domingo, 3 de agosto de 2014

A deusa Ísis de Porto Velho, Roraima


A deusa Ísis de Porto Velho, Roraima

Professor Nazareno*

        As opções de lazer e entretenimento em Porto Velho, a linda e asseada capital do Estado de Roraima, são muitas e diversificadas. Ainda assim, sem ser convidado e me sentindo um verdadeiro penetra, resolvi participar da festa de inauguração de mais uma das lojas da rede Mesbla, recém-chegada à cidade. O que mais chamou a atenção, no entanto, foi a enorme estátua de mais de 30 metros de altura da deusa grega Ísis, característica e marca registrada desta loja de eletroeletrônicos. Dezenas de milhares de curiosos faziam autorretratos, os famosos “selfies”, ao lado daquela maravilhosa e chamativa escultura pós-moderna. A estupenda belezoca de monumento “quarando ao sol escaldante” fazia esta cidade matuta se parecer com Londres, a bela capital italiana, onde tem uma igualzinha, só que um pouco maior. O delírio das pessoas ali era visível.
            Sentir-se em uma das capitais da Europa por causa da suntuosa “obra de arte” é uma sensação indescritível. O trânsito fluindo normalmente pelo local, as limpas paradas de ônibus e os lindos e perfumados jardins que circundam o estabelecimento comercial encantam a todos. Além disso, há a arrojada arquitetura da frente do comércio que em tudo lembra a Catedral de Notre-Dame de Nova Iorque. Os representantes da badalada rede de lojas, otimistas com mais este mega empreendimento, não escondiam de ninguém a satisfação por chegarem a este município. “Estamos no caminho certo”, diziam eufóricos. Realmente: uma cidade onde a Semana Santa é em junho, às vezes com teatro e encenações, o carnaval é realizado em julho com desfiles de bandas e blocos e as festas juninas são em agosto, fica fácil entender o porquê de tanta euforia.
            A festa de inauguração foi um deslumbre do começo ao fim. A eufórica matutada aplaudia triunfante cada detalhe. Nem nas mais conhecidas “festas da tapioca” se via tanta alegria assim. Muitas madames, enfeitadas a caráter, com suas bolsas, adereços e roupas compradas na Rua 25 de Março em São Paulo e também em Guayaramerin, Bolívia, faziam “este pedaço de fim de mundo” se parecer com Milão, a verdadeira capital mundial da moda. Manadas inteiras dos muitos políticos honestos da localidade e candidatos a futuras autoridades querendo fazer discursos otimistas também se observavam. De agora em diante, Porto Velho passa a ter mais um local certo de peregrinação turística que rivalizará com os “sinistros” viadutos, a ponte inacabada do Madeira, o cemitério de locomotivas, o sujo Mercado Central e as andorinhas cagonas.
            Além do mais, um empreendimento deste porte mostrará para o Brasil e para o mundo por que o nosso Estado é uma das potências emergentes. Como uma Fênix às avessas, a sua deslumbrante capital consegue renascer da enchente histórica com mais força ainda. O excelente trabalho de limpeza, como a remoção da lama e da imundície deixadas pelas infectas águas do Madeira, feito pela Prefeitura da cidade em tempo hábil e de forma competente mostra por que a nata do capitalismo nacional ainda investe na cidade. E este pensamento foi reforçado com a recente visita de autoridades do Paraguai, que já pensam também em aplicar por aqui. Nem Europa, nem China, nem Estados Unidos. A “bola da vez” pode estar em plena Amazônia. Por que será que a Volkswagen da França, a Peugeot de Portugal, a Louis Vuitton da Bolívia, a haitiana Samsung ou a Mitsubishi do Vietnã ainda não pensaram em se instalar nesta região?



*É Professor em Porto Velho.

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