos ladrões. Só ficarão de fora, por enquanto, os maus políticos, pois
não temos ainda fábricas de facas afiadas para dar conta da demanda. E além do
mais, quero administrar Porto Velho em parceria com a ALE. Mandarei construir
uma estrada de ferro, pedirei às pessoas para roubarem os trilhos e colocá-los
como postes para proteger suas casas, deixarei suas locomotivas virarem
ferrugem e sucata, abandonarei de propósito e por pura incompetência, todo o
seu acervo dentro da mata e numa atitude de visível hipocrisia, posteriormente pedirei
para a UNESCO reconhecê-la como um importante Patrimônio da Humanidade. Como
futuro Prefeito, darei subsídios para quem quiser fazer bolo moca, bombom de
castanha e de cupuaçu, nossos principais produtos de exportação, a fim de
alavancar a nossa balança comercial. Juro que transformarei esta cidade na
Paris ou na Munique dos trópicos. “Votem em mim, por favor. Eu sou bacana e
como a maioria dos candidatos a prefeito de Porto Velho, eu também sei assobiar
e chupa cana”. Depois lhes digo o meu número!
*Professor
Nazareno leciona em Porto Velho.
quinta-feira, 14 de junho de 2012
ATENÇÃO TODOS OS MEUS CONTATOS EM TODAS AS REDES SOCIAIS:
Fui banido do FACEBOOK e para sempre. Não me disseram os motivos. Estou tendo dificuldades de acessar inclusive este blog. Por favor, avisem a todos os seus contatos (e meus também) que qualquer correspondência para mim, ou qualquer contato com o PROFESSOR NAZARENO, somente (por enquanto) no meu e-mail (profnazareno@hotmail.com), enquanto não bloquearem também. Meus posts eram tão cruéis assim? JUMENTOS HIPÓCRITAS RONDONIENSES FOI BANIDO DAS REDES SOCIAIS. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Rondônia, uma sociedade doente
Rondônia, uma sociedade
doente
Professor Nazareno*
Em momento algum se deve defender
um psicopata, drogado, que mata a própria mãe a socos e pontapés ou outro que
estupra uma pobre e inocente criança indefesa. E realmente não foi o que
aconteceu recentemente em Porto Velho em dois casos muito parecidos na sua essência de brutalidade e monstruosidade. O povo e
grande parte da sociedade doente em que vivemos tentaram fazer justiça com as
próprias mãos, revelando mais um caso de insanidade tão bruta e cruel quanto à
ação dos assassinos frios e inescrupulosos. Todos os criminosos devem ser
punidos e pagar pelos seus crimes hediondos. Os doentes são eles, não nós. Eles
devem ser punidos, julgados, condenados, mas tudo dentro da lei, dentro da
legalidade, dentro da civilidade. Mas o que a maioria das pessoas defende é o
senso comum, a barbaridade pela barbaridade, a brutalidade, a violência, a
estupidez, a morte por um Estado onde não há, na sua Constituição, a pena
capital, o Estado sem lei, a barbárie, a justiça com as próprias mãos. Se não
há leis para serem cumpridas para que valem os códigos e tratados, então? Ao
defender a insensatez, enfraquecemos as leis e o próprio Estado e isto é muito
ruim para toda a sociedade.
Muitos
dizem que matariam estes indivíduos. Qualquer um de nós faria isto, somos
humanos. Tudo bem (ou mal), mas não deixemos que o Estado seja também um
assassino. O Estado deve ser um ente acima de todos nós. A lei deve estar acima
de todos nós. Quem está doente é quem também defende a excrescência, a ausência
do Estado, uma terra sem leis e essa doença pode ser verificada na sociedade
como um todo. Se mato um criminoso, em que me transformo? Se estupro um
estuprador, o que serei eu depois? A nossa sociedade está doente e quase
ninguém percebe. E doentes são os indivíduos que fizeram isto. Não podemos
descer ao nível de um doente, de um psicopata, de um animal monstruoso como
eles sob o risco de sermos iguais a eles. Na parábola da mulher adúltera,
Cristo, há dois mil anos, resumiu muito bem tudo isto: “quem não tem nenhum
pecado, que atire a primeira pedra.” Não, não vou levar psicopatas para dentro
da minha casa como muitos imbecis vão argumentar, mas também não quero
convivendo comigo pessoas que se dizem sensatas e defendem abertamente o
assassinato ou o estupro como formas de punição adequada. Estes são tão danosos
à sociedade quanto aqueles.
DEVEMOS
TODOS, NOS COMPADECER, SIM, DA POBRE CRIANCINHA INOCENTE E DA MÃE QUE MORREU
PELAS MÃOS DE UM FILHO LOUCO E DESNATURADO E REZAR PARA QUE O ESTADO PUNA NA
FORMA DA LEI ESTES CIDADÃOS. O resto é hipocrisia,
oportunismo barato e falta de bom senso. Será que as pessoas são tão bobinhas a
ponto de achar que nos países onde existe a pena de morte, os psicopatas como
estes deixaram de existir? Pena de morte não resolve problema de violência,
nunca resolveu e as pessoas deviam saber disto. O Estado não vai matá-los, nem
importuná-los por que não há amparo legal para isso. Mesmo que um monte de
tolos e desinformados queira. Apenas vai aplicar a lei que o caso requer. E
como somos alienados, não exigimos uma legislação mais adequada para a nossa
doente sociedade. E estamos muito doentes enquanto sociedade, esta é a verdade.
Assistimos passivamente ao roubo instituído em todas as esferas do Poder
Público no Brasil e em Rondônia e nada fazemos. A exceção virou regra. Salve-se
quem puder! Os valores morais estão esquecidos, mortos. É cada um por si e o
diabo por todos. Deus está fora disso!
A
Declaração Universal dos Direitos Humanos foi criada em 1948 não para prestar contas
sobre o passado nazista de parcela da humanidade, mas para evitar desrespeitos
no futuro da própria humanidade. Será então que a ONU está errada? A OEA está
errada? Todas as organizações supranacionais, leis, tratados, declarações,
códigos, constituições, acordos, conferências, autoridades, Estados, propostas,
consulados e embaixadas estão todos errados? Só o senso comum, e meia dúzia de
alienados estão certos? Por que será que o mundo se reuniu na Declaração de
Genebra? Será que nada disso tem valor, somente o senso comum e a estupidez da
vingança pela vingança é que devem prevalecer? Quando as pessoas agem em bandos como animais
irracionais, estão querendo de forma legítima ter mais segurança, mas não é
isso que lhes dará mais segurança. Todos estão errados, equivocados. Isso só
enfraquece a lei e o próprio Estado e depois quando precisarmos deles para nos
defender, não seremos atendidos, pois eles já estão fragilizados. Nós, muitas
vezes com as nossas atitudes insanas, os fragilizamos sem perceber. Muitas
vezes a própria mídia, na busca pela audiência exacerbada, incentiva o absurdo.
No Bairro Tucumanzal em Porto Velho, vi homens e mulheres armados de paus e
pedras tentando linchar um cidadão que matou a própria mãe. Paus e pedras, com
estas armas e estas atitudes, não estamos muito próximos da espécie “Australopitecus
portovelhenses”?
*É
Professor em Porto Velho.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
A Justiça e a
vergonha
André Petry – Revista Veja
"Jefferson poderia comprar mais de 130 000
kits de queijo, biscoito e desodorante com
o dinheiro sujo do PT. Mas Jefferson
não é Sueli para dormir no xadrez"
kits de queijo, biscoito e desodorante com
o dinheiro sujo do PT. Mas Jefferson
não é Sueli para dormir no xadrez"
Paulo Maluf e seu filho Flávio estão presos, mas não por muito
tempo. Afinal, eles não são Rosimeire Rosa de Jesus. Ela é negra, tem 33 anos e
está presa desde 20 de agosto de 2004. O motivo: tentou roubar uma ducha
elétrica de um supermercado, em São Paulo. A ducha custa 19 reais. Rosimeire
foi condenada a onze meses e vinte dias de cadeia, com um detalhe
inacreditável: sem direito a apelar em liberdade. Num país em que assassino,
ladrão e traficante podem apelar em liberdade, uma coitada que tenta furtar uma
ducha para dar banho quente no filho pequeno tem de ficar presa. A isso dá-se o
nome de Justiça brasileira.
Roberto Jefferson perdeu o mandato mas não perderá a liberdade.
Quer apostar? Ele botou a mão em 4 milhões de reais em dinheiro clandestino, saído
do esgoto do PT. Não furtou um queijo branco, dois pacotes de biscoito e
bisnagas de desodorante. Sueli da Silva tem 45 anos, é negra e está presa desde
o dia 30 de junho do ano passado devido à tentativa de furtar essas ninharias
num supermercado, em São Paulo. Sueli foi condenada a um ano e quatro meses de
cadeia. Os produtos que tentou furtar custavam, somados, 30 reais. Jefferson
poderia comprar mais de 130.000 kits de queijo, biscoito e desodorante com o
dinheiro sujo do PT. Mas Jefferson não é Sueli para dormir no xadrez, ora essa.
Os deputados do mensalão vão ser cassados, mas não vão passar nem
uma semana no xilindró. Rosana Evangelista Santos, 36 anos, negra, cinco
filhos, ficou bem mais que uma semana na cadeia. Seu crime: tentou furtar dois
pacotes de fraldas descartáveis – o preço: 13,80 reais – numa loja chamada Bebê
Alegria. A Pastoral Carcerária suspeita que Rosana seja portadora do vírus HIV.
Ela foi presa em março passado e, numa vitória incomum para pretos e pobres,
conseguiu o direito de responder o processo em liberdade. Nossa Justiça não é o
máximo da generosidade?
Severino
Cavalcanti perderá o cargo, o mandato, mas para a cadeia não vai. Emília
Ferreira, 23 anos, branca, três filhos, nunca recebeu mensalinho nem mensalão,
mas foi presa em 17 de janeiro de 2004. O crime: tentativa de furto de um
carrinho de bebê e outros produtos infantis. Emília cumpriu toda a pena: 21
meses de prisão. Foi libertada na sexta-feira passada. No Brasil, só quem é
preto e pobre cumpre pena integral. Em 1992, o então deputado Osvaldo dos Reis
Mutran, de Belém do Pará, matou um fiscal da Receita e pegou dez anos de
cadeia. Cumpriu parte da pena e foi solto. Em 2002, quando ainda deveria estar
preso pela sentença original, Mutran, homem de família riquíssima, matou um
menino de 8 anos com um tiro na cabeça, crime do qual – pasme, leitor! – acaba
de ser absolvido. Mutran, o assassino, cumpre parte da pena, é solto, mata de
novo e sai absolvido. Emília, a perigosíssima assaltante de produtos infantis,
fica na cadeia até o último dia de sua pena. Emília era primária. Não tinha
antecedentes criminais.
Maluf, Jefferson, deputados do mensalão e Severino podem ficar
tranqüilos que a Justiça não os abandonará. Rosimeire, Sueli, Rosana e Emília
só contam com a advogada Sonia Drigo, que as defende gratuitamente em nome de
um sonho: o sonho de fazer com que um dia, quem sabe um dia, a Justiça deixe de
nos dar vergonha.
sábado, 24 de março de 2012
O político é a imagem de um santo!
“Político
ganha muito Pouco”
Professor Nazareno*
Recentemente o Senador de Rondônia, Ivo Cassol, afirmou em uma entrevista que os políticos brasileiros ganham muito pouco. “O político tem que atender a inúmeros pedidos dos milhares de eleitores quase todos os dias e por isso, receber 15 ou 16 salários anuais é muito pouco”, afirmou com convicção este grande líder dos rondonienses. Sábias palavras. O ilustre Senador tem toda a razão já que, todo político deve, com absoluta certeza, ser bem remunerado para poder atender às suas bases e com isso promover o desenvolvimento dos seus Estados e principalmente alavancar o progresso do próprio país. Isso sem falar no fato de que contribui para debelar a pobreza extrema e a crescente desigualdade social. Além do mais, a classe política muitas vezes deixa de cuidar de seus próprios interesses só para ajudar, sem nada receber, os outros.
E
os demais políticos de Rondônia não são diferentes. “Aqui, político se mata
de tanto trabalhar”, é o comentário que se ouve costumeiramente por todos
os recantos deste Estado. Veja-se, por exemplo, a Assembleia Legislativa do
Estado de Rondônia. A nossa Casa de Leis sempre se esmerou em atender com
denodo e competência a todos os cidadãos humildes e desassistidos deste lugar.
Praticamente o pujante Estado de Rondônia só existe por causa de sua gloriosa e
briosa Assembleia Legislativa. Com pouco mais de 30 anos de existência, seria
impossível enumerar todos os grandes feitos dos inúmeros Deputados Estaduais
que por lá já passaram. Eminentes políticos com ilibado espírito público e
sempre compromissados com o bem-estar das populações que muito bem representam
é o que sempre se observou na ALE, um lugar quase santo.
Não
sei quanto ganha um Deputado Estadual de Rondônia, mas qualquer quantia
representa muito pouco para quem tanto fez e faz pelo povo. Dizem que um professor ganha mal. Pode até
ser, mas querer comparar a faina de um educador à importância de um político rondoniense
é “chover no molhado”. Os políticos, além de serem muito mais
importantes para a população, ajudam a distribuir riquezas. O policial e o
médico são profissões importantes também, mas nem “chegam aos pés” de um
vereador ou de outro homem público. A importância de um político é tanta que,
embora se afirme que eles desviam dinheiro público, a Justiça jamais os mantém
presos ou os faz devolver qualquer quantia ao Erário Público. Sinal de que
todos eles são inocentes e nada devem a ninguém. São apenas fofocas e intrigas
da oposição querendo aparecer na mídia.
Realmente,
dos 23 Deputados Estaduais acusados de se beneficiar da Operação Dominó em
Rondônia há seis anos, quantos foram ou estão presos e tiveram que devolver
qualquer quantia ao Estado? E na Operação Termópilas, a outra injustiça que
fizeram contra os nossos nobres políticos, existe alguém ainda na cadeia ou há
boatos de que será devolvido um único centavo aos cofres públicos? Outro sinal
de que talvez não tenha havido roubo ou desvio de qualquer quantia. Político no
Brasil além de ganhar uma miséria ainda é vítima de perseguição do Poder
Público, que muitas vezes atenta contra a idoneidade e a imagem dos pobres
coitados. Por isso, toda vez que escuto as propagandas da ALE na mídia, fico
emocionado e com vontade de chorar. Já com nova Presidência, os agora “santos
legisladores” capricharam na arte de enganar os tolos.
Também
não sei quanto ganha o ilustre Prefeito Roberto Sobrinho, mas sei que deve ser
muito pouco pelo muito que ele já fez em benefício desta cidade. Sobrinho é o
homem que “pensou” Porto Velho em todas as suas dimensões e revolucionou
o conceito de cidade. Devíamos agradecer a Deus por ter um administrador com um
cérebro tão privilegiado como o dele. A nossa linda, limpa, aconchegante,
cheirosa e arborizada capital só pode ser obra de uma mente brilhante. Uma pena
não ter o terceiro mandato para que este ilustre homem público continue aqui
com os munícipes. A cabeça de Sobrinho sempre foi uma “usina” de ideias
urbanas. Sei que lhe pagamos uma miséria
de salário. Já o Governador Confúcio Moura é outro injustiçado quando se trata
de rendimentos mensais. Homem brilhante e inteligente, só comparável aos
grandes líderes mundiais, a “Raposa do Guaporé” também inovou na arte de
governar e por isso devia ter os seus salários triplicados. Devíamos iniciar
uma campanha, como aquela da aposentadoria dos ex-governadores e que deu em
nada, para aumentar todos os vencimentos dos homens públicos de Rondônia e do
Brasil. Só ganharíamos com isto. Estou feliz por ter que declarar Imposto de
Renda e saber que receberei o dobro, em forma de bons serviços públicos, para cada
centavo que pagar. Parabéns, Senador Ivo Cassol, pelas suas inteligentes
palavras. Serei sempre seu fã e que Deus o ilumine.
*É Professor em
Porto Velho.
quinta-feira, 15 de março de 2012
O Brasil será mesmo um país rico?
“País
Rico é País sem Pobreza”
Professor Nazareno*
Recentemente a Presidente de Brasil, Dilma Rousseff, teria em um programa de rádio pronunciado a frase do título deste artigo e por isso gerado muitas críticas entre vários brasileiros desinformados e completamente alheios às questões socioeconômicas e políticas do nosso país. Houve muitas postagens nas redes sociais insinuando ser a nossa maior mandatária uma “burra de carteirinha” por ter afirmado uma coisa óbvia demais. Disseram ser coisa de mulheres loiras ou algo mais preconceituoso ainda do tipo: “ela disse isso por que é uma mulher e as mulheres não são muito inteligentes”. Ledo engano. Os críticos podem estar enganados desta vez. Sem querer defender a líder petista em nenhum momento, a referida frase, antes de ser um pleonasmo vicioso, do tipo “subir prá cima, descer prá baixo, sair prá fora ou entrar prá dentro”, é uma das falas mais inteligentes já ditas por um brasileiro (a) em todos os tempos.
Do ponto de vista da Gramática Normativa da Língua
Portuguesa é claro que se trata mesmo de um pleonasmo, já que se o país é rico
seria óbvio que ele não tivesse pobreza. Mas não é exatamente isso que
acontece. O Brasil recentemente chegou ao posto de sexta potência econômica do
mundo tendo superado o Reino Unido. Se continuar com este crescimento anual,
deve superar a França até meados do próximo ano e se tudo correr bem, e a crise
mundial não nos afetar como está afetando a Europa, a partir dos anos 20 deste
século, ou seja, em menos de uma década, estaremos entre as três maiores
economias do mundo ao lado de gigantes como a China e os Estados Unidos. No
entanto, seremos uma potência com os “pés de barro”, já que temos entre
15 e 20 milhões de brasileiros que vivem na miséria total, bem abaixo da linha
da pobreza. Uma vergonha para uma nação que se gaba de ter um dos maiores PIB’s
do mundo.
E a fala da nossa Presidente analisou exatamente esta
situação. Segundo ela, um país que tem uma pobreza muito grande dentro de sua
população não pode ser considerado uma nação rica. Os BRICS, Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul além da Argentina, México, Peru e Chile, dentre
outros, estão na mesma situação. Embora tenham demonstrado uma considerável
elevação dos seus Produtos Internos Brutos nos últimos anos, ainda não sabem
como vencer a pobreza endêmica que assola grande parte de suas populações. A
desigualdade social verificada em muitos desses países é caracterizada pela
alta concentração de renda e agravada ano após ano pela péssima qualidade dos
seus serviços públicos, pela corrupção nos meios políticos, pela alta carga
tributária e pelas injustiças sociais. O Brasil só será de fato uma nação rica
quando a qualidade de vida da sua população for também alta. E sem pobreza.
Porém, o aumento do nosso IDH parece ser um sonho ainda
inatingível. Nem o PT, com sua política paternalista de compra de votos por
meio dos inúmeros programas sociais, vai conseguir resolver o problema dos
nossos pobres. A China está investindo como nunca no seu sistema de Educação.
Chile e Argentina, nossos vizinhos, já têm qualidade de vida quase igual a
muitos países europeus e mesmo assim continuam investindo como nunca em seus
sistemas de ensino. O Brasil está dando um tiro no pé. Aqui, só futebol (e hoje
de péssima qualidade) e carnaval. Bumbum de mulher e perna de jogador não podem
ser os nossos únicos produtos de exportação. O país precisa urgentemente
investir em Educação de qualidade se não quiser ser superado por nações mais
modestas. A fala da Dilma, que muitos desinformados criticaram, nos remete a um
entendimento contrário ao que se prega no mundo inteiro: não basta ter muita
riqueza, como é o nosso caso, se esta não está bem divida por todos os
habitantes da nação.
Por
isso, a crítica deveria ter sido em relação às ações do Governo petista e não
em relação aos possíveis erros gramaticais que foram encobertos pela lógica do
pleonasmo pronunciado pela Presidente. O Brasil não está investindo com
qualidade na sua Educação, como, aliás, nunca o fez, nem está combatendo os
desvios e roubos da nossa crescente corrupção.
Estamos crescendo em cima do fracasso dos outros, essa é que é a grande
verdade. E sem Educação de qualidade não teremos sustentação alguma. Não
teremos futuro nenhum. Em Rondônia, por exemplo, sem falar no desastre da
administração petista em nossa capital, o que foi feito com o dinheiro da
compensação pela construção das hidrelétricas no Madeira? Absolutamente nada.
Os rondonienses se gabam de ser um Estado muito mais rico do que a Paraíba,
Maranhão, Piauí ou mesmo Alagoas, mas aqui não existe uma única universidade
estadual como nestes estados citados. Diferentes da Coreia do Sul, não priorizamos a
Educação e nada vamos colher. Em breve vamos nos parecer muito mais com um
Haiti, Somália, ou Etiópia. Em vez de ter pronunciado a frase acima, a
Presidente deveria ter reconhecido que o Brasil é “um pobre país rico”.
Talvez fosse mais bem entendida pelos seus ignorantes críticos.
*É Professor em
Porto Velho.
domingo, 11 de março de 2012
Não concorda comigo? e por que me segue?
Recado a todos meus
contatos das redes sociais: (LEIAM, é muito importante!)
“Não concordo com uma única palavra do
que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las”.
Voltaire, há quase trezentos anos.
O Facebook é um território livre onde se pode postar qualquer coisa. Não há
censura, não há cerceamento, não há impedimento, não há terrorismo, não há
perseguição nem há obscurantismo e os limites esbarram quando se atinge ou se
macula a imagem de alguém, que deve imediatamente pedir reparos na Justiça. Os
limites começam a aparecer quando o público e o privado estão se misturando
(Prova de Redação do ENEM/2011). E tudo isto está na Constituição no artigo V.
Não entendo porque alguns contatos meus fazem comentários atacando a minha
pessoa em vez de se insurgir contra minha postagem apenas. Não sou autor da
maioria das coisas que posto no Facebook e em outras redes sociais, apenas reproduzo
o que vejo, o que pesquiso, mas muitas pessoas se magoam, ficam aborrecidas,
chateadas e atacam a minha honra, a minha dignidade, isso sim, é que pode ser
considerado crime, invasão de privacidade.
Não vejo nenhum impedimento para postar temas
relacionados à fé, à religião, à Educação, ao futebol, à política, à Filosofia,
à Historia, à Ética, à Moral, Etc. Etc. O debate que se segue após estas
postagens frutifica a criação de argumentos, contra-argumentos, teses e antíteses,
que poderão ser aprendidas e observadas pelos leitores, que poderão ainda fazer
a réplica e a tréplica enriquecendo sempre os debates... Mas nem todo mundo
entende isto. Dão religião a mim, dizem que sou ateu, que não tenho fé, que
estou tentando “descristianizar” os outros, que estou tentando “islamizar” ou “converter
alguém ao Judaísmo” ou vice-versa. Dizem que falo mal do Flamengo e torço pelo Corinthians
ou vice-versa, que não gosto de carnaval, que sou infeliz ou que sou feliz, que
gosto ou desgosto de Porto Velho e de Rondônia, que gosto ou desgosto do Brasil.
Minha vida particular não diz respeito a ninguém. Nem quero saber da vida
particular de ninguém. A privacidade alheia não deve interessar a ninguém. É
ético, até.
O
pior é que todas as postagens que fiz e faço são retiradas da própria rede
mesmo, e não vi nenhum comentarista se insurgir contra quem de fato as criou. O
que deve ser debatido são as postagens, não a minha pessoa, por favor! Enfim, muitos
não me toleram, mas estranhamente ainda me mantêm como contato de sua rede social.
Um professor de produção de texto tem que ser polêmico mesmo, tem que instigar
o debate, a discussão, a polêmica. Se você não está satisfeito de ter o velho e
polêmico Nazareno Silva como contato seu, o que está esperando? Ou não sabe
como me deletar ou apagar de seus contatos? Ser polêmico é a minha marca, quer
gostem ou não. Afinal, a bala certeira dos covardes e dos ignorantes virá à
minha cabeça e não à de quem se acomoda de forma tosca e sem discussão. O fogo
do inferno queimará a minha carne e não à dos que se dizem salvos. E se
extrapolei os limites entre o público e o privado dentro desta rede social ou
de qualquer outra, me levem aos tribunais. Professor Nazareno
quinta-feira, 8 de março de 2012
Qual é o nome da minha cidade?
Crônicas
da Minha Cidade
Professor
Nazareno*
Era
uma vez uma cidade muito suja e imunda. Capital de um Estado, o meu adorado,
amado e insubstituível torrão tem muita sujeira, lixo esparramado pelas ruas,
dejetos, carniça, animais mortos apodrecendo a céu aberto, praticamente não dispõe
de nenhum saneamento básico e em pleno século vinte e um, e situada na hídrica
região Amazônica, tem menos de três por cento de água tratada. Por isso,
apresenta também muita vala aberta com esgoto correndo entre as moradias; no
inverno é muita lama e no verão, só poeira. A minha cidade não tem IDH nenhum e
segundo o Instituto Trata Brasil tem uma das piores qualidades de vida do país.
O centro se confunde com a periferia de tão sujo e fedorento que é. Os habitantes
da minha cidade, embora todos felizes, só veem o fundo do poço se olhar para
cima. Muito diferente de outra crônica, nela não há palmeiras nem sabiás. Tem
muitos urubus, ratos, carapanãs, mutucas, piuns, mucuins e uma das menores
áreas verdes já verificadas em uma cidade Amazônica.
Tem um rio muito grande, e já poluído, na minha cidade. Não é como “o rio da minha aldeia”, mas é um rio. Cheio de mercúrio, já estuprado pelo poder do capital, desviado, domado, a caminho da morte e quase sem nenhuma serventia, insiste em lutar contra a ganância do homem sacudindo seus banzeiros contra as barrancas como num último ronco ou suspiro antes da derrocada final. Dizem que na minha cidade também existia uma grande estrada de ferro e que alguns oportunistas ignorantes, se conseguirem encontrar algum resquício dela, gostariam de transformá-la em Patrimônio da Humanidade. Obra pública inacabada é o que não falta na minha cidade. Parece até uma pitoresca marca registrada do lugar: teatro estadual, viadutos, Centro Político Administrativo, sede do INSS, ponte de trezentos milhões de reais sobre o rio, iluminação na BR duplicada, várias avenidas sem arborização nem canteiros centrais, rodoviária nova que jamais será construída, porto imundo que dá nome à cidade...
Tem um rio muito grande, e já poluído, na minha cidade. Não é como “o rio da minha aldeia”, mas é um rio. Cheio de mercúrio, já estuprado pelo poder do capital, desviado, domado, a caminho da morte e quase sem nenhuma serventia, insiste em lutar contra a ganância do homem sacudindo seus banzeiros contra as barrancas como num último ronco ou suspiro antes da derrocada final. Dizem que na minha cidade também existia uma grande estrada de ferro e que alguns oportunistas ignorantes, se conseguirem encontrar algum resquício dela, gostariam de transformá-la em Patrimônio da Humanidade. Obra pública inacabada é o que não falta na minha cidade. Parece até uma pitoresca marca registrada do lugar: teatro estadual, viadutos, Centro Político Administrativo, sede do INSS, ponte de trezentos milhões de reais sobre o rio, iluminação na BR duplicada, várias avenidas sem arborização nem canteiros centrais, rodoviária nova que jamais será construída, porto imundo que dá nome à cidade...
Na
minha cidade tem também muito político canalha e ladrão. Tem uma Assembléia Legislativa
tão atuante que, muito diferente da historinha do Ali Babá, só apresenta 24
membros permanentes. E todos trabalhando sempre em benefício do povo. Suas
propagandas na mídia não lhe deixam mentir. Na minha cidade existe Justiça,
Ministérios Públicos, Tribunais, Poder Judiciário, juízes, promotores, mas quase
todos os ladrões do dinheiro público estão soltos e fora das cadeias. O que
mais poderia ter em minha cidade senão um presídio de segurança máxima,
carnaval com desfile depois do carnaval, Semana Santa em junho, fumaça e
queimadas no verão? Tem um açougue que mais se parece com um hospital de
pronto-socorro, um trânsito caótico e completamente desorganizado, violência
exacerbada, e uma rodovia federal que arranca choro dos políticos que não
conseguem dinheiro para a sua recuperação. No Brasil inteiro não há cidade tão boa
e civilizada como a minha. Dizem que é uma cópia perfeita do Éden.
Por
tudo isso, eu não troco a minha amada terra adotiva por nenhuma outra do mundo.
Pouco vai adiantar tentarem me expulsar deste pedaço de Brasil dizendo que
nasci em outro lugar. Minha identidade é daqui, destas plagas. Sair desta
aldeia para quê? Em qual poente teria a inspiração que tenho para escrever
minhas crônicas? Além do mais, onde se encontra tanta cultura misturada, e mal
copiada, em um único lugar? Onde se encontra tanta bizarrice? Se não fosse esta
cidade, onde eu conseguiria ganhar o pão de cada dia? Esta cidade me alimenta
até a alma. Não viveria sem ela. Futebol não tem na minha cidade, mas há muitos
torcedores que se deliciam com este esporte e por isso, perdem dias inteiros
torcendo sentado nos bares. As passarelas da minha cidade, só existem duas,
servem para as pessoas andarem por baixo delas. Já viadutos inacabados (existem
muitos na minha cidade), também chamados de “catacumbas petistas”, têm
pouca ou nenhuma serventia e são usados para fazer propagandas de circos. Na
minha cidade existe uma banda que coloca 140 mil pessoas nas ruas durante o
carnaval e tem greve na Educação com apenas 140 pessoas. Qual cidade é cortada
por igarapés fedorentos que já viraram esgoto? Apaixone-se por esta terra, por
esta cidade. Por isso, “seja altruísta, faça voto de pobreza e prefira
sempre morar por aqui”. Os políticos vão agradecer o resto de suas vidas. E
eu também. Alguém sabe o nome da minha cidade?
*É Professor em
Porto Velho.
terça-feira, 6 de março de 2012
Vamos ver como é a Educação na China?
Educação: a nova arma secreta da China
Gustavo Ioschpe (Revista VEJA)
Em cinco capítulos, conto
como a verdadeira arma da China para se tornar potência mundial é seu sistema
educacional baseado no mérito. Que grande lição para nós no Brasil!
CAPÍTULO 1: OS ALUNOS E SEUS
PAIS
A história de Sun Juntao,
de 16 anos, é uma entre milhões do fabuloso arsenal de educação em massa que
une escolas, alunos e pais na China
Encontrei Sun Juntao, 16 anos, às 7h30
da manhã perto do ponto de ônibus onde desembarcava, em uma das tantas largas e
movimentadas avenidas de Xangai, a maior metrópole chinesa. A caminho de sua
primeira aula do dia, de matemática, Juntao estava paramentado com roupas de
marcas esportivas, ostentava um ralo bigodinho do qual provavelmente se
arrependerá no futuro e falava com aquela mistura de entusiasmo, ingenuidade,
determinação e timidez próprios da adolescência. O extraordinário na cena era o
fato de ser domingo e Juntao estar indo para uma escola particular, onde
receberia aulas de reforço. Mais tarde lá estava ele, com mais vinte alunos
sentados em duas fileiras de mesas retangulares, separadas por um corredor. A
sala não tinha ar-condicionado, monitor de televisão, microfone ou outro
aparato tecnológico: só mesas, cadeiras e uma lousa.
A aula era ministrada por
um professor jovem, de 27 anos. Foi uma das aulas mais pesadas a que já
assisti: sem fazer nenhuma concessão ao fato de ser um domingo de manhã,
freneticamente o professor resolveu problemas de geometria por quase duas
horas, sem intervalo, sem fazer muitas perguntas aos alunos nem esboçar algum
sinal de senso de humor ou apelar para a espetacularização das aulas dos
cursinhos brasileiros. Ninguém reclamou, nem se mexeu muito, nem saiu para ir
ao banheiro. Depois daquela aula, um intervalo de dez minutos e mais duas horas
de aula de química. Assim são todos os fins de semana de Juntao. Assim são os
fins de semana de milhões e milhões de adolescentes chineses que lutam para
superar milhões de colegas e entrar em uma universidade de primeira linha.
Juntao quer mais. Quer ser
um dos melhores advogados do mundo, formar-se na China e fazer mestrado em
Stanford, na Califórnia, do outro lado do Oceano Pacífico. Para chegar lá, ele
precisa obter um ótimo resultado no Gao Kao, o temido e cobiçado exame nacional
de admissão universitária. A nota no Gao Kao determina a universidade na qual o
aluno será aceito. Por isso Juntao se esforça tanto. Ele acorda diariamente às
6 da manhã. Enfrenta um trajeto de quase uma hora de ônibus para chegar a sua
escola. Entre 7h10 e 8 horas, lê com seus colegas livros didáticos da matéria
que está estudando, em sala de aula, sem professor. Às 8 começam as aulas.
Perto do meio-dia há uma pausa de uma hora e quinze minutos para o almoço,
servido no refeitório da escola. À tarde, mais quatro períodos de aula. Às 5
ele vai para casa.
Chega por volta das 18h30.
Durante uma hora, descansa, toma banho e janta. Aí faz o dever de casa por,
normalmente, três horas diárias. Às 22h30 vai dormir, e o ciclo recomeça no dia
seguinte. Descanso, só aos sábados, mas por poucos meses: no ano que vem ele
fará Gao Kao e frequentará aulas de reforço aos sábados também. Como
praticamente todos os jovens que encontrei, Juntao não tem namorada, não vai a
baladas, não usa drogas e não fuma. Apesar do embaraço causado à minha
tradutora, que só fez a pergunta depois da minha insistência quando o
questionei sobre o que aconteceria se ele, involuntária e inadvertidamente, se
apaixonasse por alguém nessa idade, a resposta veio rápida: “Espero até depois
do Gao Kao”.
A obsessão dos chineses
pelo estudo é o primeiro dado para entender a notícia, divulgada no fim do ano
passado, que abalou profundamente toda a compreensão da educação no mundo:
Xangai, província chinesa, tinha tirado o primeiro lugar em todas as áreas aferidas
(matemática, ciências e leitura) no mais importante e respeitado teste
internacional de qualidade educacional, chamado Pisa. O teste, realizado a cada
três anos pela OCDE (o clube dos países desenvolvidos), mede o conhecimento de
jovens de 15 anos de idade. Começou a ser realizado no ano 2000 em 32 países
(entre eles o Brasil, que ficou em último lugar) e, na edição de 2009, contou
com 65 participantes (ficamos novamente na rabeira: entre a 53ª e a 57ª
posições).
Em suas edições
anteriores, o topo do ranking era ocupado pelos suspeitos de sempre: Finlândia,
Coreia do Sul, Japão, Canadá. O teste confirmava a crença de que renda e
qualidade educacional estão intimamente associadas: só os países mais ricos do
mundo conseguiriam produzir sistemas top de educação. Mesmo no teste de 2009,
países de nível de desenvolvimento semelhante ao chinês ficaram muito atrás dos
países ricos: na área de leitura, o foco da edição de 2009, a Turquia ficou em
41º lugar, a Rússia em 43º, o México em 48º e o Brasil em 53º. Xangai ficou em
primeiro lugar, com uma dianteira considerável sobre todos os países
desenvolvidos, em todas as áreas avaliadas.
Xangai é uma província e
não um país, como a maioria dos outros participantes do teste. É uma província
mais rica (com renda igual a duas vezes e meia a média chinesa). Mesmo com
essas ressalvas, o feito é incrível. A renda per capita de Xangai em 2010 foi
de 11 000 dólares. A Coreia do Sul, segundo lugar em leitura, tem renda de
quase 21 000. A Finlândia, terceiro lugar, 44 000, quase a mesma de Cingapura,
quinto lugar. A renda média de Xangai é igual à brasileira. Ainda que Xangai
seja um pequeno pedaço da China (tem um sétimo da área do estado do Rio), com
população de 19,2 milhões de pessoas, a província é maior do que 42 dos 65
países participantes do Pisa. É uma região bastante complexa: 11% de seus
habitantes vivem na zona rural e 54% dos alunos das primeiras cinco séries são
filhos de residentes que vieram de outras províncias para trabalhar em Xangai.
O governo dá as condições
e as famílias cuidam de aproveitá-las da melhor maneira. A família de Juntao é
um bom exemplo. A mãe trabalha em um escritório de contabilidade e o pai é
assistente de logística em uma fábrica. Eles estudaram até o fim do ensino
médio. Seus avós maternos foram agricultores, os paternos, operários –
estudaram só até o fim do ensino fundamental. Juntao, filho único, mora com os
pais em uma quitinete de 40 metros quadrados. O rapaz tem um quarto só para si,
para que possa se concentrar nos estudos. Apesar da renda módica dos pais, eles
é que pagam as escolas de reforço do filho, e também seus estudos. Na China, só
os níveis compulsórios de ensino – do primeiro ao nono ano – são gratuitos. Os
três anos de ensino médio são pagos, até nas escolas públicas. Mesmo nos níveis
gratuitos, os pais pagam o uniforme, o transporte e a alimentação. O estado dá
apenas os livros. Juntao é um bom aluno – média em torno de 7,5 –, mas sua mãe
cobra notas melhores. Até quando tira um 9 ou 10, ela diz: “Bom, mas precisa
manter o mesmo nível”. O envolvimento emocional e financeiro das famílias
chinesas para garantir uma educação de qualidade aos filhos nos proporciona uma
grande lição.
CAPÍTULO 2: A SALA DE AULA
A escola tem de ser limpa,
silenciosa, simples e eficiente
Três grandes diferenças
saltam aos olhos em relação às salas de aula do Brasil. A primeira é que, tanto
em Xangai quanto em Pequim, há uma bandeira nacional sobre todo quadro-negro. A
segunda é o uso constante do software de apresentação Power Point. A terceira é
a vassoura e a pá no fundo de todas as salas. Antes de irem para casa, os
alunos têm de deixar a sala de aula limpa. Equipes de limpeza só agem nas áreas
comuns.
Acompanhei várias aulas de
diversas séries. A liturgia é a mesma. A professora nunca se atrasa, nem os
alunos. A professora, de pé, se inclina em direção à classe e diz: “Bom dia,
alunos”. Os alunos, então, se levantam, se inclinam em direção à professora e,
em uníssono, respondem: “Bom dia, professora”. Não há “turma do fundão”,
conversas paralelas nem problemas de disciplina. Para quem está acostumado com
salas de aula em que uma minoria presta atenção e vários outros grupelhos
paralelos se formam, cada qual falando sobre o seu assunto, é um espanto ver uma
sala de aula com rigor chinês.
NO BRASIL AINDA SE CONFUNDE ORDEM COM
AUTORITARISMO E A DESORDEM É CONFUNDIDA COM LIBERALIDADE. DESSA CONFUSÃO MENTAL
DIFICILMENTE SAI UMA AULA QUE PRESTE.
Também não há chamada nas
aulas chinesas. Cada turma tem um professor encarregado do contato aprofundado
com os alunos e sua família. Uma vez por dia, em horário aleatório, o professor
responsável passa pela turma. Se nota uma ausência, ele telefona para os pais
do faltante. É um detalhe simples, mas pense em seu efeito. Se um professor tem
oito períodos por dia e gasta, digamos, três minutos fazendo a chamada, quase
meia hora de aula do dia terá sido desperdiçada com a verificação de presença.
CAPÍTULO 3: OS PROFESSORES
São todos adeptos do gênio
Albert Einstein: o sucesso vem de 1% de inspiração e de 99% de transpiração.
Se raramente um aluno
falta, um professor, nunca. Cui Minghua, 55 anos, diretora de escola em Pequim,
contou-me estar na carreira há 32 anos, dos quais mais de vinte como
professora. Em todo esse tempo, tirou uma única licença médica para se submeter
a uma operação. Fora isso, jamais deixou de cumprir seu dever diário de educar.
Não há nada de especial na
carreira de professor em Xangai. O salário não é exatamente atraente. Nos três
primeiros anos de carreira, fica entre 30 000 e 40 000 iuanes por ano, ou algo
entre 400 e 500 dólares por mês, quase metade da renda média salarial da
região. Nessa fase, muitos professores recorrem a outros trabalhos para complementar
a renda. Os melhores podem até dobrá-la dando aulas particulares ou em escolas
de reforço. Os professores de nível médio recebem 72 000 iuanes por ano. Os
melhores entre eles ganham 90 000. Os bônus por desempenho acima da média podem
chegar a 40% do valor do salário. Mas lá, assim como cá, ninguém se torna
professor pelo salário.
FORMAÇÃO DOS
PROFESSORES
As diferenças com o Brasil
começam na formação do professor. São três grandes diferenças. A primeira é
que, na China, a prática de sala de aula se faz muito mais presente do que no
Brasil. Ela começa já no segundo ano do curso, quando o futuro professor
acompanha aulas em escolas regulares duas vezes por semana durante oito semanas
e depois faz estágio de meio ano no penúltimo semestre do curso. A segunda é
que as escolas chinesas são mais pragmáticas e diversificadas na escolha de
seus pensadores pedagógicos. Há um esforço constante de se abrir ao mundo e ver
o que funciona, e pinçar de cada lugar as melhores ideias. O Brasil ainda é
dominado quase inteiramente pelo construtivismo. A terceira, e mais decisiva, é
a ideologia. Nas escolas chinesas os estudantes têm seu momento diário
patriótico e de louvação do Partido Comunista, mas, findo esse ritual, a
ideologia sai de cena.
NO BRASIL, OS PROFESSORES
SÃO FORMADOS EM UNIVERSIDADES TISNADAS POR IDEOLOGIAS DE ESQUERDA E INSTADOS A
NUNCA SER “NEUTROS”, NEM NAS AULAS DE MATEMÁTICA OU DE FÍSICA. E ELES ACREDITAM
NISSO. É O DESASTRE COSTUMEIRO.
As universidades chinesas
entregam professores competentes ao mercado, mas o que os torna excepcionais é
o ritmo imenso e colaborativo de trabalho ao qual se submetem quando chegam às
escolas. Aí eles passam a integrar um “grupo de estudos dos professores”, que é
sem dúvida a inovação mais importante da educação chinesa. Cada professor faz
parte de três grupos de estudo. Um com os colegas que ensinam a mesma matéria
para a mesma série, que se encontra uma vez por semana para preparar as aulas.
O segundo grupo é formado pelos colegas de disciplina de todas as séries da mesma
escola. Esse se encontra duas vezes ao mês.
O terceiro é formado pelos
professores da mesma disciplina e série do seu bairro, que também se encontra
duas vezes por mês. Nesses dois últimos grupos, o objetivo é compartilhar
práticas de ensino de sucesso. Somando os três grupos, é um regime exigente:
são duas reuniões por semana, toda semana. A maioria desses encontros leva
entre duas e três horas.
O papel desses grupos é
fundamental. Faz com que as melhores técnicas sejam rapidamente compartilhadas
em toda a rede, cria uma saudável competição entre professores (os portadores
das melhores práticas recebem bônus) e ao mesmo tempo provê uma rede de apoio e
compartilhamento para todos os professores, ao contrário do isolamento e do
desamparo que vitimam seus colegas brasileiros.
CAPÍTULO 4: O EMPUXO HISTÓRICO E
CULTURAL
Os chineses sentem que têm
contas a acertar com o seu passado, e isso torna sua ascensão mais obstinada,
sua tolerância por sacrifícios maior e sua determinação de voltar a rivalizar
com as potências coloniais que humilharam a China ainda mais sólida
No meu terceiro dia na China, nosso
taxista estava ouvindo um programa de rádio que, pelo tom lento e voz pausada
do narrador, me chamou atenção. Perguntei à tradutora do que se tratava e ela
me disse que era uma aula de história sobre a dinastia Ming (1368-1644).
Imagino que a China seja o único país do mundo em que essa cena possa
acontecer. É um país completamente embebido em sua longuíssima história. Quando
a dinastia Ming começou, o Brasil ainda era mata virgem e a Europa era uma
colcha de principados feudais na Idade das Trevas, mas a China já era um
império unificado havia 1 500 anos, já tendo passado por dois períodos de
apogeu – as dinastias Han (206 a.C. a 220) e Tang (618-907) – e inventado a
pólvora, o papel-moeda e a impressão por prensa móvel. Ajuda muito, portanto,
um passado de glórias intelectuais e de apreço pelo estudo e pela disciplina.
Graças a seus sábios oficiais, os mandarins, a China foi uma potência mundial,
muito superior aos povos vizinhos, que tratava como bárbaros ou súditos, jamais
como rivais. Voltar a ser uma potência pelo poder do estudo e do intelecto é
para a China apenas uma volta ao passado glorioso.
CAPÍTULO 5: AS POLÍTICAS
PÚBLICAS
Sob Mao Tsé-tung, o estado
chinês tentou sufocar o pensamento, a técnica e o saber. Chamaram essa loucura
de Revolução Cultural. Agora o esforço é todo na direção correta.
O baixo custo relativo é o
maior contraste do caso brasileiro com a arrancada chinesa rumo a uma educação
que leve o país ao posto de potência mundial de primeira linha. Em 2009, o
governo chinês gastou 3,6% do PIB em educação. O setor educacional público
brasileiro aumentou seu gasto de 4,1% para 5,3% do PIB nos últimos sete anos e,
mesmo com a qualidade do ensino não tendo melhorado em nível remotamente
semelhante, a propaganda oficial continua aferrada a esses números como a um
triunfo definitivo. Não é. O limite da profundidade do nosso debate sobre
educação parece se esgotar na discussão da meta de gastos. Estaremos gastando
7% ou 10% do PIB em educação daqui a dez anos?
A China sacrifica as
ideologias sempre que elas conflitam com a busca de resultado. Na educação,
isso se expressa na definição do papel do professor. A China se deu conta de
que precisava de professores bons e em grande quantidade. Dadas suas carências,
montou um sistema em que o professor sai da faculdade mediano, e então é
constantemente trabalhado e ajudado para que consiga ministrar aulas
excepcionais. Um sistema em que os bons professores e as boas escolas subjugam
os maus mestres das escolas ruins. Os chineses entenderam que é melhor ter
quarenta alunos com um bom professor do que duas turmas de vinte, uma bem
ensinada e outra sob a batuta de um incapaz. O professor é o centro
gravitacional de todo o sistema. Pragmatismo, meritocracia, professores bem
formados e premiados com dinheiro pelo bom desempenho, estudantes disciplinados
e motivados por suas famílias. Essa é a fórmula do combustível da arma secreta
chinesa para conquistar o mundo: a educação.
COMENTÁRIO: Enquanto isso
na America Latina a maioria dos governos faz o voto da pobreza política.
Atualmente a pobreza com a influência do rádio e da televisão, principalmente
do marketing político é uma categoria social que cada vez mais decide as
eleições.
Um artigo publicado pelo
jornal venezuelano EL Universal sobre a pobreza faz uma análise crítica dos
programas sociais.
"O assistencialismo
promove um espírito de ação coletiva não exigir esforço pessoal em obter esses
benefícios. Quando a fonte de financiamento é escassa, como pode suceder,
a pobreza se acentua pelo fato de que o beneficiário é incapaz de
auto-superação pois foi acostumado com o Estado assistencialista
que soluciona o seu problema. Apesar de todos estes esforços dispensados pelo
Estado, a situação da pobreza não tem melhorado. De fato, por um lado a pobreza
aumentou no ritmo do crescimento demográfico e por outro, a cultura trabalhista
piorou. É notório que atualmente a ascensão social já não se obtenha por
"méritos" senão por "direitos" ou por pertencer a algum
grupo sociopolítico".
No Brasil quanto mais o
governo se preocupa coma pobreza, mas aumenta e o que prevalece é o fator
inercial da pobreza, (dependência do Estado, falta de interesse na educação,
falta de cultura de trabalho, etc.)
A China é pragmática busca
resultados deixando de lado a ideologia.
Assinar:
Postagens (Atom)