domingo, 18 de agosto de 2019

Orgulho da escola Rio Branco



Orgulho da escola Rio Branco


Professor Nazareno*

            Alguns alunos da Escola Rio Branco de Porto Velho em Rondônia num gesto simples deram na semana passada um exemplo não só para a nação, mas para toda a Humanidade: diante da catástrofe ambiental que se abateu sobre a cidade e o Estado, saíram às ruas com máscaras nos rostos para denunciar ao planeta toda a sua insatisfação com a derrubada e a queima da “outrora” floresta amazônica. Como muitos sabem, sou professor há mais de 20 anos na Escola Professor João Bento da Costa na zona sul da cidade, mas não tive a ousadia nem a coragem para, em total silêncio e respeitando todas as regras impostas, denunciar um crime tão bárbaro e violento que se pratica de forma vil contra as futuras gerações. Parabéns a todos que participaram deste ato cívico e também aos que tiveram a iniciativa de mostrar ao mundo a sua amargura.
            Diante do silêncio criminoso das autoridades locais, do hoje maior incentivador da atual destruição da Amazônia, o “capitão motosserra” e também de todos os órgãos pagos com o dinheiro público para evitar a catástrofe, a brava comunidade daquela escola estadual tomou a dianteira e se insurgiu contra o absurdo reconhecido em todo o mundo civilizado. A cidade de Porto Velho está mergulhada em fumaça e fuligem há mais de três semanas sem que nenhuma autoridade ou mesmo a mídia tenha tomado qualquer providência. Aeroporto quase fechado por duas vezes, voos são desviados e os acanhados hospitais locais estão tomados por velhos, crianças e principalmente pessoas mais sensíveis à fumaça. O calor é infernal e a qualidade de vida, que sempre foi uma desgraça nesta capital, piora sensivelmente. O horror é visível e ninguém faz nada.
            Quando iniciou esta catástrofe ambiental, o governador do Estado estava calado e dela vai sair mudo. Parece até que concorda com o caos a que submeteram os rondonienses, seus eleitores. Até agora, nenhuma palavra, nenhuma ação, nenhuma providência para conter a desgraça. O prefeito da cidade, que deve ter viajado para o Primeiro Mundo para se livrar do ar irrespirável, também nada disse sobre a hecatombe ambiental. A inútil Câmara de Vereadores, a tosca Assembleia Legislativa, o Poder Judiciário, os Ministérios Públicos. Ninguém deu um pio sobre o problema. A própria população de Rondônia, muito acomodada e indolente, apenas reclama e muitos chegam a admitir que “todo ano é assim mesmo. Não há muita coisa a se fazer”. Vi até uma "jornalista" publicar em sua rede social que na Europa eles também poluem. É mole?
            Os alunos da Escola Rio Branco de Porto Velho que participaram deste protesto mereciam ganhar um prêmio pela sua coragem e pela bravura em mostrar para o mundo o que estão fazendo com a nossa floresta amazônica. Nenhuma autoridade daqui certamente vai valorizar o que eles fizeram. Mas se essas ações isoladas crescerem, num futuro próximo, os incendiários de plantão e também o agronegócio vão pensar duas vezes antes de acender o primeiro fósforo. Muitos desses “meninos de ouro” não estavam preocupados apenas com a sua respiração naquele momento, tenho certeza disso. Estavam todos preocupados com o seu próprio futuro e o futuro das próximas gerações. Neste ritmo alucinado de colocar fogo na floresta tropical e de destruir a Amazônia, em pouco tempo não sobrará uma árvore sequer. Obrigado, alunos e comunidade da Escola Rio Branco! Se eu não estivesse no JBC, queria estar com vocês.




*É Professor em Porto Velho.

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