Tristeza
infeliz: o Brasil venceu a Espanha
Professor Nazareno*
Confesso que ainda estou triste e muito decepcionado: ontem fui às lágrimas com a lamentável vitória do Brasil sobre a Espanha pela decisão da Copa das Confederações de futebol edição 2013. “Não pode ser, estou sonhando um sonho infernal. Isto é um pesadelo sem fim. Por que isto acontece com o país exatamente numa hora dessas?”, bradei de tristeza profunda após o fatídico jogo. O Brasil não merecia ganhar nada no futebol e principalmente da poderosa Espanha, a fúria, primeira colocada no ranking da FIFA, vencedora da última Copa europeia de futebol e última campeã do mundo na África do Sul. Uma verdadeira desgraça se abateu sobre todos os brasileiros. Não merecíamos esta dose cavalar de amargura e descontentamento. Por um bom tempo não vou conseguir encarar as pessoas nem esconder o meu infortúnio.
Diante da situação política atual
vivida pelo Brasil com multidões tomando as ruas para protestar contra o Poder
Público, a corrupção e os desmandos, esta vitória é uma “pá de cal” nas
pretensões de se ter um país melhor, já que este esporte é utilizado pela elite
para anestesiar o povo otário que “dá o mundo e o fundo” pelo futebol. A
cada jogo ganho pelos “canarinhos” aumentava a sensação de
desmobilização geral dos protestos. Para o meu desespero, a cada partida, Galvão
Bueno e outras malditas gralhas da alienação geral escancaravam suas bocarras
para gritar os gols de Neymar e companhia. Nada mais triste e desolador ver
pessoas vestidas com a horrorosa camisa amarela da seleção brasileira, deixando
de ir a manifestações e transbordando de alegria e satisfação com gols de marmanjos
alienados que ganham milhões só para jogar bola.
O
meu calvário começou com o jogo contra o Japão. Torci feito um louco pelos asiáticos
achando que teria minha primeira alegria na competição, depois esperei que os
mexicanos me dessem o supremo encanto de vencer os tolos brasileiros. O
retrospecto com o México até que ajudava. A seguir, apostei na Itália de
Balotelli e até vibrei com os dois golaços dos italianos. No jogo seguinte, cheguei
a lamentar o pênalti perdido por Forlán, e vibrei com o gol do Uruguai. “A
hora chegou”, pensei quando veio o empate. Nada derrotava os miseráveis
brasileiros. Parecia uma urucubaca dos infernos. Como se sentir um torcedor
feliz e patriótico depois que ex-atletas como Pelé, Ronaldo e Bebeto “defecaram
pela boca” ao darem declarações absurdas com relação às manifestações
cívicas que estavam contaminando os brasileiros de norte a sul?
Jogando
em casa e com a ajuda da torcida, ganhar da cansada e esgotada Espanha foi
fácil, embora tenha havido rumores de que com a crise econômica no país ibérico
e a crise política no Brasil, e com o intermédio da FIFA, os espanhóis teriam
vendido a vitória para agradar aos dois lados. Com milhões do nosso suado dinheiro
gastos para construir estádios “padrão FIFA” em vez de hospitais,
escolas, saneamento básico, não era possível torcer por um resultado
satisfatório. O ex-presidente Lula e o PT resolveram fazer estes eventos no
nosso país sem consultar ninguém. E por isso deu no que deu: estupraram o
Erário e se esqueceram do povo sofrido jogado nas sarjetas. Como agora sair às
ruas com o povo entorpecido? E como já foi feito na Copa de 1970 na conquista
do tricampeonato, a repressão pode aumentar contra os manifestantes.
A
porcaria da seleção brasileira ganhou essa maldita Copa e agora tudo vai voltar
ao que era antes: filas enormes nos péssimos hospitais, falta de médicos, falta
de remédio, falta de escolas públicas de qualidade, corrupção, desmandos,
roubos, falcatruas, viadutos e pontes inacabadas, transportes públicos caindo
aos pedaços, lixo, sujeira, políticos canalhas, ônibus caros, sujos e lotados,
salário miserável, exploração, inflação,
impunidade, vandalismo das autoridades, mas todo mundo feliz, afinal o Brasil venceu
a Copa das Confederações. Porém, quem, além dos envolvidos, ganhou alguma
coisa? Os torcedores agora farão cartas de 70 ou 100 metros para Neymar. E não
se pode reclamar de mais nada no país. Fomos campeões e era isso o que mais
interessava. Só faltaram o Lula, o PT e os políticos corruptos para entregar a
taça aos vencedores.
*É Professor em
Porto Velho.
4 comentários:
Parabéns professor por esse lindo texto.Uns jogadores burros e ganham muito dinheiro, e um trabalhador honesto ganha uma "micharia", tantos torcedores lá no estádio torcendo por esses idiotas, tando dinheiro que esse imbecis recebem e os nossos hospitais, escolas, sem valorização, temos que falar mais alto....
parece mesmo que tudo já voltou ao normal, será que esse era o remédio que a população precisava mesmo para parar com os manifestos. é o Brasil ganhou a copa mesmo
Engraçado, ninguém percebi o sacrifício que esses "idiotas" tiveram que fazer pra chegar onde estão hoje.um pais sem estrutura, educação, onde o investimento no esporte é medíocre.chega a ser insano questionar o nível intelectual dessas pessoas!infelizmente a politica do nosso pais não é admirável, mas questionar os atletas,isso sim eu chamo de burrice.
Mas Nazareno, o lula não era a salvação da lavoura desse povo? Não foi o povo que elegeu esse governante "paladino da moralidade" para trazer o céu para a terra? Não foi o povo que elegeu Lula, Marcelo Reis, Edvilson e outros, entendendo que eram os messias da parada, falar é fácil, fazer é difícil e como é complicado. Pois bem falaram tanto do FHC e pegaram 2/3 do recurso da venda das estatais e doaram em forma de esmolas? Dinheiro é produto de trabalho, não pode ser doado, o que deveria ser feito era criar postos de trabalho, mas isso não cria curral eleitoral. Isso é que mata o Brasil.
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